Liesa apresenta projeto piloto de novo carro de som nos ensaios técnicos deste domingo
A Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro apresenta neste domingo (14), durante os ensaios técnicos de Portela e Unidos da Tijuca, o projeto piloto daquele que será o novo carro de som da Liesa. O plano, que está sendo desenvolvido em parceria com o Estúdio Century, estará totalmente finalizado até o próximo Carnaval.
O novo carro de som representará um investimento de aproximadamente R$ 800 mil, entre elementos técnicos modernos e estrutura, com microfones de alta qualidade que visam proporcionar uma vivência única.
Vale ressaltar que, para otimizar a experiência sonora dos ensaios, ainda neste ano, estão sendo utilizados componentes de última geração, garantindo não apenas um volume potente, mas também uma reprodução cristalina.
Além dos equipamentos, uma equipe profissional, com vasta experiência na área, está sendo montada para assegurar o sucesso da iniciativa, oferecendo suporte dedicado para operar o sistema.
“Os novos investimentos em tecnologia e na equipe de profissionais proporcionarão uma maior qualidade sonora, o que ressalta o nosso compromisso com as escolas de samba do Rio Carnaval e com o público”, destaca o vice-presidente da Liesa, Helio Motta.
Carnavalesco revela sofrimento da Unidos da Ponte com a chuva em barracão
O carnavalesco Renato Esteves, da Unidos da Ponte, publicou um vídeo nas redes sociais, na tarde deste sábado, em que mostra a chuva no barracão, e, infelizmente, afetando o trabalho de produção das alegorias para o Carnaval 2024.
“Bem-vindo à Série Ouro…”, diz o artista no post.
Tristeza ver o seu trabalho ser destruído pela chuva…. 😭😭😭 pic.twitter.com/u9fqbXT5NL
— Renato Esteves (@arrobanatorj) January 13, 2024
Até o momento, ainda não existe uma previsão de lançamento da Cidade do Samba 2, que foi prometida pelo prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, para ser inagurada até o fim do seu mandato, que termina em dezembro de 2024.
A Unidos da Ponte vai levar para a Marquês de Sapucaí, na Série Ouro, o enredo “Tendendém – O axé do epô pupá”, que contará a saga do dendê desde a sua origem mítica em terras africanas, chegando no Brasil através da diáspora. O tema está sendo desenvolvido pelo carnavalesco Renato Esteves.
Com muita chuva, São Miguel volta ao Anhembi e bateria é destaque com bossas
De volta ao Anhembi após longo período na UESP, a Unidos de São Miguel fez seu primeiro ensaio técnico neste retorno. Com o enredo “Um príncipe negro na corte dos esfarrapados”, será a primeira escola a desfilar no sábado do Grupo de Acesso II. Nesta sexta-feira ensaiou sobre muita chuva no Sambódromo do Anhembi, sendo a terceira agremiação no dia e também terceira no ciclo do carnaval de 2024. O que não amenizou nada a forte e intensa chuva durante toda a montagem da agremiação até o fim do desfile. A bateria brincou com bossas e paradinhas, foi o grande destaque, enquanto a comissão de frente que é sempre um mistério, mas tem pontos a melhorar.
Comissão de Frente
É bem verdade que nos ensaios técnicos, o primeiro quesito, a comissão de frente sempre esconde o jogo. Mas, na São Miguel vieram intensos, e com o coreógrafo ajustando marcações. Em alguns momentos teve ajustes a serem feitos na sincronia quando as linhas precisavam alinhar, teve um certo delay, mas ao longo da pista deu para sentir que foi melhorando. Pois neste começo teve essa questão de membros do lado direito, faltou sincronia com o lado esquerdo em dois momentos da coreografia, em um que faziam duas fileiras, e outra uma fileira única, todos lado a lado. No mais, teve momentos bem especiais com dois personagens que variavam com uma coroa e eram reverenciados, em um momento na saia de um deles, era aberta e frase: ‘Favela no Anhembi’. Os dançarinos vieram de dourado e com um chapéu de Águia.
Mestre-sala e Porta-bandeira
Um dos quesitos que mais atuou na tranquilidade nesta estreia de ensaios técnicos foi o de casal, e não foi diferente para Pedro Trindade e Laís Andrade, que estavam vestidos de vermelho, digamos que um grená, combinando no estilo. Seguraram o passo devido a pista muito molhada, escorregadia, portanto, pouco mostraram o jogo. Em alguns momentos na hora de apresentar para as novas cabines de jurados do Anhembi, soltavam um pouco mais, apresentavam o pavilhão e faziam uma coreografia básica. Mas de modo geral, foi bem cadenciado e sem sustos com a pista.
Harmonia
A agremiação teve momentos que estourou no canto justamente quando teve apagões da bateria, em dois momentos específicos, um com cerca de 16 minutos da apresentação, e outro na metade do ensaio. Em ambos o canto foi correspondido, principalmente em um dos trechos do refrão: “É luta, fé e amor, o povo te coroou O príncipe da preta cor” e outro momento de explosão é no refrão de cabeça: “Cheguei! Meu legado vou deixar, Negra voz que jamais se calará”. Durante o ensaio, o canto foi regular considerando a intensidade da chuva que a escola teve em sua montagem e em todo seu ensaio, foi dentro, a escola mostrou vontade e superou percalços climáticos.
Evolução
A escola veio bem compacta, as alas não eram tão cheias, e com bexigas repetindo como vieram na apresentação do Lançamento dos Sambas de 2024. O que dá um visual legal, e no geral a evolução foi bem tranquila. Veio com um contingente dentro do exigido Acesso II, e gostei da leveza dos componentes mesmo diante a chuva. Muitas pessoas alegres, cantando, dançando, mas sem deixar de seguir o ritmo, o andamento, e olha que a chuva estava bem chata realmente. O que podia atrapalhar, não atrapalhou, com isso passaram dentro do tempo com tranquilidade e leveza para encerrar seu ensaio.
Samba-enredo
Conduzido pelo intérprete Jorginho Soares, que uma voz marcante no carnaval de São Paulo, participa da ala musical da Dragões, mas na São Miguel é a voz principal. Correspondeu em um ritmo que o samba pede, junto com sua ala musical. O samba fluiu e foi ajudado pela bateria para explodir principalmente no refrão de cabeça e do meio que tem frases de impacto. No restante do samba, seguiram na regularidade, claro, pequenos ajustes nesta parte serão importantes para trazer a comunidade mais ainda no canto, ainda que tenha sido regular.
Outros destaques
A bateria “Swing da Nitro” merece uma menção honrosa, ou melhor, o grande destaque do ensaio técnico da São Miguel. Mestre Wallace comandando, e mesmo em meio a chuva, vimos bossas sendo feitas, tem trechos do samba que o chocalho junto com tamborim faz uma bossa muito legal. Passaram pela pista soltando bossas, leves, e também duas paradonas que ajudaram demais a alavancar o ritmo da comunidade.
Vale destacar o presidente Renato Buchudo que deu um discurso bem forte para a comunidade antes de entrar na pista, deu para sentir a fala do coração e impulsionando comunidade na volta ao Anhembi. Veio a frente da segunda ala no início, cantando e empurrando a escola, depois foi para outros setores, no fim do ensaio, muito tempo depois, apareceu para retirar as faixas deixadas na pista e olha que tava uma baita chuva. Ou seja, participativo.
A rainha Samanta Castro veio de roxo com pedras brancas, um chapéu seguindo esse ritmo. A madrinha Indy Garcez veio com um look mais ousado. E mesmo com a chuva intensa arriscaram no samba, passando com tranquilidade e leveza pela pista do Anhembi. Destaque para a ala de passistas, não era tão grande, mas com samba no pé e com uma destaque a frente delas, a chuva não atrapalhou nada e muita delas optaram por vir descalças.
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Apesar da forte chuva, comissão de frente se destaca em primeiro ensaio técnico da Colorado do Brás
Por Gustavo Lima e fotos de Fábio Martins
A Colorado do Brás realizou na noite de sexta-feira o seu primeiro ensaio técnico visando a preparação para o Carnaval 2024. Com muita chuva, os componentes compareceram ao Anhembi para dar o pontapé inicial. Vale destacar que novamente a agremiação fez ensaios sobre essas condições, visto que em três treinos do ano passado, dois foram chovendo. Agora, começa dessa forma também. O principal destaque da vermelho e branco foi a comissão de frente. Com grupos soltos, coreografias leves e de fácil identificação, a ala não se intimidou com as condições climáticas e se sobressaiu no teste. Com o enredo “Os encantos da raiz do Mandacaru”, a Colorado do Brás será a quinta a desfilar pelo Grupo de Acesso I.
Comissão de frente
Foi o ponto alto da escola no ensaio. Os integrantes, vestidos com diferentes fantasias, se dividiam em três grupos. O primeiro, o que gerou surpresa, era um homem e uma mulher. Tal encenação, o rapaz colocava a moça dentro de uma mala de viagem, andava por um tempo e depois ela saía para formar um par de dança com ele, sendo com muitas coreografias acrobáticas.
O segundo grupo da comissão também eram casais dançando, só que tinha a função de saudar o público, além de apresentar outras danças, como o xaxado e festa junina. E no terceiro momento, um grupo pegava chapéus de frevo para encenar dentro de um elemento alegórico. Neste quadripé, ainda havia um efeito onde os integrantes da comissão rodeavam e ficava um colorido, em uma espécie de carrossel.
Vale destacar que, apesar de toda a chuva, a ala não se intimidou e conseguiu desempenhar bem a sua função no treino.
Mestre-sala e porta-bandeira
O casal Brunno Mathias e Jéssica Veríssimo, devido à forte chuva que caía e, consequentemente, a pista molhada, optou por priorizar as coreografias dentro do samba. Poucas vezes a dupla realizou o padrão giro horário e anti-horário. Na conduta do pavilhão, Jéssica obteve êxito e não deixou a bandeira enrolar. Dentro dessa estratégia adotada, o jovem casal teve um desempenho satisfatório.
Harmonia
O canto da escola foi linear. Nem oscilou, caiu e nem teve grande evolução. Foi igual o tempo todo durante as alas. Claro que um componente ou outro deu um gás a mais. Entretanto, apesar da alta participação da comunidade no quesito, dá para notar que é algo que ainda pode evoluir, visto que a Colorado do Brás é enxergada como uma agremiação que é alegre e canta forte. Além disso, deve-se bater novamente na tecla da chuva. Talvez, tenha freado o ímpeto da comunidade e até afastado o contingente. Vale destacar o lindo canto da ala de baianas.
Evolução
Na concentração, antes da escola entrar na pista, o presidente Ka pediu para a escola ter cuidado na evolução, não queria ninguém se acidentando, pois a pista estava escorregadia. O pedido maior era para focar no canto. Contudo, o quesito foi uma grata surpresa para a agremiação, visto que houve bastante movimento nas alas, sendo componentes indo de um lado para o outro no seu devido espaço, baianas girando normalmente, passistas tendo digna performance e tudo mais. Porém, vale ressaltar que lá para o final do ensaio, já perto do setor F, algumas alas já vinham em ritmo lento. Nitidamente, eles tiraram o pé do acelerador devido a situação da chuva.
Samba-enredo
O intérprete Léo do Cavaco está bem entrosado com a escola. O samba alegre, animado e que possibilita brincar na avenida, está como uma ‘mão na roda’ para o cantor da Colorado. Com sua performance, ele coloca a comunidade para cima, especialmente com os ‘cacos’ que faz, principalmente o ‘tira o pé do chão’, antes de embalar o refrão principal.
Tal samba-enredo está na boca dos componentes do Brás e só tende a melhorar, como dito no parágrafo da harmonia, além de possibilitar bastante a parte coreografada da comunidade. Destaque para o refrão principal, que por vezes virou uma explosão com a melodia da obra.
Outros destaques
Vale destacar a bateria “Ritmo Responsa”, que está sob nova direção. O mestre Acerola de Angola fez o seu primeiro ensaio técnico com o Colorado do Brás. É um dos mestres mais bem conceituados de São Paulo, pois consegue executar rápidas mudanças por onde passa. Foi assim no Peruche, local que desfilou em 2023 e Barroca Zona Sul em carnavais anteriores. Algumas bossas foram feitas e até ‘apagão’ arriscou.
Destaque para a rainha de bateria Camila Prins, com uma bela fantasia recheada de penas pretas com asas.
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‘Povo pra lá de valente’ da Dom Bosco vence chuva para abrir ensaios técnicos em SP
Por Will Ferreira e fotos de Fábio Martins
A temporada de ensaios técnicos em 2024 foi inaugurada por uma escola que estreia em uma divisão: a Dom Bosco, que pela primeira vez desfilará no Grupo de Acesso I. Nesta sexta-feira, a escola de Itaquera. Com ótimo desempenho em boa parte dos quesitos, a agremiação se adaptou muito bem à forte chuva que caiu durante toda a noite – apesar de um erro bastante pontual. O evento, que já seria considerado bastante satisfatório em condições climáticas favoráveis, pode ser considerado de ótima qualidade graças ao aguaceiro enfrentado. Com o enredo “Um causo arretado de um povo pra lá de valente…O cordel de um nordeste independente”, a azul e amarelo abrirá o pelotão em que está no dia 11 de fevereiro.
Comissão de Frente
O primeiro setor de uma escola de samba costuma ser um dos que mais sofre quando a chuva cai – e ainda mais quando ela é persistente. Não foi o que aconteceu com a Dom Bosco – ao menos na noite de sexta-feira. Com movimentos mais simples (embora rápidos), todos os componentes executaram bem a coreografia proposta, sempre em sincronia. Vale destacar também o “spoiler” dado pelos integrantes: um carrinho com vários objetos que remetem ao Nordeste – como uma sombrinha de frevo e um Sol. A trupe possuía dois homens com roupas diferentes das demais componentes, todas mulheres, que vieram com vestimentais iguais: tops e shorts azuis.
Mestre-sala e Porta-bandeira
Outro quesito que costuma ser com chuvas, a adequação de Leonardo Henrique e Mariana Vieira foi bastante prudente durante todo o ensaio técnico. Sem poder executar movimentos bruscos e rápidos, ambos mostraram-se bem sincronizados na defesa do pavilhão. Engana-se, porém, quem pensa que eles não fizeram giros: com predominância no sentido horário, ambos tiveram destaque ao rodar – com velocidade bastante diminuta para impedir erros. Não foram notados erros no desfraldamento do pavilhão ou com relação a ventos.
Evolução
Mesmo com a chuva, a Dom Bosco veio bastante leve para o Anhembi – e isso ficava evidente na predominância de alas que não eram coreografadas ao longo da escola. Mesmo assim, a agremiação estava bastante solta: brincando, sambando e se movimentando. Mesmo com ótimo contingente de pessoas, todos os setores estavam bem organizados e aproveitando a honra de ser a primeira escola a fazer um ensaio técnico no Anhembi em 2024. Importante destacar, também, a cobrança que o staff da escola fazia aos componentes, pedindo mais canto e movimentação a todo instante. O bom desempenho no quesito pode ser visto pelo recuo de bateria: de quando os ritmistas viraram para o box até a ala seguinte ocupar totalmente o espaço à frente, foram cerca de cem segundos – tempo exíguo para movimento tão importante.
Samba-enredo
Muito elogiado desde quando foi apresentado à comunidade e aos sambistas em geral, a obra teve boa aceitação na passarela e nos presentes no Sambódromo – ainda que poucos, concentrados sobretudo na Arquibancada Monumental (Setor B). O carro de som, novamente muito bem comandado por Rodrixo Xará, teve desempenho abrilhantado por Ariane Cuer e Yara Melo, que iniciaram o samba-enredo com versos musicados relativos ao enredo.
Harmonia
No seco, já daria para dizer que a escola teve bom canto ao longo de toda a passagem pelo Anhembi. Se pensarmos na persistente chuva que caiu durante todo o evento, entretanto, é justo dizer que Itaquera teve desempenho fantástico ao defender o samba-enredo da escola. Foi no quesito, entretanto, que aconteceu o único deslize da agremiação na noite: durante um dos apagões da Gloriosa, bateria muito bem comandada por mestre Bola, as duas primeiras alas da agremiação estavam em tempos diferentes do samba – quando o verso cantado por uma estava começando, a outra já estava no final. Embora houvesse o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira entre elas, tal situação não pode acontecer na noite do desfile. É importante destacar que, em todos os outros apagões dos ritmistas, o canto desritmado não foi notado – sendo, portanto, algo extremamente pontual.
Outros destaques
A corte de bateria tinha três integrantes: duas mulheres e um homem. Como as arquibancadas não estavam cheias por conta da chuva, todos fizeram questão de interagir com os demais componentes da escola, incentivando-os a cantar e evoluir ainda mais.
Vale destacar, também, a ala das baianas já com uma saia bufada, sempre com as cores azul e amarela da escola – ainda que não fantasiadas. Também foi possível observar alguns pontos sobre alegorias: o abre-alas é bastante extenso, e traz pessoas fazendo, ao menos, dois tipos distintos de coreografia – deixando todos curiosos a respeito.
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Coreógrafos da comissão de frente da Beija-Flor querem ir além de 2023
Prestes a fazer o segundo desfile desde a chegada na Beija-Flor de Nilópolis, a dupla de coreógrafos formada por Jorge Teixeira e Saulo Finelon já está mais do que entrosada com a escola. Mesmo com o nervosismo da estreia, os dois responsáveis pela comissão de frente conseguiram apresentar um trabalho elogiado pela direção da agremiação e que obteve os 40 pontos dos jurados. Agora, a missão, segundo eles, é manter esse patamar e ir ainda mais além.

“Quando mudamos de escola é um gás a mais, porque tem que suprir as expectativas. Ficamos muito felizes com o resultado e a Beija-flor também ficou. Esse segundo ano não tem jeito, a gente tem compromisso com a excelência, então nunca vamos relaxar. A gente sempre quer mais. É uma agremiação maravilhosa, com uma família que abraçou a gente e uma estrutura fora do normal. Estamos com todos os pré-requisitos preenchidos e agora só cabe a nós mesmos fazer o que deve ser feito”, garantiu Saulo Finelon, em entrevista na final de samba para 2024.
“Como o Saulo falou, foi o primeiro ano. No segundo já ficamos um pouco menos tensos. A escola tem uma estrutura incrível e nós temos todas as condições de fazer um bom carnaval. É o que estamos buscando. A comunidade nos abraçou e isso também nos deixou mais tranquilos – ficamos oito anos em uma escola. Esse carinho da comunidade faz a gente se sentir em casa. Nesse segundo ano a coisa está melhor ainda”, completou Jorge Teixeira.
Freddy Ferreira: ‘A importância dos ensaios na Sapucaí para as baterias’
Se tem uma ocasião em que ritmistas, diretores e mestres aguardam com ansiedade é o dia de levar a bateria para ensaiar na Sapucaí. Seja o treino mais reservado do setor 11 ou mesmo o ensaio técnico oficial, indiscutivelmente, se tratam de momentos preciosos para que seja avaliada a bateria e definido o norte do trabalho na reta final do pré-carnaval.

Nesses ensaios algumas coisas podem ser notadas, absorvidas e quiçá posteriormente modificadas. Por meio deles é plenamente possível avaliar se a integração musical das bossas casou com o samba pela Avenida. E, consequentemente, se a conjugação dos sons ocorre de forma equilibrada e com uma equalização de timbres que permita a apreciação total de cada detalhe do ritmo. Ainda que uma bateria ensaie na rua, a sonoridade proporcionada pela Marquês é diferenciada, devido a sua própria arquitetura e alguns detalhes musicais só podem ser conferidos por lá mesmo. É um momento próspero para refletir sobre ajustes, caso alguma dificuldade envolvendo a execução de algum naipe seja percebida.
Também acaba sendo um momento propício para acompanhar o andamento do samba e sua manutenção. Vale, inclusive, constatar se esse andamento oscila tanto na realização de bossas, quanto na retomada do ritmo. Outra atitude válida é conferir a limpeza dos naipes, buscando a fluidez rítmica. As peças leves, por causa de possuírem timbres mais agudos, normalmente são as que requerem mais atenção nessa análise, pois às vezes por mais sutil que seja uma eventual alteração, ela poderá ser benéfica para todo o ritmo, de forma geral. Por mais árduo que seja, refletir de forma minuciosa pode sim representar uma avaliação musical positiva, contribuindo para a almejada nota máxima.
Outro detalhe que poucos avaliam ou mesmo notam diz respeito às cordas do carro de som. Sabemos da qualidade indiscutível de inúmeros músicos do nosso Carnaval. Entretanto, a criação rítmica precisa e merece ser respeitada, evitando assim ser encoberta por violões e cavacos que, por vezes, tentam repetir o que determinados naipes fazem.
Claro que algumas nuances musicais são pra lá de benéficas, desde que não impossibilitem a assimilação rítmica total dos arranjos da bateria. Se as cordas não estão contribuindo nas paradinhas ao fazer coisa a mais, tocam por cima das bossas impedindo a audição plena ou mesmo estão de certa forma “sujando” o arranjo musical é primordial que seja reavaliado e principalmente corrigido. Ensaios da Sapucaí são os momentos mais pertinentes para esse tipo de análise.
Outra boa oportunidade que esses treinos já no campo de jogo oferecem é a possibilidade de conferir o impacto da interação popular com o ritmo e com as paradinhas. O quanto os arranjos musicais propostos para o Carnaval balançam o público e permitem que a experiência sensorial provocada cative a plateia. Ainda que não seja critério de julgamento, bateria de escola de samba gosta demais de dar espetáculo, faz parte da cultura rítmica carioca, portanto, a busca invariável pelo sacode.
Uma coisa incompreensível é um som extremamente alto num ensaio de bateria no setor 11. São treinos nos dias de semana, sem presença maciça de público, cuja função principal é poder avaliar o ritmo. Colocar um volume elevado dificulta a percepção musical de todos os naipes da bateria. É praticamente jogar aquele ensaio importante fora colocar um carro de som estridente, devido ao volume excessivo, num dia que a bateria é o foco principal do treino. É preciso tomar cuidado com essa questão e assim maximizar o potencial de evolução e crescimento de um treino com caráter diferenciado.
Sejam em escolas de grupo Especial ou de Acesso, os ensaios de ritmos na Sapucaí são os que têm maior quórum. No caso do Acesso, inclusive, são praticamente os únicos de bateria verdadeiramente cheia para a maioria das agremiações. Sendo assim, é possível afirmar que culturalmente o técnico na Avenida é o ensaio mais importante para qualquer bateria de escola de samba.
Sua importância vem junto com um temor cada vez mais crescente entre as baterias, o do pré-julgamento. Quanto um erro de um ritmo no ensaio técnico impacta ao tendenciar a avaliação dos jurados no Carnaval? Inicialmente, soa particularmente injusto que qualquer bateria seja julgada por causa de algo ocorrido em um ensaio. Ensaio é onde eventuais erros ocorrem. Vale mencionar que os treinos existem exatamente para que através dos equívocos, as correções sejam devidamente realizadas. Carnaval é na Avenida e Ritmo de Bateria deve ser julgado pelo ocorre na pista, no dia do desfile oficial.