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Mangueira faz ensaio técnico com alto nível de canto e atuação impactante da bateria

Por Rafael Soares, Allan Duffes, Maria Clara Marcelo, Matheus Morais e fotos de Nelson Malfacini

A Estação Primeira de Mangueira foi a escola de samba que abriu o último dia de ensaios técnicos do Grupo Especial na Marquês de Sapucaí. Uma chuva razoável chegou a cair pouco antes do treino começar, mas não foi o suficiente para abalar a garra dos mangueirenses. Já no esquenta, uma seleção de músicas de sucesso da carreira de Alcione, cantora homenageada no enredo, foi entoada pelo carro de som no setor 1, fazendo com que as primeiras arquibancadas cantassem junto. Quando a verde e rosa iniciou seu desfile, o impacto já era grande. Uma comissão de frente que chamou a atenção por levar muitos integrantes performando dança de gafieira, o que indica que teremos tripé para troca de bailarinos no desfile oficial. Logo depois, uma sublime atuação do casal de mestre-sala e porta-bandeira Matheus e Cintya, mesmo com a pista molhada, mostrando toda sua força e técnica.

A harmonia da agremiação foi de ótimo volume, com todas as alas cantando o criticado samba-enredo, garantindo um belo rendimento. A evolução da escola na avenida teve um ritmo perfeito, propiciando aos componentes bastante espaço para brincar com leveza e animação. O ensaio técnico foi elevado a outro patamar pelo desempenho da bateria dos mestres Rodrigo e Taranta Neto. Uma cadência que se mostrou muito adequada, além de bossas de grande qualidade musical. O ponto alto foi o ‘paradão’, onde só os instrumentos leves se alternavam na execução. O efeito foi muito positivo, pois deixou ainda mais notória a forte harmonia da verde e rosa.

Para o carnaval de 2024, a Estação Primeira de Mangueira levará para a avenida o enredo “A Negra Voz do Amanhã”, de autoria dos carnavalescos Guilherme Estevão e Annik Salmon, mostrando a história de vida e a carreira musical de Alcione, além de exaltar sua representatividade negra e feminina. A verde e rosa será a quarta escola a desfilar na segunda-feira de carnaval, dia 12 de fevereiro.

“Nós estamos muito felizes com o ensaio, tendo em vista a cara dos componentes e a cara da diretoria na linha de final de desfile. Tudo aquilo que foi programado, foi feito dentro da Avenida. Tecnicamente, foi um grande ensaio, até corroborado pela torcida em volta e componentes que gostaram muito. Agora é só esperar esse semana, a gente concluir entrega de fantasia, esperar o dia do grande desfile para a Mangueira brigar por esse carnaval. Nosso samba vem crescendo desde a semifinal do concurso em nossa quadra ainda, a obra deu uma explodida naquela fase, na final foi arrebatadora, e de lá pra cá teve um trabalho sendo feito pelo Vitor Art e pelo Digão, a comunidade comprou o barulho, é um orgulho para a comunidade cantar a Alcione. É um grande samba, queria agradecer aos meus compositores por essa obra que eles nos deram e assim vamos com um grande samba em busca desse caneco”, explicou Junior Cabeça, diretor de carnaval.

Comissão de frente

O grupo de bailarinos liderado pelos coreógrafos Lucas Maciel e Karina Dias continha muitos integrantes homens e mulheres. Elas usavam um vestido rosa brilhante e usavam saltos altos pretos, e eles vestiam camisas verdes, calças rosas, sapatos pretos e chapéus de malandro. O numeroso time também trouxe três caixas com estampas do calçadão de Copacabana. Os dançarinos alternavam movimentos no chão e em cima das caixas, lembrando uma gafieira. Talvez pela pista molhada, esses movimentos não foram tão intensos, embora com bastante expressividade e bem sincronizados. Uma das meninas chegou a cair na primeira cabine de jurados, mas rapidamente se levantou. Isso fez com que elas resolvessem tirar os saltos a partir do segundo módulo, elevando o nível da apresentação. O alto contingente nos faz acreditar que no desfile oficial, a Mangueira deverá trazer um elemento cenográfico para a troca dos bailarinos, deixando grande expectativa.

“A energia foi incrível. Incrível! Eu acho que nada menos do que a gente esperava. Sim, a chuva sempre atrapalha. É bom, um alerta, liga o nosso alerta para preparar ainda mais, que agora pode vir um temporal que a gente vai estar preparado. A gente está com um elenco de trinta bailarinos praticamente. A comissão, está quase sendo uma característica nossa, vem trazendo muita emoção. Contando uma história do início, meio, fim. Claro que tem as surpresas, tem as mágicas, mas eu acho que o mais importante dessa história é a própria história da Alcione que é incrível. É a sensibilidade da história dela”, disse Karina.

“É como eu sempre falo: ‘Mangueira e chuva é uma parada que sempre acontece, mas no final dá bom’. Aconteceu para a gente se preparar, mas de uma certa forma é bom que traz para gente esse gostinho de que vai dar bom. A gente vai fazer praticamente uma síntese da história dela, desde o início até o auge dela da carreira. Como a Karina falou, com uns toquezinhos de surpresa, mas o principal, que é a nossa característica, é a emoção e contando bastante a história”, comentou Lucas.

Mestre-sala e Porta-bandeira

Atuação simplesmente fabulosa de Matheus Olivério e Cintya Santos, o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da Mangueira. Mesmo com a pista molhada pela chuva, a dupla exibiu toda sua força, energia e sintonia. Cintya mostrou um bailado muito distinto, com seus giros impactantes. Um dos momentos mais belos foi quando ela fez o movimento de pegar a bandeira com a mão livre e rodar com grande velocidade. Matheus, como de costume, mostrou sua marcante elegância e altivez, além de sorrir o tempo todo e cortejar a porta-bandeira segurando um lenço. As interações entre os dois foram muito singelas, bem combinadas com a obra musical. Movimentos limpos e coreografia na medida certa garantiram um desempenho memorável para o casal.

“Agora, passou o frio na barriga, passou a cólica, passou a dor de barriga, agora foi, a gente viu que a gente está no caminho certo”, disse a porta-bandeira.

“É um trabalho de quase um ano, hoje a gente se deu o prazer de se divertir, o prazer de sentir o que é a Estação Primeira de Mangueira, velha-guarda lotada, o morro todo desceu e o ditado é o mesmo de sempre: ‘tem que esperar a Mangueira passar’”, completou o mestre-sala.

Samba-enredo

A obra musical mangueirense não é considerada uma das melhores do ano. A letra, que tem belas passagens, tem outras não tão inspiradas. A melodia possui boas variações que impulsionam o canto, embora não sejam tão originais. Mas o rendimento do samba no ensaio técnico foi exemplar. O forte canto da comunidade, aliado ao desempenho de alto nível do carro de som, comandado pelos intérpretes Marquinho Art’Samba e Dowglas Diniz, e da bateria dos mestres Rodrigo Explosão e Taranta Neto, garantiu que a obra rendesse bastante na pista.

“Melhor possível não há. Maravilhoso, a comunidade gritando o samba. A parte musical junto com a bateria, excepcional, depois de muito ensaio. Eu acho que atingimos o resultado que a gente queria, trabalhando em questão de andamento, de bossa para a resposta da escola. Então, o torcedor sai daqui muito satisfeito e com a certeza que faremos um grande desfile na segunda-feira de carnaval. Me sinto muito feliz, estou muito emocionado. Para mim, foi um dos melhores ensaios técnicos que a gente teve na vida, e se for desse jeito, vai ser difícil segurar no desfile. Isso é resultado de um trabalho vindo desde setembro, antes mesmo de a gente ter o nosso hino, a gente já vem trabalhando juntamente com a bateria, com os mestres, nosso diretor musical, para tentar achar o andamento certo e introduzir as bossas e as harmonias, e acabou dando nisso aí que vocês viram. Trabalho maravilhoso”, afirmou o intérprete Dowglas Diniz.

Harmonia

Desempenho marcante da comunidade mangueirense ao entoar o samba-enredo na avenida no treino deste domingo. Desde o princípio, as alas cantavam com grande volume. A obra estava na ponta da língua dos componentes. Não se percebeu ninguém que não cantasse. O alto nível foi constante durante todo o cortejo. Os trechos que ecoaram com mais intensidade foram os três refrões, mas é bom salientar que todo o samba foi muito bem cantado. As bossas da bateria, inclusive a ‘paradona’, deixaram ainda mais nítido o belo desempenho dos desfilantes. No carro de som, mais uma atuação ótima. A dupla de cantores oficiais, Marquinho e Dowglas, segue dando um show de interpretação, além de sempre injetar energia nos desfilantes. Os cantores de apoio também mereceram destaque, ao sustentarem o samba com muita firmeza.

Evolução

A Mangueira mostrou um ótimo ritmo de desfile no ensaio técnico. Com muita fluidez e constante do início ao fim. Não se notou qualquer tipo de aceleração indevida ou lentidão no cortejo. Também não se viram espaçamentos anormais entre as alas. Essa cadência permitiu com que os integrantes desfilassem com muita tranquilidade. O que se percebeu foi uma comunidade alegre e espontânea na avenida, brincando bastante o carnaval e defendendo seu samba. Foi uma aula de como defender o quesito.

Outros destaques

A bateria liderada pelos mestres Rodrigo Explosão e Taranta Neto foi um espetáculo à parte durante todo o treino. Sustentando um ritmo perfeito para a execução do samba-enredo pelo carro de som e também para o canto dos componentes. O grupo mostrou muita musicalidade e originalidade, ao usar instrumentos diferenciados, como os xequerês, os timbaques, e os pandeirões. As bossas se mostraram bastante versáteis e plenamente integradas à obra musical. A que chamou muito a atenção foi o ‘paradão’, que só deixava os instrumentos leves sendo tocados, tamborins combinados ora com chocalhos, ora com cuícas. Ela só foi executada uma vez no ensaio, mas garantiu um momento de catarse.

“Hoje a gente conseguiu alcançar quase 100% do que se pretende fazer no desfile. Claro que a chuva atrapalhou um pouco, mas não foi tanto. A bateria evoluiu muito do último ensaio para hoje. Os erros que aconteceram lá, foram acertados para este ensaio técnico. Espero que a gente passa assim também no dia do desfile para conseguir a nota máxima. A nossa meta para esse ano é fazer todo mundo cantar e se alegrar. Alcione não tem como fazer nada pra baixo, tem que ser tudo muito alegre. Claro que tem sempre o que melhorar. A gente tem que acertar alguns deslocamentos. Mais o andamento da escola que problema da bateria mesmo”, citou o mestre Taranta Neto.

Novamente, a rainha de bateria, Evelyn Bastos, atraiu muitos olhares, provocando interação com o público. Ela estava vestida como loba, inclusive com marcas simuladas de arranhões em sua pele, em alusão a uma das canções mais famosas de Alcione.

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