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Império da Tijuca faz audição para selecionar componentes para a Comissão de Frente neste sábado

Homens e mulheres de 18 a 35 anos com experiência em dança e teatro com disponibilidade para ensaios de outubro a fevereiro poderão se candidatar para participar da Comissão de Frente do Império da Tijuca no próximo carnaval. A seleção acontece no próximo sábado, dia 30 de setembro às 19h no Centro Coreográfico da Cidade do Rio de Janeiro, localizado na Tijuca. Não é necessária inscrição prévia.

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Foto: Nelson Malfacini/CARNAVALESCO

Assinando o segundo ano como coreógrafo da Comissão de Frente da agremiação do Morro da Formiga, Jardel Lemos completou 10 anos de coreógrafo de Comissões de Frente no último desfile. O profissional é formado em Dança pela UFRJ, com experiência como bailarino, julgador e coreógrafo de Comissão de Frente nas séries Prata, Ouro e no Grupo Especial carioca. Teve passagens em outros carnavais como Vitória/ES, Porto Alegre/RS e Três Rios/RJ. Após a seleção, o coreógrafo iniciará na sequencia os ensaios para o dia do desfile, por isso a necessidade de disponibilidade irrestrita para os treinos.

“Convido todos os interessados para dar vida em forma de movimento e poesia ao nosso enredo sobre Lia de Itamaracá. Entre os selecionados, escolheremos uma mulher para representar a nossa grande homenageada na Avenida”, avisa o coreógrafo que solicita que os candidatos levem currículo com foto.

Mantendo a tradição de exaltar a negritude e a religiosidade, o Império da Tijuca levará para a Marquês de Sapucaí, em 2024, a história de vida de Lia de Itamaracá. A pernambucana Maria Madalena Correia do Nascimento, é dançarina, compositora e cantora de ciranda brasileira. A verde e branca será a segunda escola a desfilar na sexta-feira de carnaval, dia 09 de fevereiro de 2024 pela Série Ouro.

O Centro Coreográfico da Cidade do Rio de Janeiro fica localizado na rua José Higino, 115 – Tijuca (Estação Uruguai do Metrô).

Em noite de muita emoção, Andreza Clemente é coroada como rainha de bateria do Cubango

O Cubango realizou na sexta-feira a grande final de samba-enredo para o Carnaval 2024 e a coroação da mais nova rainha de bateria, Andreza Clemente. A beldade esbanjou carisma para toda comunidade e muito samba no pé. Sua chegada foi com um vestido longo dourado com uma fenda, no qual, valorizou as belas curvas de Andreza. Para sua coroação usou um vestido com estampa verde africana todo bordado com pedrarias. Para o presidente de honra, Anderson Pipico, a chegada da Andreza Clemente é um momento de valorizar os pratas da casa.

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Fotos: Ewerton Pereira/Divulgação

“Desde o início da atual gestão da Cubango, estamos sempre buscando valorizar os nossos. A Cubango é uma escola que dar muitos frutos positivos e nos valorizamos muito cada um deles. É muito importante esse olhar para dentro da nossa escola e comunidade”, afirmou Anderson Pipico.

Prestigiaram a coroação da rainha o presidente de honra do Unidos do Viradouro, Marcelo Calil, a corte do carnaval do Rio de Janeiro, a corte do carnaval da cidade de Niterói e o presidente da Riotur, Gustavo Mostof. Super contente com este momento da rainha de bateria, Andreza Clemente, fez um discurso emocionante para todas as meninas da comunidade.

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“Assim como hoje eu sou a rainha, eu quero ver um dia cada uma dessas meninas que sonham. Assim como eu sonhei lá atrás. Eu sou muito grata. Irei me dedicar à cada segundo por essa Agremiação e minha bateria. Eu sou fruto desse chão! Eu nasci nessa comunidade! Muito obrigada”, finalizou Andreza.

Beija-Flor promove workshop e oficinas para as escolas de samba de Maceió

A Beija-Flor de Nilópolis desembarcou em Maceió no início dessa semana para um encontro especial com os foliões da capital alagoana. Em 2024, com o enredo “Um Delírio de Carnaval na Maceió de Rás Gonguila”, dedicado a Maceió e seu folião mais icônico, Rás Gonguila, a escola de samba prestará uma homenagem à rica cultura popular maceioense no Carnaval. Assim, a azul e branca está empenhada em fortalecer laços culturais e compartilhar conhecimentos com as escolas de samba locais. Para isso, integrantes de diversos setores estarão presentes na cidade para uma série de atividades, incluindo workshops e oficinas.

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Foto: Eduardo Hollanda/Divulgação

No primeiro dia da visita, que aconteceu na segunda-feira, a escola ofereceu palestras sobre temas relevantes, como “Planejamento para Construção de Carnaval”, “Como Ter uma Administração Transparente no Carnaval” e “A Importância do Marketing e da Comunicação no Carnaval”. Essas palestras serão ministradas por profissionais experientes de diferentes segmentos da agremiação nilopolitana.

No dia seguinte, além do workshop “A importância Da Comunidade Para a Execução do Carnaval”, os convidados terão a oportunidade de aprender com os melhores profissionais do carnaval carioca, em oficinas práticas de “Percussão”, com Rodney, o mestre da Bateria Soberana da Beija-Flor, “Samba no Pé”, com Lorena Raissa, a rainha de bateria, e Carla Cachoeira, chefe da ala de passistas, além de “Mestre-Sala e Porta-Bandeira”, com Claudinho e Selminha Sorriso.

Esse intercâmbio cultural entre a Beija-Flor de Nilópolis e as escolas de samba de Maceió promete enriquecer o cenário carnavalesco e promover uma troca valiosa de experiências entre as duas cidades.

Unidos de Vila Isabel é reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial, Social e Turístico do Rio de Janeiro

A Unidos de Vila Isabel agora é Patrimônio Cultural Imaterial, Social e Turístico da cidade do Rio de Janeiro. A honraria foi oficializada durante solenidade realizada na noite de terça-feira, na Câmara Municipal. A iniciativa está na nova Lei Municipal 8.050/23, de autoria do vereador Dr. Gilberto (SD/RJ).

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Foto: Carlos Lúcio/Divulgação

“Receber esse título é um lembrete para que nossa escola possa dar continuidade a esse nobre legado que vai muito além dos desfiles carnavalescos”, ressaltou o presidente do Conselho Deliberativo da Vila Isabel, Antônio Carlos.

Antes da sessão, a casa do Poder Legislativo Municipal entrou no clima de Carnaval. A bateria Swingueira de Noel, liderada por Mestre Macaco Branco, o intérprete Tinga, o casal de mestre-sala e porta-bandeira, Marcinho e Cristiane, integrantes da velha-guarda, da ala das baianas e do grupo de passistas fizeram a festa na tradicional escadaria da Cinelândia.

Vote: qual parceria é favorita para vencer na Grande Rio?

A Grande Rio realiza no próximo sábado a grande final de samba-enredo para o Carnaval 2024. Quatro parcerias estão na disputa. Abaixo, você pode ouvir os sambas e deixar seu voto para apontar quem é favorito para vencer. Vamos divulgar o resultado durante o dia de sábado.

* OUÇA AQUI OS SAMBAS FINALISTAS

No ano que vem, a Grande Rio será a quarta escola a cruzar o Sambódromo da Marquês de Sapucaí no domingo de Carnaval, dia 11 de fevereiro, pelo Grupo Especial. A agremiação irá em busca do segundo título de campeã da folia carioca com o enredo “Nosso destino é ser onça”, assinado pela dupla de carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo Bora. A proposta é fazer uma reflexão sobre a simbologia da onça no cenário artístico-cultural brasileiro, tocando em temas como antropofagia e encantaria.

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Foto: Nelson Malfacini/Site CARNAVALESCO

Vote: qual parceria é favorita para vencer na Viradouro?

A Viraouro realiza no próximo sábado a grande final de samba-enredo para o Carnaval 2024. Três parcerias estão na disputa. Abaixo, você pode ouvir os sambas e deixar seu voto para apontar quem é favorito para vencer. Vamos divulgar o resultado durante o dia de sábado.

Em 2024, a Unidos do Viradouro será a sexta e última escola a passar pelo Sambódromo da Marquês de Sapucaí na segunda-feira de Carnaval, dia 12 de fevereiro, encerrando os desfiles do Grupo Especial. A agremiação irá em busca do terceiro título de campeã da folia carioca com o enredo “Arroboboi, Dangbé”, sobre a energia do culto ao vodum serpente, que será desenvolvido pelo carnavalesco Tarcísio Zanon, em seu segundo carnaval solo na escola.

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Foto: Wagner Rodrigues/Divulgação Viradouro

Leonardo Bessa celebra volta ao comando do álbum dos sambas-enredo; produtor vai comandar disco da Série Prata

Com mais de 20 anos de serviços prestados para gravações dos sambas-enredo do carnaval, o produtor Leonardo Bessa celebra a volta ao comando do produto. Dessa vez, ele é o responsável pelo álbum da Série Prata, da Superliga. O disco da Série Bronze está nas mãos do produtor Rafael Prates.

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Fotos: Divulgação

“Tenho uma história nesse projeto de gravação de samba-enredo. Mais de 20 anos trabalhando e militando em prol do melhor para escolas do Acesso. Tive uma pausa nesse projeto, mas no carnaval passado tive a oportunidade de participar da equipe de produção do Grupo Especial. Pude aprender mais, ganhar mais experiência, com tantas pessoas renomadas da produção do carnaval, e agora me sinto muito feliz, com minha equipe, de abraçar o projeto da Série Prata. Vamos entregar o melhor de todos, com muito mais experiência de anos e anos”, disse Bessa.

Ele contou o que pensa em fazer no disco dos sambas de 2024 da Série Prata. “Penso em valorizar essas escolas. Temos grandes escolas, de nível de Grupo Especial e sambas de excelente qualidade. Pretendo fazer um trabalho com total respeito a característica de cada samba, a bateria, andamento, bossas. Foi um pedido da Superliga para ter um cuidado com isso. Vamos primar por mais qualidade ainda e ter cada faixa com mesmo padrão e identidade de cada escola respeitada”.

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Ele contou que a interferência será mínima, ou seja, cada escola vai ter liberdade para trabalhar sua faixa. “Cada escola vai trazer seu mestre, com algum contingente de ritmista, no estúdio vamos dar o acabamento final de extrema qualidade ao samba, dentro do andamento que a escola achar pertinente. Não vamos interferir, mas auxiliar para que a gente tenha um trabalho que a escola se sinta representada. É um trabalho em parceria. Não abrimos mão disso”.

Bessa ainda agradeceu por voltar ao trabalho que fez com brilhantismo em anos anteriores. “A nossa equipe tem profissionais qualificados e que faz esse trabalho tem anos. Teremos um coro profissional. Todo cuidado para termos um trabalho de excelência ao carnaval. Agradeço ao presidente Pedro, ao ex-presidente Clayton, o diretor de carnaval Dionísio Luiz, e todos do estúdio Méier”.

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Vizinha Faladeira divulga calendário da disputa de samba

A Vizinha Faladeira divulgou o calendário da disputa de samba para o Carnaval 2024. A escola levará para Avenida o enredo “O cais da resistência”. A apresentação das obras será no dia 29 de setembro. A grande final no dia 20 de outubro. Confira abaixo o calendário completo.

27 de setembro: Entrega dos Sambas
29 de setembro: Apresentação dos sambas. Na mesma ocasião haverá cortes de sambas.
06 de outubro – Apresentação dos Sambas:
11 de outubro – Semifinal
20 de outubro – Final

O presidente da Vizinha Faladeira, David dos Santos, foi recebido pelo presidente da Riotur, Ronnie Costa, para apresentação do projeto do rnredo 2024, cujo o tema é “Valongo – Cais da Resistência”, desenvolvido pelo carnavalesco André Tabuquine.

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Foto: Divulgação

Além de desempenhar um papel fundamental na criação de um enredo que serve como uma homenagem, a Vizinha também integra como membro gestor do Comitê do Cais do Valongo.

A “Pioneira do Samba”, que está de volta à Série Prata, da SuperLiga Carnavalesca, será a oitava escola de samba a desfilar, na noite do dia 16 de fevereiro de 2024.

Com materiais inéditos, exposição apresenta acervo e celebra legado de Maria Augusta Rodrigues

Uma parte do acervo e do legado artístico da carnavalesca Maria Augusta Rodrigues, de 81 anos, poderá ser conferido de perto pelo público até o dia 10 de dezembro, no Sesc Madureira, através da exposição “Cartografias de Augusta”. A mostra presta uma homenagem ao itinerário da artista e a sua dedicação ao maior espetáculo a céu aberto do planeta. Ao todo, são mais de 200 croquis, desenhos, estudos, traços e fantasias originais reunidos no mesmo espaço. Em entrevista concedida a reportagem do site CARNAVALESCO, os curadores Eduardo Gonçalves e Leonardo Antan relataram como surgiu essa ideia, além de todo o processo para montagem e abertura.

Fotos: Diogo Sampaio/CARNAVALESCO

“Sou amigo da Maria Augusta há muitos anos. Amigo, admirador, chamo ela de dinda, de madrinha do Carnaval. Um pouco antes da pandemia, a gente já tinha conversado sobre essa questão de fazer uma exposição, porque o material dela é muito grande. São muitas pastas, tanto que o exposto aqui não é nem a metade do material. Quando começou a tomar forma a ideia de fazer a exposição, com a qualidade que merece, imediatamente me veio à cabeça o nome do Leonardo Antan e dos meninos que estão fazendo esses trabalhos artísticos tão bem feitos. Na hora, eu falei: ‘Augusta, eu vou procurar os meninos do Carnavalize porque é o caminho’. A gente precisava realmente ter esse tratamento, a coisa da curadoria, do olhar, da restauração, de tudo isso. Então, tivemos uma reunião, há uns três anos, eles toparam e embarcaram nessa loucura. E foi um trabalho árduo, difícil. Além desse processo de ser muito material, muita coisa, tem toda a questão que ela nunca expôs, é um acervo muito particular, muito pessoal dela, que pouquíssimas pessoas tiveram acesso. Isso seria uma exposição para o mundo, para todos verem. Aí, o Léo junto dos meninos, com toda a produção, começaram a procurar, abrir o espaço, vasculhar as pastas. Muita coisa estava guardada dentro de um quarto micro, com vinte e quatro pranchas que tinham sido expostas na Escola de Belas Artes na década de 1980. Foi um processo lento”, contou Eduardo Gonçalves.

Leo Antan e Eduardo Gonçalves

“Foram dois anos de conversa com ela, de encontros, para pensar o conceito da exposição, em como abordar isso. Somente em maio deste ano que a gente começou o processo de curadoria. Ao todo, foram três meses de processo de seleção dos desenhos, para entender tudo que ela tinha guardado e do que iríamos expor. Em meio a este trabalho, nós entendemos que havia mais de um acervo ali, sendo um da história do Carnaval e o outro dela. Então, a gente tentou misturar isso da melhor maneira. O resultado é uma exposição em retrospectiva ao legado e a produção dela na folia, para que possamos apresentar esse trabalho para as pessoas que talvez não conheçam ou que só ouviram falar. Aqui, a gente tem registros das mais diferentes ordens para celebrar essa linguagem artística que ela criou e que deu tantos frutos para o Carnaval”, relatou Leonardo Antan.

De acordo com os curadores, a proposta da exposição é criar, a partir do mapa natal de Maria Augusta, uma cartografia afetiva que correlaciona aspectos astrológicos com temáticas, métodos e características da obra dela. Foi com base nesse preceito que os materiais expostos foram selecionados, sem necessariamente haver um compromisso em seguir uma linha cronológica ou contemplar uma determinada escola e período. Ao falar sobre esse processo de seleção no bate-papo com a reportagem do site CARNAVALESCO, os dois responsáveis pela mostra destacaram o que mais lhe chamaram a atenção e pontuaram se sentem falta de algo do acervo que ficou de fora.

“A gente descobriu nesse processo três desenhos que são uma vista panorâmica do desfile do ‘Domingo’. Então, você ali entende como ela tem esse domínio da forma, da linguagem do Carnaval. Ela planeja um desfile inteiro, a visualidade dele, a vista aérea que terá. Então, virou um dos meus xodós. E assim, não sei se alguma coisa que ficou de fora me dá pena de não ter entrado, porque todo o material exposto é muito especial, muito conectado. Até um dia antes da abertura da exposição, a gente tava tirando algumas coisas que a gente entendeu que não cabia. Como acontece em um desfile, as coisas vão se conectando naturalmente. Se sobra alguma peça, você entende que ela não faz parte. Fico com pena de cortar tudo, mas tivemos uma equipe de curadora incrível também que tomou conta desse processo. A gente fez isso coletivamente, então cada desenho que saía era uma discussão, cada desenho que entrava também. Porém, foi um processo gostoso até porque a nossa ideia não é uma retrospectiva cronológica, uma linha do tempo sobre o trabalho dela, e sim apresentar a poética dela, a linguagem, o que ela trouxe de temática para o Carnaval e como isso é reflexo de quem ela é enquanto artista”, explicou Antan.

“Das coisas que entraram, eu destaco o Carnaval de 1969 do Império da Tijuca. Foi o primeiro desfile que ela realmente desenhou. Na época, o Fernando Pamplona foi procurado pela diretoria da escola e ele indicou a Maria Augusta, além de três amigas dela, colegas da Escola de Belas Artes. Ela desenha esse enredo ‘O negro na civilização brasileira’ e esses figurinos são até hoje todos inéditos. Ninguém nunca viu, pois foi um desfile que acabou não acontecendo. Ocorreu um problema e o Império da Tijuca não desfilou. Então, é um momento raro da exposição. Já do material que não entrou, cada corte para gente foi difícil. Pasta após pasta que a gente abria era uma surpresa. Por exemplo, tem um estudo dos hippies de 1983 do Paraíso do Tuiuti que eu descobri há pouco tempo. Assim, tem inúmeras pastas e a Maria Augusta é esse mistério, de onde pode sair tantos desenhos lindos, tantos estudos. A questão dela desenhar nos papéis em tamanhos pequenininhos e depois essas criações virarem realmente os croquis que vão para os presidentes de ala é muito interessante. É algo que permite a quem visitar a exposição ter esse comprometimento, esse entendimento de como é o processo de estudo de um Carnaval. Acho que isso é o destaque”, respondeu Gonçalves.

Além dos materiais da própria Maria Augusta, a mostra é composta também por obras inéditas de outros carnavalescos e artistas institucionais, que se inspiraram em trabalhos da homenageada e os reinterpretaram. Entre esses colaboradores estão nomes como Alex de Souza, Carila Matzenbacher, Jorge Silveira, Julia Gonçalves, Mulambo, André Vargas, Felippe Moraes, Andrea Vieira e Penha Lima. Para os curadores, essa interação entre as chamadas culturas eruditas e populares, assim como a ocupação de espaços antes exclusivos da elite pelo Carnaval e seus artistas, é algo a ser comemorado.

“É de extrema importância que os artistas ditos carnavalescos, ligados ao Carnaval, estejam presentes em galeria de artes, museus, espaços institucionais. As exposições que estão acontecendo estão dando essa oportunidade, de levar esses nomes e as suas produções para além do Sambódromo. O público tem conhecimento dessa arte, mas isso permite uma outra visão, com ela sendo colocada em uma nova perspectiva. É a possibilidade de ter os trabalhos e as obras dos artistas, sendo apreciados, admirados e consumidos com uma outra representação”, celebrou Gonçalves.

“Esse é um trabalho que faço há muito tempo, pelo menos há uns cinco anos. Já fiz algumas outras exposições em espaços como esse. Entendo que é sempre um olhar de reescrever esses nomes na história da arte. Neste caso, reescrever a Maria Augusta na história da arte brasileira. Ela é uma grande artista, viva, produtiva, que merece essa homenagem. A gente quer que as pessoas tenham o cuidado de olhar para essa trajetória dela com carinho e percebam isso. É óbvio que o desfile de escola de samba já é um evento artístico em si, quando ele acontece, mas a gente tem o resto do ano para poder olhar com calma e poder ter esse trabalho de reorganizar, de entender todos os processos que movem a produção de um. É muito importante que essa consciência se materialize ainda mais”, pontuou Antan.

Contemplada pelo Edital de Cultura Sesc RJ Pulsar, a exposição não tem um destino certo após dezembro deste ano. Na conversa com a reportagem, os curadores afirmaram ter o desejo de levar a mostra para mais locais, até mesmo fora da cidade e do estado do Rio de Janeiro. Também há vontade de realizar outras exposições com os materiais e arquivos que não entraram dessa vez.

“O nosso desejo é continuar, óbvio. Tem muita coisa ainda inédita, que está guardada, conservada. São vários projetos. A gente tem um de tentar fazer a manutenção desse material, por exemplo, que é importantíssimo, não só da Maria Augusta, como de vários artistas de Carnaval. Muitas vezes, os artistas morrem e a família não tem pra onde doar essas acervos. A gente precisa de mais incentivos, de editais que consigam cobrir os gastos disso, porque é trabalhoso, requer mão de obra, requer gastos. Quanto a levar a exposição para outros lugares, é claro que pretendemos isso. O nosso objetivo é esse. O fato de estar aqui, no Sesc Madureira, é maravilhoso. O bairro de Madureira é um berço do samba, estamos na terra do Império Serrano, da Portela, no coração da Zona Norte. E temos a necessidade urgente de trazer arte para essa região. A Maria Augusta amou essa ideia. Agora, é claro que, no que depender da gente, vamos fazer de tudo para viajar com essa exposição”, afirmou Leonardo Antan.

“A gente precisa sempre do apoio governamental, dos editais. Essa exposição só foi possível graças ao edital do próprio Sesc. Então, a gente espera que a cultura seja incentivada cada vez mais, para que possamos levar esse tipo de iniciativas para outros lugares, com certeza”, complementou Eduardo Gonçalves.

‘Fiquei arrepiada e com dificuldade de falar’, relata Maria Augusta

Com mais de cinco décadas dedicadas à folia, Maria Augusta iniciou sua trajetória na festa participando da equipe responsável pelos projetos de decoração de ruas para o Carnaval do Rio de Janeiro. Em 1968, ela passou integrar o grupo que preparava os desfiles do Acadêmicos do Salgueiro, sob supervisão de Fernando Pamplona, sendo uma das artistas que assinou, neste período, o emblemático enredo “Festa para um Rei Negro”, de 1971. Posteriormente, seguiu carreira solo e desenvolveu trabalhos históricos, entre os quais “Domingo”, de 1977, e “O Amanhã”, de 1978, ambos na União da Ilha do Governador. Ao longo da carreira, a carnavalesca teve ainda passagens por Paraíso do Tuiuti, Tradição e Beija-Flor de Nilópolis. Toda essa história, de certa forma, é revisitada pela exposição.

“Fiquei emocionada desde que começamos a mexer nos desenhos. Foi em 19 de maio que iniciamos esse processo de vasculhar e abrir as pastas que tenho organizadas. No meio delas, estava os materiais de uma exposição que fiz em 1981, na Escola de Belas Artes, que tinha guardado e nunca mais mexido. Ao revisitar todo esse trabalho, tudo que produzi ao longo dos anos, mexi com a minha vida. Além do trabalho físico, tem todo um trabalho emotivo, do corpo emocional mexendo com a vida, com tudo que já passei, com tudo que foi feliz e que não foi feliz. É algo muito forte, um processo que estou chamando de catarse. Quando cheguei na exposição, senti algo que não sei explicar. Fiquei arrepiada, com dificuldade de falar, minha garganta trancando. Aliás, é até muito característico meu isso, o emocional fechar a garganta. E posso dizer que gostei muito de tudo, desde as pessoas que vieram na abertura ao espaço em si, que ficou bom. Fiquei muito feliz também com a forma que a mostra foi organizada e pensada. É uma exposição temática, não cronológica, nem por escola. Isso é muito interessante. Tem as obras dos artistas convidados, que produziram algum objeto inspirado no meu trabalho. O resultado disso tudo está sendo uma surpresa muito agradável, muito boa. Acredito que a vida da gente tem uns momentos que marcam, que dividem a nossa trajetória em antes e depois daquilo. Estou me sentindo exatamente assim com relação a essa exposição”, declarou a artista em entrevista concedida a reportagem do site CARNAVALESCO.

A importância do Carnaval chegar a lugares antes tidos como impossíveis ou improváveis também foi destacado por Maria Augusta durante conversa com a reportagem. Na avaliação da carnavalesca, casos como o da exposição dedicada ao seu acervo e ao seu legado são fundamentais para se romper paradigmas e desconstruir pensamentos enraizados na sociedade.

“É muito importante para mim e para todos os carnavalescos que estão participando com obras inspiradas no meu trabalho. Afinal, não é uma exposição só minha, é coletiva. Eu sou de aquário e o coletivo sempre regeu a minha vida. Então, acho muito importante para todos nós romper com esse conceito, preconceituoso, de que existem artes diferenciadas. Arte é arte, assim como cultura é cultura. Esse negócio de cultura popular e cultura erudita não existe, é algo inventado para perpetuar preconceitos. Essa quebra de barreiras, de espaços, é muito importante para a sociedade como um todo”, ponderou.

Assim como os curadores, a artista homenageada não esconde o desejo de ver a exposição percorrer outros espaços dentro da capital fluminense e fora dela. No entanto, a maior preocupação é quanto ao destino que todo esse acervo terá futuramente. É pensando nisso que Maria Augusta se coloca como uma das defensoras da criação de um museu totalmente dedicado ao espetáculo, que é considerado o maior a céu aberto do planeta.

“Todo o meu trabalho sempre foi organizado em pastas, que reúnem desenhos, croquis, figurinos. Sempre estudei muito a forma das fantasias, então tenho arquivos por ano, por escola, além de um acervo muito grande, ano a ano, do Carnaval como um todo. São jornais, revistas, letras de samba enredo… Aliás, onde eu for e ouvir samba, vou guardar as letras. Tenho um acervo que acho que ninguém tem. Ainda nesse processo de guardar, tenho a roupa, a gola e a cabeça de uma fantasia do Salgueiro de 1973. São 50 anos guardada e agora está na exposição para todo mundo ver. Eu gosto disso. Coisas que me emocionam, quando posso, eu guardo. Só lamento que isso não tenha um lugar próprio para ir. Falta um museu do Carnaval, acho que nós tínhamos que ter. Para onde vou deixar esse meu acervo? É um grande absurdo o Rio de Janeiro, que é a cidade do maior Carnaval do mundo, não ter um museu dedicado a isso. Se existisse, seria o lugar natural para nós, artistas do Carnaval, termos o nosso trabalho preservado. Pode ser que essa mistura do espaço dito erudito com o popular seja o começo para que isso se torne real”, refletiu a carnavalesca.

A exposição “Cartografias de Augusta” está aberta ao público até o dia 10 de dezembro, de terça a sexta-feira, das 10h às 20h. A mostra possui entrada gratuita e a classificação é livre. O Sesc Madureira fica localizado na Rua Ewbank da Câmara, no número 90, próximo à estação de trem do bairro e a Praça do Patriarca.

Despedida de Max Lopes: familiares e personalidades reconhecem o trabalho de um dos maiores artistas do carnaval

Familiares, amigos e personalidades do carnaval participaram da despedida do carnavalesco Max Lopes, na manhã desta terça-feira, no cemitério Parque da Colina, em Niterói. O artista faleceu na noite do último sábado, aos 85 anos, vítima de um câncer de próstata avançado. Ele foi tricampeão do Grupo Especial. Duas vezes com a Estação Primeira de Mangueira (“Yes, Nós Temos Braguinha”, de 1984, e “Brazil com ‘Z’ é pra cabra da peste, Brasil com ‘S’ é nação do Nordeste”, de 2002) e uma vez com a Imperatriz Leopoldinense (“Liberdade! Liberdade! Abra as asas sobre nós”, de 1989).

Fotos: Diogo Sampaio/CARNAVALESCO

“Trabalhar com o Max era algo inexplicável. Ele foi um amigo, mas do que um simples carnavalesco. Era o nosso pai. Como coreógrafa da equipe dele, me sinto muito orgulhosa. Não vai morrer nunca, ele deixou um legado para todos nós. Ele passava uma humildade gigantesca. A lembrança fica das piadas que ele fazia e da pessoa, amiga, generosa e encantadora”, disse Elizete Mascarenhas, integrante da equipe do Max.

Carnavalesco campeão em 2023, em São Paulo, pela Mocidade Alegre, Jorge Silveira, falou da relação com Max. “Trabalhei dois anos com o Max. Aprendi muito. Representa um período grandioso do carnaval. Todos nós devemos muito ao Max. É uma despedida dele, mas nunca da obra. É imortal! O trabalho dele é eterno. Nós continuaremos o legado e que ele tenha uma caminhada de luz. O amor que ele tinha ao carnaval e a maneira como considerava o carnaval são marcas que não podemos deixar de acreditar. Precisa continuar vivo, através dos nossos carnavais, e vai continuar”, afirmou.

Mauro Quintaes, carnavalesco da Porto da Pedra, citou a amizade com Max Lopes e como começou na carreira, através da parceria com “o bigode mais famoso do carnaval”.

“A gente se falava pelo telefone. Me ligava frequentemente. Comecei a trabalhar com o Max há 26 anos. Durante nove anos, eu aprendi tudo com o Max. Não estaria aqui hoje, falando como carnavalesco, se não fosse ele. O bigode mais famoso do carnaval. A grande marca dele. Espero que as futuras gerações reconheçam a história dele. Precisam conhecer os nomes que vão nos deixando. Lei natural da vida. A nossa história mais feliz foi quando fizemos o carnaval dos ciganos, na Viradouro, a alegoria pegou fogo, mas todo o Sambódromo aplaudiu o Max. Foi fantástico ver o reconhecimento das pessoas com ele. Ciganos e Dercy têm a assinatura estética dele. Sou grato e vim me despedir do colega de trabalho, amigo, que me encaminhou na carreira”, comentou.