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Alegorias altas chamam atenção no desfile da Unidos de São Lucas

Por Will Ferreira e fotos de Fábio Martins

Segunda escola a desfilar no Grupo de Acesso II neste sábado, a Unidos de São Lucas, claramente, mostrou poder de investimento e ótima capacidade de realizar carros alegóricos bastante imponentes e belos. Também chamou atenção o samba-enredo, dos mais aclamados de todo o carnaval paulistano, e a evolução do casal de mestre-sala e porta-bandeira – que, pouco a pouco ao longo do ciclo carnavalesco, melhoraram e tiveram exibição bastante segura. O canto da agremiação, entretanto, foi irregular (e abaixo no segundo setor) e o tripé da comissão de frente tinha ao menos uma rodinha aparente. O desfile para defender o enredo “O Canto das Três Raças… o grito de alforria do trabalhador!” durou 58 minutos.

Comissão de frente

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Coreografada por Paula Andari e intitulada “O Anúncio do Lamento Imortal”, os componentes interagiam com o público e com o tripé em diversas oportunidades, chamando o pessoal para cantar. O segmento era composto por diversos bailarinos vestidos como araras, com um belo esplendor (chapéu) e roupas que variavam entre azuis, verdes e amarelas. O tripé, que simulava um navio, tinha um outro componente, fantasiado como explorador; e tinha detalhes como caveiras – dando a entender que os portugueses, em especial, agiam como piratas na época da chegada ao país. Não houve grande interação entre quem estava no chão e o tripé em si – que, por sinal, tinha pelo menos uma das rodinhas bastante aparente.

Mestre-sala e Porta-bandeira

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Após um primeiro ensaio técnico de pouco brilho e uma segunda apresentação com muita evolução, Erick Sorriso e Victória Devonne completaram uma Jornada do Herói própria. Com atuação bastante segura e em franca evolução, ambos não tiveram erros técnicos em nem um dos quatro módulos, optando pela segurança em todo o trajeto. Vale destacar o belíssimo figurino de ambos, com vários adornos indígenas – ela com um misto de cores, ele com predominância do vermelho e do azul.

Enredo

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A proposta da agremiação é falar das lutas dos trabalhadores por direitos, justiças e condições melhores para desenvolver a própria labuta. A exaltação a cada um deles foi inspirada na música “O Canto das Três Raças”, imortalizada na voz de Clara Nunes – e a canção, por sinal, foi importante para permear o fio condutor de toda a apresentação. Nos primeiros segmentos, os exaltados serão os povos originários (com direito ao carro abre-alas e ao primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira); depois, chegou a vez dos afrodescendentes; por fim, os povos europeus (que também exploraram) são citados. A última das onze alas, chamada “Grito Coletivo de Alforria” dava o tom para tudo que a escola queria passar ao público: depois de toda a luta, era chegada a hora de se livrar de toda e qualquer amarra. A linha cronológica da temática foi muito bem apresentada ao longo de todo o desfile.

Alegorias

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Chamou atenção a altura dos carros alegóricos da vermelho, preto e branco da Zona Leste. O abre-alas, intitulado “Essa Terra Tem Dono!”, bastante alto, representava o Brasil na época da chegada dos europeus, com muito verde e índios – e esculturas bastante bonitas e bem acabadas. Já o segundo, “Fortaleza de Zumbi”, representava todo o Quilombo dos Palmares – com diversos escravos fugidos e que era reconhecido pela maneira bastante eficiente de trabalho internamente.

Fantasias

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Na cabeça da escola já era possível ver que o conjunto de fantasias estava bastante belo. As araras da comissão de frente, utilizando fitas e um belo esplendor, deixaram isso claro; a ala seguinte, “Os Invasores Portugueses”, tinha vários navios com velas e a cruz de malta lusitana. Ao longo de todo o desfile, as fantasias permaneceram em ótimo estado de conservação no geral – e, também, se mantiveram com belo efeito estético. Como erro, a reportagem notou, apenas, que uma das correntes de uma das pedras dos guardiões do casal de mestre-sala e porta-bandeira estava presa na pedra, e não colada – como todas as demais

Harmonia

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Tido como um dos melhores sambas do Grupo de Acesso II (e, por que não, de todo o carnaval paulistano), a escola teve canto irregular no desfile como um todo. A cabeça da agremiação tinha bom canto, com destaque para a já citada ala “Os Invasores Portugueses”. Após o carro abre-alas, entretanto, o volume da escola diminuía sensivelmente. E, depois da segunda alegoria, os componentes voltavam a cantar em bom tom.

Samba-enredo

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Como dito anteriormente, a canção da Unidos de São Lucas foi muito celebrada desde quando foi apresentada à comunidade e ao público – e, além da inspiração, não havia cacofonia ou excesso de repetições silábicas na obra de Well Pereira, Cacá Camargo, Osmar Menato, Henrique Hoffmann, Kátia Rodrigues, Luiz Jacaré, Bruno Pasqual e Paulinho Valença. Se o desfile optou por mostrar grupos de trabalhadores, a canção ilustrava alguns atos marcantes na história – como a Inconfidência Mineira e a construção e queda do Quilombo dos Palmares. O único momento no qual o samba-enredo trazia alguma referência ao clássico de Clara Nunes foi o verso “Ôôôôô… o grito do povo marcado de dor”. Também vale ressaltar Tuca Maia, intérprete da escola, que estava fantasiado de bombeiro e tentava chamar o público para cantar com a agremiação.

Evolução

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De maneira bastante uniforme, a escola progrediu ao longo do Anhembi sem qualquer tipo de sobressalto. Um dos poucos pontos negativos nesse quesito foi o recuo da bateria: em um movimento simples, indo à direita quando o carro abre-alas ainda estava na metade do espaço do box, a agremiação ficou cerca de dois minutos para completar o movimento. A agremiação optou por paralisar toda a escola enquanto a ação era feita, e a ala posterior, “Jesuítas – Exploração e Opressão”, foi pouco célere para ocupar todo o espaço.

Outros destaques

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Mostrando muito entrosamento com a agremiação, a corte de bateria teve três destaques nas cores da agremiação. Pepita, madrinha da Bateria USL, estava de branco; Pamela Lino, a musa, estava de preta, e Juliana Fenix, a rainha, veio de vermelho.

Unidos de São Miguel abre Acesso 2 de SP com boa estética visual e muita energia

Por Eduardo Frois e fotos de Fábio Martins

De volta ao Sambódromo do Anhembi após dez anos, a Unidos de São Miguel abriu a noite de desfiles do Grupo de Acesso II com boa estética visual e muita energia. O destaque da exibição ficou por conta da beleza e do cuidado com as fantasias, além da bateria Swing da Nitro. A Tricolor do Extremo Leste paulistano apresentou o enredo “Um príncipe negro na corte dos esfarrapados”.

Comissão de Frente

A indumentária da comissão de frente da São Miguel simbolizava a realeza africana Onze componentes que utilizavam fantasias em tons de preto e bege, com detalhes em vermelho e muito brilho dourado. Dois integrantes vieram na mesma paleta de cores que o restante do segmento, porém com roupas distintas dos demais.

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Um desses integrantes carregava uma coroa dourada e vermelha, enquanto o outro utilizava um elegante traje inspirado nas estamparias características da arte ancestral da África. O traje desse último componente, em determinado momento da dança, exibia o trecho do samba: “Vossa majestade, Rei da Ralé”.

A coreografia foi executada pelo grupo de forma precisa e dinâmica, intercalando movimentos rápidos, com outros mais lentos. O ponto alto da apresentação é a coroação do grande homenageado pela escola, Dom Obá. Destaque para o cuidado com a maquiagem dos integrantes, que não se desfez durante o desfile. O cadarço do sapato de um dos componentes se desamarrou ao longo da avenida, mas não prejudicou a evolução de sua dança.

Mestre-sala e Porta-bandeira 

O casal Pedro Trindade e Laís Andrade desenvolveu a sua coreografia com elegância, em passos seguros para apresentar o pavilhão da tricolor do Extremo Leste paulistano. Unindo graça e desenvoltura, eles vieram representando a “África, Mãe Terra” dentro do enredo. A passagem da dupla pelos módulos de julgamento ocorreu sem contratempos.

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A luxuosa fantasia do primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da Unidos de São Miguel simbolizava a riqueza presente no continente africano. O casal vestia uma roupa em tons terrosos, com bastante búzios, pedrarias e brilho dourado. Pedro utilizava um costeiro com penas marrom, que tambem estavam presentes na saia de Laís. Ambos também tinham na composição de suas vestimentas um recorte de uma estampa de zebra.

Enredo

A Unidos de São Miguel trouxe para a passarela do samba paulistano a história de Cândido da Fonseca Galvão, conhecido popularmente como Dom Obá. O personagem principal do enredo ganhou notoriedade como militar do Exército Brasileiro durante a Guerra do Paraguai, chegando a ser amigo de D. Pedro II, o imperador da época.

O contingente inicial da escola veio todo inspirado na ancestralidade da realeza africana, uma vez que Dom Obá é neto de Abiodum, o rei do Império de Oió. A partir da segunda ala, a São Miguel passou a contar a trajetória de seu homenageado no Brasil, do nascimento à sua participação na Guerra do Paraguai.

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Em seguida, o enredo mostrou a relação de amizade que surgiu entre Dom Obá e Dom Pedro II. Já na parte final de seu desfile a Unidos apresentou o “Baile da Ilha Fiscal”, momento em que Cândido da Fonseca traz consigo o povo da Gamboa (a chamada Pequena África) para o baile da corte imperial, tornando-se o príncipe dos esfarrapados.

O enredo da São Miguel foi assinado pelos carnavalesco Alexandre Callegari e Natanael Serra (afastado por motivos de saúde).

Alegorias

O carro abre-alas da Unidos de São Miguel veio com o brasão da escola à frente, contornado por uma iluminação de fios de led vermelho. Em seguida, três esculturas de corpos negros tocando atabaque, além de uma grande escultura representando toda a suntuosidade e realeza africana. O carro estava predominante nas cores marrom, dourado, amarelo e laranja; com um belo acabamento em materiais como palha, búzios e estamparias. A parte traseira continha ainda um grande rosto dourado.

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A segunda alegoria da agremiação da Zona Leste trazia um grande bonde à frente, decorado em azul e dourado, com uma destaque em cima, com sua fantasia nas mesmas cores. Dois postes de luz no estilo clássico, um de cada lado, completavam a parte frontal. Já a saia do carro foi revestida com as cores verde e amarelo, em referência à bandeira nacional. Uma grande coroa, dourada por fora e azul por dentro, compunha a parte superior central, enquanto a parte traseira tinha duas esculturas e três bandeiras do Brasil na época do Império.

Fantasias

A escola apresentou um belo conjunto de fantasias. A primeira ala da Unidos de São Miguel trouxe para a avenida um estandarte representando o Reino de Oyó. A fantasia veio nas cores laranja e branco, com detalhes em marrom e dourado, combinando com a paleta de todo o primeiro setor da escola. O sertão nordestino foi tema da segunda ala, que trazia componentes com chapéu de cangaceiro e diversas fitinhas coloridas.

Destaque para a luxuosa roupa da ala das baianas, que representou a Pequena África. O tradicional segmento da escola veio nas cores branco e verde, com detalhes de acabamento em dourado, o que proporcionou um belo efeito visual quando elas giravam na avenida.

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A ala 8, “Voz do povo nos jornais”, também apresentou uma bela indumentária, nas cores branco, dourado e laranja claro. O costeiro da fantasia dessa ala trazia uma replica da capa do jornal Gazeta de Noticias.

As últimas duas alas da São Miguel chamaram atenção pela diversidade. A ala 11 “Cultura do povo negro no Rio mesclava nas fantasias de seus integrantes as cores de tradicionais escolas de samba carioca (verde e rosa da Mangueira, vermelho e branco do Salgueiro, azul e branco da Portela). Por fim, a ala 12 simbolizou a “Corte dos esfarrapados”, inspirada no enredo “Ratos e Urubus larguem minha fantasia” da Beija-Flor em 1989

Harmonia

A Tricolor do Extremo Leste desfilou no Anhembi com cerca de 800 componentes divididos entre 12 alas e 2 carros alegóricos. Em geral, a escola cantou o samba-enredo ao longo de sua passagem na avenida. Porém, algumas alas como a ala 5 “Alferes Galvão – Voluntários da Pátria” e a ala 7 “Elos com a corte imperial” poderiam ter se empenhado mais para entoar o hino da São Miguel para este carnaval.

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Samba-enredo

O samba-enredo da São Miguel foi conduzido com excelência pelo intérprete Jorginho Soares e toda a sua ala musical. O que fez com que a escola mantivesse a sua animação incial ao longo da passarela. As bossas realizadas pela bateria “Swing da Nitro” também contribuíram para que os dois refrões fossem cantados com mais intensidade pelos componentes. A foi composta por Jorginho Soares, Renne Campos Liso, Marcio Biju e Andherson Cicinho.

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Evolução

A Unidos apresentou uma evolução correta e uniforme ao longo do sambódromo do Anhembi, sem apresentar grandes clarões na pista. A única ressalva ficou por conta de um leve espaço entre o carro abre-alas e o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, enquanto eles se apresentavam no primeiro modulo de julgamento. A alegoria seguiu em frente, obrigando os dois a se exibirem em movimento. A São Miguel fechou seu desfile sem acelerar o passo para passar dentro do tempo regulamentar.

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Outros Destaques

Quem esteve presente no Anhembi para ver a abertura do carnaval paulistano assistiu à uma grande apresentação da bateria “Swing da Nitro”, de mestre Wallace. O segmento da escola ajudou a impulsionar o samba-enredo e a contagiar os componentes da escola.

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A rainha da bateria Samanta Castro desfilou com uma fantasia dourada com um costeiro de penas vermelhas. Enquanto a madrinha da bateria Indy Garcez vestia uma fantasia laranja, vermelho e preto, com o corpo a mostra.

Fotos: desfile da Unidos de São Lucas no Carnaval 2024

Fotos: desfile da Unidos de São Miguel no Carnaval 2024

Liga-RJ divulga nomes dos julgadores que irão atuar nos desfiles da Série Ouro de 2024

A Liga-RJ reuniu neste sábado, em sua sede oficial, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, as agremiações que fazem parte da Série Ouro para apresentar os julgadores que vão trabalhar nos desfiles de 2024. Os nomes foram aprovados com unanimidade. Assim como em anos anteriores, a Liga-RJ promoveu o curso de julgadores durante seis sábados com aulas, explanações e trocas de aprendizado, sempre das 9h às 17h. No total foram mais de 40 horas de preparação, que incluíram aplicação de provas, com correção comentada e, testes de atenção com devolutiva.

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Foto: Divulgação

Além de estudos de caso sobre desfiles de edições anteriores. A Liga-RJ vem acreditando e investindo nesse processo de aprendizagem continuada a cada ano com melhorias, para qualificar ainda mais o corpo de julgadores.

Das 04 (quatro) notas concedidas por quesito a cada escola, serão consideradas válidas apenas as 03 (três) maiores, descartando a menor. Os desfiles serão realizados nos próximos dias 09 (sexta-feira) e 10 (sábado) de fevereiro, às 21h. Cada agremiação terá o mínimo de 45 minutos e o máximo 55 minutos para passar pela Avenida. Confira a seguir os nomes dos julgadores selecionados.

MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA
Elizeu Miranda
Simone de Lima
Marta Duarte
Thiago Willians

COMISSÃO DE FRENTE
Flávio Xavier
Fernando Gomes
Simone Alencar
Fábio Canejo

EVOLUÇÃO
Roberto Manhães
Matheus Abreu
Jaqueline Rodrigues
Karina Silva

ENREDO
Fabrício Herbeth
Clécia dos Reis
Talita Veloso
Ana Ribeiro

FANTASIA
Anderson Ferreira
Luciano Moreira
Adrian Nunes
Izabella Nobre

ALEGORIAS E ADEREÇOS
Ana Maria Bottoni
Sérvolo Alves
Renato Costa
Camila Mendonça

HARMONIA
Paulo Roberto Fidelis
Alexandre Magalhães
Jair Silva
Jorge Carvalho

SAMBA-ENREDO
Renato Vazquez
Fernanda Gonçalves
Bárbara Siqueira
Vinicius Cesar

BATERIA
Paulo César Correa
Digo Braz
Jorge Luiz
Ricardo Oliveira

SUPLENTES
André Lima (módulo música)
Leonardo Fartura (módulo visual)
Paula Nogueira (módulo dança)

Valéria Valenssa visita Maricá e se encanta com políticas públicas

Maricá recebeu na sexta-feira a visita da modelo, empresária e eterna ‘Globeleza’, Valéria Valenssa. Ela conheceu de perto as políticas públicas implementadas pelo município, que se tornaram exemplo de gestão no Brasil e no exterior, e se encantou com diversas iniciativas da administração pública. Acompanhada pelo prefeito Fabiano Horta, Valéria Valenssa passou pela Rodoviária do Povo de Maricá, no Centro, onde embarcou em um ônibus “vermelhinho”, que circula gratuitamente por toda a cidade há quase dez anos, desde a criação do programa Tarifa Zero.

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Fotos: Gabriel Ferreira/Divulgação

A modelo e empresária foi nomeada simbolicamente como “embaixadora da cidade”, numa referência à frase cunhada por moradores: “Maricá é meu país, meu país é Maricá”. A ligação da eterna “Globeleza” com o município é antiga, pois o pai dela mora no bairro Itapeba há 30 anos.

“Eu tenho uma aliança familiar com Maricá. Tem 30 anos que meu pai veio para cá. Era um sonho dele que eu tive o privilégio de realizar. Vocês podem imaginar a sensação que eu tenho hoje, de ter investido no sonho do meu pai, há 30 anos, e poder receber tanto carinho, sendo uma das representantes do povo de Maricá. Estou muito feliz. Isso faz parte da minha história e, daqui para frente, vai fazer mais ainda. É um privilégio ser embaixadora da cidade e poder representar cada pessoa, no Brasil e fora dele”, afirmou.

Durante a visita, Valenssa participou de um encontro no Cine Henfil, com a presença de gestores e estudantes do programa Passaporte Universitário, que proporciona ensino superior gratuito em universidades privadas a mais de seis mil estudantes.

“Vale a pena a gente sonhar e acreditar no nosso sonho. O que eu percebo aqui em Maricá é que a gestão do Fabiano Horta quer sonhar junto. Vocês têm todas as oportunidades, da condução do Tarifa Zero, do Passaporte Universitário e da rede pública de saúde. Saibam que Maricá quer sonhar junto com vocês, e que vocês não percam essa oportunidade”, disse a modelo aos estudantes.

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Ela também conheceu o programa de economia circular, com transferência de renda por meio da moeda social Mumbuca, que beneficia milhares de moradores; as iniciativas de agricultura urbana, como os Jardins Comestíveis e o Baldinho do Bem; e os programas de Proteção ao Trabalhador, com garantias e incentivo à formalização de empreendedores locais, entre outras políticas públicas de Maricá.

“Ela quer muito passar esse legado para as novas gerações que estão chegando e vivenciando essa cultura do Carnaval, quer passar o legado dessa vivência do carnaval no seu sentido da alegria, da agregação de pessoas, na simbologia e estética que o carnaval carrega. Acho que o encontro com Maricá foi muito bacana, um encontro pregresso familiar, em uma fala muito clara de que ela conhece muito Maricá de ouvir falar. Então, esse ouvir falar, muito de fora, ganha mais uma voz para contar a história da transformação que Maricá tem vivido”, comentou o prefeito Fabiano Horta.

Ao final do encontro, a bateria da Escola de Samba Unidos de Maricá animou o público tocando o samba-enredo que levará para o desfile da Marquês de Sapucaí, na disputa pela Série Ouro, na sexta-feira, dia 09 de fevereiro..

Rainha da bateria e presidente da escola-mirim, Evelyn Bastos sente que está agradecendo em arte tudo o que Alcione representa para a Mangueira

Inspiração e empoderamento, são palavras e sentimentos que as mulheres de Mangueira carregam consigo, Alcione e Evelyn Bastos não fogem à regra. Indo para 11 anos à frente da bateria da Verde e Rosa, ao ser questionada se ainda fica apreensiva antes de entrar na avenida, a rainha não nega.

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Foto: Diego Mendes/Divulgação Rio Carnaval

“Nossa, sempre. É um chão muito quente, é um chão diferente. É um chão que faz com que as nossas lembranças se aflorem. Então cada ano é diferente, cada jogo é um jogo. Dá sempre um frio na barriga”, revela Evelyn.

Além de rainha da bateria por mais de uma década, Evelyn está indo para o seu terceiro ano como presidenta da escola mirim Mangueira do Amanhã, fundada por Alcione. A rainha reconhece a imensa importância da cantora para a comunidade mangueirense, além da sua responsabilidade em reinar à frente da bateria e presidir um projeto, como a escola mirim, cujo objetivo é deixar o samba morrer, assim como Alcione canta.

“Nossa, é uma responsabilidade muito grande, mas é um ano muito especial, que a gente vem falando de Alcione, que é a nossa fundadora. Então, acaba tornando tudo com muito mais afeto. Até me sinto abençoada por poder viver esse momento. De presidir a Mangueira do Amanhã e, ao mesmo tempo, ser rainha de bateria, cantando para a Alcione, sabe? Eu me sinto como se eu estivesse agradecendo em arte tudo que ela representa para a gente”, disse a rainha.

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Foto: Filipe Aires/Divulgação Rio Carnaval

A respeito da fantasia, Evelyn não quis dar muitos detalhes a respeito, mas pelo pouco que confidenciou, já dá para perceber que tem relação com a Marrom.

“Eu não posso dar spoiler para vocês, mas é uma fantasia diferente, irreverente e, ao mesmo tempo, traz um empoderamento”, conta Evelyn.

Evelyn, que é filha de rainha de bateria da Mangueira, foi rainha da Mangueira do Amanhã, foi passista, rainha do carnaval carioca e tem irmã passista da Verde e Rosa, hoje como rainha da bateria, é uma voz ativa e atuante pela presença de mais mulheres da comunidade no cargo de rainha da bateria.

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Foto: Diego Mendes/Divulgação Rio Carnaval

“Eu pude viver nesses 11 anos de reinado, essa transição da preferência dos muitos faisões e da mídia, para a rainha de bateria de origem e de essência, então eu pude acompanhar essa transição, viver essa transição e me sinto extremamente feliz, eu acredito que esse é o caminho para que a gente tenha o carnaval por muitos e muitos anos valorizando a nossa gente, valorizando os nossos corpos, valorizando o nosso povo, que detêm o carnaval, a cultura do carnaval, a essência do carnaval, o ânimo do carnaval estão na mão do suburbano favelado. Sendo assim, nada mais justo, pela ordem ancestral do samba, de coroar uma mulher com origem da sua gente, que reconhece a sua gente, que reconhece seu povo. Eu acredito que a gente esteja no melhor caminho possível. Demorou, mas aconteceu, é uma construção, mas a gente já vê resultados”, finaliza a rainha.

Série Barracões: Com a fé da comunidade, Unidos de Padre Miguel promete buscar o milagre da Vila Vintém

Na busca pelo tão sonhado acesso ao Grupo Especial, a Unidos de Padre Miguel levará para a Marquês de Sapucaí um dos maiores símbolos de devoção do povo nordestino. Com o enredo “O Redentor do Sertão”, assinado pelos carnavalescos Edson Pereira e Lucas Milato, a escola contará a história de Padre Cícero, que completaria 180 anos neste ano, e aposta na fé para a busca do milagre da Vila Vintém.

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Fotos: Raphael Lacerda/CARNAVALESCO

Com grandes desfiles ao longo dos últimos anos, no mundo do carnaval a escola da Zona Oeste é considerada uma das favoritas na briga pelo título da Série Ouro. Em 2023, a escola bateu na trave e garantiu o vice-campeonato. No carnaval deste ano, para somar à força da comunidade, o carnavalesco promete mais um desfile marcado pela luxuosidade e grandes alegorias.

“Neste ano, o nosso grande objetivo foi entregar ao público o que eles esperam da Unidos. É um desfile que será grandioso, imponente, com alegorias volumosas e fantasias luxuosas – como eles (torcedores) gostam. Acredito que o grande objetivo quando iniciamos o processo de criação do desfile foi entregar para a nossa comunidade algo que eles já esperam da Unidos de Padre Miguel. Eles podem esperar uma escola que por mais um ano brigará pelo campeonato – e se Deus quiser, vai conseguir”, afirma Lucas Milato.

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“Padim Ciço”, como era conhecido, foi uma importante figura religiosa e política para o Vale do Cariri, no sul Ceará, entre os séculos 19 e 20. Em 1889, um suposto milagre ocorrido na capela de Nossa Senhora das Dores, em Juazeiro do Norte, transformou a vida do padre e da cidade. Ao participar da comunhão geral, a hóstia sangrou na boca de uma fiel. No enredo, a escola de samba vai falar sobre a importância do padre milagreiro na vida e na cultura do Sertão nordestino. Os carnavalescos baseiam-se em relatos místicos do povo nordestino e fatos da bibliografia de Padre Cícero.

O personagem homenageado pela equipe da Vila Vintém já foi citado em alguns desfiles, mas nunca havia sido tema de enredo. Em 2019, foi representado na comissão de frente da União da Ilha. No Carnaval paulista do ano passado, foi homenageado em um carro alegórico da Mancha Verde que representava a fé do povo nordestino. Segundo Milato, o enredo sobre o milagreiro do Sertão surgiu através de um desejo da direção da agremiação em falar sobre milagres.

“Ele é muito presente em diversos desfiles, mas nunca como protagonista. Decidimos dar esse protagonismo contando a história dele. Para isso, criamos um conto baseado nos sentimentos do sertanejo e em relatos – alguns reais e outros fantásticos – do próprio povo do Cariri para montar e estruturar esse conto e de uma forma mais lúdica contar a história do Padre Cícero. O mais interessante é justamente o norte que a gente deu para o desfile como um todo. São os relatos místicos do povo nordestino que permeiam essa relação dele com o Juazeiro e com a região do sertão de uma maneira geral. Conseguimos nos basear bastante nesses relatos e, junto com alguns fatos reais da bibliografia, estruturamos essa viagem que vamos fazer na história de vida dele”, explica.

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O desfile é dividido em três setores baseados em sentimentos do povo do sertanejo: o primeiro fala sobre a esperança, o segundo sobre o medo e o terceiro aborda a fé. O carnavalesco acredita que um dos grandes trunfos da agremiação é conseguir passear por diversos estilos estéticos e apresentar em cada setor uma plástica específica.

“Iniciamos o nosso desfile com uma estética mais infantil para falar da chegada de Padre Cícero em Juazeiro, e no segundo setor já conseguimos brincar um pouco mais com as cores. É um setor bem obscuro, porque falamos sobre o apocalipse do Sertão. Mas para falar sobre esse apocalipse, nos inspiramos no folclore nordestino e conseguimos brincar bastante com as cores quentes. No terceiro vamos finalizar com muito luxo, que é o que a Unidos de fato gosta. É quando começamos a falar sobre a ascensão do Padre Cícero e da visibilidade que ele ganha mundialmente. Consequentemente falamos das romarias, e nos pautamos muito no barroco da igreja católica. Conseguimos passear nestes três estilos estéticos – além da estética de cordel que está presente ao longo de todo o desfile”, conta.

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Este é apenas um dos trunfos de uma escola que conta com a força de sua comunidade durante os desfiles. Apesar da força plástica prometida para esse Carnaval, Milato enfatiza a estruturação da Unidos e a força da Vila Vintém como os grandes destaques.

“A escola por si só é campeã todos os anos por vários outros quesitos. Tem uma comunidade muito potente, um canto muito forte e uma estrutura organizacional muito bacana. A plástica é apenas um dos trunfos da escola, porque ela por si só já é. Acredito que a comunidade é o grande trunfo da Unidos de Padre Miguel”, comenta o carnavalesco.

E o tradicional boi vermelho, símbolo da escola da Zona Oeste, não poderia ficar de fora do desfile. A presença é mais que confirmada, mas os detalhes são guardados a sete chaves.

Junção do jovem talento com o experiente carnavalesco

Lucas Milato assina o carnaval do Boi Vermelho da Zona Oeste em parceria com Edson Pereira, que também é carnavalesco do Salgueiro. Aos 27 anos, o jovem faz parte do dia a dia do barracão, enquanto Edson – que conhece bem a escola – tem contribuído no trabalho de consultoria.

Milato já assinou desfiles da Série Prata e estreou como carnavalesco na Marquês de Sapucaí em 2020, quando comandou o desfile da Unidos da Ponte. Em 2022 e 2023, assinou os carnavais da Inocentes de Belford Roxo. Ele acredita que comandar o carnaval de uma das escolas favoritas ao acesso é o maior desafio de sua carreira.

“A responsabilidade de assinar um carnaval da Unidos é muito grande, e neste momento eu diria que é o maior desafio da minha trajetória. A escola se prepara para isso todos os anos, e não está sendo diferente neste Carnaval. Estamos realizando um trabalho para de fato buscar o campeonato. Estamos muito confiantes – não só a escola como a comunidade e os próprios foliões que admiram a agremiação. Trabalhamos com muita humildade e força de vontade para trazer este título para a Vila Vintém”, afirma Milato.

Conheça o desfile da Unidos de Padre Miguel

A Unidos de Padre Miguel será a quinta agremiação a desfilar na Marquês de Sapucaí no sábado de carnaval, 10 de fevereiro. O Boi Vermelho da Zona Oeste vai para a Passarela do Samba com 24 alas, três alegorias e dois tripés – sendo um na comissão de frente. Ao todo, a escola terá cerca de 1900 componentes.

Setor 1: “A gente inicia com a esperança. Falamos desde o nascimento de Padre Cícero até sua chegada a Juazeiro. Quando ele chega em Juazeiro, desperta a esperança no povo do Cariri. Este setor passeia pelo nascimento do padre e o início de sua relação tanto em Crato como em Juazeiro, além do início da relação com o povo. Foi justamente a partir deste momento que ele iniciou a missão de cuidar do povo nordestino. A gente se apropria de duas visões que ele teve e foram primordiais para o desenrolar do nosso enredo. Um primeiro relato fantástico do povo em relação ao nascimento do padre, e a partir daí desenrolamos todo o processo até a chegada nessa outra visão, na qual ele sonhou que estava na mesa da santa ceia com Jesus – que deu a ele a missão de cuidar do povo nordestino. A partir deste momento, o padre faz essa peregrinação em prol do povo sertanejo”.

Setor 2: “É quando Padre Cícero se depara com um cenário apocalíptico na região do Juazeiro. A gente cria esse grande apocalipse do sertão para falar dos medos do povo nordestino. É um setor que faz essa viagem pelos mais variados medos. Criamos este momento no meio do nosso desfile porque foi justamente aí que o povo viu que poderia contar com o padre – mesmo diante daquela situação caótica, ele esteve ao lado da população nordestina. Para isso, passeamos pelo folclore nordestino e pelo medo que eles tinham no cangaço. A gente também se inspira na maior seca do Sertão, que culminou no dia dos mil mortos. O setor é um grande apanhado: falamos do folclore, do medo do cangaço, da pior seca do sertão e criamos esse cenário apocalíptico para passear no medo do povo sertanejo”.

Setor 3: “É quando passa o cenário de caos e o Padre Cícero começa a trazer bonanças para a região do Juazeiro. Iniciamos já falando do milagre que culminou na ascensão mundial dele: o milagre da hóstia da Maria. Após isso, todo mundo queria ir para Juazeiro para buscar um milagre e saber quem era o padre milagreiro. Juazeiro começou a ficar superlotada e não possuía mais espaço para esses fiéis. Criam as romarias justamente para dividir esses milhares de peregrinos que estavam indo para a cidade. Vamos passear pelas romarias e chegar à figura do Padre Cícero como grande milagreiro do sertão e, também, como o grande milagreiro da Vila Vintém que trará o título para nós”.

Série Barracões: Vigário Geral traz maior São João do mundo para a Sapucaí

Maracanaú se localiza no estado do Ceará, fazendo parte da Grande Fortaleza. Fundada oficialmente no século XIX, é uma região povoada há séculos, desde os indígenas até os dias atuais, sendo local de diversas histórias. Lugar de fabricação da cajuína e sede do Maior São João do mundo em questão de dias de festa, é essa a cidade que a Acadêmicos de Vigário Geral vai levar à Sapucaí no carnaval de 2024, sob a batuta de Alexandre Costa, Lino Salles e Marcus do Val, através do enredo “Maracanaú: Bem-vindos ao maior São João do planeta”.

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Fotos: Matheus Morais/CARNAVALESCO

Alexandre Costa, um dos carnavalescos da escola, recebeu o site CARNAVALESCO para comentar sobre a concepção do enredo, montagem e o trabalho no barracão da escola.

Ele fala que a ideia veio da busca de um enredo alegre e colorido, sem deixar a parte histórica e as tradições de lado. A equipe então chegou a Maracanaú, descobrindo várias histórias curiosas da cidade cearense.

“Nós descobrimos que lá é a cidade da bebida, da cajuína. Nós descobrimos que é uma cidade que tem um potencial enorme industrial. Nós temos o maior arraiar em tempo, que dura quarenta dias o arraiar de lá. Descobrimos também que algumas das misses que concorreram, até mo miss universo, saíram de Maracanaú”, contou Alexandre, animado.

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Dentre todas essas curiosidades, foi a grandiosidade do São João da cidade que impressionou a equipe de criação, que busca levar uma homenagem bem colorida e à altura da festa para a avenida.

“A gente tem uma pegada que a gente gosta muito de levar o colorido para a avenida. A gente leva as cores da escola, mas a gente gosta do colorido, que eu acho que visualmente isso é carnaval para a gente”.

Alexandre prossegue falando sobre a decisão do enredo ser a cidade de Maracanaú, contando do processo desde a concepção até a aprovação da presidente Elisabeth da Cunha. Alexandre conta que o processo começa com três propostas de enredos sendo apresentadas em pequenos textos, explicando cada um, para que a presidente faça a escolha final.

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“A escola deixa a gente bem à vontade para escolher o enredo. A gente levou mais de uma proposta para eles, como sempre a gente sempre leva três propostas. E aí a presidente, ela escolhe aquela que ela acha: ‘essa daqui eu gostei’, e aí a gente embarca nessa”.

O carnavalesco cita então o que ele enxerga como trunfo da escola para este carnaval de 2024 está nessas curiosidades que Maracanaú possui sendo carnavalizadas na avenida.

“Tem o potencial de um dos maiores parques industriais, que algumas que concorreram ao miss universo saíram de lá. A própria coisa do São João, eu não sabia que lá é dito como o maior São João do planeta por causa do tempo que dura quarenta dias. Essas coisas que foram instigando a gente”.

Na visão de Alexandre, a alegria será o grande destaque da Vigário para este carnaval.

“A alegria, com certeza, não tem como fazer um carnaval desse sem alegria. É um enredo que, eu aposto, a galera que vai estar assistindo vai gostar muito. Que é um enredo que acaba te contagiando, não tem jeito, é Brasil”.

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Falamos também sobre o trabalho na Série Ouro, a situação dos barracões e do trabalho em um espaço mais precário. Alexandre destacou a questão das goteiras dentro do espaço, e como isso atrapalha o andamento das alegorias.

“O nosso barracão é relativamente pequeno. Você dá para ver que está tudo muito bem apertado, está apertadinho. Mas, a gente tem algumas coisas que acabam atrapalhando a gente, como você está vendo que, aqui choveu lá fora, aqui dentro chove ainda mais uma semana, que como a gente não tem telhado em cima, falta muita telha, aqui embaixo vaza tudo e fica pingando eternamente, então a gente tem que trabalhar por debaixo das lonas, então é plástico para cá, plástico para lá e a gente trabalhando debaixo. Quando faz sol, que o sol seca a laje, que aí para de pingar, é um alívio para a gente”.

O tamanho do espaço também é citado como uma problemática para produzir o carnaval, assim como a questão da água.

“A gente tem a questão da altura, que aqui eu não tenho muita altura no barracão, então algumas peças eu tenho que acabar fazendo de encaixe, porque se vou com um carro baixo lá na avenida ele some. Fora umas outras questões, tipo: eu aqui no barracão não tenho água. A gente não tem água, eu trago água de casa para a galera que trabalha. São umas coisinhas que se pudessem melhorar… a gente está na reza para Cidade do Samba 2 sair, que aí tudo melhora”.

Alexandre revela então que a garra é fundamental para que o trabalho prossiga dentro do possível, junto ao amor pelo carnaval, sendo esse o grande truque do barracão.

“É muito amor pelo carnaval, porque não é para todo mundo isso aqui não. Inclusive tem a equipe de decoração, que os meninos vieram, só que eles estão acostumados com a Cidade do Samba, né? Aí chega aqui, olha isso daqui, a situação que alaga o barracão, eles correm. Mas, tem uma galera que: ‘não, vamos lá, vamos fazer acontecer’, e vamos na garra, não tem jeito, é a garra mesmo”.

Por fim, Alexandre Costa afirmou sentir amor e prazer ao fazer carnaval, apesar de todas as adversidades citadas, comparando o fazer carnaval com outra atividade sua, ser professor.

“Eu vivo isso daqui o ano inteiro amigo, a gente entrega um trabalho já começa a pesquisa para o outro carnaval e é um trabalho de um ano, não trabalho só agora nos últimos meses. Tudo bem que agora o ritmo aperta um pouquinho, mas é um trabalho de um ano, então para a gente fazer a gente tem que gostar muito. E é uma coisa que é igual… eu sou professor, então toda a turma que eu pego, quando eu entro, é aquela coisa do arrepio que dá e: ‘vambora! Vamos fazer o nosso trabalho’”.

Conheça o desfile da Acadêmicos de Vigário Geral

Com cerca de 1.800 componentes e três alegorias, é que a Vigário Geral vem para desfilar na Sapucaí sendo a terceira escola da primeira noite de desfiles, no dia 9 de fevereiro. Alexandre Costa detalhou para o CARNAVALESCO o desfile da escola, setor por setor para o carnaval de 2024:

Setor 1: “O primeiro setor a gente começa contando a origem de Maracanaú. Esse primeiro setor é dedicado a isso. A gente começa contando a história desde os indígenas. A gente tem os indígenas que descobriram aquele pedaço lá da região. Tem também os negros que chegaram para também ajudar a construir. A gente tem os navegadores, né? Porque tudo acabou vindo também pelas invasões. É basicamente isso”.

Setor 2: “O segundo setor a gente já parte já para: Maracanaú foi, já surgiu, como que ela está se desenvolvendo. A gente já começa falando mais da coisa da: a cidade surgiu, e agora? A gente tem a parte de parque industrial que a gente tem que falar. A gente tem a curiosidade da cajuína, porque muitos pensam que é de Pernambuco, mas é lá de Maracanaú, o cara que descobriu. A gente também traz nesse setor a mão de obra que ajudou a construir a cidade em si”.

Setor 3: “O terceiro setor, que é o São João, não tem como não terminar no alto, em alto astral. A gente começa com os santos, que não pode deixar, São José e Santo Antônio. A gente tem a parte da fogueira, a gente vai levar os santos, a gente leva as coisas de São João: balão, bandeirinha, as coisas tradicionais de São João mesmo, só que interpretando através de fantasias”.

De olho nos quesitos: tripés dominam justificativas em comissão de frente

O quesito comissão de frente é sem qualquer dúvida aquele que sofreu maior evolução na história dos desfiles. Quem assiste a um vídeo de uma comissão nos 80 e vê no que se transformaram nos dias de hoje pode se tratar de algum quesito que foi criado recentemente. As velha-guardas deram espaço a rebuscadas coreografias nos anos 90 e aos imponentes espetáculos quase hollywoodianos dos tempos atuais. A série ‘De olho nos quesitos’ se debruça sobre um dos quesitos mais debatidos pelos sambistas.

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Comissão de frente da Viradouro fez sucesso em 2023. Foto: Vitor Melo/Divulgação Rio Carnaval

LEIA SOBRE OS OUTROS QUESITOS
Harmonia
Alegorias
Evolução
Bateria

E um dos aspectos que causam mais debates entre analistas, coreógrafos, sambistas e amantes das escolas de samba são os polêmicos tripés que compõem a apresentação das comissões. Para muitos um trambolho desnecessário e inútil. Para outros um apoio importante dentro da logística das apresentações como são nos dias de hoje. Fato é que eles são pivô da maioria das notas abaixo de 10 justificadas pelos julgadores do quesito.

O tripé da comissão de frente está sob julgamento por diversos aspectos. Em primeiro lugar trata-se de uma alegoria como qualquer outra e portanto precisa estar bem acabado, iluminado e com todos os seus efeitos em perfeito funcionamento. Precisa ainda estar adequado à proposta da comissão, não pode ser uma mera ‘coxia’ onde há trocas de roupa e elenco sem uma funcionalidade com a apresentação em si. E ainda não pode atrapalhar a visibilidade da apresentação. Por essa diversidade de nuances, nossa reportagem encontrou citações em 38 justificativas nos últimos cinco anos dos quatro julgadores do quesito em 2024, anunciados pela Liesa.

Apenas 36% de notas 10 no domingo de carnaval

Como já é público e notório, as escolas que desfilam no domingo costumam tirar notas mais baixas que as de segunda. Tal tese encontra eco em uma rápida análise nas 81 notas aplicadas em comissão de frente pelos quatro julgadores do quesito em 2024, de 2018 pra cá. Em apenas 36% dos casos a nota máxima foi aplicada para escolas que se apresentaram na primeira noite. O restante das notas máximas ficaram para a segunda-feira. Como se vê, não se trata de uma perseguição midiática com quem desfila na primeira noite, mas sim de preconceito do próprio corpo julgador.

Os quatro julgadores de 2024 já julgaram o quesito mais de uma vez nos últimos cinco anos. Paola Novaes, que era jurada de evolução, passou para a comissão de frente em 2022 e também julgou ano passado. Raffael Araújo está no grupo desde 2020. Rafaela Riveiro Ribeiro e Raphael David julgam o quesito desde 2019. Paola é quem tem o menor índice de notas 10 dadas. 42% das 24 notas que aplicou. Foram apenas 10, seis delas na segunda de carnaval. Salgueiro e Portela são as únicas agremiações que só tiraram notas 10 com ela. Dentre aquelas que foram julgadas no mínimo duas vezes por Paola, Imperatriz, Tuiuti e Mocidade ainda não conseguiram nenhum 10 com a jurada. Dentre aspectos do sub-quesito de concepção, problemas no tripé foi a justificativa mais usada por Paola. No que tange ao aspecto da realização, falhas de elementos que não funcionaram na comissão é o problema que ela mais citou. É uma jurada bastante focada em elementos objetivos das apresentações.

Vila Isabel e Viradouro gabaritam com jurado

Raphael David julgou nos desfiles de 2019 pra cá. Das 51 notas atribuídas por ele, 26 foram 10, 51% do total. Viradouro e Vila Isabel são as únicas escolas que só tiraram notas 10 com o jurado nesses quatro anos de julgamento. Dentre as agremiações que foram julgadas quatro vezes por ele, todas obtiveram ao menos uma nota 10, casos de Portela, Mangueira e Tuiuti, que obtiveram só uma nota máxima e são aquelas que possuem pior desempenho com o jurado. Apenas 35% das notas 10 dadas por Raphael foram no domingo de carnaval.

Suas justificativas se concentram basicamente em avarias ou problemas de concepção do tripé alegórico das comissões. A indumentária também é motivo de atenção por parte do julgador. No sub-quesito da realização, ele despontuou coreografias segundo ele sem impacto e falhas de acabamento na indumentária dos dançarinos.

Rafaela Riveiro Ribeiro observa bastante a mensagem das comissões de frentes, embora também domine as suas justificativas nos tripés. Foram identificadas sete vezes nos últimos julgamentos dela problemas de leitura e entendimento da proposta dos coreógrafos no aspecto da realização da apresentação.

A jurada possui 51 notas atribuídas entre 2019 e 2023. Apenas 45% delas foram a nota máxima. De seus 23 10, 15 foram aplicados na segunda-feira de carnaval, 65% do total. Mangueira e Mocidade possuem o melhor desempenho com ela, com três 10 em quatro notas possíveis. A Portela é quem precisa melhorar aos olhos da jurada. Não obteve uma nota 10 nesses quatro anos.

Julgador aponta ‘problemas de visibilidade’ para não dar nota 10

Raffael Araújo está no grupo de julgadores de comissão de frente desde 2020. Em três anos julgando o Grupo Especial aplicou 22 notas 10, 58% do total. Do atual grupo que vai julgar o quesito é o mais ‘generoso’ percentualmente. Ocorre porém que 64% de suas notas máximas foram atribuídas na segunda-feira, é quase o dobro de notas 10 se comparado com o domingo.

Beija-Flor e Salgueiro são as escolas que melhor performaram nas notas do jurado, cravando três notas 10. O Tuiuti é quem teve o desempenho mais fraco, anotando duas notas 9,8 e um 10, dado no desfile de 2023. Raffael é o único julgador do atual grupo que anota em suas justificativas a maioria de notas como dificuldades para visualizar a apresentação das comissões. Em seis oportunidades ele apontou que a visibilidade não foi adequada para avaliar o grupo e tirou pontos em virtudes disso. Mais um sinal de alerta para as 12 escolas do Grupo Especial.