Caminhando para o seu segundo desfile na defesa do pavilhão do Paraíso do Tuiuti, o casal de mestre-sala e porta-bandeira da agremiação de São Cristóvão, Raphael Rodrigues e Dandara Ventapane atendeu a reportagem do site CARNAVALESCO para a série ‘Entrevistão’. O experiente Raphael agradeceu à jovem parceira, que segundo ele o fez se reinventar na dança. Já a dançarina, neta de Martinho da Vila, vai completar 10 anos de Marquês de Sapucaí.
Qual o balanço de vocês sobre a carreira?
Dandara: “Neste carnaval vou fazer 10 anos desfilando como porta-bandeira. Eu estou muito feliz. Acho que foi uma trajetória de muito trabalho, muito empenho, muita vontade de progredir e melhorar. Encontrei o Raphael e estamos há 2 anos dançando juntos. Isso evoluiu e contribuiu muito pra minha dança, estamos felizes pelo trabalho e que vamos continuar realizando por uns bons anos”.
Raphael: “Eu sou pouquinha coisa mais velho do que ela, vou completar 30 anos (de carnaval), no Grupo Especial, como mestre-sala, estou há 20 anos. A cada ano, é uma renovação e uma evolução e neste ano, completando 2 anos com a Dandara, está sendo especial e uma coisa nova”.
Raphael, quem é a sua referência como mestre-sala?
“Não é difícil responder. O mestre Delegado. Eu vivi com ele quando eu fui mestre-sala da Mangueira durante 7 anos, sendo 4 anos, vivendo intensamente com ele. Eu aprendi muito, foi uma escola pra mim e não tem como ser outra pessoa a não ser ele.”
Dandara, qual sua referência como porta-bandeira?
“A gente busca muitas referências dentro do que a gente gosta e faz. Eu acho que minha grande referência é a Rita Freitas pois caminhou comigo nos primeiros anos, me ajudou a compreender a importância do pavilhão e de representar uma escola de samba como porta-bandeira. Ela é minha grande referência”.
Raphael, o mestre-sala vem muito cobrado em cortejar mais a porta bandeira do que dançar sozinho. Acha que falta mais esse olhar do mestre-sala pra porta-bandeira?
“Essa é a função dele. Eu costumo dizer que o mestre sala é coadjuvante, porque quem brilha é a estrela (porta-bandeira). Ele tem que proteger, cortejar e cuidar para que nada de mal aconteça. Isso resume tudo, ele precisa sempre estar de olho nela pra que nada aconteça.”
Vocês acham que o julgamento do quesito vai voltar a ser mais focado na dança ou a coreografia chegou pra ficar e ganhar mais protagonismo?
Dandara: “Isso é uma coisa que vem sendo muito falada,[…] eles (jurados) tem focado cada vez mais na dança. Isso já vem se apresentando nos últimos e a gente veio de uma temporada de muita coreografia. Tem também o estilo de cada casal, casais que gostam mais de coreografia e casais com a dança mais tradicional. Enfim, tem que respeitar o estilo de cada casal e julgar dentro disso”.
Raphael: “Hoje tudo está muito misturado. A evolução. A dança Evolui a cada dia e ta tudo muito misturado. A gente (Raphael, Dandara e a coreógrafa) entrou em um laboratório pra saber o que era melhor e o que os jurados queriam”.
Raphael, o que não pode faltar em um mestre-sala perfeito?
“Não pode faltar cortejo, elegância e o riscado”.
Dandara, o que não pode faltar em uma porta-bandeira perfeita?
“Sorriso no rosto, o giro, amor à dança, ao pavilhão, ao carnaval e um bailado que queira transmitir toda essa força que nosso carnaval carrega”.
Foto: Allan Duffes
Qual é a declaração que o Raphael fala olhando pra Dandara e qual a declaração que a Dandara fala para o Raphael?
Raphael: “Obrigado por ser você. Existe uma história, na nossa história, onde ela chegou em um momento que eu mais precisava. Eu precisava dela e ela precisava de mim. A gente chegou na vida do outro em um momento em que um precisava do outro. Foi engraçado porque a nossa junção era uma coisa improvável. […] Quem fez esse casal Raphael e Dandara foi Dudu Azevedo (diretor de carnaval da Beija-Flor de Nilópolis), que juntou esse casal na União da Ilha. Vou agradecer eternamente por ele ter me dado a Dandara”.
Dandara: “Ele resumiu tudo que a gente tem vivido nesses dois anos. A gente se reinventou, e juntos, queremos mais e crescer. O Raphael tem uma carreira linda e eu to construindo a minha. […] Ter ele ao meu lado nesse momento tem sido muito importante e primordial para o que hoje eu considero a possibilidade de continuar sendo porta-bandeira durante muitos anos. Eu desejo que nossa parceria seja longa e duradoura e eu acredito muito no trabalho que a gente vem construindo. Eu acredito na amizade que a gente vem construindo e nessa lealdade que a gente vem construindo pra continuar juntos”.
Raphael: “Até porque a amizade não é só parceria. Numa dupla tem que existir lealdade, é o princípio de tudo. A gente tem que ser leal um com o outro pro trabalho dar certo. […] É o que a gente encontrou um no outro, é por isso que ta dando certo. Ela me reinventou e eu queria parar. Eu tenho um tempo já de carreira e tava desanimado, querendo parar e ela fez com que eu quisesse continuar. Ela fez isso”.
Neste ano, o Salgueiro promete um desfile bem diferente do que vem sendo feito nos últimos anos. Estreante da Vermelho e Branco, o diretor de carnaval Julinho Fonseca provocou mudanças na escola de samba. Em entrevista ao CARNAVALESCO, ele disse que a agremiação vem preparada e imponente para a Passarela do Samba em 2023 e também deu detalhes das diferenças da escola para este ano, como o trabalho de Edson Pereira como carnavalesco.
Um Salgueiro imponente e audacioso. Assim Julinho definiu o momento da agremiação que irá para a Marquês de Sapucaí, neste Carnaval, sob os cuidados do carnavalesco Edson Pereira, conhecido por fazer grandes alegorias.
“Nada diferente do ‘jeito Edson’ de ser. Um carnaval muito grande, acho que a minha chegada é também audaciosa. Eu também gosto desse desafio. O Salgueiro vem bastante diferente, está assustador e vocês podem esperar um Salgueiro bem imponente e grande”, disse o diretor de carnaval.
Um imenso desafio e tremenda responsabilidade. Para Julinho Fonseca, o Salgueiro é um grande destaque na história do carnaval carioca. O diretor de carnaval da agremiação afirmou que a escola virá preparada para competir no espetáculo deste ano.
“É um dos maiores desafios da minha vida. Aos 45 anos, assinando pelo carnaval do Salgueiro, essa escola que é um pilar do carnaval – onde todo mundo quer estar. Temos uma potência e um chão que é muito foda. Com certeza, é um Salgueiro imponente e preparado para o campeonato”, afirmou Julinho Fonseca.
Para o diretor de carnaval, a união e as mudanças no barracão são alguns pontos de destaque do seu trabalho no Salgueiro ao longo dos últimos meses. Conhecer a estrutura e os segmentos da escola de samba, para ele, é fundamental.
“De mudança, primeiramente a união dos segmentos, da nossa potência e da comunidade. Também tem a mudança na logística do barracão. Os segmentos estão unidos e falando a mesma língua. Falar a língua de todo mundo – eu já passei pela bateria, comunidade e harmonia – e acho que, hoje, a gente tem que ter um pouquinho de cada coisa para poder cobrar, falar e estar junto com todo mundo sempre. Esse é o meu diferencial e eu vou seguir assim, se Deus quiser, por muito tempo aqui”, declarou Julinho.
Fazendo jus ao lema “Nem melhor nem pior. Apenas uma escola diferente”. O diretor de carnaval acredita que é diferente comandar uma escola de samba do tamanho e força do Salgueiro.
“É diferente. Esse slogan tem tudo a ver com o Salgueiro. Nem pior nem melhor, aqui é sempre diferente. Muito diferente. Para mim é uma imensa felicidade estar à frente disso”, revelou.
Toda esta imponência, audácia e força poderá ficar evidenciada na Marquês de Sapucaí. O Salgueiro é a quinta escola a desfilar no domingo de carnaval e promete surpreender o público e os críticos.
A Estação Primeira de Mangueira se orgulha da rainha de bateria que tem. Há 10 anos à frente da Surdo Um, Evelyn Bastos tem a felicidade de ser uma rainha nascida e criada na comunidade e liderar a escola de samba mirim Mangueira do Amanhã. Durante sua trajetória, mostra a importância de ser uma pessoa politizada e representativa para outras mulheres pretas e faveladas.
Ao site CARNAVALESCO, Evelyn conversou sobre a função social de rainha de bateria e a ampliação de mulheres da comunidade no cargo. Além disso, ela falou sobre a liderança de Guanayra Firmino e Cátia Drumond, únicas presidentes mulheres atualmente comandando escolas de samba do Grupo Especial, no Rio de Janeiro.
O que representa ser rainha de bateria da Mangueira?
Evelyn: “Eu estou indo para o meu décimo ano em 2023 e até hoje eu não consigo definir o que é ser rainha da Mangueira. Com certeza, para mim é uma dinastia, é o lugar que já foi da minha mãe, o lugar que já foi majoritariamente de mulheres da comunidade. E para mim é uma representação da identidade das mulheres do Morro da Mangueira. Eu acho que ser nascida e criada no Morro da Mangueira tem um peso muito especial para estar à frente da bateria porque eu vejo nos olhares de mulheres oriundas da favela ali do morro o quanto elas se sentem representadas. Eu acho que por isso é tão primordial para mim falar sobre elas, ser por elas.”
Você sempre foi uma personagem nos desfiles do Leandro Vieira e agora como será?
Evelyn: “O Leandro é meu amigo. Eu tive um carnavalesco e ganhei um amigo para a vida toda. A gente tem uma afinidade muito grande. Ele me permitiu ser eu mesma na frente da bateria, me usar como voz, uma representatividade que fala. A entrada do Gui [Estevão] e da Annik [Salmon] me deixa também esse presente de continuar sendo quem eu sou, trazendo de forma livre a mensagem que eu quero trazer. Eu continuo com essa liberdade e agradeço muito à Estação Primeira de Mangueira por me permitir fazer uma arte livre. Eu acho primordial para o artista ser livre e se sentir livre. Sou completamente livre aqui na minha nação para ser quem eu sou e para sempre transmitir a mensagem que eu acho essencial.”
Como você analisa a entrada das meninas de comunidade como rainhas de bateria?
Evelyn: “Nós chegamos em um momento que “era uma vez” a era das celebridades na frente da bateria. A gente vê as meninas periféricas e do subúrbio dominando esse lugar que é por direito delas. A gente tem uma vitória ancestral e acredito que muitas outras rainhas foram usadas para abrir esse portão. Tivemos a Raíssa [de Oliveira] que ficou 20 anos à frente da bateria; chegou um momento que só tinha ela praticamente de rainha de comunidade. Há nove anos atrás ou oito, quando eu comecei a trazer isso para a rede social, ainda não tinha uma massa falando a mesma língua. Hoje tem. A gente tem 90% dos sambistas pedindo mulheres oriundas do seu lugar à frente da bateria. Então, nós temos essa vitória. A vitória do povo com a gente e dessa expansão do protagonismo preto feminino à frente das baterias de escola de samba.”
Você é uma sambista que traz assuntos da sociedade para dentro da escola de samba. Ainda falta esse debate em todas as agremiações?
Evelyn: “Eu acho. Eu acho que a figura da rainha de bateria, quando se fala de uma rainha de comunidade, é uma figura feminina, preta e favelada. Tem uma interseccionalidade que faz com que muitos preconceitos sejam para nós. É uma figura que retrata todo esse preconceito. Então precisamos sempre falar sobre isso. Como eu disse, eu acredito muito na representatividade, mas uma representante que fala tem um peso muito maior, porque está abrindo portas. Além de abrir portas, estamos colocando coragem em mulheres que têm o mesmo retrato que nós, a mesma imagem. Empoderar essas mulheres é a nossa missão. Quando eu digo empoderar, é fazer com que elas se sintam à vontade para serem elas mesmas. Quando eu trago o body cavado e a nudez para a frente da bateria e muita gente fala “A Evelyn hipersexualiza a imagem dela”, mas quem hipersexualiza é sempre quem vê. A sensualidade não é um problema. Se tornar sexualidade é um problema do outro e não meu. Eu acho muito importante trazer essa imagem que provoca essa discussão e, ao mesmo tempo, eu vou ter uma pauta, eu tenho uma pauta para falar. É um corpo nu que traz uma pauta. Eu acho muito importante as pessoas não só verem, olharem. Ser sensual não é um problema. Eu gosto de ser sensual, mas eu gosto de trazer uma sensualidade com uma pauta, algo que gere discussão, que gere desconforto em quem é tão conservador e que expanda pensamentos.”
Hoje, você é presidente da Mangueira do Amanhã. O que projeta passar dentro da escola e o que pensa do futuro do carnaval no geral?
Evelyn: “Eu vim da Mangueira do Amanhã. Quando eu me entendo por gente, eu já estava na Mangueira do Amanhã. Ela faz parte da minha história e da minha construção. Ela era um presente para mim. Eu tive uma infância muito difícil e ela sempre me proporcionou uma alegria e uma realização muito grande Eu sei que hoje muitas das crianças que estão na Mangueira do Amanhã passam pelo mesmo que eu passei. Eu quero fazer com que o samba coloque esperança no coração delas. Eu quero que sejam sambistas que tenham consciência social, que sejam expansivas. Hoje, a gente traz muitos debates que até as crianças estão trazendo para elas mesmas. Hoje, nós temos uma rainha de bateria que foi da Mangueira do Amanhã. Que os mestres-salas foram da Mangueira do Amanhã. Que a porta-bandeira foi da Mangueira do Amanhã. Os dois mestres de bateria foram da Mangueira do Amanhã. Eu quero que daqui a dez anos, a Mangueira esteja com o mesmo cenário.”
Ainda temos poucas mulheres nas presidências das escolas, apenas Cátia Drumond na Imperatriz e Guanayra Firmino na Mangueira. Gostaria de ser presidente da Mangueira?
Evelyn: “Eu sou muito do destino. Eu deixo o destino me levar. Eu me sinto muito tranquilo, porque eu acredito que a gente nasce predestinado à alguma coisa. Quem sabe um dia? Esse cenário de ter a Guanayra e a Cátia como presidentes é um cenário novo no samba. Tê-las como líder é muito importante para nossa revolução, porque o sempre foi revolucionário. Ter mulheres presidentes faz parte dessa revolução. Elas são um marco e acredito que daqui para frente vamos ver cada vez mais mulheres presidentes, mulheres liderando. Eu acredito também em uma mulher dentro da Liesa. Acredito que a mulher faz diferença. Ter mulheres no lugar de liderança é muito importante para a evolução da nossa sociedade. Como o carnaval é tão revolucionário, talvez um dos ambientes mais revolucionários, eu acho que a gente precisa disso.”
Qual é o balanço que você faz até agora da gestão da Guanayra?
Evelyn: “A Guanayra é uma mulher como eu, nascida e criada na Mangueira. Mulheres pretas nascidas na favela têm duas opções na vida: ou você luta muito ou você luta muito. Só isso. Ela é uma mulher que está sempre construindo, que está trazendo a comunidade cada vez mais para dentro da escola. Está fazendo uma gestão brilhante. As gestões passadas também foram brilhantes e ela já fazia parte de gestões passadas. Ela está fazendo uma gestão brilhante! Eu sou fã, admiradora de muitos anos e me espelho muito nela. Acho ela uma mulher incrível. É uma gestão que tem tudo para ser campeã, inclusive. Estamos trabalhando para ser campeã. Está um carnaval lindo, gigante e talvez uma dos maiores carnavais que vamos ver dentro da Mangueira. Tem tudo para dar certo!”
O prefeito Eduardo Paes e o governador Cláudio Castro apresentaram na manhã desta terça-feira o esquema operacional do Rio de Janeiro para o Carnaval 2023 e que envolvem a Marquês de Sapucaí, Nova Intendente e para os desfiles dos blocos. Os principais órgãos públicos envolvidos nas operações apresentaram como vão atuar.
Em sua fala o governador alertou que sua gestão vai atuar com rigor na manutenção da paz durante a festa e que a tolerância contra a violência, em especial contra as mulheres, terão tolerância zero das forças de segurança no carnaval.
“Hoje todos querem fazer mais pelo carnaval. Precisamos atuar juntos. Com certeza teremos o maior carnaval da história. O governo não medirá esforços para que seja um carnaval seguro. A população terá a liberdade de ir e vir com segurança. A minha orientação às forças de segurança é de extremo rigor com casos de denúncias de agressão à mulher. Não aceitamos esse tipo de violência e exigimos respeito às mulheres. Será um carnaval de paz e tranquilidade.”
O prefeito Eduardo Paes enalteceu a volta do carnaval após dois anos de pandemia e convidou a todos para estarem juntos celebrando a maior manifestação cultural brasileira na Cidade Maravilhosa.
“É importante nesse momento frisar que o carnaval é a maior manifestação cultural brasileira que tem origem no Rio de Janeiro. Temos uma responsabilidade muito grande em construir a imagem do Brasil. E aqui não tem bloquinho, é bloco de rua. Nossa bagunça é organizada. No aspecto econômico a Riotur divulgou um estudo dos impactos do carnaval na vida da nossa cidade. Traz riqueza e emprego. Fica o nosso convite para que todos venham ao Rio de Janeiro. Com todo respeito aos outros carnavais, mas o melhor carnaval do mundo está aqui.”
Paes destacou ainda a atuação da Polícia Militar e da Comlurb durante o Réveillon para comprovar a boa relação da Prefeitura e do Governo do Estado, apesar dos espectros políticos diferentes dos dois chefes executivos mais importantes do Rio de Janeiro.
“Eu gostaria de destacar o trabalho da Polícia Militar com o Coronel Henrique e o cerco prévio que se faz. Isso é fundamental para aqueles que vão se divertir. Isso foi feito no Réveillon e fez toda diferença. E também à Comlurb que vem colocando essência de eucalipto. É uma sensação muito mais agradável que aquele cheiro de urina. São detalhes que fazem diferença no impacto que o carnaval causa na cidade. Precisamos entender isso.”
Sambódromo terá público recorde, diz Liesa
O diretor de marketing da Liesa, Gabriel David, declarou em sua explanação à imprensa que a venda de ingressos para os desfiles do Grupo Especial rendeu uma receita recorde para a entidade que organiza os desfiles.
“A venda de ingressos pela internet rendeu à Liesa o maior repasse em termos de valores que a entidade recebeu até hoje na comercialização. Estamos caminhando para uma sustentabilidade e esse ano pela primeira vez tevemos ingressos digitalizados. Junto com a prefeitura houve a modernização da iluminação. A liga tem controlado diretamente vários pontos de observação em relação ao último carnaval. Precisamos agradecer o apoio da prefeitura e do governo do estado. Esta parceria é fundamental não apenas para colocar os desfiles na rua mas para que as agremiações sigam contribuindo para os seus trabalhos sociais em suas comunidades”, pontuou.
Jorge Perlingeiro, presidente da Liesa, endossou as palavras do empresário e confirmou que o público nos dias de desfile girará em torno das 120 mil pessoas, outro recorde na história do carnaval da Marquês de Sapucaí.
“Nós fazemos nosso dever de casa e a prefeitura nos ajuda muito. As escolas empenhara tudo que receberam em seus desfiles. É bom contar com o poder público. O Sambódromo está pronto, faremos vistoria essa semana. Pela primeira vez teremos mais de 120 mil pessoas nos dias de desfile. Todos os ingressos estão vendidos. É motivo de orgulho para nossa cidade e nosso estado. Os sites de aposta já tem suas favoritas, mas será bem difícil apontar a campeã desse ano. Compareçam à avenida e constatem aquilo que estamos dizendo. Depois de dois anos de pandemia vamos trazer o esplendor e a força do carnaval carioca”.
O presidente da Liga-RJ, Wallace Palhares, enalteceu a Cidade do Samba 2 que finalmente sairá do papel e prometeu um grandioso desfile das escolas da Série Ouro, apesar das enormes dificuldades com barracões sem as condições ideais.
“O carnaval da Série Ouro tem caminhado muito bem graças ao retorno do apoio da prefeitura. A Cidade do Samba 2 vai dar mais dignidade a nossas escolas. Os barracões são insalubres mas estamos caminhando para realizar mais u grande espetáculo no Sambódromo.”
Cleyton Ferreira, presidente da Superliga, entidade que organiza os desfiles da Intendente Magalhães, festejou o projeto da Nova Intendente e destacou que sem o apoio dos órgãos públicos nada teria saído do papel.
“Nosso desfile conta com 74 escolas de samba que vão desfilar na Nova Intendente Magalhães. Apresentamos o projeto à Riotur e ao prefeito que aprovou de imediato. Quem não conseguir ingressos para o Sambódromo venha para o nosso desfile. Garantimos um grande espetáculo com conforto. As escolas de samba precisam agradecer muito à secretária Daniela Mais, da Cultura. A verba foi democratizada. Esse dinheiro ajudou muito as nossas escolas. A polícia militar, a Comlurb e todo o aparato público são fundamentais para o sucesso dos nossos desfiles”.
Presidente da Riotur garante que Sambódromo não terá problemas com a chuva
As chuvas torrenciais que caíram no Rio de Janeiro na semana passada causaram alagamentos no Sambódromo há poucos dias dos desfiles. Apesar disso o presidente da Riotur, Ronnie Aguiar, garantiu que o equipamento está preparado para eventuais chuvas durante o carnaval.
“A cidade toda encheu, mas a água escoou 15 minutos depois. Foi uma quantidade enorme de chuva em pouco tempo. O rio transbordou e jogou água ali para dentro. Temos planos de contingência com caminhões alocados em quatro pontos da Sapucaí. Em caso de chuvas vamos atuar rapidamente”, garantiu.
O secretário de Polícia Civil, Fernando Albuquerque, garantiu trabalho em conjunto com a Polícia Militar com reforços nas delegacias ema central de atendimento para turistas.
“Estamos com o planejamento integrado com a Polícia Militar. Reforçamos as delegacias do Centro e Zona Sul e criamos mais uma central de flagrantes, tudo para atender à demanda do carnaval. Colocamos uma central de atendimento ao turista estrangeiro. No Sambódromo teremos a equipe da 6ª DP, com delegados, peritos, policiais de atendimento específico a mulheres e crianças. Além disso a subsecretaria de inteligência vai estar ligada em tudo que estiver acontecendo.”
Luiz Henrique Marinho, secretário da Polícia Militar, anunciou contingente de mais de 15 mil policiais nas ruas durante o carnaval. A novidade serão as revistas seletivas em algumas estações de metrô na Zona Sul.
“Teremos de 14 a 15 mil homens por dia no carnaval. No Sambódromo vamos ter 74 viaturas, com 10 pontos de bloqueio de revista. As rodovias estaduais serão reforçadas. Nas praias seguimos com a operação verão. Vamos tentar na saída do metrô na Zona Sul fazer uma revista seletiva. O Centro de Comando e Controle vai atuar em conjunto com diversos órgão públicos.”
O coronel Leandro Sampaio, secretário de Defesa Civil, disse que o órgão atuará com 100 militares por dia no Sambódromo e também prestará apoio ao Detran e à Polícia Militar nas blitzes da Lei Seca.
“O Corpo de Bombeiros atua aquertalado. Vamos ter militares no Sambódromo, cerca de 100 por dia, com o apoio da prefeitura. Vamos entregar as novas viaturas dos Bombeiros próximas ao Sambódromo. São as mais modernas do mundo. Teremos um reforço especial na Avenida Ernani Cardoso para apoiar as escolas dos grupos de acesso. Atuaremos em apoio às operações Lei Seca junto com o Detran e a Polícia Militar”.
Secretária de Cultura enaltece apoio às escolas de samba via leis de incentivo
A secretária de Cultura do Governo do Rio de Janeiro, Danielle Barros, celebrou o apoio da gestão Castro aos carnavais dos 92 municípios fluminenses e lembrou da liberação de R$ 9 milhões para as escolas de samba através da lei de incentivo à cultura.
“É um momento histórico. Carnaval é cultura, sem dúvida a nossa grande marca. Nós enquanto estado temos o dever de cuidar de todas as festas que acontecem nos 92 municípios do Rio de Janeiro. Importante dizer que através das leis de incentivo liberamos R$ 9 milhões às escolas da Liesa. Além disso fizemos um fomento direto, através do Fundo de Cultura, onde 42 cidades receberam esses recursos. Incentivamos as cidades do estado a adotarem carnavais mais sustentáveis. Cachoeiras de Macacu e outras cidades menores estão reutilizando adereços de outros anos. Um estado forte precisa de um interior forte.”, disse.
A CET-Rio irá atuar no bloqueio das vias no Sambódromo, Nova Intendente e regiões onde haverá desfiles de bloco. Joaquim Dinis, presidente da instituição, explicou como o órgão irá atuar.
“Todo o entorno da Sapucaí será fechado a partir de sexta-feira. A gente vai fazendo de forma escalonada até a interdição total às 19h. Isso acontece durante todo o período de carnaval e depois Campeãs. Lembrando que já a partir de quinta-feira à noite teremos o deslocamento das alegorias das escolas que vão desfilar na sexta-feira. A melhor forma de chegar à rodoviária é o VLT, que não pega congestionamento. Em relação à Nova Intendente, os bloqueios começas a partir de quinta-feira à noite. Serão 250 homens trabalhando, 23 painéis de alerta aos motoristas, 25 viaturas e nove reboques”, alertou.
A Secretaria de Ordem Pública (SEOP) terá como foco principal fiscalizar ambulantes para que não comercializem garrafas de vidro, conforme explica o secretário Brenno Carnevale.
“Temos o foco nos blocos pata que a cidade volte à normalidade após a passagem dos blocos. No Sambódromo atuamos com reboques para que veículos estacionados de maneira irregular não atrapalhe a fluidez da passagem das alegorias. Com relação aos ambulantes atuamos para coibir a utilização de garrafas de vidro. Temos ambulantes credenciados e realizamos o ordenamento das vias, para evitar acidentes e transtornos à população.”
A Secretaria Municipal de Saúde é um dos órgãos mais exigidos no carnaval. O secretário Rodrigo de Sousa anunciou 7 postos médicos e 170 profissionais atuando nas quatro noites de desfile no Sambódromo.
“No Sambódromo serão 7 postos médicos, com 32 leitos e oito suportes avançados. São 170 profissionais trabalhando nesses postos. Além disso serão 16 ambulâncias avançadas. Os postos vão abrir às 19h e vão funcionar até o final dos desfiles. Além disso teremos 78 servidores da vigilência sanitária. Nos blocos serão quatro postos médicos nos blocos do Centro e Zona Sul. Colocamos 145 ambulância de suporte avançado.”
O presidente da Comlurb, Flávio Lopes, declarou que diversas mulheres atuarão nos equipamentos de limpeza da cidade e que o número de garis pela cidade será recorde neste carnaval.
“Depois que o bloco passa a gente busca entregar a cidade normalizada. Nosso contingente de garis será recorde. É um trabalho que realizamos há muito tempo, mas agora com uma musculatura nova. Teremos muitas mulheres operando nossos equipamentos, tanto na Sapucaí, quanto na Intendente, quanto nos blocos”.
Estreante no cargo de intérprete no carnaval passado, Wic Tavares se prepara para mais um show na Marquês de Sapucaí pela Unidos da Tijuca. Filha de Wantuir Oliveira, também intérprete da agremiação, Wic é uma entre as diversas pratas da casa que vêm ganhando espaço nas escolas de samba.
Em entrevista ao CARNAVALESCO, a intérprete contou sobre a importância e o papel de representação em estar à frente do carro de som da Tijuca, além de seus planos para a carreira e o que espera do Carnaval deste ano.
Para Wic, o Carnaval deste ano é a sua confirmação no Grupo Especial e na família que é a Unidos da Tijuca. Esse é o segundo ano seguido em que ela será intérprete da escola ao lado de Wantuir.
“De fato (uma confirmação). Fico muito feliz em permanecer por mais um ano, porque a gente vê que não há muitas mulheres se perpetuando nessa posição, logo somem ou mudam de escola. Para mim, é uma extrema felicidade poder dar continuidade nessa história na Unidos da Tijuca junto com meu pai e com a família tijucana. Estou muito feliz, é uma confirmação sim e eu só tenho a agradecer”, disse Wic.
Um processo de valorização no mundo das intérpretes. Wic Tavares diz que ainda falta muito, mas, em pequenos passos, o devido espaço está surgindo.
“Ainda falta um bocado, mas já foram dados vários passos lá atrás. Demora, mas acredito que a gente consiga chegar lá. Espero que apareçam mais, que haja mais oportunidades para as mulheres estarem atuando. Tem muitas com bastante capacidade, tenho grandes amigas no samba, a minha mãe e minha madrinha que cantam no carnaval há anos. Tudo é com o tempo. Estamos dando pequenos passos, falta a gente conseguir ‘andar’ sem dar pausas”, enfatizou a intérprete.
Em meio a um cenário não muito favorável para as mulheres, a intérprete contou que foi abraçada pela escola de samba e por todos do carnaval. A presença de Wic Tavares no carro de som da Unidos da Tijuca é também uma mensagem de incentivo a todos os jovens e meninas que sonham em entrar no mundo do samba. A intérprete também revelou que com a sua chegada ao carro de som, meninas da comunidade começaram a ter o sonho de poder cantar na Tijuca.
“É muita energia boa. Eu não imaginava que poderia acontecer de eu ter a oportunidade de ser intérprete, não porque eu nunca sonhei, mas por conta do cenário que é bem complicado. Mas quando tem essa oportunidade, eu consigo tocar outras pessoas, outras crianças. Tem meninas do Borel que queriam sambar e agora querem ser intérpretes. Considero muito importante estar neste lugar, assim como já estiveram outras mulheres que me inspiraram. Eu fico muito feliz de ter realizado esse trabalho em 2022 com muito sucesso, axé, paz e amor – eu recebi muito amor não só da Unidos da Tijuca, mas do mundo do samba. Foi emocionante e muito importante”, disse a intérprete.
Cantar com o próprio pai já é uma imensa responsabilidade, ainda mais se tratando de Wantuir. Mas, segundo ela, o trabalho em família dá muito certo e não tem pressões dentro de casa.
“Dentro de casa não. A gente consegue se entender bem. É um diálogo muito tranquilo, meu pai é muito tranquilo e eu também. A gente só ajusta. É claro, meu pai é mais velho e eu sempre acato, ele tem muito mais experiência e a gente tem que escutar os mais velhos. Quem escuta os mais velhos vai longe (risos)”, contou.
Muito reconhecimento e prêmios recebidos. Para quem não imaginava um dia ser intérprete, chegou ainda mais alto: Com a visibilidade gerada pelo carnaval, ela contou que passou a fazer eventos e a ter muitas propostas fora do mundo do carnaval. A intérprete revelou que em Março ela participará do “TVZ”, do Multishow.
“Muita coisa. Estão surgindo várias oportunidades. Estou gravando várias coisas, sendo convidada para fazer muita coisa bacana, tendo visibilidade, também estou fazendo eventos; até atuando, coisa que não imaginava que poderia acontecer. A gente vive da arte e a arte é isso. A Tijuca me abriu muitas portas importantes, tanto dentro do samba como fora. Estou vindo em 2023 focada na minha carreira – junto com a Unidos da Tijuca, é claro – porque dá pra fazer de tudo um pouco sim!(risos) Posso adiantar que em março estarei estreando no ‘TVZ’ e a galera pode ficar ligada.”
“A gente se perde quando fugimos da nossa história”. A intérprete da Unidos da Tijuca falou sobre a importância de dar espaço e valorizar o trabalho de musas, passistas e rainhas de bateria que são da comunidade, afinal, elas constroem o carnaval.
“Acho que a gente se perde quando fugimos da nossa história. Perdemos as nossas raízes quando não valorizamos os nossos. Isso porque os nossos verdadeiros artistas são os sambistas que vivem isso. Nada melhor do que dar palco a quem faz o espetáculo acontecer. Acho maravilhoso ter as meninas da comunidade à frente da bateria, sendo reconhecidas como musas e brilhando fora da bolha do carnaval. Isso é importantíssimo, porque elas são as verdadeiras artistas. Vivem, respiram e dão sangue para estarem na escola, sempre dão um jeito para estarem presentes. Isso tem que ser valorizado. Eu fico muito feliz pelas meninas estarem tendo reconhecimento da arte delas”, ressaltou a intérprete da Unidos da Tijuca.
Por fim, questionada se aceitaria seguir carreira solo, caso recebesse o convite de outra escola, Wic disse que os planos é seguir trabalhando em família. Segundo a intérprete, a história entre ela e Wantuir se soma à Unidos da Tijuca.
“Acredito que esse legado ainda podemos manter. Não me imagino fazendo outra coisa, me vejo aqui dentro da Tijuca com o meu pai e continuando esse trabalho em família. Para quem vive o carnaval e acompanha a gente, sabe que essa história minha e do meu pai é muito linda. Acho muito legal esse lema de família, até porque o lema da Tijuca é família tijucana. Está tudo dentro da proposta da escola”, frisou.
Podendo se consolidar de vez neste ano, Wic Tavares entrará com a Unidos da Tijuca na Passarela do Samba durante o domingo de carnaval, quando será a quarta agremiação a entrar na Avenida.
Comandante da bateria Soberana ao lado do mestre Plínio, mestre Rodney contou na Série Entrevistões como a dupla vem trabalhando para o Carnaval 2023. Com inspirações em mestres de bateria que marcaram época na Marquês de Sapucaí, Rodney tenta se superar sempre a cada ano. Seu maior sonho é conquistar quatro títulos consecutivos com a Beija-Flor de Nilópolis.
Qual é o seu balanço do trabalho como mestre de bateria da Beija-Flor?
“Estamos indo bem. Não só eu como toda a bateria. A gente é como um time de futebol, uma família (…) Quanto mais tempo junto, melhor o entrosamento.”
Como funciona a parceria de você com o Plínio no comando da bateria?
“Fora do carnaval, do samba, nós somos amigos há muito tempo. Nós unimos o útil ao agradável: a nossa amizade junto com o trabalho. É perfeito o nosso trabalho.”
O que representa estar à frente da bateria da Beija-Flor?
“É um paraíso. É uma realização de um sonho de muito tempo na minha vida estar em uma escola grandiosa como a Beija-Flor. Estar junto com a minha família, dos meus ritmistas, que são comprometidos com a escola (…) Eu sou abençoado por estar na Beija-Flor.”
Foto: Allan Duffes
Em termos de ritmo, qual o seu melhor desfile? E por qual motivo?
“Cada ano a gente se supera. Pode ter certeza que 2023 será o melhor. Cada ano, a gente está conseguindo se superar, isso é bom. Nós não ficamos na mesmice, na zona de conforto (…) Estamos sempre trabalhando em prol da nossa escola.”
Quem é sua referência na bateria? E por qual motivo?
“Eu tenho várias: Falecido Mug, Ernesto, Ciça, Odylon, tem grandes mestres. De repente eu não vou ser muito correto por esquecer alguém. Eu tenho muitas referências lá de trás, raízes. Eu aprendi com muitos mestres de bateria.”
O que foi mais difícil quando você assumiu como substituto do mestre Paulinho?
“É um desafio, e eu sou movido a desafios. Tive a oportunidade, a escola me convidou junto com o Laíla (…) Acho que estou substituindo a altura. Estou dando segmento ao trabalho dele.”
O que você ainda sonha em fazer com a bateria, mas que ainda não conseguiu realizar?
“A gente vem conseguindo as coisas com um passo de cada vez. Eu tenho um sonho de um dia, se Deus quiser, de ser tetracampeão do carnaval seguidamente. Eu vou lutar para isso”.
E coreografias, gosta que a bateria faça?
“Depende. Tudo tem motivo, tem que ter um porquê. Tem que ter um motivo, tem que sentir no samba. Se sentir, se precisar a gente faz. Tudo em prol da nossa escola, sempre.”
Sobre fantasia, como foi até hoje a conversa com os carnavalescos que passaram pela escola e como está sendo agora para 2023?
“Sempre bom trabalhar com os carnavalescos, com a harmonia, com a direção de carnaval. Sempre chegamos a um denominador comum, sempre me dão belas fantasias. As fantasias são surpresa, só no desfile.”
O que esperar da bateria da Beija-Flor para 2023? Mudou alguma coisa de 2022 para 2023?
“O de sempre: empenho, dedicação, tocar sempre pelo pavilhão e lutar sempre pela nota máxima. Essa é a sina da bateria da Beija-Flor: trabalhar em prol da escola e conseguir nota máxima (…) A mesma coisa: aquele swing gostoso. Eu acho que os arranjos estão mais elaborados. Porque o samba de 2022 era um caminho, o samba de 2023 é outro. A gente explora a melodia, esse é o diferencial. A galera vai gostar, espero.”
Estreante no Grupo Especial, o coreógrafo e bailarino Paulo Pinna promete uma comissão de frente ousada e bem a cara da Mocidade Independente de Padre Miguel. Ele que também comanda o quesito pelo segundo anos consecutivo na Porto da Pedra, onde conquistou nota máxima, comentou para o site CARNAVALESCO como está sendo essa jornada dupla.
“Vale a muito a pena porque eu amo o carnaval, mas de fato é muito cansativo. O carnaval do Rio passa por uma reestruturação passamos por uma gestão muito ruim do antigo prefeito, o carnaval está muito machucado ainda, então acaba que pela organização da nossa administração geral do carnaval tem muita dificuldade fazer duas escolas, mas vale a pena é cansativo, mas no final vai dar certo”, disse.
Paulo falou como foi esse processo de ensaio e o que esperar da sua grande estreia à frente da Verde e Branco de Padre Miguel.
“Estou muito cansado, exausto, saímos daqui ontem às 3 da manhã, já estamos aqui novamente hoje tem mais ensaio. E a expectativa é sempre a melhor de todas, trabalhamos muito para que no dia seja lindo, tenho certeza de que vai ser. Estou muito esperançoso posso dizer que vamos fazer um grande carnaval na Sapucaí”, garantiu.
O coreógrafo também elogiou o carnavalesco Marcus Ferreira, que também está fazendo sua estreia pela Mocidade. A parceria entre os dois promete muitas surpresas durante a apresentação da comissão de frente.
“O Marcus é muito inteligente e criativo, um carnavalesco que entre aspas é novo no mercado, é mais jovem, tem uma cabeça oxigenada que dá um gás maior também, para poder viajar nessas loucuras que a gente inventa. A parceria está boa, estamos muito bem”.
Após o desfile de 2022 os torcedores da Mocidade ficaram bem chateados e decepcionados com o resultado e algumas questões que a escola teve durante a passagem pela Sapucaí. Para Paulo Pinna é hora de aprender com o passado e resgatar o orgulho da escola. Ele também está planejando usar um tripé na sua comissão, mas guardou o segredo para ser mostrado somente no dia.
“Vamos pegar uma veia emocional e raiz. Acho que o independente depois do último carnaval, passou por uns perrengues inevitáveis, pois não tinha muito o que fazer, eles ficaram tristes, mas acho que agora vamos reativar essa emoção e o orgulho de ser independente, eles vão se ver ali. Em relação ao tripé, tem que ter a ver com o que eles vão ser, tem que ser usado e fazer sentido estar ali, acho que vamos conseguir atingir o objetivo legal”, concluiu.
A série “Barracões” hoje entra nas favelas do Brasil para conhecer as histórias que a malandragem conta através daquele que foi considerado “a voz dos morros” de sua época. Com o enredo “Da Silva, Bezerra. A Voz do Povo!”, os Acadêmicos do Tucuruvi celebrarão no Carnaval de 2023 a vida do sambista Bezerra da Silva através de sua obra, que denunciou décadas atrás problemas que até hoje enfrentam os brasileiros da periferia. Os carnavalescos Dione Leite e Yago Duarte conversaram com a equipe do site CARNAVALESCO sobre o tema escolhido e a preparação do desfile.
Escolha da homenagem a Bezerra da Silva
Após o encerramento da apuração do Carnaval de 2022, onde a Tucuruvi liderou por um longo período, mas acabou terminando em 11º lugar, o sentimento foi de frustração. Foi então que, de acordo com Dione, o diretor de Carnaval, Rodrigo Delduque, disse qual seria a linha do enredo a ser escolhido para o próximo ano.
“Esperávamos mais, mas aconteceram alguns problemas no nosso desfile e entendemos o resultado do Carnaval. Mas quando nós saímos da apuração, eu saí falando com o Rodrigo. A gente se olhou e o Rodrigo disse que esse ano o caminho seria uma homenagem. Nem sabíamos o que iria acontecer, se ficaríamos na escola, se a escola rescindiria o contrato, mas já sabíamos que seria o caminho de uma homenagem e daí começaram as nossas conversas”, declarou.
Fotos: Lucas Sampaio/Site CARNAVALESCO
Apesar da proposta de realizar uma homenagem, a Tucuruvi decidiu seguir por uma linha de construção de enredos inspirados no mundo do samba. “Foi uma decisão da escola, da Direção de Carnaval, de permanecer nesse tipo de discurso, e cada vez mais aprofundar esses discursos. Teve essa decisão de se fazer uma homenagem a alguém do samba como se fosse, de certa forma, uma continuidade do discurso passado, então permanecemos com essa linha de raciocínio”, explicou Yago.
Já a escolha por homenagear Bezerra da Silva se deu principalmente pela oportunidade de ser a primeira escola a desenvolver um enredo em homenagem ao lendário sambista. “Na época tínhamos vários nomes que eu, Yago e o Rodrigo apresentávamos Nós tínhamos uns três nomes que estávamos bem contentes e que começamos as pesquisas. Veio um “start” de Bezerra da Silva porque tinha feito muito parte da minha infância, de um contexto, e era um sambista que ninguém tinha falado. Era difícil ter algum sambista que ninguém tivesse falado a respeito. Foi quase que inacreditável descobrir que Bezerra não tinha sido enredo de ninguém, e começamos a nos perguntar o porquê disso. A partir daí, se tornou uma ideia única de todos nós. Trabalhar essa ideia e descobrir os vieses dela foi o maior prazer desse trabalho que tivemos”, contou Dione.
Uma homenagem concebida de uma forma diferente: A pesquisa para o enredo
Enredos de homenagem a pessoas costumam seguir uma linha cronológica ao contar sobre a vida do homenageado, e para Rodrigo Delduque não poderia ser assim. Dione disse que era desejo de que a história de Bezerra da Silva fosse contada de maneira inovadora.
“Foi quando começou a vir a ideia do enredo, de atrelar a história do povo com a história do Bezerra da Silva. Fomos para a pesquisa sem saber para onde íamos, mas sabíamos que tínhamos que pesquisar. Descobrimos que existem milhares de defesas de TCC, de mestrados, documentos escritos por pessoas falando da vida de Bezerra da Silva. É quase que acadêmico, porque é muito material acadêmico sobre a história dele, e começamos a descobrir que tinham outros caminhos para se falar de Bezerra, e que quanto mais entrávamos na história de Bezerra, que não era só discografia, mas também os discursos dele, descobríamos o quanto Bezerra era parte do todo do povo, por isso que ele era considerado “porta-voz do povo”, e o quanto o povo era parte de toda a história profissional e pessoal da vida dele. Não tinha como não ser. Falar do povo através de Bezerra, porque Bezerra é o povo”, explicou.
‘Da Silva, Bezerra’, por Rodrigo Delduque
Ao longo da entrevista não foram poucos os momentos em que os carnavalescos exaltaram o papel de liderança de Rodrigo Delduque para que as engrenagens da concepção do enredo se encaixassem. Suas sugestões certeiras ajudaram os artistas a definirem a linha pela qual a narrativa seguiria. De acordo com Dione, foi de Rodrigo a ideia da desconstrução poética do nome de Bezerra da Silva, alçado de um simples homem a sinônimo da essência do povo periférico.
“Veio então a ideia dos “Da Silvas”, esses “Da Silva brasileiros”. E por que Da Silva? Se você tem boleto para pagar, você é Da Silva. Se você tem que pegar condução cheia para trabalhar de manhã, você é Da Silva. Se você conta moedas para colocar o pão na sua mesa, você é um Da Silva. Se você, no final do mês, estica tudo que dá e mesmo assim não consegue fechar suas contas, você é um Da Silva. Esse personagem “Da Silva” nada mais é do que todos nós. Não é uma questão de sobrenome, é uma questão de todos aqueles que são verdadeiramente brasileiros que lutam diariamente, principalmente para sobreviver, ou serem reconhecidos ou terem lugar de fala na sociedade, que é muito Bezerra da Silva. Aí que vem a ideia genial do Rodrigo, nosso vice-presidente, que chega para nós e diz: “Por que não colocar Da Silva antes de Bezerra?”. Aí que enredo muda de contexto, foi o que deu o “start”, o que abriu a escrita da sinopse. Dali a sinopse foi, e em quatro dias veio a sinopse pronta. Aquilo foi realmente um gatilho para podermos mergulhar nesse universo. Era um problema de simples troca de palavra. Aí a gente descobre o quanto Bezerra da Silva é do povo e o povo é dele”, declarou.
Bezerra como sinônimo de povo: A construção do enredo
A ligação que Bezerra da Silva possuía com a favela inspirou o artista a conceber o seu legado artístico como é conhecido pela maioria das pessoas. Em uma época cujo poder de comunicação em massa estava ao alcance de poucos, era preciso ser criativo para alguém se fazer ouvir. Bezerra soube fazer isso de uma forma que só nos dias de hoje, graças principalmente à internet, os moradores da periferia têm mais condições de ter sucesso.
“Não existe o personagem Bezerra da Silva, o ser humano Bezerra da Silva, separado do povo. É uma coisa só. Era impressionante o poder que ele tinha com as pessoas que moravam na favela, as pessoas que eram sofridas, abandonada na sociedade, porque era isso que a sociedade queria na época. Estamos falando dos Anos 1940, 50, 60, e é isso que a sociedade até hoje deseja para quem mora na periferia. Se não tratarmos nada com hipocrisia e pôr “na lata”, como o nosso samba diz, é sobre isso que falamos. É sobre esse descaso que a sociedade brasileira tem com quem mora na periferia. Só que hoje mudou. Quem dita a regra na moda, na dança, na música, sabemos que é a periferia. Esse enredo tem esse papel fundamental de exaltar, de defender, de organizar a nossa sociedade da favela, da periferia, porque todo aquele que, mesmo que more em um bairro no centro da cidade, mas que considera um “Da Silva” porque sabe de onde veio. Eu hoje não moro na periferia, mas é de lá que eu vim. Eu vim da favela, e tenho muito orgulho disso”, disse Dione.
Yago Duarte define a construção do enredo como uma homenagem mútua de Bezerra da Silva e do próprio povo brasileiro. “Nosso enredo é basicamente uma citação de Bezerra da Silva. Uma homenagem ao povo brasileiro através dele mesmo, que era o porta-voz desse povo. A gente não fala que ele nasceu ou morreu, cresceu, dentre outras coisas, não temos tempo no enredo. Estamos contando uma história, dissertando essa história do povo brasileiro através da história dele. E dentro de todos esses fatos, costumes, todas essas atitudes, características, são atemporais, porque ele contava lá atrás coisas que até hoje ainda acontecem, seja em aspectos bons, seja aspectos ruins. Ele apontava o dedo, botava o dedo na ferida, mas em contrapartida ele também falava daquele povo com muito orgulho, porque sabe da honestidade desse povo que trabalha e dá um duro danado para sobreviver. Realmente é atemporal essa citação de Bezerra da Silva”, explicou.
Das ruas deu voz às ruas: As curiosidades da pesquisa do enredo
Quem conhece a obra de Bezerra da Silva de maneira superficial nos dias de hoje pode deduzir que os sambas tinham um teor voltado ao bom humor e descontração. Dione, porém, definiu o teor da obra do sambista como sarcástico, utilizando dessa veia para tornar aceitável o inaceitável pela sociedade da época. A resistência à sua música fez com que Bezerra morasse por anos nas ruas de Copacabana até o momento em que foi recolhido e salvo por um terreiro de umbanda. Graças à religião, o Da Silva descobriu seus caminhos.
“O que mais me prende nisso, hoje olhando, sabendo o que passou, já que falamos desse enredo já há muito tempo, acho que é o poder de comunicação do cara, que é impressionante. Acho que é você doar sua vida para que seja a vida do outro. Bezerra sempre falou que ele não era um militante, que ele não militava nada. Ele não estava fazendo discursos programados de defesas, de direitos. Não, ele nunca falou isso, mas o papo dele era denunciar tanto de quem morava lá dentro quanto de quem morava lá fora. De alguma forma, eu encontro dentro das composições dele falas extremamente importantes para a sociedade. Se você tirar o “engraçado”, ler a composição e não escutar, ela é séria demais. Quem escrevia não era ele. O compositor dele era o cara que morava no morro. Ele escutava e pegava a composição de um cara, o cara gravava e ele levava, ele voltava com o dinheiro e o cara não acreditava que ele estava ganhando dinheiro com aquilo. É um poder que ele tinha”, explicou.
Yago contou que o que mais o fascinou durante as pesquisas para a sinopse foi ver a capacidade de Bezerra da Silva de transformar o cotidiano relatado pelas pessoas da periferia em obras de grande popularidade.
“Ele era muito entendido de música, e ele era multinstrumentista. Ele conseguia trazer aqueles depoimentos das pessoas, donos de bares, lixeiros, mecânicos, e transformava tudo aquilo em música. Essas músicas contam o cotidiano, e acho que isso que é uma das coisas mais fascinantes em Bezerra. Era uma missão dele. Era algo sobrenatural. Foi na casa de umbanda, onde ele foi acolhido, que ele seguiu esse caminho. Esse direcionamento foi feito por entidades. A gente cita o Pai Anacleto e a Vovó Catarina, que ele também citou em algumas músicas, e eles foram decisivos nesse caminho dele na música, nesse sucesso dele. Ele não desistiu porque ele teve essa ajuda espiritual. Veio de um outro plano. Esse dom dele, esse conhecimento dele, só sobrenaturalmente para explicar. Da origem dele por si só, não teria muito, não havia muita teoria ali, mas ele teve esse direcionamento, teve esse caminho que foi dado”, declarou.
‘Alô, malandragem! Otário não entra aqui!’
O samba da Tucuruvi possui na parte final da letra versos impactantes, com uso de palavras pesadas para se referir a situação vivida até hoje pelos excluídos da sociedade. Resume em música um desabafo que as pessoas indignadas com um contexto social que por décadas não se resolve. Dione é uma dessas pessoas, e reafirmou isso para falar do desfecho do enredo da Tucuruvi.
“Eu acho que uma coisa que é muito louca disso, porque antigamente o marginalizar era mais direto, era mais apontado. Hoje por causa das mídias sociais, da internet, as coisas mudaram na comunicação de todo mundo, que é eficiente e muito rápida para tudo acontecer. Hoje virou moda. A pandemia ensinou muita gente, graças a Deus, a participar, de ir pra rua dar comida, cesta básica, bábábá, bébébé. Só que essa mesma pessoa que vai lá e que posta essa foto, fazendo a tal ação social, é a mesma que está passando na rua fazendo de invisíveis os irmãos dela embaixo de viaduto. Esse “Um monte de dedos de seta, canalhas que a pátria pariu”, entendeu? “Alo malandragem, otário não entra aqui” é porque não tem que entrar otário no morro. É isso, é sério isso daí. Se nós tirarmos a parte bonita, a parte da poesia, estamos falando de coisa muito séria e que faz sentido só para quem entende e vive na pele todos os dias no Brasil o que é o descaso, o que é muito triste de se falar”, desabafou.
O samba tem elementos característicos das próprias obras de Bezerra da Silva. De acordo com Yago, para cada pessoa que ouvir e ler a letra, a música é capaz de impactar de uma forma diferente a depender do contexto social em que vive, e tem como objetivo conscientizar aqueles que não entendem as dificuldades vividas pelo povo periférico.
“Para cada bolha. Tem se falado muito em bolha, que cada um vive na sua bolha. Quando essa bolha é estourada, as pessoas ficam em choque. É diferente de um governante dizer que não há fome no Brasil. Não sei em que bolha é essa que ele vivia, até agora eu não entendo, mas existe fome no Brasil e está bem pior que há alguns anos. O papel do enredo é estourar a bolha. Era o papel de Bezerra da Silva e é o papel do Carnaval, da escola de samba. Estourar essas bolhas e contar com um pouco de esporro como que está o país”, explicou.
Conheça o desfile dos Acadêmicos do Tucuruvi
“Acho que no conjunto de fantasias o que podem esperar é um desfile plástico totalmente calculado, extremamente técnico. Nós elevamos a altura das nossas fantasias. Elas estão mais altas e leves, para que o componente possa evoluir. Reduzimos os riscos de margens de erro de materiais que poderiam cair. É esse tipo de estudo que nós fizemos para que pudéssemos chegar nesse Carnaval com uma tranquilidade. Pode dar tudo errado? Pode, mas se der tudo certo terão que engolir a Tucuruvi”.
Setor 1: “Pelas alegorias, a gente abre o desfile trazendo o batuque como a essência do povo brasileiro, e o surgimento de Bezerra da Silva como músico. Viremos com essa pegada de essência da ancestralidade, abriremos o desfile dessa forma. Posicionando bastante o símbolo da escola, queremos sempre posicionar bastante a marca da escola para esse momento. Temos sempre falado muito de mudança de mentalidade, de reafirmação e resgate da Tucuruvi como instituição cultural e social, então abrimos o desfile posicionando bem a marca, e trazendo esse contexto de ancestralidade e o batuque como a alma do povo brasileiro”.
Setor 2: “A segunda alegoria, a gente aborda a religiosidade, que é um aspecto muito importante dos “Da Silvas” brasileiros, assim como o próprio Bezerra da Silva, que era da umbanda. Trazemos essa questão da energia sobrenatural que sempre esteve próxima do povo brasileiro e de Bezerra independente de qual religião seja. Abordamos a umbanda porque era a religião dele”.
Setor 3: “Na terceira, trazemos a musicalidade no que diz respeito da valorização do produto nacional. Fazemos uma brincadeira com a capa de um disco, “Os Três Malandros”, uma paródia que eles fizeram de três artistas internacionais igual muita gente da alta sociedade sempre quis comprar o que é de fora e nunca valorizou o que é nosso. Trazemos essa contrapartida, o que é nosso tem o seu valor”.
Setor 4: “A última alegoria nós trazemos a favela como um lugar de orgulho, de força, de respeito, de união. De miscigenação e de mistura, que era aquilo que Bezerra da Silva contava. Trazemos esse orgulho de ser favelado. Com todo o respeito à palavra, nós desmistificamos isso. Reafirmamos que ser favelado não é um aspecto ruim. Tem gente honesta, tem gente que trabalha, que se esforça, que dá certo na vida seja qual for a área de atuação profissional dessas pessoas, mas elas dão muito certo mesmo sendo dali, o que é muito mal visto pela sociedade de fora, mas eles são felizes ali. Fechamos a escola com uma grande favela. Uma favela orgulhosa, feliz de ser favelada”.
Ficha técnica
Enredo: “Da Silva, Bezerra. A Voz do Povo!”
Alas: 17
Alegorias: 4
Componentes: 1900
Posição de desfile: Segunda escola a desfilar no sábado, 18 de fevereiro de 2023, pelo Grupo Especial