Início Site Página 849

Beija-Flor transmite ao vivo disputa de samba nesta quinta

Atual vice-campeã do Carnaval, a Beija-Flor de Nilópolis transmitirá ao vivo mais uma etapa da sua disputa de samba para o Carnaval 2023. O público poderá acompanhar a eliminatória desta quinta-feira pelo canal TV Beija-Flor no YouTube, a partir das 20h.

beija flor campeas 2022 76
Foto: Nelson Malfacini/Site CARNAVALESCO

Dezesseis composições seguem no concurso e se apresentam em roda de samba, comandada pelos mestres Plínio e Rodney, na quadra da escola, em Nilópolis. A entrada é franca.

No Carnaval 2023, a Beija-Flor defende o enredo “Brava Gente! O grito dos excluídos no bicentenário da Independência”. A escola será a 5ª a desfilar na segunda-feira, 20 de fevereiro, pelo Grupo Especial.

Unidos da Tijuca retoma ensaios da bateria Pura Cadência nesta quinta-feira

A bateria Pura Cadência da Unidos da Tijuca retoma nesta quinta-feira os ensaios de bateria visando o Carnaval 2023. Os ensaios acontecem a partir das 20h na quadra da agremiação. Faltando aproximadamente seis meses para o desfile, a bateria do mestre Casagrande vai começar a ensaiar seu ritmo a fim de conquistar a manutenção da nota máxima do quesito no próximo carnaval. A diretoria convoca todos os ritmistas para o recadastro e informações sobre o trabalho que será realizado para o Carnaval 2023, calendário de eventos, bem como a devolução das fantasias.

desfile tijuca 2022 073
Foto: Nelson Malfacini/Site CARNAVALESCO

A Pura Cadência mantém a sua identidade característica e executa a renovação e manutenção dos ritmistas, sempre imprimindo um ritmo cadenciado e com desenhos e bossas objetivas, proporcionando o canto, apresentando um bom andamento que sustente o desfile, auxiliando todos os outros quesitos.

Sob a regência de mestre Casagrande desde 2008, a bateria da Unidos da Tijuca alcançou o topo do ranking das baterias do carnaval carioca, sinal de que o dedicado trabalho do mestre, junto aos seus diretores e ritmistas atingiu seu nível de excelência.

A quadra da escola fica situada à rua Francisco Bicalho nº 47 – Santo Cristo.

Candidato Rodrigo Neves visita a Liesa e promete apoio irrestrito ao carnaval do Rio e escolas de samba

Como tem acontecido em anos anteriores, às vésperas de eleições majoritárias, é uma prática da Liesa abrir as suas portas para ouvir as propostas dos candidatos, sobretudo a respeito de projetos voltados à organização do carnaval.

dirigentes neves2
Fotos: Henrique Matos/Divulgação Liesa

Dando sequência aos encontros com os postulantes ao Governo do Estado melhores colocados nas pesquisas de eleitorado, a Liesa recebeu, na noite de terça-feira, o ex-prefeito de Niterói, Rodrigues Neves, do PDT. O encontro foi realizado no auditório da Entidade, no Centro do Rio.

O candidato, que conta com o apoio do prefeito Eduardo Paes, foi recebido pelos diretores da Liesa e pode expor aos presidentes e representantes das escolas de samba o seu projeto de governo.

dirigentes neves

Afirmou que dará apoio irrestrito ao trabalho das escolas de samba, na organização dos desfiles, ensaios e projetos sociais, e ao carnaval carioca, em sentido mais amplo, carro-chefe de seu programa nas áreas de turismo e entretenimento.

O candidato concluiu a exposição se comprometendo, se eleito, a criar um grupo de trabalho a partir de novembro, com representantes do Governo do Estado, da Prefeitura do Rio, Liesa e escolas de samba, para que o Carnaval de 2023 seja o melhor já realizado no Sambódromo.

Rodrigo combinou com os presidentes visitar as quadras já nos próximos dias. Ele estava acompanhado do secretário de Fazenda do Rio, Pedro Paulo, seu coordenador de campanha, e do vice-Prefeito de Niteroi, Paulo Bagueira.

neves

Outras candidaturas

O candidato Marcelo Freixo, do PSB, também já confirmou a sua visita à Liga Independente na primeira quinzena de setembro, em data que ainda está sendo ajustada.

No dia 25 de julho, o governador Cláudio Castro, que concorre à reeleição, ofereceu almoço à diretoria da Liesa e aos presidentes das escolas de samba do Grupo Especial, também se comprometendo a manter o apoio financeiro às agremiações, caso vença o pleito.

‘Salgueiro Convida’ recebe a Mocidade no sábado

A quadra dos Acadêmicos do Salgueiro volta a abrir suas portas neste sábado, 27 de agosto, para mais uma noite do evento que já faz parte do calendário oficial de todo sambista. Para esta semana, quem faz a festa na Academia do Samba é a Mocidade Independente de Padre Miguel, que vai invadir a Rua Silva Teles com todo o seu elenco, proporcionando mais um encontro inesquecível entre escolas coirmãs.

mocidade apresenta equipe2023 9

Aberta a partir das 20h30, a casa recebe o público com show de pagode comandado pelo grupo Pegada Brasileira. Em seguida, o carro de som do Salgueiro embalado pela Bateria Furiosa, entra em cena com Emerson Dias agitando os sambistas com os sambas que marcaram a história da septuagenária Academia do Samba.

A apresentação dos independentes dá o toque especial para o Salgueiro Convida que tornou-se a resenha mais esperada do período pré-carnaval. A partir de setembro, o evento dá lugar à disputa de sambas e retorna somente em outubro, após a escolha do hino oficial para o carnaval 2023.

Os ingressos custam R$ 30 e são vendidos somente no dia do evento, diretamente na bilheteria da quadra. Já os camarotes e mesas podem ser reservados antecipadamente através do telefone (21) 2238 9226 com valores a partir de R$600 (camarote laterais com 12 lugares).

Inscrição e disputa de sambas

No domingo, o Salgueiro inscreve os sambas que entrarão na disputa que vai eleger o hino oficial para o carnaval 2023. O concurso terá sua primeira eliminatória já no dia 03 de setembro e se estenderá até o dia 11 de outubro, quando a família salgueirense conhecerá o samba-enredo que ilustrará o enredo “Delírios de um Paraíso Vermelho”, tema assinado pelo carnavalesco Edson Pereira, que estreia na vermelha e branca. A quadra do Salgueiro fica na Rua Silva Teles 104 – Andaraí

Serviço: Salgueiro Convida Mocidade Independente de Padre Miguel
Data: 27 de agosto, sábado
Horário: a partir das 20h30
Atrações: Pegada Brasileira, elenco show do Salgueiro e Mocidade Independente de Padre Miguel
Valor: a partir de R$ 30 (pista)
Classificação: 18 anos
Informações e reservas de mesas e camarotes: (21) 2238 9226

Porto da Pedra realiza feijoada com apresentação da equipe para 2023 e sambas concorrentes

A Unidos do Porto da Pedra realiza no sáabdo a primeira edição da sua feijoada mensal. O evento terá inicio às 13h, e contará com show do grupo Vem pro Meu Ritmo, além da apresentação de Laryssa Victória, primeira porta-bandeira, e a equipe para o Carnaval 2023.

desfile porto pedra 2022 71 e1650559933459
Foto: Site CARNAVALESCO

Em seguida, acontecerá a primeira audição das obras postulantes ao hino oficial da escola. As oito composições que irão disputar o direito de compor a trilha sonora do enredo “A Invenção da Amazônia: Um delírio do imaginário de Júlio Verne”, desenvolvido pelo carnavalesco Mauro Quintaes, se apresentarão a partir das 19h.

No Carnaval 2023 da Série Ouro, a Porto da Pedra será a quinta escola a desfilar na Marquês de Sapucaí, no sábado de Carnaval, dia 18 de fevereiro.

Serviço:
Feijoada da Unidos do Porto da Pedra/show do grupos Vem Pro Meu Ritmo/apresentação da primeira Porta bandeira e equipe 2023 e apresentação dos sambas concorrentes
Quando: 27/08 (sábado), a partir das 13h;
Onde: quadra da Porto da Pedra;
Quanto: entrada gratuita.
Mesas esgotadas!
A feijoada custará 20,00 (antecipada)ou 25,00 (na hora).
Vendas: na quadra da escola (Rua João Silva 84, Porto da Pedra, São Gonçalo).

Em seu retorno a Sapucaí, Arranco do Engenho de Dentro aposta na estreia de Antônio Gonzaga como carnavalesco

Após um longo período longe da Marquês de Sapucaí, o Arranco de Engenho de Dentro está de volta ao templo sagrado do carnaval carioca. Com o desafio de fazer um bom desfile e permanecer na Série Ouro, a escola aposta em um jovem carnavalesco, Antônio Gonzaga foi o escolhido para comandar essa missão.

gonzaga arranco
Foto: Divulgação/Arranco

Conhecido no mundo do samba como compositor do Salgueiro, chegando a algumas finais por lá, Antônio teve passagens de sucesso com criação de identidades visuais para a Cubango e Grande Rio, recentemente colaborou para o vice campeonato e para o primeiro título da escola de Duque de Caxias, sendo assistente direto de criação dos carnavalescos Leonardo Bora e Gabriel Haddad.

Antônio conta que o convite do Arranco o pegou de surpresa, mas que de cara aceitou o desafio e está bastante motivado para entregar um trabalho de qualidade para a escola, ele diz também que seguirá como assistente da Grande Rio.

“Tá sendo um processo muito bonito, o convite do Arranco foi um convite que veio muito de surpresa, eu venho de dois carnavais como assistente da Grande Rio, vou continuar também como assistente da Grande Rio, me dedicando muito”, disse Gonzaga.

Em 2023, o Arranco levará para avenida enredo “Zé Espinguela – Chá do meu terreiro”, festejando cinquenta anos de sua fundação, o Arranco, guiado por Zé Espinguela, mostrará o nascimento dos desfiles das escolas de samba. Antônio Gonzaga diz que o enredo foi pensado justamente para a escola e falou da necessidade do carnaval contar histórias como a de Zé Espinguela.

“O enredo do Arranco foi pensando justamente para o Arranco, pesquisei um enredo que contasse um pouco da história da escola, das raízes da escola, e José Espinguela tinha um terreiro onde é localizada a quadra do Arranco, então tem essa sensação de pertencimento muito forte e é um personagem que é desconhecido da maior parte do público, do carnaval inclusive. É muito importante você trazer esses personagens a tona”, pontuou o carnavalesco.

O jovem carnavalesco participou recentemente da roda de conversas promovida pelo Pensamento Social do Samba com outros carnavalescos negros, segundo Gonzaga, participar de encontros como esse fortalece o coletivo e gera mais motivação para que outros artistas possam brilhar também, ele ainda destacou quais são suas maiores referências no mundo do samba.

“Participar dessa mesa, desse evento aqui é muito importante, porque é importante a gente ouvir outras trajetórias que dialogam com a nossa, a gente se fortalece, a gente dá os braços e segue junto, puxando outras pessoas, eu sou um carnavalesco preto estreando no grupo de acesso já de cara no segundo grupo, que eu conseguia fazer um bom trabalho e trazer outras pessoas também. As minhas referências, as minhas referências são Leonardo Bora e Gabriel Haddad, que são os meus carnavalescos que confiam no meu trabalho na Grande Rio. Claro que não posso deixar de falar de Rosa Magalhães, Renato Lages, Fernando Pamplona. Além de André Rodrigues, Guilherme Estevão, João Vitor Araújo, todo mundo que tá aí correndo atrás, fazendo o seu trabalho”, finalizou Antônio.

Confira a sinopse da Lins Imperial para o Carnaval 2023

“Madame Satã: Resistir para existir”

No dia em que decidiu que não iria morrer como um corpo domesticado, sua pessoa passou a (re)existir. Sua pessoa guarda muitas memórias de Glória do Goitá, como daqueles dias ensolarados no mar e nos campos, quando brincava com os três moleques que só ela conseguia ver. Três moleques, amuletos-guia, lembrando à sua pessoa tudo o que ainda é possível realizar sobre esta terra ardente, terra de todos e terra de ninguém chamada Brasil.

lins enredo2023

Sua pessoa também lembra de quando foi trocada por uma égua de nome Amorosa. E nesse momento a certeza para sua pessoa era de que, apesar de tudo, precisava enfrentar, sacudir a poeira, guiar. E sua pessoa, João, guiou, seguiu, e segue, e precisa ir, sempre. Deixem a sua pessoa passar, com o ritmo descompassado de seu flamejante corpo que protesta, que grita: “Eu não vou morrer, eu não posso parar. Eu não vou morrer, preciso continuar. Eu não vou morrer, eu preciso seguir. Eu não vou morrer! ”

Entre o aprisionamento no lar de uma Felicidade jamais presente e o duro acolhimento das calçadas das ruas da Lapa, onde, mesmo com todas as dificuldades, poderia ter liberdade para se reinventar e escolher o que era melhor para si, sua pessoa decide ser livre. Mas a liberdade, como sua pessoa bem sabia, era caríssima. Porque, para ser, era preciso se virar, carregar sacolas, vender panelas, distribuir quentinhas, servir mesas, se revirar, se remexer, aprender a se defender, conhecer a linguagem das ruas.

E é nas ruas que sua pessoa, João, se forma bicha-malandro, o respeitado Caranguejo da Praia das Virtudes, que recusa o compasso dos dias comuns e permite experimentar a magia dos acasos, em que cada beco e viela do grande centro se apresenta como a possibilidade de um desvio, uma verdadeira aventura. Mas a vida nas ruas carrega seus perigos – e sempre foi assim e sempre será: os insultos, os coiós, os bang-bangs aqui e acolá, a morte como uma iminência. Com tantos desafios e dificuldades da vivência nas ruas, sua pessoa começou a ter as experiências e trocas com os mestres da capoeira: da ginga da meia-lua de frente que pegou de Sete Coroas, ao soco martelo de sua esquerda que derrubava qualquer valente que tentava delinear fronteiras sobre um corpo que não concebia uma.

Era uma constante: da esquina, vê-se os chapeuzinhos vermelhos, guardas noturnos, cretinos e infelizes, todos procuram por sua pessoa. Mandaram avisar lá de cima que ela está dando o que falar aqui embaixo, e chamam sua pessoa para dar-lhes algumas boas bolachas. Daqui, do outro lado da margem, João manda avisar que não vai. E é assim que sua pessoa sobrevive, se garantindo na força do corpo, na habilidade das pernas, na potência dos braços, e no fio de sua pastorinha (sua navalha amiga). É desse jeito que sua pessoa se torna conhecida na região, como a bicha-malandro.

Mas sua pessoa também sonha com as noites iluminadas pela Lua prateada e cravejadas de estrelas cintilantes, que poderia ser um cenário de cabaré ou dos palcos dos teatros da Praça Tiradentes. E é lá que encarna sua diva Josephine Baker e também se traveste na sua amiga e vizinha de casebre Carmem Miranda, a Bituca. E quando as cortinas de cetim em vermelho escarlate se abrirem surgirá a sua fogosa personagem, a maravilhosa e deslumbrante Mulata do Balacochê! No mesmo palco, sua pessoa se reinventa, se transfigura e ainda encarna e nos brinda com a performance de Janacy, a rainha da floresta, e o Gato Maracajá, uma invenção, delírios e glamour da sua cabeça, e assim, juntos surgem e dançam e requebram e brilham. Deixem-na dançar, rascunhar infinitos movimentos no espaço com a impetuosidade de um vendaval. Deixem-na rebolar, requebrar, mostrar suas pernocas! Levantem, aplaudam a boneca, a bicha-malandro que não treme no salto. Hoje, todos os aplausos são para ela.

Quando chega o carnaval em 1938, sua pessoa aceita a ideia de participar do concurso de fantasias do famoso Baile dos Caçadores de Veados, lá no Teatro República, no fervo da Praça Tiradentes. Sem muito dinheiro, mas sempre muito criativa, ela confecciona a sua própria fantasia, recorta fitas douradas de caixão de defunto, reborda com lantejoulas os chifres e a capa em godê e se monta para brilhar. Sob as luzes quentíssimas da ribalta, incorpora o perigoso chupador de sangue de Glória do Goitá, o morcego Pompa. Não teve para ninguém! Sua pessoa ganhou o primeiro lugar e levou para a sua casa o prêmio valiosíssimo, um rádio Emerson e um belíssimo tapete de parede. O que ela não sabia era que depois dessa noite, através de um delegado de polícia, sua pessoa viraria mito, lenda e legenda. Imortalizada pelo nome de guerra, passa a ser reconhecida, a princípio, a contragosto, como a famosíssima Madame Satã.

Querida das cafetinas dos bordéis e casas de tolerância, temida pelos rufiões e exploradores da boemía, a bicha transita com sinal aberto por todos os rendez-vous quentes do Centro do Rio de Janeiro. Sempre muito bem-vestida: chapéu de Panamá de custo alto, camisa de seda importada que nenhuma navalha conseguia cortar, calça de linho apurado de bom malandro, sapato carrapeta bicolor sob encomenda, cabelos esticados no vapor e as sobrancelhas sempre muito bem feitas. Era puro chique e elegância. E mesmo quem nunca a viu varando a Mem de Sá sabe: com Satã não se brinca! Ela porta sua navalha afiada e está sempre pronta para uma boa briga, a fim de defender a honra de seu corpo bicha-malandro: é melhor tomarem cuidado, com Satã não se brinca! E quem quiser colocá-la na mira de sua bala e tentar fechar o seu fino paletó branco, vai ter que ter muita ginga. É melhor avisar: com Satã não se brinca!

O tempo chega e o apagamento atinge sua pessoa, e a Madame já não está mais tão comentada pelas ruas da sua Lapa. Mas quem disse que bicha morre? Vira capa de revista, volta à cena e encena no palco hipócrita da sociedade, o mesmo que sua pessoa sempre encarou. Afinal de contas: quem tem medo de Madame Satã? No alto das coberturas dos prédios da Zona Sul, nos bares e nos bate-papos dos intelectuais burgueses, sua pessoa volta a virar notícia. Suas histórias, crônicas e causos viram um burburinho nas bocas e ouvidos de Marias e Clarisses numa época de repressão e perseguição política. Satã é glorificada ainda encarnado.

E mesmo depois que seu corpo não transita mais por essas terras, depois que seu esqueleto diabólico é acolhido pelos anjos do inferno, a sua pessoa ainda se faz lenda e legenda. Seu nome rompe a arte careta, se materializa como contracultura, como um Brasil que grita para ser ouvido. Satã, analfabeta, preta, nordestina e bicha é assunto, é burburinho, é discurso político, é tema de enredo de escola de samba no carnaval. Ela não morreu, ela nunca vai morrer!

Satã, fina e leve como a ponta de sua pastorinha, agora corta as ruas da Lapa em direção à Marquês de Sapucaí, passando pelas encruzilhadas do seu caminho. Neste cortejo, sua pessoa é o ponto de referência aos que lutam contra as políticas de morte e silenciamento. Satã e suas entidades, extensão de seu corpo-infinito, máquina de guerra, baixarão no Terreiro Lins Imperial. Podem entrar, Satã das Encruzilhadas, Maria Satã das Catacumbas, Cabocla Janacy Rainha da Floresta, Boiadeiro Gato Maracajá, Mariazinha do Balacochê!

Satã, risonha, serpenteando sobre o asfalto, tira o chapéu e saúda os seus, que saem dos becos e ruelas para vê-la passar. Salve o povo de rua! Salve as bonecas, as prostitutas, os vadios, os mendigos, os catadores, os vagabundos, os foliões e a todos os corpos encantados que resistem para poder existir!

Não Vamos Morrer! (Ventura Profana)

Em homenagem às corpas que deixaram de existir pela violência do homem, em especial à Mateusa Passarelli, que ainda existe entre nós: Precisamos resistir para existir!

Ao querido Sérgio Farias, artista que idealizou o primeiro desfile em homenagem à Madame Satã para o carnaval de 1990.

A todos os componentes da S.R.E.S Lins Imperial, que há 60 anos resistem como escola de samba e celeiro de bambas!

Texto (concepção, pesquisa e elaboração): Igor Damasio
Colaboração (pesquisa, revisão textual e conceitual): Edu Gonçalves, Igor Damasio, Mateus Pranto e Raphael Homem.
Carnavalescos: Edu Gonçalves e Ray Menezes.

Referências:

BUTLER, Judith. Bodies that matter: on the discursive limits of “sex”. Routledge: New York & London, 1993

CABRAL, Sérgio et. al. “Madame Satã”, O Pasquim, n. 95, 29 de abril até 5 de maio de 1971

DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. Editora 34, 2013.

GREEN, James N. O Pasquim e Madame Satã: a “rainha” negra da boemia brasileira. Topoi, V.4, n. 7, Jul-Dez 2003, p. 201-221.

MACHADO, Elmar. “Madame Satã para O Pasquim: ‘Enquanto eu viver, a Lapa viverá’”. Pasquim, n. 357, 30 de abril de 1976

PAEZZO, Sylvan. Memórias de Madame Satã: conforme narração de Sylvan Paezzo. Rio de Janeiro: Lidador, 1972

PROFANA, Ventura. Não vou morrer. São Paulo: Tratore (Gravadora), 2020. 4:11 min.

RIO, João do. A Alma Encantadora das Ruas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2012.

ROCHA, Gilmar. “Navalha não corta seda”: Estética e Performance no Vestuário do Malandro. 2005.

RODRIGUES, Geisa. As múltiplas faces de Madame Satã: estéticas e políticas do corpo.

Niterói: Editora da UFF, 2013.

SIMAS, Luiz Antonio, RUFINO, Luiz e HADDOCK-LOBO, Rafael. Arruaças: uma filosofia popular brasileira. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2020.

Unidos da Tijuca apresenta segundo mestre-sala para o Carnaval 2023

A Unidos da Tijuca, que segue apostando em novos talentos, definiu quem será o seu novo mestre-sala para o Carnaval 2023. Rafael Gomes entra na vaga deixada por Matheus André, que foi promovido a defensor do pavilhão principal. Rafael formará par com a porta-bandeira Lohane Lemos.

dupla tijuca
Foto: Divulgação/Unidos da Tijuca

O novo mestre-sala Rafael Gomes “descobriu” o seu talento numa companhia de dança. Seus parceiros dançarinos observaram a sua desenvoltura para o carnaval durante uma apresentação teatral e o incentivaram a se dedicar. Apenas um ano depois, Rafael já era oficialmente um mestre-sala estreando na Unidos de Vila Santa Tereza e aprimorando sua dança na escola de mestre-sala, porta-bandeira e porta-estandarte do mestre Manoel Dionísio, local que conheceu sua atual parceira, Lohane Lemos. Rafael passou ainda pelas escolas Favo de Acari e Engenho da Rainha defendendo o pavilhão principal. No último carnaval, foi campeão com o Arranco do Engenho de Dentro, pela Série B.

“Fui convidado através da Lohane Lemos, passei por uma seleção e hoje estou ainda sem acreditar. São apenas seis anos de dança e cheguei da Intendente Magalhães direto para o Grupo Especial. É um bilhete premiado que ganhei da Unidos da Tijuca. Já vamos iniciar os trabalhos porque estou aqui para somar e quero muito defender esse pavilhão”, avisa empolgado o novo segundo mestre-sala.

Porta-bandeira da Unidos da Tijuca desde o carnaval 2016, campeã ao lado do atual primeiro mestre-sala Matheus André, do concurso que escolheu o segundo casal de mestre-sala e porta-bandeira entre 25 inscritos, para o carnaval daquele ano, Lohane Lemos é só elogios à sua nova dupla.

“Estou muito feliz com a escolha e com o processo de seleção, por minha diretoria topar que eu pudesse escolher o meu par durante essa nova etapa da minha carreira. Nossas preparações serão intensas porque é uma parceria nova, mas a vontade de apresentar um trabalho incrível para a comunidade é maior ainda. Tenho certeza que a nação tijucana o receberá com o mesmo carinho que fui recebida há oito anos atrás”, finaliza a segunda porta-bandeira.

A Unidos da Tijuca apresentará a dupla na retomada dos ensaios rumo ao carnaval 2023, a partir de 8 de setembro.

Estão abertas as inscrições para audição da comissão de frente da Portela

A oportunidade chegou! Venha fazer parte da Comissão de Frente da Portela no ano do seu centenário. Procuramos bailarinos e bailarinas de vários estilos e com experiência em atuação. A audição será no dia 17 de setembro no Espaço de Criação da Cia Focus (Praça Tiradentes, 87 – Centro).

cf portela
Foto: Divulgação/Portela

Para se inscrever é necessário enviar foto, currículo com experiência profissional e um vídeo de curta duração que mostre algum tipo de coreografia ou performance para o e-mail: comissaodefrenteportela10@gmail.com além do nome completo, idade, altura e um telefone para contato. Não há taxa de inscrição. Os pré-selecionados para a audição receberão a resposta por e-mail.

Irmãos Raoni e Dandara Ventapane estreiam show no Circo Crescer e Viver

Representantes da terceira geração da família Ferreira, a porta-bandeira Dandara Ventapane, do Paraíso do Tuiuti, estreia na sexta, às 20h, no Circo Crescer e Viver, o show “Atravessando Gerações”, em que divide o palco com o irmão Raoni. O espetáculo inédito marca o início da temporada de divulgação do primeiro EP dos netos de Martinho da Vila, gravado pela Sony em 2021 e até então disponível apenas nas principais plataformas de streaming musical. Os ingressos estão com venda antecipada pelo link www.sympla.com.br/evento/canta-canta-minha-gente/1651779.

raoni dandara
Foto: Divulgação

Com direção musical de Ana Costa, cantora que é madrinha da dupla, e direção artística do tio Martinho Filho, Raoni e Dandara aproveitam a ocasião para lançar os clipes de quatro das cinco faixas do EP: Que preta é essa, Namoradeira, Meu enredo e Seja feliz. A música que dá título ao EP e ao show, Atravessando gerações, é a única que já tinha clipe, que contou com as participações da mãe, Analimar, e do avô.

O repertório do show apresenta obras marcadas pela herança e genética musicais da família. As canções do EP – quatro delas de autoria de Raoni, ora solo, ora em parceria com Ana Costa (Seja Feliz), Mart´nália e Thiago da Serrinha (Meu Enredo) – desfilam na luxuosa companhia de composições de Martinho, entre elas as antológicas Canta, Canta, Minha Gente e Casa de Bamba. Outro destaque é Odilê, Odilá, de João Bosco e Martinho, em que a dupla de irmãos divide a interpretação com o avô no mais recente álbum do artista, Mistura Homogênea.

Sucessos das rodas de partido alto cariocas e de novas gerações de sambistas também marcam presença. O roteiro abriga de Reinaldo, Arlindo Cruz, Mart’nália e Luiz Carlos da Vila, a Ferrugem (O Som do Tambor) e Luedji Luna (Banho de Folhas), incluindo ainda Nossa Escola, verdadeiro hino de exaltação a grandes partideiros, surgido nas rodas de samba.

“Queremos mostrar nosso trabalho independente, mostrar as distintas gerações do samba que nos influenciam, sem, claro, perder o clima familiar, essa ligação que nos fez estar aqui hoje, o samba lá de casa, o samba dos Ferreiras, o samba de Martinho”, afirma Raoni.

A dupla de sambistas entra em cena escoltada por uma banda formada por músicos que os acompanham pelas rodas de samba (baixo, cavaco, banjo, violão e percussão) e, ainda, pela mãe Analimar Ventapane (vocais e percussão) e o irmão mais novo Guido Ventapane (percussão).

Amadurecimento – Prestes a completar cinco anos de carreira, os sobrinhos de Mart´nália apostaram desde o início em um formato nada comum neste segmento musical: a dupla de sambistas. No show Atravessando Gerações, eles apostam também em um espetáculo sem convidados ilustres.

“Sempre estivemos muito atrelados às participações, que nos ajudavam a contar um pouco da nossa história, da história da família e de nosso avô. Neste show queremos focar em contar e escrever a nossa própria história. Além de ser uma aposta, é também uma fase de amadurecimento”, reflete Dandara.

A pandemia de Covid-19 adiou o início da turnê de divulgação do EP, lançado no segundo semestre do ano passado. “Nossa volta da pandemia foi gradual, fomos voltando devagar às rodas de samba e eventos; ao mesmo tempo em que acompanhamos com cautela a retomada das atividades, fomos observando pra onde o vento estava a nos levar”, conta Raoni.

“Outro fator que nos fez lançar o show baseado no EP só agora é que somos uma família muito movida a carnaval e era preciso encerrar o ciclo do carnaval 2022, que só aconteceu em abril”, completa Dandara, que é primeira porta-bandeira da Paraíso do Tuiuti, escola de samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro. Raoni é percussionista da Unidos de Vila Isabel, escola cuja história é intimamente ligada à própria trajetória da família de Martinho.

SERVIÇO
Show/Samba: Atravessando Gerações
Raoni e Dandara
Local: Circo Crescer e Viver
Endereço: Rua Carmo Neto, 143 – Cidade Nova – RJ
Data: 26 de agosto de 2022 (sexta-feira)
Horário: 20h
Ingresso: R$ 20,00
Classificação: livre
Vendas: www.sympla.com.br/evento/canta-canta-minha-gente/1651779