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Tom Maior e Mocidade Alegre se destacam em minidesfiles na Fábrica do Samba

‘Vermelho e amarelo’ faz jus à um dos melhores sambas do ano e a atual campeã mostra extrema alegria no samba, como está estampado em seu pavilhão

Por Gustavo Lima e fotos de Magaiver Fernandes

Na noite do último sábado, ocorreu a tão esperada “Festa de Lançamento dos Sambas-enredo” acompanhada dos mini-desfiles. No evento, houve uma grande participação e dedicação de todas as agremiações do Grupo Especial. A noite foi marcada pelo forte canto das comunidades, mostrando que os ensaios estão a todo vapor. Observando todas as apresentações, foi notável que a Tom Maior literalmente deu o tom do espetáculo. Cantando “Aysú – uma história de amor”, com um dos melhores sambas do ano e forte canto dos componentes, a escola desfilou solta, mostrando o seu crescimento e provando que dá para sonhar mais alto. Mocidade Alegre, com sua “Brasiléia Desvairada”, destoou alegria no percurso da Fábrica do Samba. O último grande destaque, o Camisa Verde e Branco, com bela atuação do intérprete Igor Vianna, mostrou que não vai sentir o peso de abrir a sexta-feira de carnaval. Veja abaixo a análise completa do CARNAVALESCO.

Camisa Verde e Branco – Escola que está de volta à elite do carnaval paulistano após 12 anos, o Camisa abriu as apresentações do Grupo Especial. Dá para falar que o seu símbolo maior, o trevo, esteve presente na Fábrica. Com um dos melhores sambas do ano, a comunidade cantou sem parar, principalmente no refrão de cabeça. O verso “Que Deus perdoe quem não é Camisa” foi uma sacada genial e está sendo entoado fortemente pelos componentes da entidade, bem como aconteceu nesta noite. Destaque principal para uma atuação impecável do intérprete Igor Vianna, que está solto na Barra Funda. O cantor fez questão de sair do palco para interagir com os componentes na pista. Isso é louvável, pois ele chegou ainda no Acesso para o Carnaval 2023, está contente e carrega uma das obras mais bem requisitadas de 2024. Outro destaque positivo é o novo alusivo que pegou bastante com os desfilantes, que é cantado na introdução do samba e diz “Já estivemos por um triz/e pra você que sempre quis me ver chorar hoje e aplaude e pede bis”.

Pudemos notar a comissão de frente, que é liderada pelo coreógrafo Luiz Romero, fazendo coreografias dentro do samba. O casal Alex Malbec e Jessika Barbosa desfilaram à vontade e se destacaram por mostrar movimentos sincronizados. Por fim, a bateria “Furiosa”, de mestre Jeyson Ferro, apresentou interessantes bossas que deram gás aos componentes no decorrer do desfile, com destaque para a que se localiza no refrão do meio e se estende até os primeiros versos da segunda parte do samba. Portanto, a verdade é que o Camisa não chegou para brincadeira. Tem quesitos competentes a serem elaborados, mas a permanência no Grupo Especial é um sonho que pode ser alcançado por esse sagrado pavilhão de 1953.

Barroca Zona Sul – Falar de si próprio não é uma tarefa comum dentro do carnaval. Requer um esforço muito grande e uma responsabilidade também, mas a Barroca está lidando totalmente bem com isso. O samba, que foi feito sob encomenda, caiu nas graças dos componentes e está sendo cantado de ala a ala. Foi uma apresentação que, se pegar a letra do samba e se envolver na história do que foi a verde e rosa paulistana, é de se emocionar. Uma grande sacada do hino é colocar a letra em primeira pessoa. Ou seja, é como se o próprio pavilhão da Barroca Zona Sul estivesse contando a sua história. Devido a todos esses fatores, os componentes estão totalmente envolvidos com a ideia do cinquentenário. Uma nítida felicidade, onde se vê baianas cantando forte, por exemplo.

Vale destacar a importante volta da Lenita Magrini, que é uma porta-bandeira criada na escola. Havia saído, voltou em 2020, novamente teve uma ausência e, agora, faz dupla com Marquinhos. É uma grande dançarina. É impressionante observar como ela destoa com o pavilhão. Por último, destaque positivo para a bateria “Tudo Nosso” de mestre Fernando Negão. O músico vai para o seu terceiro ano solo e, nesta noite, a batucada conseguiu dar sustentação ao samba e realizou bossas, com destaque para a localizada nos primeiros versos da obra. No desfile, a escola levou um tripé no símbolo de seu pavilhão.

Dragões da Real – É bem verdade que o samba da escola não é bem visto desde o pré-carnaval. A junção não caiu no agrado do mundo do samba. E realmente havia alguns aspectos a se melhorar nos primeiros momentos de divulgação, o que foi arrumado. Porém, mesmo com tal contestação, está se fazendo valer, como sempre, o forte canto da comunidade. Tudo isso pode abater a qualidade questionada. Tal trabalho de harmonia é uma característica forte da agremiação, desde que subiu para o Especial, desenvolvido pelo diretor de harmonia, Rogério Félix, que desde o ano passado tem o reforço do carnavalesco Jorge Freitas, cujo é um profissional bem atuante em todos os setores por onde passa nos seus trabalhos.

Destaque para a bateria de “Ritmo que Incendeia”, de Klemen Gioz. O interessante é que nas viradas do refrão principal para a primeira parte do samba, já é emendada uma bossa no “Ê laroyê mojubá” e, após, segue o andamento normalmente. Por fim, outro detalhe significativo e que deu uma grande imponência a apresentação da ‘comunidade de gente feliz’, foram as duas grandes esculturas de dragões levadas para a apresentação. Uma iniciando e outra fechando o mini-desfile.

Independente Tricolor – Fincando raízes no Grupo Especial, a Independente está livre, leve e solta. Dá para dizer que a comunidade tricolor não canta o samba, e sim esperneia e grita. A obra, apesar de conter palavras obviamente africanas, tem uma melodia para cima e tem um refrão chiclete. Fácil de gravar. O intérprete Chitão Martins, conhecido por sua animação, deu o tom da letra e os componentes foram juntos. Quando se cantava “Sou Independente, quebrando correntes, um grito de liberdade”, havia um nítido extravasamento. No início da escola, havia um tripé com o símbolo do pavilhão da Independente. * VEJA AQUI FOTOS DA APRESENTAÇÃO

Acadêmicos do Tatuapé – Dá para dizer que o samba da escola para o próximo carnaval, segue a linha de melodias que a agremiação gosta de fazer. Melodicamente analisando, lembra o samba de 2023, só que este tem um andamento mais para frente, principalmente no refrão do meio, onde se canta ‘baiana boa’. É uma obra funcional para os componentes e está na ponta da língua dos desfilantes. Ainda mais com a ala musical entrosada e liderada pelo intérprete totalmente identificado na Zona Leste, Celsinho Mody. A adição da grande cantora, Keila Regina, no carro de som, foi um baita reforço e tal voz feminina está sendo comprovada. * VEJA AQUI FOTOS DA APRESENTAÇÃO

Diego e Jussara é um casal que dispensa apresentações. São de característica leve, elegante e sabem bem como é conduzir o pavilhão do Tatuapé, aliás, são formados dentro da escola. A dupla fez uma grande apresentação coreografando corretamente dentro do samba. Uma sincronia que é para poucos. Aqui está o ponto principal da agremiação e que há algum tempo leva os 40 pontos. Se seguir na mesma toada, o filme vai continuar se repetindo.

Mancha Verde – A agremiação alviverde tem como uma das principais características, a participação da comunidade. Isso de fato se comprova, mas a empolgação neste ano está diferente. A Mancha optou por escolher um samba com uma melodia para baixo. Na arrancada, é funcional, porém, no decorrer de algumas passagens, ele naturalmente cai. Claro que os componentes continuam no canto, mas é algo para se atentar, visto que um desfile oficial dura 65 minutos e, o que vimos nos mini-desfiles é uma amostra do que podemos ter, além dos ensaios técnicos. * VEJA AQUI FOTOS DA APRESENTAÇÃO

No mais, vale destacar a estreia de uma nova característica da bateria “Puro Balanço”. Diferente de mestre Guma, os sucessores Cabral e Vinny, estão com uma proposta de uma bateria com um ritmo mais forte, ao invés da cadência. Por algum motivo, em frente ao barracão dos Gaviões, a luz se apagou durante a apresentação e a escola teve que parar por alguns minutos.

Rosas de Ouro – Quando o intérprete Carlos Júnior fez a introdução do samba e deu o seu grito de guerra, teve uma grande reação do público presente. Porém, foi outro contestado quando anunciado. O cantor, citado no começo, vem melhorando consideravelmente o rendimento da obra. Havia grande organização entre as alas da Roseira, esse é um dos pontos a serem considerados e, além disso, a “Bateria com Identidade”, liderada por mestre Rafa, sempre dando um show à parte e fazendo bossas em todas as partes do samba. Como o próprio diz, é a “bagunça organizada” que a batucada se propõe a fazer para entreter o público. * VEJA AQUI FOTOS DA APRESENTAÇÃO

Vai-Vai – É um samba no estilo da escola. Tem aquele estilo ‘pegado’, para frente e que vai proporcionar alto rendimento, principalmente da bateria “Pegada de Macaco”, cada vez mais adaptada aos novos tempos, executando bossas, com destaque para o ritmo do hip-hop feito, cujo é o enredo da escola. Porém, diferente do que se viu no último ensaio de rua, a agremiação do Bixiga não teve o desempenho no canto tão forte quanto àquela oportunidade. * VEJA AQUI FOTOS DA APRESENTAÇÃO

O casal Renatinho e Fabíola, apesar de experientes, mostraram o que podem executar na avenida. Coreografias, sincronismo e leveza deram o tom da dupla. Foi um dos destaques da noite. Como sempre, Vai-Vai sempre aposta em alas coreografadas e, nesta noite, se viu pelo menos três devido aos componentes reduzidos. Por último, Madu Fraga deu show de simpatia e samba no pé. Isso mostra que o Vai-Vai está muito bem servido de rainha de bateria.

Tom Maior – Destaque da noite, a vermelho e amarelo mostra que não está para brincadeira. Foi uma apresentação completa, da comissão de frente até a última ala. Com um inédito enredo indígena, executado pelo carnavalesco Flávio Campello, a agremiação de Sumaré tem um dos melhores sambas do ano, que hoje foi cantado por Beah, devido à ausência do intérprete oficial, Gilsinho. Isso culmina em componentes extremamente dedicados. Ponto positivo para os diretores de harmonia, Gerson e Bruno Freitas. A bateria “Tom 30”, de mestre Carlão, tem bossas, mas não executa com tanta frequência comparada às demais batucadas. A comissão de frente, liderada pelo coreógrafo André Almeida, teve componentes vestidos de indígenas dançando na letra do samba.

Fato é que a Tom Maior tem muito quesito de qualidade, além de estar meio incômoda por não ter conseguido uma vaga no desfile das campeãs em 2023, ficando na sexta colocação. Um grandioso samba, bateria afinada, comissão de frente com o experiente e criativo, André. Apesar de não ter conseguido o resultado adequado no último carnaval, o casal Ruhanan Pontes e Ana Paula, sabe do que é capaz, pois na Colorado do Brás conseguiram os 40 pontos no ano de 2022. Ou seja, uma franca favorita ao título se chama Tom Maior.

Mocidade Alegre – Também destaque da noite, a Mocidade Alegre abriu seu mini-desfile com um tripé com o símbolo do seu pavilhão. Fato é que a ‘Morada’ gosta dessas apresentações e faz questão de ensaiar a todo instante para causar boas impressões. Isso é declarado abertamente. A escola tem um samba totalmente curto e para cima. É uma obra que termina rápido. Claro que dá para entender o enredo, mas no ritmo que a ala musical e a bateria “Ritmo Puro”, de mestre Sombra, impõe, passa em um instante. Falando na música, o intérprete Igor Sorriso novamente vem colocando o seu talento à vera na atual campeã paulistana. É um profissional totalmente identificado com a agremiação e, hoje, já dá para dizer que não se consegue imaginar a Mocidade sem uma voz que não seja o Igor Sorriso, e vice-versa. Foi um casamento que se alinhou perfeitamente. A bateria “Ritmo Puro”, citada anteriormente, executou uma bossa muito interessante, que foi no ritmo do frevo – “Fechei o corpo no catimbó/no frevo saudade só/me embriaguei de carnaval. Esses três versos deram o tom do famoso ‘breque’.

Vale destacar também o casal Diego Motta e Natália Lago. O mestre-sala, que está estreando na escola como oficial, visto que já era da casa, não se intimidou e fez grande apresentação. Com esse samba farofa, a Mocidade quer se ‘embriagar de carnaval’ e tentar levar a décima segunda estrela para sua quadra.

Gaviões da Fiel – Um ponto importante da escola alvinegra é que os componentes de quase todas as alas se comprometeram a desfilar fantasiados com as vestimentas do último carnaval. Isso mostrou o interesse da agremiação em fazer diferente. A comissão de frente, essa que não foi vestida, realizou boas coreografias durante o percurso. Vale ressaltar que a ala é liderada pelo coreógrafo Sérgio Cardoso. Falando do samba, é a mesma coisa que acontece com uma co-irmã. A obra escolhida tem uma característica melódica para baixo, o que ocorre uma queda de andamento. Se canta algumas passagens e a empolgação da arrancada se apaga. * VEJA AQUI FOTOS DA APRESENTAÇÃO

Apesar de tal característica, há de se destacar a qualidade das alas coreografadas que os Gaviões tem. A criatividade do teatro e da dança nos faz entender melhor o enredo.

Águia de Ouro – A escola da Pompéia também tem um samba questionado. Porém é uma das comunidades que mais canta no carnaval paulistano. E tem o fato de entoar os hinos com uma qualidade sonora de se aplaudir, somada à grande performance da ala musical, que é liderada por Douglinhas Aguiar e Serginho do Porto. A parte em que se canta “oiii gente…” realmente se incorpora um Eli Corrêa somada em várias vozes.

Segundo ano do casal de mestre-sala e porta-bandeira João Camargo e Lyssandra Grooters juntos, a dupla parece estar mais entrosada neste ano, principalmente a performance do dançarino, que deu uma aula de samba no pé enquanto cortejava a sua parceira.

Império de Casa Verde – Novamente com um dos sambas do ano, o Tigre vem prometendo outro desfile de briga na ponta da tabela. São dois anos consecutivos na terceira colocação, e a agremiação frisa a todo momento que quer conquistar essa taça custe o que custar. Homenageando a artista Fafá de Belém tendo nela uma figura de cabocla, o Império acaba tendo um enredo metade indígena. Com isso, muita dança desta forma foi vista, especialmente na comissão de frente, coreografada por Anderson Rodrigues. Um ponto positivo para o diretor de carnaval, Tiguês e de harmonia, Serginho, é criar uma coreografia que já é uma sensação na escola, que fica localizada na última parte do samba, onde se canta a música de ‘Emoriô’, de Fafá. Neste momento, parte das alas vão para a direita e a outra vai para a esquerda com os braços levantados, dando um efeito bacana e belo de se observar. * VEJA AQUI FOTOS DA APRESENTAÇÃO

A bateria “Barcelona do Samba”, de mestre Zoinho, executou algumas bossas, justamente nessa parte citada acima. O andamento para o samba foi satisfatório e, novamente, a batucada da escola se destaca como uma das melhores (ou melhor) do carnaval paulistano.

Acadêmicos do Tucuruvi – Era quase 4h da manhã quando o Tucuruvi entrava para fechar as apresentações da “Festa de Lançamento”. A obra da escola é tida como uma das melhores do carnaval e não é à toa. Mesmo com a dificuldade na letra, por conter várias palavras que não estão presentes no nosso cotidiano, a comunidade do ‘Zaca’ está com a trilha-sonora afiada. De fato, é um belo samba-enredo, mas para entendê-lo, requer muito estudo desse dicionário, pois são todas em sequência.

Um movimento interessante que a escola executou, foi fazer uma paradinha a partir da parte “respeite minha ancestralidade”, onde segue, a comunidade cerra os punhos e a bateria volta em uma bossa com atabaque. Tudo isso é feito com sinais de mãos que os diretores de harmonias fazem para as alas juntamente com a bateria verem e sincronizam todo o ato.

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