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Especial Barracões SP: X-9 Paulistana declara seu amor à Rainha do Samba Dona Ivone Lara

A série “Barracões” do site CARNAVALESCO hoje saúda uma sambista que fez história no carnaval brasileiro. A X-9 Paulistana fará uma grande declaração de amor a Dona Ivone Lara através do seu enredo para o Carnaval 2023. “Dona Ivone Lara, mas quem disse que eu te esqueço?” é o título do desfile assinado pelo carnavalesco Leno Vidal, que recebeu a nossa equipe para uma visita pelo barracão da escola.

Fotos: Lucas Sampaio/Site CARNAVALESCO

Inspiração para o enredo

A ideia de homenagear Dona Ivone Lara partiu da ala de compositores da X-9 Paulistana, através de Marcelo Lipiani e do intérprete Darlan Alves, e foi decidida após uma reunião entre a equipe da escola. Havia outras duas escolhas à mesa, uma do departamento cultural da X-9 e outra do próprio Leno Vidal.

“Eu abracei porque não tem como não abraçar Ivone Lara no Carnaval. Todo sambista que se preze sabe que falar de Ivone Lara é falar da nossa vida, da nossa história no samba e do Carnaval como um todo. Fomos lá no Rio de Janeiro, a família nos recebeu, Dona Eliana Lara com os filhos e netos, e lançamos de lá o enredo, da casa onde viveu Ivone Lara. Já tínhamos começado a escrever a sinopse e li naquele momento. Eu busquei um fio condutor poético que foi o pássaro tiê, que nos iria acordar com Ivone Lara já no samba como a grande Rainha do Samba, já dentro do Carnaval, e depois começaríamos a fazer o sobrevoos de passagem na vida, na obra e no legado de Ivone Lara”, disse o carnavalesco.

Desenvolvimento da homenagem a Dona Ivone Lara

O desfile da X-9 Paulistana falará da vida de Ivone Lara através da sua obra, e se aproveitando de elementos visuais para ilustrar o universo feminino da artista, de acordo com Leno Vidal.

“Começo com Ivone Lara nos Cinco Bailes, já dentro do Carnaval com o primeiro grande samba-enredo dela, mas também já tenho a representatividade dela enquanto baiana, porque ela foi a maior baiana do Império Serrano. Já começo com Ivone Lara sambista, dos anos 65 aos anos 80 no Império Serrano. Eu trago o recorte dessa mãe baiana mãe, porque o meu Abre-alas traz essa alusão ao desfile da Império Serrano de 1973, que é “Mãe, Baiana Mãe”, que homenageou Ivone Lara na lavagem do Bonfim, e “Os Cinco Bailes da História do Rio”. A gente já traz a Ivone e vai passando a vida dela. Tenho o contexto depois da ancestralidade, do jongo. Cada música fui fazendo conexões da musicalidade como representatividade dentro do morro da Serrinha. Sabemos que o jongo é cultura fundamental daquele território. Já traz “Axé em Ianga Pai Maior”. Claro que eu não consegui colocar mais de 180 músicas de Ivone Lara, será preciso condensar. As dez grandes estarão presentes. Além delas, terão recortes de movimentos maravilhosos, como o momento que ela vai para o internato com Lucila Villa-Lobos, que ela vai ter contato com o erudito, a música clássica, que dá uma das coisas dela de sambista que é a melodia, o tom da voz melódica dela, nesse momento em que ela vai supernova. Teremos referência do pai e da mãe dela, que se conheceram no Rancho Flor do Abacate. Vamos ter uma coisa muito interessante que é um link que fizemos com a ala “Loucos pela Xis”, que tem um projeto gigantesco na escola há mais de 20 anos, que são pessoas com deficiência mental, pessoas que tem todo um processo de trabalho pela X-9 Paulistana, numa ala que é um projeto dentro da escola, e que eu fiz a assimilação com Nise da Silveira, que curava a chamada “loucura”, que não é loucura, através da arte com Ivone Lara, através da musicalidade e das pinturas”.

A ancestralidade da sambista também estará presente no desfile junto de referências às grandes inspirações da artista, como Clementina de Jesus. De acordo com o carnavalesco, o objetivo da escola é fazer com que o conjunto do desfile passe a sensação de unidade, ou seja, que todos somos Ivone Lara.

Faço um recorte do samba nessa ancestralidade, e chegamos no segundo carro que é “A Grande Ancestralidade de Angola”, e o samba vem de Angola que é o “semba”. Essa África viva no sentido da cor, da luz, tal qual Ivone Lara era, alegre e sempre para cima, que irá trazer a obra dentro desse grande coração que pulsa através de um bolo que eu chamo de “Bolo do Tiê”, que são crianças ali dentro, mais essa ancestralidade dela. Parte da obra tem referência a Clementina de Jesus, que foi grande inspiração para ela. E a partir daí vai para as músicas. “Sonho Meu”, “O Samba não pode parar”, “Alvorecer”, sempre dando essa articulação com os próprios cantores que cantaram Ivone Lara. E celebrando ela no final, nessa grande celebração do “Eu vou festejar”. Com as resistências que Ivone Lara foi. E nessa grande Apoteose que a X-9 faz, que é o sambista em si venerando e homenageando Ivone Lara. Acho que a grande representatividade de tudo isso somos nós mesmos, quando escutamos o samba e vermos a X-9 passar, o que é que vamos ter. Precisamos sentir o que é Ivone Lara através de todo esse conjunto, porque nós somos Ivone Lara, o nosso corpo está presente em todo lugar tal como ela.

Representatividade, os gostos e as curiosidades sobre Ivone Lara

Leno Vidal procurou usar o máximo das informações que conheceu a respeito de Dona Ivone Lara ao longo de toda concepção do desfile. Da forma como exercia sua representatividade aos gostos pessoais, nada passou despercebido pelos olhos do carnavalesco, que aplicou referências dos mais diferentes tipos.

“Essa questão da identidade e da representatividade dela foi muito curioso, porque ela não se levantava nenhuma bandeira, mas ela em si era. Outras também foi dessa Ivone Lara que gostava de uvas, de orquídeas, de pegar coisas pontuais do gosto da pessoa. Fui trazendo essas pequenas características dentro do enredo. Na ala do erudito, por exemplo, que se chama “Do erudito ao popular”, eu coloquei as uvas de Ivone Lara, porque é dionisíaco porque é Carnaval, traz essa questão clássica e ao mesmo tempo trazer um elemento que ela gostava. Nos Cinco Bailes eu coloquei orquídeas nas perucas. Rosas coloridas diversas, ela gostava de rosas brancas e amarelas, então tem o ouro de Oxum, então descobrimos os orixás de Ivone Lara, e fui conhecendo muita coisa que não conhecia. Um enredo desse nos permite conhecer uma artista como Ivone Lara, que vamos levar para a vida inteira. Aí temos esse carro maravilhoso, todo em pétalas de rosas de Ivone Lara, para deixar esse aroma, nem que seja identificado na imaginação, nós teremos, afinal o universo do Carnaval nos permite isso”.

Uma das canções mais famosas de Dona Ivone Lara, “Tiê”, faz referência a um pássaro da espécie que a sambista teve ainda na infância. A história por trás dos versos mostra como a artista contava, através da música, momentos curiosos da sua própria vida.

“Tem uma coisa muito interessante que é o tiê, que é esse passarinho que a gente descobre que é outro fio condutor. Lá no início, trazemos o tiê como fio condutor, mas descobrimos um dos maiores fios condutores do nosso Carnaval, que é o amor. Esse amor por Ivone Lara, esse amor que ela traz nas essências dela pelo samba. Então imagine as centenas de pessoas cantando “Eu te amo Dona Ivone Lara”, que provavelmente contamine mais uma arquibancada gigantesca do Anhembi com essa frase muito simples. Onde já se cantou tanto amor por algum homenageado? Quem falou isso foi a Fabiana Cozza, que virá representando Ivone Lara no desfile. E o tiê nos traz, por exemplo, que era quando ela ganha um tiê, o tiê não deixava ela sair de perto dele, ela sempre ficava lá, porque toda vez que ela aprontava, a avó dela falava “olha lá oxá”. Esse “olha lá oxá” na verdade era a avó super brava com ela, que virou a música do tiê que o pessoal canta”.

Conheça o desfile da X-9 Paulistana

Primeiro setor: “Iniciamos com a comissão de frente fazendo Os Cinco Bailes dentro da comissão, mas de uma forma contemporânea do estilo Jaime Arôxa. Usamos samba de gafieira, mas trazendo ao mesmo tempo bailar de minuetos e jongo. Depois temos no primeiro casal o amor representado e ladeado pelas Oxum Opará, que era sua grande orixá junto com Xangô e Airá. Depois adentramos com a Fabiana Cozza representando Ivone Lara como a grande baiana. Vamos ter as baianas, que se chamam “O Pano de Oxum na Lavagem do Bonfim da Coroa Imperial”, que condensam todas essas três referências na fantasia, mas de uma maneira bem sutil e muito bonita. Depois temos o Abre-alas “Mãe Baiana Mãe na Lavagem do Bonfim” com diversas representatividades negras que convidamos, como a deputada federal Érica Hilton, Nega Duda, Janaína Simões, baianas convidadas do Brasil todo, todas misturadas porque é a ocupação do espaço de Ivone Lara”.

Segundo setor: “Vamos para o segundo carro, “Os Cinco Bailes” com a Velha Guarda, dois andares com esse céu estrelado e com a coroa imperial nos coroando, desse amor que vem lá de Madureira de Ivone Lara. Aí viremos para a vida dela, o jongo, o rancho Flor do Abacate, as ciganas, porque ela tem uma música cigana e que nós traremos ciganos de fato para a Avenida, que virou um contexto maravilhoso para a gente. A bateria, que será a “Sinfônica Pulsação”, que o Adamastor investiu em um figurino maravilhoso com componentes vestidos com gola rufo. Depois vamos para o Flor do Abacate, Nise da Silveira, o contexto dela com o erudito e o popular. Chegamos no segundo carro de cores explosivas, que é uma África mais moderna, mais atual, mas com a essência da ancestralidade porque é o colorido da África. O carro condensa a vida dela, a ancestralidade e a obra, fazemos essa transição no meio da escola”.

Terceiro setor: “Vamos para a obra de Ivone Lara com as músicas dela. “Alvorecer”, “Sonho Meu”, “O Samba não pode parar”, vai ter “Sorriso Negro”. Temos uma ala, a ala dos compositores, que representarão os cavaquinhos, o instrumento que ela usava. No “Sorriso Negro” nós usamos fotos dos próprios componentes da escola. A Porta-Bandeira, os diretores, pessoas que estão representadas na ala “Sorriso Negro”. Chegamos então no último carro, que é o grande “Vou Festejar” da X-9 Paulistana, onde fazemos essa celebração toda ali, nesse contexto do Bloco da Resistência, onde vem os familiares e essa X-9 transbordando de alegria nesse processo todo. Nesse carro trazemos três tiês, que ficarão na parte de trás, para o lado oposto da Avenida, levando o legado de Ivone Lara adiante para mais sambistas”.

Ficha Técnica
Enredo: “Dona Ivone Lara, mas quem disse que eu te esqueço?”
Alegorias: 3
Alas: 16
Componentes: 1200
Ordem de desfile: Segunda escola a desfilar no dia 19 de fevereiro de 2023 pelo Grupo de Acesso

Egili Oliveira contagia e inspira como rainha da Vigário Geral

O posto de rainha de bateria da Acadêmicos de Vigário Geral nunca esteve tão bem representado. Egili Oliveira segue na agremiação pelo quarto ano consecutivo, mas mostra que jamais se acomodou. Aos 43 anos, a atriz e renomada professora de afro-samba encanta a todos que têm o privilégio de vê-la dançar.

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Fotos: Nelson Malfacini/Site CARNAVALESCO

“O meu diferencial é a minha garra, determinação e força de vontade. A minha vida não foi fácil, então eu sempre precisei ser o meu maior incentivo. É bom não buscar se espelhar em outras pessoas, porque você pode cair. Se você sempre se superar, consegue chegar aonde quiser”, afirmou.

Entretanto, Egili acredita que passos são a parte mais fácil do trabalho. “Sou muito enraizada, venho de uma forte herança africana. Já nasci com isso. As pessoas podem aprender a sambar porque hoje nós, professores, ensinamos, mas a essência é difícil”, comentou.

Nascida na Bahia e criada na cidade de Niterói, Egili teve a influência da família como pontapé inicial para o mundo do samba. Sua avó costurava fantasias para que a tia desfilasse, e seu avô foi mestre-sala. Desde pequena, ela começou a desenvolver a conexão que definiria sua vida.

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Sua carreira teve início no Salgueiro, escola em que foi passista por dez anos. Também passou pela União do Parque Curicica, Renascer de Jacarepaguá e Império da Tijuca. Em agosto de 2019, foi anunciada como a nova rainha de bateria da Vigário Geral e define a parceira da seguinte forma: “A comunidade é resistente, nossas histórias se complementam”.

Como professora, Egili se destaca não apenas nacionalmente. Ela já esteve em países como Inglaterra, França e Portugal, foi homenageada na Alemanha e costuma fazer turnês de workshops nos Estados Unidos. Lá, conheceu mais de 20 cidades e deu aulas até mesmo para crianças.

“Preciso citar um assunto que, para mim, é de suma importância. Gosto de ser uma representatividade como mulher preta”, abordou Egili, durante entrevista concedida ao site CARNAVALESCO. “Depois do concurso de rainha do carnaval que participei, encontrei muitas meninas que se inspiraram em mim. Faltavam mulheres para mostrar que é lindo ser você mesma, com o seu cabelo ‘duro’, como chamam”.

Egili tem uma filha e um neto, e faz questão de valorizar a sua ancestralidade o máximo possível. “Por esse motivo, sempre peço para o meu carnavalesco me vestir numa posição de enaltecimento. Esses detalhes são necessários. Incorporo a minha negritude no enredo da escola”, continuou.

Em 2023, a Vigário Geral apresentará o enredo “A Fantástica Fábrica da Alegria”, narrando a vida de um menino que sempre sonhou em encontrar o bilhete premiado para realizar todas as suas fantasias. Como prévia, Egili não quis revelar muito sobre o seu papel.

“O que posso dizer é que estarei pronta para trazer muitas alegrias para a Avenida. Muitas cores… É isso, a escola vai vir linda e cheia de crianças. Fiquem atentos!”

É para valer! Sete escolas abrem nesta sexta os desfiles da Série Ouro no Carnaval 2023

Chegou o dia! A partir das 21h30, desta sexta-feira, sete escolas de samba abrem os desfiles da Série Ouro no Carnaval 2023. Pelo regulamento, apenas a campeã subirá para o Grupo Especial. As duas últimas colocadas caeam para Série Prata e vão desfilar na Intendente em 2024. Passam pela Avenida Marquês de Sapucaí hoje as seguintes agremiações: Arranco, Lins Imperial, Vigário Geral, Estácio de Sá, Unidos de Padre Miguel, Acadêmicos de Niterói e São Clemente. Veja abaixo o resumo do que será cada desfile.

ARRANCO

Em 2023, o Arranco voltará a desfilar na Série Ouro do Carnaval carioca depois de 10 anos afastado da Marquês de Sapucaí. A agremiação vai abrir os desfiles do grupo na sexta-feira, 17 de fevereiro, trazendo uma homenagem a um sambista importantíssimo para sua história e para a história do Carnaval – Zé Espinguela. A narrativa vai passar pela ancestralidade e religiosidade que constituem o homenageado até chegar no legado que ele deixou para os dias atuais. * VEJA AQUI MAIS SOBRE O DESFILE

LINS IMPERIAL

Em 1990, a Lins Imperial levava para a Avenida um carnaval de Sérgio Farias sobre Madame Satã, nome artístico de João Francisco dos Santos, um menino humilde que desde a infância sofreu muito na vida. Drag performer, capoeirista, homossexual, negro e nordestino, Madame Satã tornou-se um simbolo de resistência aos menos favorecidos. Após 33 anos do imponente desfile da Lins Imperial no Grupo Especial, a escola de samba volta a homenagear Madame Satã e promete entregar um belo carnaval na Marquês de Sapucaí. O site CARNAVALESCO visitou o barracão da Lins Imperial para conversar com o carnavalesco Eduardo Gonçalves. Raí Menezes também está na parceria. * VEJA AQUI MAIS SOBRE O DESFILE

VIGÁRIO GERAL

Após desfiles emblemáticos nos últimos anos, a Acadêmicos de Vigário Geral prova não ter medo de ousar e chega ao carnaval de 2023 com uma proposta completamente diferente. Almejando uma vaga no Grupo Especial, a escola aposta na emoção para conquistar o público e os jurados. Desenvolvido pelos carnavalescos Alexandre Costa, Lino Salles e Marcus do Val, o enredo “A Fantástica Fábrica da Alegria” vai contar a história de um menino que encontra um bilhete premiado e é transportado para um ambiente de inocência, leveza e diversão. * VEJA AQUI MAIS SOBRE O DESFILE

ESTÁCIO DE SÁ

Desde 2020 sem desfilar no Grupo Especial, a Estácio de Sá para esse carnaval vem com o enredo ‘São João, São Luís, Maranhão! Acende a fogueira do meu coração’, com o objetivo de retornar às glórias do passado. A intenção do carnavalesco Mauro Leite é explorar a religiosidade dentro do festejo junino de São Luís do Maranhão. Com bastante experiência na Marquês de Sapucaí, Mauro se inspira principalmente em Rosa Magalhães, de quem foi assistente durante muitos anos. * VEJA AQUI MAIS SOBRE O DESFILE

UNIDOS DE PADRE MIGUEL

A Unidos de Padre Miguel vai retratar o intercâmbio cultural entre as culturas árabe e nordestina. “Baião dos Mouros” é um enredo elaborado pela dupla de carnavalescos Edson Pereira, experiente na escola, e Wagner Gonçalves, recém-chegado. Previamente, o tema escolhido havia sido a Irmandade da Boa Morte, mas, como houve atritos de comunicação, a escola optou por respeitar os possíveis homenageados e mudar o enredo. A última vez que a UPM fez um desfile com a temática nordestina foi em 2015 com a homenagem ao Ariano Suassuna, executada por Edson. A agremiação conseguiu o vice-campeonato da Série Ouro naquele ano. Oito anos depois, os carnavalescos acharam que era o momento adequado de voltar a essa estética e se afastar desta vez da plástica africana dos últimos anos. * VEJA AQUI MAIS SOBRE O DESFILE

ACADÊMICOS DE NITERÓI

Estreando na Marquês de Sapucaí após a cessão de direitos feita pela Acadêmicos do Sossego, a Acadêmicos de Niterói chega na Avenida homenageando os 450 anos da sua cidade natal. Com o enredo “O carnaval da vitória”, a agremiação abordará o carnaval de Niterói, que já chegou a ser um dos maiores do País. A ideia, segundo a escola, é mostrar a força, história e importância do espetáculo da cidade que vai desde os blocos de rua até os desfiles organizados. Em entrevista ao site CARNAVALESCO, o enredista João Vitor Silveira contou um pouco da proposta do enredo da Acadêmicos de Niterói. Ele também falou sobre a importância de trazer o carnaval da cidade para a Sapucaí em meio aos 450 de Niterói. O enredista contou que a ideia surgiu após uma longa pesquisa e buscando um desfile mais leve e solto. Com o enredo, a escola conseguirá homenagear Niterói e o carnaval histórico da cidade. * VEJA AQUI MAIS SOBRE O DESFILE

SÃO CLEMENTE

A São Clemente vai desfilar, na Marquês de Sapucaí, uma subversão do descobrimento do Brasil. O que aconteceria se os nossos povos originários tivessem ido para as terras europeias e não o contrário? O enredo do carnavalesco Jorge Silveira intitulado “O Achamento do Velho Mundo” se propõe ser uma viagem lúdica e divertida que se passa em um período de um dia começando na manhã, assim que o Sol aparece, e terminando em uma grande festa à noite, nas novas terras chamadas de Euroca, em vez de Europa. * VEJA AQUI MAIS SOBRE O DESFILE

Sete escolas abrem o Grupo Especial de São Paulo, enredos que prometem colocar o dedo na ferida e dois CEP

Chegou o grande momento dos desfiles das escolas de samba do Grupo Especial de São Paulo, nesta sexta-feira teremos as sete primeiras na pista do Sambódromo do Anhembi. Os desfiles oficiais começam a partir das 23h15 com transmissão da TV Globo e toda a cobertura do site CARNAVALESCO. Enredos que prometem tocar o dedo na virada nas três últimas, também tem homenagens e resgate em filme bem conhecido.

Antes, às 21 horas tem o desfile das velhas guardas, que é um momento de abertura oficial do carnaval de São Paulo, apesar de já termos tido os desfiles do Grupo de Acesso II no último sábado. Vamos trazer um giro nas sete escolas do primeiro dia de Grupo do Especial com enredo, curiosidades e mais detalhes para 2023:

Independente Tricolor – 23h15

De volta ao Grupo Especial, a Independente Tricolor vai trazer uma pauta motivada pela história de Troia, ou seja, passando pela história contada no filme. O enredo para 2023 da agremiação é: “Samba no pé, lança na mão, isso é uma invasão!”. Contando sobre o enredo, o carnavalesco Amauri Santos falou exclusivamente para o site CARNAVALESCO.

“O enredo é bastante simples, didático, segue muito a história. Apesar da história da guerra de Tróia ter várias interpretações, nós criamos a nossa em cima da mais original que possa ter, inclusive até do filme, só que dando nosso molho. A gente mistura um pouco, os deuses aparecem muito no nosso enredo. Então traçamos um paralelo com o que a escola está vivendo hoje, retornando ao grupo de elite do carnaval de São Paulo”.

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Assim chega a Independente Tricolor no retorno, após passagem pela elite em 2017. Vale ressaltar que a escola adotou o enredo por conta de tudo que passou, inclusive no rebaixamento em 2017, fogo no barracão e outros problemas que atrapalharam a escola, ou seja, um verdadeiro ‘Guerreiro Valente’ é esperado na pista.

Fundação: 1987 (refundada 2009)
Escola Madrinha: Império de Casa Verde
Participações no Grupo Especial: Uma em 2017 e cinco vezes no Acesso
Melhor resultado: 13ª lugar no Grupo Especial (2017)
Títulos: Terceira divisão (2014), Quarta divisão (2013) e Sexta divisão (2010)
Último ano: Vice-campeão do Grupo de Acesso I

Acadêmicos do Tatuapé – 00h20

Com perda de décimos em 2022 por usar maquinário, ficou na 12ª posição e por isso será a segunda escola a desfilar na sexta-feira. Mas isso ficou para trás, e o enredo para 2023 desenvolvido por Wagner Santos é “Tatuapé Canta Paraty! Do Caminho do Ouro à Economia Azul. Patrimônio Mundial, Cultura e Biodiversidade. Paraty Cidade Criativa da Gastronomia”, que explicou sobre em entrevista na Série Barracões do site CARNAVALESCO.

“A Tatuapé irá apresentar um enredo em homenagem a Paraty. O resumo da história é um roteiro turístico que faremos pela cidade de Paraty. Faremos com que as pessoas conheçam as maravilhas e belezas que a cidade de Paraty tem a oferecer a todos aqueles que tem vontade de conhecer. Claro que faremos dentro desse enredo a nossa viagem, porque a gente trabalha com Carnaval, trabalhamos com sonhos. Vamos partir para personagens mitológicos, para trazer essa Paraty para as pessoas conhecerem. Através desses personagens da mitologia, personagens aquáticos, é que apresentaremos a Paraty que hoje nós conhecemos. A gente precisa ter um personagem, uma figura para retratar a história de Paraty. Não é só chegar e falar da cidade. Fomos lá na mitologia grega, fomos buscar personagens da mitologia grega, criamos personagens aquáticos, criamos um mundo aquático para apresentar a nossa Paraty de hoje”.

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A agremiação da Zona Leste venceu dois títulos recentes no carnaval, em 2017 e 2018, cantou Zimbábue e Maranhão, também teve homenagem para Atibaia, que ficou no 4ª lugar. Portanto com enredos CEP, tem tido resultados expressivos dentro do carnaval.

Fundação: 1953
Melhor resultado: Bicampeão do Grupo Especial em 2017 e 2018
Títulos: Primeira Divisão (2017 e 2018), Segunda Divisão (2003), Terceira divisão (2010), Quarta divisão (1996), Quinta Divisão (1993) e Grupo de Seleção (1985)
Último ano: 12ª colocado no Grupo Especial

Barroca Zona Sul – 01h25

Seguindo a noite, a terceira escola a entrar no Anhembi é a Barroca da Zona Sul que cantará ‘Guaicurus’, um enredo indígena na escola da Zona Sul de São Paulo. O carnavalesco Thiago Meiners explicou um pouco sobre o contexto do enredo em entrevista para o site CARNAVALESCO.

“O enredo da Barroca Zona Sul é ‘Guaicurus’, que é uma homenagem aos povos originários do Brasil. Esse povo indígena foi escolhido porque muita gente conhece a história da guerra do Paraguai, da questão da divisão territorial da região centro-oeste, mas pouca gente dá importância para esse povo. Guaicurus era um povo indígena que vivia naquela região e que foi usado como exército do Brasil na Guerra do Paraguai, justamente por conhecer, dominar e conhecer os animais daquela região, principalmente os cavalos. Pelo fato de os Guaicurus serem os índios cavaleiros, o tempo de locomoção deles na guerra, ajudou muito a vitória do Brasil”.

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É o terceiro ano consecutivo da escola no Grupo Especial, nos outros dois anos ficou na 10ª colocação. Pois busca um desempenho melhor neste carnaval e acredita na força do seu enredo para buscar uma boa passagem na pista.

Fundação: 1974
Melhor resultado: 5ª lugar em 1982, 1985 e 1990
Títulos: Segunda Divisão (1976, 1987, 2002) e Terceira divisão (1975, 2015, 2017)
Último ano: 10ª colocado no Grupo Especial

Unidos de Vila Maria – 02h30

Com uma homenagem à sua própria história e do seu lugar, a Vila Maria com Cristiano Bara: “Vila Maria, Minha Origem, Minha Essência, Minha História! Muito Além do Carnaval”, ou seja, a escola quer manter a sequência de bons resultados, são três anos consecutivos indo para o desfile das campeãs. Mas a meta mesmo é ser campeã pela primeira vez.

“A gente tem o nome do próprio enredo os quatros pilares que sustentam o nosso tema. A gente começa falando dos fundadores. A partir daí, contamos os momentos do bairro da Vila Maria, onde cita onde começou tudo na Rua Kaneda, depois no Sacolão e nesse caminho mostra a força do povo e da religiosidade com a igreja da Candelária. Depois a gente vai começar a contar nossa história a partir dos nossos enredos até chegar à obra social que a Vila Maria faz, contribuindo com o bairro e moradores”.

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A Vila Maria valoriza, acima de tudo, o seu trabalho social dentro da comunidade, formação de ritmistas, casais, e outros fatores além do Carnaval. Então com tudo isso, contará sua história dentro do desfile neste ano.

Fundação: 1954
Melhor resultado: Vice-campeão do Grupo Especial em 2007
Títulos: Segunda Divisão (1968, 2001 e 2014) e Terceira divisão (1998)
Último ano: 5ª colocado no Grupo Especial

Rosas de Ouro – 03h35

Seguindo na madrugada temos a Roseira entrando na pista do Anhembi e com o enredo escrito por Paulo Menezes: “Kindala! Que o amanhã não seja só um ontem com um novo nome”. Um enredo desenvolvido e resgatou um samba derrotado em 2005, mas muito cantado pela comunidade, surgiu Kindala. O carnavalesco Paulo Menezes nos contou um pouco sobre o trabalho no tema que abordará o racismo.

“Não queria que fosse um enredo com olhar de um carnavalesco branco sobre um tema preto. Então o primeiro ponto da pesquisa foi conversar com as pessoas, independente de que camada social ou intelectual que elas pertenciam. O mais importante foi conversar com elas e para sabermos quais eram as prioridades, necessidades, o que seria importante ser tocado. Pois elas foram a fonte maior de pesquisa, daí partimos para pesquisa em livros e principalmente em redes sociais, jornal, televisão. Porque tudo que a gente está falando aconteceu na época que começou a escravidão, e continua hoje em dia. Então é um tema muito atual, não é um fato histórico. É uma história que se perpetua até hoje. Infelizmente ainda é assim”.

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Vale citar que ‘Kindala’, no idioma bantu, significa ‘agora’. No logo oficial do enredo, ainda tem um recado: “Que o amanhã não seja só um ontem com um novo nome”. Ou seja, buscando o retorno ao desfile das campeãs, são dois anos sem participar, a escola quer fazer a diferença em uma pauta importante.

Fundação: 1971
Melhor resultado: 7 vezes campeã do Grupo Especial
Títulos: Primeira Divisão (1983, 1984, 1990, 1991, 1992, 1994, 2010), Segunda Divisão (1974), Terceira divisão (1973)
Último ano: 9ª colocado no Grupo Especial

Tom Maior – 04h40

A penúltima escola a entrar no Anhembi na noite de sexta para sábado, será a Tom Maior que ficou empatada em pontos com a campeã no último carnaval e almeja seu primeiro título há algum tempo. O samba venceu as pesquisas como melhor, e o enredo é: “Um Culto às Mães Pretas Ancestrais”, o carnavalesco Flávio Campello contou para nós na visita ao barracão sobre a temática.

“É muito curioso que esse enredo surgiu em 2013, quando eu ainda fazia parte de outra agremiação. Eu sou muito amigo de uma coreógrafa de comissão de frente chamada Yaskara Manzini. Ela estava defendendo uma tese de mestrado que falava sobre os cultos às Iyamis. Ela me presenteou com a leitura dessa dissertação, e eu acabei ficando encantado porque era algo que até então eu não conhecia. Iyami na tradução iorubá significa “minha mãe”, e há uma infinidade de cultos ligados e associados à essa figura materna, principalmente a essa ancestralidade materna. Como nosso samba mesmo diz, nós somos filhos de mãe preta. Isso significa que o princípio ativo da vida surgiu no continente africano. A nossa ideia é justamente mostrar essa ancestralidade. Que todos nós somos filhos dessa mãe preta, e essa mãe preta nada mais é do que o continente africano”.

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Com todo um contexto envolvendo as matrizes africanas, e também trará seu cunho racial no desfile, mas de uma forma diferente, contando uma história rica das nossas próprias raízes na vida.

Fundação: 1973
Melhor resultado: 4ª lugar no Grupo Especial em 2018
Títulos: Segunda divisão (1995 e 1999) e Terceira divisão (1992)
Último ano: 4ª colocado no Grupo Especial

Gaviões da Fiel – 05h45

Buscando retornar para o Desfile das Campeãs, a última vez foi em 2011, a agremiação oriunda da torcida organizada do Corinthians, vai cantar o enredo “Em Nome do Pai, dos Filhos, dos Espíritos e dos Santos… Amém!”. Uma dupla de carnavalescos, André Marins e Júlio Poloni comandam o trabalho na agremiação corintiana em 2023, e Júlio nos contou sobre a proposta.

“Vamos fazer um Carnaval que é um dedo na ferida, é um tema polêmico, mas com poesia e sutileza, nada para chocar. É para passar aquela mensagem. A sinopse foi construída como se Deus escrevesse uma carta para seus filhos, e nós estaremos traduzindo essa carta em forma de desfile. Não estamos apontando o dedo para ninguém, mas a carapuça irá servir para quem tiver que servir. Por exemplo, uma pessoa preconceituosa tendo acesso a essa mensagem, vendo as religiões em comunhão. O que a gente pretende entregar para as pessoas é uma compreensão de que, em muitos pontos, as religiões empregam as mesmas mensagens e são baseadas nos mesmos valores. É basicamente essa mensagem que queremos passar, contra o preconceito. Para as pessoas se livrarem daquele preconceito e se abrirem para essa realidade”.

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Fechando a noite no Anhembi, Gaviões da Fiel deve contar com a força da sua torcida, e claro, a união das religiões, que é a ideia proposta da escola neste carnaval.

Fundação: 1969
Melhor resultado: 4 títulos do Grupo Especial
Títulos: Primeira Divisão (1995, 1999, 2002 e 2003), Segunda Divisão (1991, 2005, 2007) e Bloco Especial (1976, 1977, 1978, 1979, 1981, 1982, 1983, 1984, 1985, 1986, 1987, 1988)
Último ano: 8ª colocado no Grupo Especial

Saiu na frente! Mocidade anuncia renovação com o casal de mestre-sala e porta-bandeira

Em publicação nas redes sociais a Mocidade Independente de Padre Miguel anunciou a renovação com o casal de mestre-sala e porta-bandeira, Diogo e Bruna, para o desfile de 2024. Veja abaixo o post.

Conheça os 36 jurados da Série Ouro para o carnaval de 2023

A Liga RJ anunciou o corpo de jurados para o carnaval de 2023 da Série Ouro. 36 julgadores estarão divididos em 9 quesitos pela Marques de Sapucaí. Com notas decimais, a menor será descartada ao final de cada quesito. Os desfiles da Série Ouro acontece nesta sexta-feira e sábado, na Marquês de Sapucaí. 15 escolas disputam uma vaga para Grupo Especial em 2024. Duas agremiação descerão para a Série Prata.

sambodromo 2022
Foto: Fernando Maia/Divulgação Riotur

MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA
Marlene Costa Caetano
Simone de Lima
Eliseu de Miranda Corrêa
Plínio Flores

COMISSÃO DE FRENTE
Flávio Freire Xavier
Fernando Gomes
Bruna Oliveira
Simone Marques

ENREDO
Clécia dos Reis
Camila Correa
Talita Veloso
Leandro Lima

FANTASIA
Luciano Moreira
Anderson Nascimento
Adrian Nunes
Antônio Pereira

EVOLUÇÃO
Fábio Cabelo
Matheus Vicente
Roberto Araújo Manhães
Jaqueline Rodrigues

ALEGORIAS E ADEREÇOS
Ana Maria Bottoni
Renato Costa
Sérvolo Alves
Carla Maria

SAMBA-ENREDO
Renato Vazquez
Barbara Passos
Fernanda Gonçalves
Vinícius Cesar

BATERIA
Jorge Gomes
Rodrigo Braz
Paulo Cesar Correa
Ricardo da Silva

HARMONIA
Laio Lopes
Cristina Reis
Alexandre Magalhães
Jorge Carvalho

‘A Vila Isabel fará o maior carnaval da escola de todos os tempos’, diz mestre Macaco Branco

Com a boa sincronia entre bateria e canto, o Evoé pegou na comunidade da Vila Isabel e promete um grande Carnaval. Em entrevista ao CARNAVALESCO, o mestre de bateria da agremiação, Macaco Branco, contou sobre o trabalho realizado ao longo do ano, a expectativa para este Carnaval e falou da bossa de festa junina, que conquistou o público.

macaco branco
Foto: Raphael Lacerda/site CARNAVALESOC

O clima mais forte desde o último título da Vila. Para o mestre de bateria, a escola, neste ano, vem diferente para a Marquês de Sapucaí e prometendo o maior desfile de sua história. Ele também ressaltou que nos últimos anos a Azul e Branco vem realizando grandes desfiles.

“É sim. Esse ano está com uma essência e uma energia muito boa. Eu estou falando e estou todo ‘arrepiado’. Está com uma energia diferente. A Vila Isabel tem feito grandes carnavais nos últimos anos, voltando nas campeãs e quase chegando ao título. Tenho certeza que neste ano a Vila Isabel fará o maior Carnaval da escola de todos os tempos”, declarou Macaco Branco.

Segundo o mestre, o trabalho rítmico da escola não passou por muitas mudanças do ano passado para cá. O trabalho da bateria foi focado nos arranjos e nos detalhes do enredo, o que, para ele, ajuda a levantar a Vila Isabel na Avenida e nas arquibancadas da Passarela do Samba.

“Na verdade não mudou muita coisa. A cada ano a gente faz um trabalho de arranjo focado em cima da temática, melodia e divisões do samba. O trabalho rítmico da Vila Isabel – o toque tradicional – vai continuar do mesmo jeito. É um trabalho que é anual e não vai mudar nada. Mas os arranjos são todos em cima do samba. Às vezes é uma bossa mais elaborada ‘ali’, uma coisa mais ousada para a gente fazer a Vila Isabel desfilar bem, ajudar o canto e fazer a arquibancada se sentir dentro do desfile”, explicou o mestre de bateria.

Uma das principais “paradinhas”, a bossa de festa junina é um dos marcos do Evoé. Macaco Branco detalhou como funciona a bossa e o papel dela na canção.

“Na parte do samba em que fala da festa junina. Quando vem a parte ‘Pulei fogueira, anarriê no arraiá brinquei, Na despedida também festejei’, a gente brinca com a festa junina de fazer o ritmo galope, que é um ritmo que toca as músicas juninas. Foi muito legal e fomos muito felizes com essa ideia. Essa bossa começa com a festa junina, brinca com as divisões do samba e entrega para o ‘Rei Momo convidou’”, explicou.

O Evoé caiu no gosto da comunidade, que abraçou o samba-enredo e promete chegar junto com a Vila Isabel na Marquês de Sapucaí. O mestre Macaco Branco afirmou que já esperava que a canção caísse no gosto do público.

“Já sim, quando eu vi esse samba na quadra tocando ‘evoé, evoé’. Evoé é uma saudação da festa do deus Baco. Isso é muito legal. A comunidade levanta os braços e canta a plenos pulmões. Eu tenho certeza que a Sapucaí e a arquibancada virão abaixo com a Vila Isabel”, enfatizou o mestre de bateria.

Macaco Branco destacou que a fantasia dos ritmistas, elaborada por Paulo Barros, é leve, compatível com o calor e facilita ao longo do desfile.

“A fantasia está demais. É uma fantasia leve, de tema junino. Está demais, Paulo Barros é fora de série. Ele mandou e eu falei ‘obrigado por esse presente’, porque é uma fantasia leve, tranquila – todo mundo sabe que o carnaval é feito no verão e a fantasia será bem leve e bem fresca. Vai dar para a Vila Isabel fazer um grande desfile”, contou.

Gabaritar um quesito não é para qualquer um. Vindo de um carnaval de notas dez, a Swingueira de Noel promete mais um excelente desfile rumo a mais um gabarito. O mestre também falou da relação da bateria com sua majestade, a rainha Sabrina Sato.

“Se Deus quiser. O ritmo está muito gostoso, as bossas bem encaixadinhas no samba, as divisões perfeitas e os naipes bem uníssonos. Tenho certeza que este ano, se Deus quiser, virão as quatro notas dez e iremos gabaritar de novo, ajudando, assim, a nossa escola. A Sabrina é fora de série. É uma pessoa que chega aqui na bateria e chama cada um pelo nome… que já está aqui na escola há mais de dez anos. A Sabrina é sangue azul, ela é Vila Isabel. Que Deus dê muita vida e saúde para que ela possa continuar reinando aqui na nossa bateria, porque carisma e samba no pé ela tem de sobra”, Enfatizou o mestre de bateria da Vila Isabel.

Em busca de mais um gabarito, a Swingueira de Noel entrará com a Vila Isabel na Marquês de Sapucaí na segunda-feira de carnaval, quando será a terceira escola a entrar na Avenida.

Bate-Bolas ampliam espaço na cultura fluminense e são contemplados pelo Governo do Estado em edital de carnaval

A fantasia é multicolorida. Alguns carregam uma bola de borracha, outros uma sombrinha com a mesma estampa da roupa. Os bate-bolas, também chamados por Clóvis, são personagens tradicionais do Carnaval e marcam presença todos os anos pelas ruas dos bairros do subúrbio carioca e de cidades da Baixada Fluminense e do interior. A representatividade é tamanha, que há dez anos foram considerados patrimônio cultural do Rio. Este ano, pela primeira vez, as turmas de bate-boleiros do Estado do Rio de Janeiro foram contempladas pelo edital “Folia RJ 2023”, realizado pela Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa.

batebola
Foto: Carlos Magno/Divulgação

“O Carnaval é uma importante manifestação de nossa identidade cultural. Nada mais justo do que os bate-bolas, que são personagens típicos da festa, fossem incluídos no edital. Eles são um verdadeiro fenômeno cultural, que se manifestam de forma alegre e irreverente para toda a população”, afirma o governador Cláudio Castro.

Ao todo, 117 turmas de bate-bolas se inscreveram para as 100 vagas abertas no edital. Entre os grupos, 77 cumpriram com as exigências estabelecidas e 40 foram desabilitados. O investimento total nos famosos foliões fantasiados é de R$ 1,925 milhões, garantindo o valor de R$ 25 mil para cada projeto aprovado.

“Pela primeira vez o Estado vai contemplar representantes de bate-bolas em todo território fluminense. Este processo é fruto do trabalho que temos realizado, de escuta e identificação das demandas da população. Além disso, a iniciativa celebra a cultura rica e plural do Rio de Janeiro”, destaca a Secretária de Estado de Cultura e Economia Criativa, Danielle Barros.

O número de componentes de cada turma varia. Há grupos com 10 e outros com mais de 300 integrantes. São homens, mulheres e crianças mascarados com belas fantasias, que despertam a curiosidade de quem os encontra pelas ruas, provocando um misto de adoração e terror. São palhaços com rostos encapuzados, mas vestidos delicadamente com volumosos macacões de cetim, luvas, meias e penas coloridas, além de casacas com desenhos infantis feitos à mão e cheios de purpurina. Eles passam o ano inteiro costurando as próprias roupas, longe do Sambódromo e fora do sinal das transmissões oficiais de televisão.

Tanta dedicação exige tempo e muito investimento. De acordo com o bombeiro hidráulico Leandro Machado, de 36 anos, que há 23 é bate-boleiro da ‘Turma Encanto de Mesquita’, cada fantasia pode custar mais de R$ 2 mil para ser confeccionada. São gastos, em média, 20 kg de tinta, sem falar nas purpurinas e outros adereços. Para Leandro, ter sido contemplado pelo edital do Governo do Estado foi uma grande alegria.

“Esse edital do Governo do Estado do Rio de Janeiro, pra nós, bate-boleiros, é de muita importância. Nós nunca tivemos a ajuda de nenhum órgão público. Não temos só o gasto com a fantasia, também gastamos com o aluguel de ônibus, fogos, som, pula-pula para as crianças, e até para música. Só que a maioria da galera é assalariada, então, essa ajuda está caindo do céu. É muito bom ter esse apoio do Estado porque é uma cultura que a gente ama muito. Eu amo desde criança e, pela primeira vez, em 23 anos usando essa fantasia, fazendo, produzindo, me empenhando, a gente vai ter um incentivo”, diz Leandro, que ainda construiu uma família no mundo dos bate-bolas.

“Eu poderia caçar aqui mil palavras pra tentar explicar esse amor, mas é um amor que muitas pessoas não têm nem noção do que é o bate-bola pra gente, que ama esse personagem de verdade. O mundo dos bate-bolas me deu uma família. Conheci a minha esposa no Carnaval e estamos há 15 anos juntos, com nossos três lindos filhos. Então foi nesse mundo, do Carnaval, no mundo da fantasia, que eu a conheci. O bate-bola é um sonho”, completou.

Se para o representante da ‘Turma Encanto de Mesquita’ o Carnaval rendeu uma família, para o cabeça da turma de bate-bolas ‘Luxúria de Rocha Miranda’, o produtor cultural e também bate-boleiro Rafael Crispim, o Carnaval trouxe muito mais. No barracão onde produz e confecciona as fantasias e adereços, Rafael emprega 12 pessoas, como costureiras, aderecistas, auxiliares de produção e estamparias, formando uma grande família. A maioria, jovens do bairro, que além de aprender uma profissão, ainda contribuem para o orçamento de casa. Rafael e sua turma chegam a trabalhar 16h por dia, para que no Carnaval possam levar alegria aos foliões.

“Eu comecei no bate-bola em 2013. Então, lá naquela época, comecei a fazer um bate-bola diferente, e o pessoal começou a me procurar para fazer igual. Como foi crescendo, fui precisando de mão-de-obra e fui chamando pessoas para me ajudarem. Fui ensinando, eles estão aprendendo, vou capacitando e tirando também os jovens da rua para me ajudarem, terem dignidade”, diz Crispim, que vende a roupa do ano para quem tiver interesse ou doa às crianças do bairro. Ele faz questão de frisar que fazer parte do Edital “Folia RJ 2023”salvou o Carnaval dele e de outras pessoas.

“Eu perdi muita coisa por causa da chuva. Agradeço demais ao Governo do Estado por essa ajuda que eles estão dando. Antigamente o material era barato, depois da pandemia duplicou. O metro do acetato era R$ 7, está R$ 18. A gente comprava o material por um preço e virou outro. Então, todo bate-boleiro que pegou esse edital vai conseguir colocar uma fantasia de qualidade na rua. Esse dinheiro do Governo do Estado vai me ajudar e ainda poderei contribuir com os meus componentes. Esse edital aí é uma maravilha, vocês não sabem a alegria que estou sentindo”, comemora.

Para conquistar novos adeptos ao universo dos bate-bolas, Hugo Soares Pereira, de 37 anos, criou até um podcast para propagar a cultura dos grupos. Ele conheceu esse meio ainda bem pequeno, vendo a mãe costureira fazer várias fantasias para as turmas de foliões mascarados de Realengo, na Zona Oeste da capital.

“Todo mundo conhece a minha história. Eu cresci vendo a galera saindo de bate-bola, costurando, confeccionando e, por isso, ficou essa paixão até hoje. Logo após a pandemia, comecei a perceber que os bate-bolas são muito carentes de audiovisual. Criei um podcast e convidei todas as turmas de bate-bolas pra contarem as suas histórias. A importância do podcast é divulgar ainda mais a cultura. Eu não tenho bandeira, sou bate-bola. E não só propagar a cultura, hoje quem está por trás das máscaras são trabalhadores. A ideia é mostrar isso para o mundo, para outras partes que não conhecem a cultura bate-bola. Esse edital ajuda esses trabalhadores. Para montar um bate-bola é muito caro e o edital está trazendo para eles essa ajuda a mais, esse plus, para continuar essa tradição”, declarou Hugo.