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‘Carnaval de 2024 tem tudo para ser o melhor dos últimos anos’, diz Luís Gustavo Mostof, vice-presidente da Riotur

Criados em 2022 após a pandemia, os minidesfiles foram ainda mais especiais neste ano: o espetáculo entrou no calendário da celebração do Dia Nacional do Samba, anualmente em 2 de dezembro. Realizado na Cidade do Samba ao longo de dois dias – sexta-feira e sábado, o evento reuniu as 12 escolas do Grupo Especial. Além disso, a edição deste ano teve show de Diogo Nogueira, roda de samba do Beco do Rato, Cordão da Bola Preta e apresentação do Cacique de Ramos.

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Foto: Thiago Valladares/Divulgação Rio Carnaval

Neste ano, a Cidade do Samba recebeu mais público que o comum. Isso porque além dos mini desfiles, 2023 marcou o novo formato do concurso de Rainha do Carnaval e Rei Momo. A proposta é, de acordo com ele, valorizar o carnaval, fortalecer o turismo e criar mais uma data de eventos para a Cidade do Samba. De acordo com o vice-presidente da Riotur, Luís Gustavo Mostof, a ideia é incluir a data no calendário oficial de eventos da Cidade do Samba.

“Com certeza. já faz parte (minidesfiles) do calendário fixo da Cidade do Samba e vai se tornar cada vez mais um atrativo da cidade, para que turistas possam, no mês de dezembro, nos visitar e participar de um evento tão importante como esse. Foi um ano que conseguimos efetivamente tirar do papel algumas ideias que tínhamos. No concurso de rainha e Rei Momo a gente transmitiu a possibilidade de que ao longo de todos os quatro cantos do Rio de Janeiro todas escolas pudessem participar. Estamos conversando com o Gabriel (David), porque todo ano nós tentamos inovar em alguma coisa”, explica.

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Foto; Alexandre Macieira/Riotur

O minidesfile também marcou o lançamento do álbum oficial de sambas-enredo do Grupo Especial de 2024. A ordem de apresentação seguiu a sequência de desfiles. No primeiro dia, passaram pela Cidade do Samba Porto da Pedra, Beija-Flor, Salgueiro, Grande Rio, Unidos da Tijuca e a atual campeã Imperatriz Leopoldinense. No sábado foi a vez da Mocidade Independente de Padre Miguel, Portela, Vila Isabel, Mangueira, Paraíso do Tuiuti e Viradouro. Mostof citou que o sambista comemorou em grande estilo o Dia Nacional do Samba.

“Foram dois dias de evento que fizeram o sambista celebrar ainda mais esse dia tão importante. Em conjunto com a Liesa pensamos em inovar um evento que já era tradicional com a reabertura do carnaval após a pandemia. A partir daí, em conjunto com a Liga, estudamos a possibilidade de incluir algumas atrações para que o Dia Nacional do Samba pudesse ser comemorado em grande estilo. Assim, desenhamos a participação de grandes artistas do samba, como Diogo Nogueira, Mosquito e a roda de samba do Beco do Rato. Ainda introduzimos a corte LGBTQIAPN+ do carnaval de 2024”, conta o vice-presidente da Riotur.

Preparativos para 2024

Agora, antes mesmo do réveillon, os preparativos para os desfiles do ano que vem já tiveram início. Isso porque em 6 de janeiro, uma semana após a virada do ano, os ensaios técnicos começam na Marquês de Sapucaí e vão até o início de fevereiro. Para a Riotur a expectativa é de um grande público ao longo de seis finais de semana de treinos na Passarela do Samba. A pouco mais de dois meses para o início dos desfiles, para Mostof, a avaliação para o carnaval de 2024 já é positiva. Além dos ensaios técnicos, o início de 2024 também será marcado pelos blocos de rua.

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Luís Gustavo Mostof, diretor de operações da Riotur

“O carnaval de 2024 tem tudo para ser o melhor dos últimos anos. Grandes sambas-enredo estão sendo apresentados, as escolas estão se preparando muito bem e a Avenida está bem consolidada em termos de venda de ingressos – quase tudo já foi vendido. Ainda temos o carnaval de rua, que está se desenhando para ser também uma das nossas principais atividades ao longo de 30 dias. Logo após o réveillon já teremos os ensaios técnicos e teremos os blocos de rua. Isso faz com que a cidade, que é vocacionada para esse tipo de evento, receba cada vez mais turistas”, conta Mostof.

A Série Ouro marca o início dos ensaios no Sambódromo. No dia 6 de janeiro, um sábado, União Parque Acari, Arranco, Império da Tijuca e Estácio de Sá abrem a sequência de treinos. No dia seguinte é a vez do Grupo Especial: Entram na Avenida a Porto da Pedra e a Mocidade. A programação completa de ensaios técnicos da Série Ouro (aqui) e do Grupo Especial (aqui) está disponível no site CARNAVALESCO.

Arte de Leandro Vieira embarca em trem da SuperVia

A partir do próximo sábado, dia 9 de dezembro, o artista e carnavalesco Leandro Vieira, da Imperatriz Leopoldinense – campeã do carnaval de 2023 – vai proporcionar uma viagem diferente aos clientes da SuperVia. Num trem transformado em galeria, estacionado na plataforma 13 da Central do Brasil, será aberta a exposição multilinguagem “Corpo Popular”, sobre o processo criativo que envolve a produção de fantasias para 10 desfiles de carnaval.

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Foto: Tiago Morena/Divulgação

“Corpo Popular” acontece em dois espaços, simultaneamente: no Paço Imperial, no Centro do Rio, e no trem-galeria na Central do Brasil. Enquanto a mostra no Paço celebra aqueles que vestem os trajes criados pelo artista, a partir de 2 de dezembro. Na Central, durante seis sábados de dezembro e janeiro, a partir do dia 9, a exposição busca homenagear os parceiros de barracão, costureiras e aderecistas, que ajudam o artista a concretizar os figurinos.

O artista destaca que a Central do Brasil é um lugar de grande importância para ele.

“A Central do Brasil é um território de afeto para mim, e que influencia diretamente na vida cotidiana das pessoas que trabalham comigo e das pessoas que fazem a performance plena daquilo que tenho como ofício artístico. Levar a mostra para um trem parado na Central do Brasil tem a intenção de popularizar, aumentar, ampliar, de ir para lugares que não costumam ser territórios convencionais para o consumo de arte. A Central é um espaço superimportante, onde inúmeros trabalhadores do carnaval, onde boa parte dos componentes que eu visto para o desfile se encontram. Encontram-se ao longo do ano em deslocamento da ida para casa ou para o trabalho e também durante o carnaval também os leva ao palco principal, onde eles exibem o meu trabalho de produção de fantasias e de figurinos”, destaca o carnavalesco.

Fotos, desenhos, croquis e uma espécie de paleta de texturas, ou seja, retalhos de tecidos e materiais utilizados em fantasias nos últimos 10 carnavais fazem parte da mostra. Leandro Vieira e a curadora de “Corpo Popular”, Daniela Name, vão estar a partir das 11h, do dia 9, no trem-galeria para conversar com o público sobre esse trabalho.

A curadora diz que “Corpo Popular” trata a obra de Leandro Vieira como um vetor para debater a fantasia de carnaval como uma modalidade artística que está em diálogo com uma coletividade de saberes no barracão e também na pintura, escultura, desenho e, em especial, na performance dos foliões nos desfiles.

No trem-galeria da Central, Penha Maria Lima, integrante da equipe de barracão de Leandro, oferece duas oficinas de adereços para o público jovem e adulto, nos dias 16 de dezembro e 13 de janeiro, sempre às 15h, e com inscrições prévias e gratuitas divulgadas pelas redes sociais do projeto e de seus realizadores.

Com curadoria de Daniela Name, produção executiva da Museo e idealização da Caju, o projeto venceu o edital FOCA da Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro e recebeu o apoio institucional da SuperVia, da Riotur e do Grêmio Recreativo e Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense.

SERVIÇO
Exposição “Corpo Popular”
Local: Trem-galeria, na plataforma 13, da Central do Brasil – acesso pelas roletas de passageiros da Supervia
Endereço: Praça Cristiano Ottoni s/n – Centro
Dias: aos sábados (09 e 16/12 e 06, 13, 20 e 27/01)
Debate: no dia 09/12, às 11h, com o artista Leandro Vieira e a curadora Daniela Name

Segundo dia dos mini desfiles apresenta exibições técnicas e repletas de vibração

O segundo dia dos mini desfiles na Cidade do Samba trouxe novidades e comprovou certezas dos último carnavais. A supresa foi a performance das escolas. O nível de quem vai desfilar na segunda-feira ficou mais alto, pelo menos, neste primeiro teste. Ainda teremos os ensaios de rua e técnicos para ter “certeza”. Como já era esperado, a Viradouro fez uma exibição de alta qualidade. A Verde e Rosa passou sacudindo o público. Com a força do samba e da bateria, a Portela também teve grande destaque. O Paraíso do Tuiuti valorizou a festa e levou para “pista” quase um desfile oficial. Já a Vila Isabel, com a reedição de “Gbalá”, fez uma apresentação tecnicamente perfeita. Abrindo o dia, a Mocidade mostrou que a relação do público com o samba é o trunfo para 2024. Abaixo, você pode conferir a análise de cada escola.

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Fotos de Allan Duffes/CARNAVALESCO

MOCIDADE:  Zé Paulo virou a chave. Após ser injustamente penalizado no quesito Harmonia em 2023 o cantor chegou na Estrela Guia e caiu nas graças dos Independentes. A parceria com mestre Dudu funcionou bem demais. Apesar dos resultados nos dois últimos carnavais, a escola está feliz e confiante. Isso é inegável. Comandada pelo coreógrafo Paulo Pinna, a comissão de frente apresentou muita dança e movimentos sensuais, como pede o enredo. Grupo muito sincronizado e repleto de jovens. O casal de mestre-sala e porta-bandeira, Diogo e Bruna, manteve o patamar elevado do último desfile. Ele muito solto e dando grito na hora que apresenta o pavilhão. Ela, um dos maiores talentos do carnaval, dançou demais, com pedaços coreográficos em cima do samba, mas sem perder a essência do quesito. * VEJA FOTOS

O mascote Castorzinho veio no tripé exibindo todo o seu carisma. A comunidade cantou com vontade o samba-enredo. Sempre impulsionada por Zé Paulo, que passeava pela escola. Sob comando de George Louzada, a ala de passistas deu seu show, inclusive, com belo figurino dos integrantes. Tudo acontecia muito bem, mas a escola bobeou na saída da bateria do espaço reservado. Ao entrar na pista, foi formado um grande clarão. É preciso treinar na rua para que isso não aconteça no dia oficial. Ainda tem tempo e vontade é o que não falta esse ano na agremiação.

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PORTELA: A maior campeã do carnaval sofreu com o som do mini desfile. Por dificuldade com o carro de som, a escola aguardou mais de 20 minutos para tudo ser resolvido. O presidente da Liesa, Jorge Perlingeiro, desculpas pelo ocorrido. Obviamente, o clima foi afetado, principalmente, nos integrantes da direção. É injusto trabalhar tanto na quadra e na rua e ser prejudicado. Fora isso, Gilsinho foi pra luta e fez bonito. Tendo um dos melhores samba do ano, os portelenses cantaram e muito. O cantor mostrou todo seu talento conduzindo os portelenses, sempre com o suporte da bateria de mestre Nilo Sérgio. A Portela segue muito bem servida no quesito harmônico, além da evolução forte dos componentes. Não mais o calcanhar de Aquiles, a comissão de frente contou somente com mulheres, dançando com muita vibração e cantando o samba o tempo inteiro. * VEJA FOTOS

Destaque também para o casal Marlon e Squel. Dança já bem sincronizada, apesar de ser o primeiro ano da dupla. Ela com toda elegância nos movimentos e ele crescendo a cada ano que passa no carnaval. Tia Surica veio no tripé com a águia. O show de canto nas alas deu a tônica do mini desfile. Vale frisar o crescimento da musa Weny Isa que participou ativamente da exibição da escola. No quesito “musas” a Portela está muito servida com todas mulheres, sambistas de DNA raiz. No comando dos passistas, referência, Nilce Fran é sempre um capricho e sinônimo de samba no pé. A rainha Bianca Monteiro, como sempre, sambou e distribuiu carisma. A homenagem para Vilma Nascimento, que recentemente sofreu ataque racista, foi emocionante. A eterna porta-bandeira, o Cisne da Passarela, foi rodeada por bolas de gás, em forma de coração, e ovacionada pelo público. O portelense pode se animar demais com o Carnaval 2024. O passado do desfile de 2023 foi “apagado” para 2024.

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VILA ISABEL: Com a reedição de “Gbalá”, a escola já sabe que terá canto e evolução mais tranquilos, afinal, a comunidade conhece a obra. A parte do Gbalá mexeu com os componentes. A apresentação foi uma das mais técnicas dos dois dias de mini desfiles. Nada para corrigir foi visto na escola do Morro dos Macacos, pelo contrário, os acertos foi diversos, principalmente, na exibição do casal Marcinho e Cris, a bateria e o trabalho de harmonia com o carro de som da agremiação. Impressiona a performance do primeiro mestre-sala e da porta-bandeira seja na dança, muito sincronizada, mas também com vibração. * VEJA FOTOS

O tripé teve a coroa da escola, o nome do enredo e crianças. Emocionou pelo simbolismo envolvido. Tinga segue “voando” na condução do samba. Parece vinho, melhora a cada ano que passa. Como falado a “Swingueira de Noel” deu show. Mestre Macaco Branco não pode estar presente, mas quando está tudo encaixado o trabalho flui sem a presença do líder. A rainha de bateria, Sabrina Sato, chegou em um carro conversível e com seu carisma ajudou a trazer o público para perto da Vila. O que foi visto na Cidade do Samba deixa no ar que é muito possível a escola brigar pelo caneco do Grupo Especial, que não vem há 10 anos. Se Paulo Barros acertar na plástica, como fez em 2023, vai ser difícil segurar. A conferir!

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MANGUEIRA: A Verde e Rosa vem colhendo os frutos de rejuvenescer seus quadros, seja na bateria, comissão de frente, na parte plástica ou no casal de mestre-sala e porta-bandeira. O mini desfile calou a boca de abutres que desconfiavam do rendimento do samba-enredo que vai homenagear a cantor Alcione. Está longe de ser uma obra-prima, mas é repleto de vigor. Pode “contaminar positivamente o quesito”. Foi cantado a plenos pulmões pelos componentes. Fundamental ressaltar o trabalho dos cantores Marquinho Art Samba e Dowglas Diniz, além da bateria, que traz dois jovens e craques à frente dos ritmistas: Rodrigo Explosão e Taranta Neto. Foi um sacodão da Estação Primeira! A rainha Evelyn Bastos, como é de praxe, brilhou no samba no pé e no carinho com o povo. * VEJA FOTOS

O casal Matheus e Cintya foi impecável. Dança sincronizada e vigor de emocionar. Tem que sentir muito insensível para não sentir toda vibração e talento da dupla. A gestão da presidente Guanayra Firmino vem representando e muito o que é o mangueirense. Foi bonito ver os integrantes fantasiados e radiantes cantando o samba-enredo. Estreia muito boa dos coreógrafos da comissão de frente, Lucas Maciel e Karina Dias, que exibiram um grupo de jovens, dançando muito e realizando os movimentos em cima do samba. O aviso está dado: não descarte o “Jequitibá do samba”.

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PARAÍSO DO TUIUTI: Quinta escola a se apresentar na Cidade do Samba, a escola de São Cristóvão praticamente fez um desfile oficial na pista. Após uma bela apresentação em 2023, que poderia render uma vaga no sábado das campeãs, o Tuiuti vem que vem para 2024. Em termos de estrutura de apresentação, sem dúvida, foi a melhor dos dois dias, destaque para os figurinos dos componentes. A agremiação, que certamente é a que possui menor recursos no grupo, não está nem aí pra isso. É feita por sambistas e nunca vai pequena, seja em componentes ou figurinos, ou meia-boca quando é chamada para exibições. * VEJA FOTOS

A comissão de frente levou o figurino deste ano, decisão espetacular para presentear o público presente. Em uma apresentação perfeita, o casal Raphael e Dandara estava fantasiado e dançou demais o tempo inteiro. O tripé com São Sebastião parecia mais uma alegoria. O samba-enredo, um dos melhores do ano, teve ótimo rendimento. A equipe do carro de som segurou a barra, já que o intérprete Pixulé não conseguiu chegar a tempo do mini desfile, pois estava na festa dos sambas em São Paulo. Muitas vezes questionada, a harmonia da escola funcionou bem, os componentes cantaram o tempo inteiro. Com o craque na frente dos ritmistas, a bateria é o ápice da excelência do ritmo. Mestre Marcão é muito craque, a bossa dos marinheiros é espetacular. Trabalho primoroso. E o Tuiuti ainda tem a Mayara Lima, a principal rainha do momento atual do carnaval. O “acredita, Tuiuti” está muito vivo.

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VIRADOURO: Mini desfile com o “padrão Viradouro”, ou seja, com perfeição em tudo. É chover no molhado como a escola de Niterói é na pista, seja da Sapucaí, Amaral Peixoto ou da Cidade do Samba. É um show de técnica em todos os quesitos. O trabalho incansável da gestão Calil transformou a agremiação. Com os gênios do quesito, Rodrigo Negri e Priscila Mota, a comissã de frente já poderia ser apresentada no desfile oficial. Vigor surreal, muita dança e ainda o ápice com uma integrante sendo alçada ao ar e simulando uma cobra. Impactante! * VEJA FOTOS

O casal Julinho e Rute, um dos mais experientes, exibiu o talento que faz da dupla a melhor atualmente do Grupo Especial. Rute, com seus giros, parece que vai voar. Ele é um craque da dança, dos gestos e da cumplicidade com sua parceira. Sem dúvida, Julinho é um dos melhores da história no quesito. A rainha Erika Januza segue brilhando a frente da bateria e participando ativamente do dia a dia da escola. Mestre Ciça se adaptou ao andamento pedido pelo samba-enredo e tem totais condições de buscar a nota 40, que ficou faltando nos últimos anos. Parte harmônica foi espetacular, conduzida pelo craque Wander Pires. Os componentes sabem que possuem um dos melhores sambas do ano e isso impulsiona demais o canto e a evolução. Fechando o carnaval em 2024, como fez em 2023, e tendo todos esses “ingredientes” é esperar para ver se na pista vai “alafiar” (significado confirmação) o “pra vitória da Viradouro”.

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Tom Maior e Mocidade Alegre se destacam em minidesfiles na Fábrica do Samba

Por Gustavo Lima e fotos de Magaiver Fernandes

Na noite do último sábado, ocorreu a tão esperada “Festa de Lançamento dos Sambas-enredo” acompanhada dos mini-desfiles. No evento, houve uma grande participação e dedicação de todas as agremiações do Grupo Especial. A noite foi marcada pelo forte canto das comunidades, mostrando que os ensaios estão a todo vapor. Observando todas as apresentações, foi notável que a Tom Maior literalmente deu o tom do espetáculo. Cantando “Aysú – uma história de amor”, com um dos melhores sambas do ano e forte canto dos componentes, a escola desfilou solta, mostrando o seu crescimento e provando que dá para sonhar mais alto. Mocidade Alegre, com sua “Brasiléia Desvairada”, destoou alegria no percurso da Fábrica do Samba. O último grande destaque, o Camisa Verde e Branco, com bela atuação do intérprete Igor Vianna, mostrou que não vai sentir o peso de abrir a sexta-feira de carnaval. Veja abaixo a análise completa do CARNAVALESCO.

Camisa Verde e Branco – Escola que está de volta à elite do carnaval paulistano após 12 anos, o Camisa abriu as apresentações do Grupo Especial. Dá para falar que o seu símbolo maior, o trevo, esteve presente na Fábrica. Com um dos melhores sambas do ano, a comunidade cantou sem parar, principalmente no refrão de cabeça. O verso “Que Deus perdoe quem não é Camisa” foi uma sacada genial e está sendo entoado fortemente pelos componentes da entidade, bem como aconteceu nesta noite. Destaque principal para uma atuação impecável do intérprete Igor Vianna, que está solto na Barra Funda. O cantor fez questão de sair do palco para interagir com os componentes na pista. Isso é louvável, pois ele chegou ainda no Acesso para o Carnaval 2023, está contente e carrega uma das obras mais bem requisitadas de 2024. Outro destaque positivo é o novo alusivo que pegou bastante com os desfilantes, que é cantado na introdução do samba e diz “Já estivemos por um triz/e pra você que sempre quis me ver chorar hoje e aplaude e pede bis”.

Pudemos notar a comissão de frente, que é liderada pelo coreógrafo Luiz Romero, fazendo coreografias dentro do samba. O casal Alex Malbec e Jessika Barbosa desfilaram à vontade e se destacaram por mostrar movimentos sincronizados. Por fim, a bateria “Furiosa”, de mestre Jeyson Ferro, apresentou interessantes bossas que deram gás aos componentes no decorrer do desfile, com destaque para a que se localiza no refrão do meio e se estende até os primeiros versos da segunda parte do samba. Portanto, a verdade é que o Camisa não chegou para brincadeira. Tem quesitos competentes a serem elaborados, mas a permanência no Grupo Especial é um sonho que pode ser alcançado por esse sagrado pavilhão de 1953.

Barroca Zona Sul – Falar de si próprio não é uma tarefa comum dentro do carnaval. Requer um esforço muito grande e uma responsabilidade também, mas a Barroca está lidando totalmente bem com isso. O samba, que foi feito sob encomenda, caiu nas graças dos componentes e está sendo cantado de ala a ala. Foi uma apresentação que, se pegar a letra do samba e se envolver na história do que foi a verde e rosa paulistana, é de se emocionar. Uma grande sacada do hino é colocar a letra em primeira pessoa. Ou seja, é como se o próprio pavilhão da Barroca Zona Sul estivesse contando a sua história. Devido a todos esses fatores, os componentes estão totalmente envolvidos com a ideia do cinquentenário. Uma nítida felicidade, onde se vê baianas cantando forte, por exemplo.

Vale destacar a importante volta da Lenita Magrini, que é uma porta-bandeira criada na escola. Havia saído, voltou em 2020, novamente teve uma ausência e, agora, faz dupla com Marquinhos. É uma grande dançarina. É impressionante observar como ela destoa com o pavilhão. Por último, destaque positivo para a bateria “Tudo Nosso” de mestre Fernando Negão. O músico vai para o seu terceiro ano solo e, nesta noite, a batucada conseguiu dar sustentação ao samba e realizou bossas, com destaque para a localizada nos primeiros versos da obra. No desfile, a escola levou um tripé no símbolo de seu pavilhão.

Dragões da Real – É bem verdade que o samba da escola não é bem visto desde o pré-carnaval. A junção não caiu no agrado do mundo do samba. E realmente havia alguns aspectos a se melhorar nos primeiros momentos de divulgação, o que foi arrumado. Porém, mesmo com tal contestação, está se fazendo valer, como sempre, o forte canto da comunidade. Tudo isso pode abater a qualidade questionada. Tal trabalho de harmonia é uma característica forte da agremiação, desde que subiu para o Especial, desenvolvido pelo diretor de harmonia, Rogério Félix, que desde o ano passado tem o reforço do carnavalesco Jorge Freitas, cujo é um profissional bem atuante em todos os setores por onde passa nos seus trabalhos.

Destaque para a bateria de “Ritmo que Incendeia”, de Klemen Gioz. O interessante é que nas viradas do refrão principal para a primeira parte do samba, já é emendada uma bossa no “Ê laroyê mojubá” e, após, segue o andamento normalmente. Por fim, outro detalhe significativo e que deu uma grande imponência a apresentação da ‘comunidade de gente feliz’, foram as duas grandes esculturas de dragões levadas para a apresentação. Uma iniciando e outra fechando o mini-desfile.

Independente Tricolor – Fincando raízes no Grupo Especial, a Independente está livre, leve e solta. Dá para dizer que a comunidade tricolor não canta o samba, e sim esperneia e grita. A obra, apesar de conter palavras obviamente africanas, tem uma melodia para cima e tem um refrão chiclete. Fácil de gravar. O intérprete Chitão Martins, conhecido por sua animação, deu o tom da letra e os componentes foram juntos. Quando se cantava “Sou Independente, quebrando correntes, um grito de liberdade”, havia um nítido extravasamento. No início da escola, havia um tripé com o símbolo do pavilhão da Independente. * VEJA AQUI FOTOS DA APRESENTAÇÃO

Acadêmicos do Tatuapé – Dá para dizer que o samba da escola para o próximo carnaval, segue a linha de melodias que a agremiação gosta de fazer. Melodicamente analisando, lembra o samba de 2023, só que este tem um andamento mais para frente, principalmente no refrão do meio, onde se canta ‘baiana boa’. É uma obra funcional para os componentes e está na ponta da língua dos desfilantes. Ainda mais com a ala musical entrosada e liderada pelo intérprete totalmente identificado na Zona Leste, Celsinho Mody. A adição da grande cantora, Keila Regina, no carro de som, foi um baita reforço e tal voz feminina está sendo comprovada. * VEJA AQUI FOTOS DA APRESENTAÇÃO

Diego e Jussara é um casal que dispensa apresentações. São de característica leve, elegante e sabem bem como é conduzir o pavilhão do Tatuapé, aliás, são formados dentro da escola. A dupla fez uma grande apresentação coreografando corretamente dentro do samba. Uma sincronia que é para poucos. Aqui está o ponto principal da agremiação e que há algum tempo leva os 40 pontos. Se seguir na mesma toada, o filme vai continuar se repetindo.

Mancha Verde – A agremiação alviverde tem como uma das principais características, a participação da comunidade. Isso de fato se comprova, mas a empolgação neste ano está diferente. A Mancha optou por escolher um samba com uma melodia para baixo. Na arrancada, é funcional, porém, no decorrer de algumas passagens, ele naturalmente cai. Claro que os componentes continuam no canto, mas é algo para se atentar, visto que um desfile oficial dura 65 minutos e, o que vimos nos mini-desfiles é uma amostra do que podemos ter, além dos ensaios técnicos. * VEJA AQUI FOTOS DA APRESENTAÇÃO

No mais, vale destacar a estreia de uma nova característica da bateria “Puro Balanço”. Diferente de mestre Guma, os sucessores Cabral e Vinny, estão com uma proposta de uma bateria com um ritmo mais forte, ao invés da cadência. Por algum motivo, em frente ao barracão dos Gaviões, a luz se apagou durante a apresentação e a escola teve que parar por alguns minutos.

Rosas de Ouro – Quando o intérprete Carlos Júnior fez a introdução do samba e deu o seu grito de guerra, teve uma grande reação do público presente. Porém, foi outro contestado quando anunciado. O cantor, citado no começo, vem melhorando consideravelmente o rendimento da obra. Havia grande organização entre as alas da Roseira, esse é um dos pontos a serem considerados e, além disso, a “Bateria com Identidade”, liderada por mestre Rafa, sempre dando um show à parte e fazendo bossas em todas as partes do samba. Como o próprio diz, é a “bagunça organizada” que a batucada se propõe a fazer para entreter o público. * VEJA AQUI FOTOS DA APRESENTAÇÃO

Vai-Vai – É um samba no estilo da escola. Tem aquele estilo ‘pegado’, para frente e que vai proporcionar alto rendimento, principalmente da bateria “Pegada de Macaco”, cada vez mais adaptada aos novos tempos, executando bossas, com destaque para o ritmo do hip-hop feito, cujo é o enredo da escola. Porém, diferente do que se viu no último ensaio de rua, a agremiação do Bixiga não teve o desempenho no canto tão forte quanto àquela oportunidade. * VEJA AQUI FOTOS DA APRESENTAÇÃO

O casal Renatinho e Fabíola, apesar de experientes, mostraram o que podem executar na avenida. Coreografias, sincronismo e leveza deram o tom da dupla. Foi um dos destaques da noite. Como sempre, Vai-Vai sempre aposta em alas coreografadas e, nesta noite, se viu pelo menos três devido aos componentes reduzidos. Por último, Madu Fraga deu show de simpatia e samba no pé. Isso mostra que o Vai-Vai está muito bem servido de rainha de bateria.

Tom Maior – Destaque da noite, a vermelho e amarelo mostra que não está para brincadeira. Foi uma apresentação completa, da comissão de frente até a última ala. Com um inédito enredo indígena, executado pelo carnavalesco Flávio Campello, a agremiação de Sumaré tem um dos melhores sambas do ano, que hoje foi cantado por Beah, devido à ausência do intérprete oficial, Gilsinho. Isso culmina em componentes extremamente dedicados. Ponto positivo para os diretores de harmonia, Gerson e Bruno Freitas. A bateria “Tom 30”, de mestre Carlão, tem bossas, mas não executa com tanta frequência comparada às demais batucadas. A comissão de frente, liderada pelo coreógrafo André Almeida, teve componentes vestidos de indígenas dançando na letra do samba.

Fato é que a Tom Maior tem muito quesito de qualidade, além de estar meio incômoda por não ter conseguido uma vaga no desfile das campeãs em 2023, ficando na sexta colocação. Um grandioso samba, bateria afinada, comissão de frente com o experiente e criativo, André. Apesar de não ter conseguido o resultado adequado no último carnaval, o casal Ruhanan Pontes e Ana Paula, sabe do que é capaz, pois na Colorado do Brás conseguiram os 40 pontos no ano de 2022. Ou seja, uma franca favorita ao título se chama Tom Maior.

Mocidade Alegre – Também destaque da noite, a Mocidade Alegre abriu seu mini-desfile com um tripé com o símbolo do seu pavilhão. Fato é que a ‘Morada’ gosta dessas apresentações e faz questão de ensaiar a todo instante para causar boas impressões. Isso é declarado abertamente. A escola tem um samba totalmente curto e para cima. É uma obra que termina rápido. Claro que dá para entender o enredo, mas no ritmo que a ala musical e a bateria “Ritmo Puro”, de mestre Sombra, impõe, passa em um instante. Falando na música, o intérprete Igor Sorriso novamente vem colocando o seu talento à vera na atual campeã paulistana. É um profissional totalmente identificado com a agremiação e, hoje, já dá para dizer que não se consegue imaginar a Mocidade sem uma voz que não seja o Igor Sorriso, e vice-versa. Foi um casamento que se alinhou perfeitamente. A bateria “Ritmo Puro”, citada anteriormente, executou uma bossa muito interessante, que foi no ritmo do frevo – “Fechei o corpo no catimbó/no frevo saudade só/me embriaguei de carnaval. Esses três versos deram o tom do famoso ‘breque’.

Vale destacar também o casal Diego Motta e Natália Lago. O mestre-sala, que está estreando na escola como oficial, visto que já era da casa, não se intimidou e fez grande apresentação. Com esse samba farofa, a Mocidade quer se ‘embriagar de carnaval’ e tentar levar a décima segunda estrela para sua quadra.

Gaviões da Fiel – Um ponto importante da escola alvinegra é que os componentes de quase todas as alas se comprometeram a desfilar fantasiados com as vestimentas do último carnaval. Isso mostrou o interesse da agremiação em fazer diferente. A comissão de frente, essa que não foi vestida, realizou boas coreografias durante o percurso. Vale ressaltar que a ala é liderada pelo coreógrafo Sérgio Cardoso. Falando do samba, é a mesma coisa que acontece com uma co-irmã. A obra escolhida tem uma característica melódica para baixo, o que ocorre uma queda de andamento. Se canta algumas passagens e a empolgação da arrancada se apaga. * VEJA AQUI FOTOS DA APRESENTAÇÃO

Apesar de tal característica, há de se destacar a qualidade das alas coreografadas que os Gaviões tem. A criatividade do teatro e da dança nos faz entender melhor o enredo.

Águia de Ouro – A escola da Pompéia também tem um samba questionado. Porém é uma das comunidades que mais canta no carnaval paulistano. E tem o fato de entoar os hinos com uma qualidade sonora de se aplaudir, somada à grande performance da ala musical, que é liderada por Douglinhas Aguiar e Serginho do Porto. A parte em que se canta “oiii gente…” realmente se incorpora um Eli Corrêa somada em várias vozes.

Segundo ano do casal de mestre-sala e porta-bandeira João Camargo e Lyssandra Grooters juntos, a dupla parece estar mais entrosada neste ano, principalmente a performance do dançarino, que deu uma aula de samba no pé enquanto cortejava a sua parceira.

Império de Casa Verde – Novamente com um dos sambas do ano, o Tigre vem prometendo outro desfile de briga na ponta da tabela. São dois anos consecutivos na terceira colocação, e a agremiação frisa a todo momento que quer conquistar essa taça custe o que custar. Homenageando a artista Fafá de Belém tendo nela uma figura de cabocla, o Império acaba tendo um enredo metade indígena. Com isso, muita dança desta forma foi vista, especialmente na comissão de frente, coreografada por Anderson Rodrigues. Um ponto positivo para o diretor de carnaval, Tiguês e de harmonia, Serginho, é criar uma coreografia que já é uma sensação na escola, que fica localizada na última parte do samba, onde se canta a música de ‘Emoriô’, de Fafá. Neste momento, parte das alas vão para a direita e a outra vai para a esquerda com os braços levantados, dando um efeito bacana e belo de se observar. * VEJA AQUI FOTOS DA APRESENTAÇÃO

A bateria “Barcelona do Samba”, de mestre Zoinho, executou algumas bossas, justamente nessa parte citada acima. O andamento para o samba foi satisfatório e, novamente, a batucada da escola se destaca como uma das melhores (ou melhor) do carnaval paulistano.

Acadêmicos do Tucuruvi – Era quase 4h da manhã quando o Tucuruvi entrava para fechar as apresentações da “Festa de Lançamento”. A obra da escola é tida como uma das melhores do carnaval e não é à toa. Mesmo com a dificuldade na letra, por conter várias palavras que não estão presentes no nosso cotidiano, a comunidade do ‘Zaca’ está com a trilha-sonora afiada. De fato, é um belo samba-enredo, mas para entendê-lo, requer muito estudo desse dicionário, pois são todas em sequência.

Um movimento interessante que a escola executou, foi fazer uma paradinha a partir da parte “respeite minha ancestralidade”, onde segue, a comunidade cerra os punhos e a bateria volta em uma bossa com atabaque. Tudo isso é feito com sinais de mãos que os diretores de harmonias fazem para as alas juntamente com a bateria verem e sincronizam todo o ato.

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