Início Site Página 39

Projeto Samba de Ouro da Grande Rio inicia nova temporada em julho

A partir desta terça-feira, 8 de julho, a quadra da Grande Rio será palco de mais uma temporada do Projeto Samba de Ouro, iniciativa que promove o ensino e a valorização da cultura popular por meio da dança. Com turmas para todos os níveis, o projeto acontece às terças-feiras e aos sábados, com aulas de samba no pé para iniciantes e avançados, além de um espaço dedicado às danças típicas brasileiras. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas pelo link.

Os encontros serão conduzidos por um time de profissionais experientes com longa trajetória no carnaval: Luciene Santinha, Allan Bastos, Caroline Mota, Ananda Dias e Avelino. Às terças, as aulas acontecem das 19h às 21h, com foco no samba no pé em dois níveis. Aos sábados, das 10h às 12h, o ritmo começa com o samba no pé e se amplia para outras expressões da dança brasileira, com direção artística voltada à diversidade dos movimentos e à valorização dos ritmos nacionais.

sambaouro

Salgueiro espalha rosas pelo Centro do Rio para divulgar tributo a Rosa Magalhães

Em uma ação delicada e simbólica, o Salgueiro distribuiu rosas vermelhas na última sexta-feira, na Rua do Ouvidor, no Centro do Rio. A iniciativa emocionou os pedestres e teve como objetivo anunciar o grande tributo que será realizado no dia 26 de julho, na quadra da escola, em homenagem à carnavalesca Rosa Magalhães, um ano após sua morte. A escolha do local para a distribuição das flores remete ao enredo apresentado por Rosa em 1991, “Me masso se não passo pela Rua do Ouvidor”, quando conquistou o vice-campeonato com o Salgueiro. A cena, recriada agora de forma poética, relembra a ligação da artista com o centro histórico carioca e com a própria escola, onde iniciou sua trajetória na década de 1970.

* Seja o primeiro a saber as notícias do carnaval! Clique aqui e siga o CARNAVALESCO no WhatsApp

rosas salgueiro
Foto: Roberto Narciso/Divulgação Salgueiro

O tributo do próximo dia 26, que será realizado na quadra da Silva Teles, no Andaraí, contará com uma apresentação artística especial dirigida pelo coreógrafo Paulo Pinna. A noite promete reunir segmentos da escola e convidados para celebrar a vida e a obra da carnavalesca que marcou gerações com sua sensibilidade estética e narrativa.

Em 2026, o Salgueiro encerrará os desfiles da Marquês de Sapucaí com o enredo “A delirante jornada carnavalesca da professora que não tinha medo de bruxa, de bacalhau e nem do pirata da perna-de-pau”, uma homenagem à trajetória de Rosa. O tema será desenvolvido pelo carnavalesco Jorge Silveira e pelo curador Leonardo Antan, com colaboração de Ricardo Hessez e Allan Barbosa.

Para Silveira, Rosa foi “o maior nome que a cultura carnavalesca brasileira produziu”, e o enredo será uma forma de traduzir sua genialidade e seu humor refinado. Leonardo Antan destaca o caráter pedagógico da homenagem: “Rosa foi uma artista que redefiniu a linguagem do carnaval, misturando povos, tempos e saberes com profunda pesquisa e sensibilidade”.

Artista múltipla, Rosa Magalhães unia formação em pintura, cenografia e indumentária à experiência como professora da Escola de Belas Artes da UFRJ. Foi campeã do Grupo Especial em oito ocasiões e responsável pela cerimônia de abertura dos Jogos Pan-Americanos de 2007, que lhe rendeu um Emmy Internacional. Sua passagem pelo Salgueiro, especialmente nos anos 1990, foi decisiva para sua carreira e para a renovação estética da escola.

O tributo e o enredo reafirmam o legado imortal da carnavalesca. Rosa não era só uma flor. Era um gesto. Uma lembrança. Um carinho silencioso entregue no meio da cidade, como quem sussurra: Rosa vive.

Serviço — Tributo a Rosa Magalhães
Evento: Tributo a Rosa Magalhães
Data: Sábado, 26 de julho de 2025
Horário: A partir das 20h30
Local: Quadra do GRES Acadêmicos do Salgueiro
Endereço: Rua Silva Teles, 104 – Andaraí, Rio de Janeiro
Atrações: Apresentação artística dirigida por Paulo Pinna, participação de segmentos da escola, convidados especiais e celebrações em homenagem à carnavalesca Rosa Magalhães
Ingressos: Em breve à venda nos canais oficiais do Salgueiro
Classificação etária: Livre
Informações: @salgueirooriginal (Instagram) ou www.salgueiro.com.br

Além dos ingressos para os desfiles na Sapucaí: Mercado Pago assume vendas de comidas e bebidas nas quadras do Grupo Especial

O carnaval do Rio de Janeiro ganha um novo aliado tecnológico em 2026. O Mercado Pago foi anunciado como o banco oficial do Rio Carnaval, iniciativa da Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro), e ampliará sua atuação muito além da Sapucaí. Além da pré-venda de ingressos para os desfiles do Grupo Especial, o banco digital também vai operar as vendas de comidas e bebidas nas quadras das 12 escolas de samba do Grupo Especial e nos eventos oficiais da festa.

* Seja o primeiro a saber as notícias do carnaval! Clique aqui e siga o CARNAVALESCO no WhatsApp

sambodromo sapucai
Foto: Divulgação/Rio Carnaval

A mudança já começa a valer no dia 8 de agosto, durante a “Noite dos Enredos”, que marca a apresentação dos temas que cada agremiação levará para a Marquês de Sapucaí no Carnaval 2026, na Cidade do Samba. A partir deste evento, todos os operadores utilizarão exclusivamente as maquininhas do Mercado Pago.

A iniciativa representa um passo significativo na modernização da experiência do público com o carnaval carioca. “A Liesa e o Mercado Pago compartilham o mesmo propósito de valorização à cultura. A tecnologia que o novo banco oficial do Rio Carnaval traz para o maior espetáculo da Terra reforça que essa parceria vai muito além do campo financeiro, sendo um passo estratégico para aprimorar ainda mais a experiência daqueles que vivem a folia”, afirmou Gabriel David, presidente da Liesa.

Para o Mercado Pago, a união consolida uma estratégia de aproximação com o universo do samba e seus milhões de apaixonados. “Há dois anos, iniciamos campanhas com foco no Carnaval e o sucesso da nossa estratégia mostrou o potencial dessa data como um grande motor de engajamento para a marca. Com essa nova parceria, reforçamos ainda mais o nosso objetivo de apoiar um evento que movimenta a vida de milhões de brasileiros”, declarou Pethra Ferraz, vice-presidente de marketing da empresa.

Atenção! Quarta é dia de venda de ingressos de arquibancadas para os desfiles do Grupo Especial do Rio no Carnaval 2026

Atenção! Quarta é dia de venda de ingressos de arquibancadas para os desfiles do Grupo Especial do Rio no Carnaval 2026

A Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa) inicia na quarta-feira uma nova etapa da venda de ingressos para os desfiles do Grupo Especial do Rio de Janeiro no Carnaval 2026. Os ingressos de arquibancadas especiais poderão ser adquiridos, inicialmente, por clientes do Mercado Pago, banco digital do Grupo Mercado Livre, que passa a se tornar o banco e o meio de pagamento oficial do evento. A abertura para o público em geral acontece no domingo. Para adquirir o ingresso, que terá preços entre R$ 200 (R$ 100 a meia) e R$ 230 (R$ 115 a meia), o cliente do banco digital deve acessar normalmente o ambiente de vendas da plataforma oficial, a partir das 10h, pelo site www.riocarnaval.com.br/ingressos e escolher o setor desejado. Quem ainda não for cliente poderá abrir uma conta gratuitamente para garantir a sua vaga antecipada.

* Seja o primeiro a saber as notícias do carnaval! Clique aqui e siga o CARNAVALESCO no WhatsApp

sambodromo
Foto: Léo Queiroz/Divulgação Rio Carnaval

Já os demais espectadores poderão comprar os ingressos a partir de domingo, às 10h. Cada CPF poderá adquirir até quatro ingressos, sendo apenas uma meia-entrada. Todas as modalidades de vendas serão exclusivamente online.

Os desfiles do Grupo Especial do Rio de Janeiro no Carnaval 2026 acontece, nos dias 15, 16 e 17 de fevereiro, com as seis primeiras colocadas retornando ao Sambódromo no dia 21 para festejar no Sábado das Campeãs.

Como solicitar o cartão de crédito Mercado Pago

Baixe o app do Mercado Pago na loja de aplicativos do celular. Em seguida, faça o cadastro com seus dados pessoais e confirme a identidade com um documento (RG ou CNH em mãos). Com a conta criada, já é possível solicitar o cartão de crédito Mercado Pago. Após a análise e aprovação, o cliente poderá começar a usar o cartão digital imediatamente.

Na noite de xirê, Mocidade Unida da Mooca lança samba oficial para o Carnaval 2026

Por Gustavo Lima e Will Ferreira

Mesmo com a temperatura girando em torno dos 14°C, no último domingo, a quadra da Mocidade Unida da Mooca, sob o viaduto Bresser, foi puro calor humano. A escola foi a primeira do Grupo Especial de São Paulo a lançar, de forma oficial, seu samba-enredo para o Carnaval 2026. A obra que embalará o desfile “Gèlèdés – Agbara Obinrin” é assinada por Lucas Donato, Gui Cruz, Aquiles da Vila, Fabiano Sorriso, Marcos Vinicius, Vitor Gabriel, Biel, Mateus Pranto e Willian Tadeu. E bastaram os primeiros acordes para mostrar que o samba já está na ponta da língua da comunidade. * OUÇA AQUI O SAMBA-ENREDO

Samba antes da sinopse

A dinâmica para coroar um samba-enredo na Mocidade Unida da Mooca é bastante peculiar. A canção, por exemplo, precede a sinopse. Esse é um ponto importante para entender uma das tantas particularidades da MUM, segundo Vitor Gabriel, diretor de carnaval da escola e um dos autores do samba.

“Desde 2017, a Mocidade Unida da Mooca opta por um processo interno. A gente não abre disputa. A escola seleciona alguns compositores, monta uma ala interna e desenvolve o samba, inclusive com a presença do presidente. Aqui, o presidente também é compositor. Ele é um pouquinho carnavalesco, um pouquinho compositor… se envolve bastante”, revelou.

Gui Cruz, também compositor e intérprete da escola, reforçou: “Na Mooca, quem manda é a música. A gente sente a energia e escreve. O texto base existe, claro, mas a construção parte do que a melodia nos inspira”.

mum samba2026 1
Gui Cruz (intérprete), Marcos Vinicius (diretor musical) e Vitor Gabriel (diretor de carnaval) que assinam o samba com os compositores Lucas Donato, Aquiles da Vila, Fabiano Sorriso, Biel, Mateus Pranto e Willian Tadeu. Fotos: Gustavo Lima e Will Ferreira/CARNAVALESCO

Fórmula que dá certo

Rafael Falanga é constantemente citado pelos artistas da escola como parte fundamental do sucesso. “Aqui, o presidente é um pouco carnavalesco, um pouco compositor, um pouco de tudo. Ele se envolve em todas as etapas”, diz Vitor Gabriel.

Falanga também fez questão de valorizar o caminho trilhado: “Damos liberdade para os compositores se expressarem com o coração. Música é sentimento. E é essa emoção que queremos levar para a avenida”, declarou.

mum samba2026 7
Gui Cruz (intérprete) e Marcos Vinicius (diretor musical) – ambos compositores do samba

Marcos Vinícius, outro compositor da canção, complementa: “A música fala primeiro. Não tem como a gente colocar uma letra dentro de um samba-enredo sem uma música . conduzindo o trabalho da ala musical e já saio um passo na frente”, comemorou.

Elogios à equipe

Outro profissional do MUM elogiado foi o carnavalesco Renan Ribeiro. Quem teceu homenagens a ele foi Vitor Gabriel: “O processo com o carnavalesco foi super tranquilo. O Renan é um cara que, além de ser um profissional excelente no seu trabalho, é muito aberto para as ideias. Eu participei desde a construção do enredo, desde quando a proposta surgiu. A acessível dele por esse desenvolvimento do enredo e do samba é a prova viva disso – porque, no samba, o compositor sempre foge um pouco do que o carnavalesco imaginava”, revelou.

Nada disso, entretanto, aconteceu com o carnavalesco da MUM: “Ele é um cara que não foi resistente a isso – pelo contrário: ele foi super agregador e gostou da proposta do samba. Mesmo as partes que estavam fora da ideia inicial dele, ele buscou se adaptar. Hoje, a gente já está na parte de produção dos pilotos, a gente já fez a construção final da sinopse e, tudo isso, o Renan foi se ajustando com a equipe dele. Tem sido super tranquilo, mesmo”, disse Vitor Gabriel.

Outro nome importante da Mocidade Unida da Mooca elogiado foi Rafael Falanga. E quem o elogiou foi Marcos Vinícius, relembrando a própria história dele na instituição: “Eu já tinha desfilado na MUM como cavaquinista por dois anos. O Rafael é um amigo de longa data.

Trio de intérpretes

Sté Oliveira, intérprete que passa a ser uma das oficiais do MUM a partir do ciclo de 2026, também elogiou o mandatário da agremiação: “O sentimento é de muita garra e muito carinho. sintetizou.

No fim das contas, as palavras de Sté Oliveira ressoam e destacam não apenas o enredo da MUM, para o papel social de uma escola de samba: “A verdade é que o tema faz parte da minha vida. O enredo não está falando só de mim, Sté, mulher preta, mas representa milhares de mulheres. Estou muito grata por estar cantando a minha própria história”, emocionou-se.

mum samba2026 4
Sté Oliveira, intérprete que passa a ser uma das oficiais do MUM a partir do ciclo de 2026

O elogio de Marcos Vinícius foi feito para um dos intérpretes da agremiação: “Acho que Deus coloca tudo no lugar certo. Para esse ano, já temos a volta do Gui Cruz para o tempo, que é um cara que tem dez sambas na escola e conhece os caminhos. Eu só quero agradecer a Deus e aos orixás por ter feito essa especificamente, porque é a primeira vez da escola no Grupo Especial e a gente foi agraciado com esse presente”.

Emerson Dias, outro componente do trio de intérpretes da Mocidade Unida da Mooca, fez questão de elogiar os companheiros de microfone principal: “Tem coisas que são inexplicáveis – e a gente não tem dimensão para poder falar o que acontece. Eu tinha escutado o samba, eu já vinha trabalhando ele lá do Rio de Janeiro. Ainda não tinha feito nada com a comunidade, nem com o Gui e a Sté – que, para mim, são um tesouro. Mais uma voz do carnaval de São Paulo que vai ganhar o Brasil, assim como Eliana de Lima, Bernadete e Grazzi Brasil”, comentou.

mum samba2026 2
Emerson Dias, componente do trio de intérpretes da Mocidade Unida da Mooca

Ele também enalteceu a comunidade mooquense: “A comunidade já roubou o samba e é acostumada a cantar. Parece que eles têm um grave defeito que é só fazer samba bom. A gente começou a cantar aqui um pedaço da discografia e foi só ‘porradão’, com a escola cantando muito. É um privilégio poder estar aqui mais um ano um ao lado daquelas pessoas que tanto batalharam para levar a escola ao Grupo Especial. O sonho foi realizado, a comunidade está feliz e eu acho que a escola tem um potencial muito grande para conquistar muito espaço ainda no carnaval de São Paulo. Tenho certeza de que a gente vai permanecer em uma posição muito boa e segura”, prometeu.

Palavra do presidente

Não foi apenas o samba que foi elogiado por Rafael Falanga – ele também fez questão de enaltecer o enredo da escola: “É muita felicidade! Mais um grande enredo, e, consequentemente, mais um grande samba. Quero agradecer inclusive os nossos compositores. encontrar raízes na comunidade. É um enredo relevante, é um samba que a comunidade escondeu e parece que é uma coisa natural Hoje foi uma demonstração: a escola cantou muito e acredito que vai ser assim até o final”, comentou.

mum samba2026 6
Presidente Rafael Falanga

O mandatário aproveitou para já projetar uma apresentação da escola, que inaugurará o Grupo Especial de São Paulo em 2026: “A MUM tem uma oportunidade na mão de fazer o maior e o melhor carnaval possível, entregar tudo que ela tiver e mais um pouco para fincar bandeira no Grupo Especial do carnaval de São Paulo. O que acontecer é consequência real de uma oportunidade que nós vamos abraçar com todas as forças, o tempo inteiro, a cada oportunidade que a gente tiver aqui dentro, no Anhembi e no dia do desfile”, vislumbrou.

Adaptações

O diretor de carnaval, Vitor Gabriel, também destacou algumas mudanças que a agremiação fez para estrear no pelotão de elite do carnaval paulistano: “Para começar a conversa, o início da produção dele já foi todo diferente. A Mooca foi a primeira escola a anunciar e divulgar o samba, a gente já divulgou lá no evento da ordem dos desfiles. Já foi diferente a partir daí, nessa antecipação. A Mooca é uma escola que está chegando agora pela primeira vez no Grupo Especial, as outras escolas saem um pouco na frente em processo de produção e tudo mais. Já a gente precisa acelerar alguns processos”, afirmou.

Inaugurar os desfiles da sexta-feira também entra na somatória de novidades do MUM: “Além da atenção e desse processo diferenciado, tem aquele peso do Grupo Especial, de abrir o carnaval no horário nobre na televisão, logo, tem essa questão de adiantar todo esse processo. Foi bem diferente, sem dúvidas”, refletiu.

Preferências

Muitas vezes, o samba-enredo costuma ter diversas partes citadas como favoritas por membros da escola. Em relação ao samba da Mocidade Unida da Mooca para 2026, entretanto, uma dessas partes foi muito comentada: o refrão principal.

Vitor Gabriel foi um deles: “Eu tenho trechos favoritos no samba. Mas eu acho que a cabeça do samba foge um pouquinho do convencional. Ele tem uma virada para a parte do silêncio, onde a bateria faz uma bossa… o meu xodó acaba sendo esse início do samba, mas chamo atenção para o refrão principal e para o refrão no meio. É um samba muito interessante, é um samba curto, samba divertido, samba gostoso de cantar. Eu tenho certeza que vai ser um sucesso para abrir o carnaval”, comentou.

Gui Cruz citou: “Eu gosto muito do refrão de cabeça: ‘Quero ver, casa-grande vai tremer’. Eu acho muito forte, e quando essa comunidade se juntar para cantar lá no Anhembi vai ser sensacional, tenho certeza”, revelou.

mum samba2026 8

Marcos Vinicius foi mais um a ir nessa linha: “O refrão de cabeça tem muita força e impulsos a escola a cantar. Eu costumo dizer que o samba-enredo é meio caminho andado para uma escola de samba ter sucesso no projeto, porque através do samba vem a dança do casal, evolução, canto, bateria. É tudo”, comemorou.

Emerson Dias ratificou: “O refrão de cabeça é de uma vibração única. Ele tem umas quebradinhas que… também vamos abrir um parêntese para esse gênio que é o mestre Dennys. Ele consegue ter uma percepção do que a música pede. Ele faz uns arranjos que completam o que a música está indo. Além de marcar a letra do samba e onde está sendo cantado, marca a posição e o corpo do componente – porque a comunidade se mexe de acordo com o que a bateria está fazendo”, finalizou, elogiando o mestre de bateria da Chapa Quente.

mum samba2026 3

Como foi o evento

O Samba da Barraca, realizado no meio da rua fechada Bresser, deu início aos trabalhos na quadra. Depois, a Chapa Quente, bateria da agremiação comandada por mestre Dennys Silva, fez o esquenta para a comunidade – já com algumas bossas no ritmo do samba de 2026. Após, todos os segmentos da Mocidade Unida da Mooca fizeram um show com pontos de orixás e grandes-sambas-enredo da agremiação.

mum samba2026 5
Rainha de bateria, Valeska Reis

Foi chegada a hora de se despedir de “Krenak – O Presente Ancestral”, samba que garantiu o vice-campeonato do Grupo de Acesso I de 2025 – e o primeiro acesso ao Grupo Especial da história da MUM. O pavilhão de enredo da agremiação também foi trocado ao som do samba-exaltação da escola. E, enfim, a agremiação começou a executar o samba-enredo.

Chamou atenção a evolução da escola, já com os segmentos em uma ordem próxima do desfile. Uma comissão de frente abriu o cortejo, seguida pelo primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira e ala das baianas. Passistas, malandros, as demais duplas com um pavilhão e outros tantos grupos da agremiação já estavam perfilados. Para dar ainda mais cara de desfile, os componentes passaram a dar a volta pelo quarteirão, entrando e saindo do terreiro da escola pela rua Bresser.

Opinião: ‘Mangueira revela história poderosa de mestre Sacaca, guardião dos encantos amazônicos’

No Carnaval 2026, a Estação Primeira de Mangueira reafirma sua vocação de ser mais que uma escola de samba: se consolida como um instrumento de reconstrução da memória brasileira. Pela segunda vez consecutiva, o carnavalesco Sidnei França aposta em um enredo autoral, agora voltando o olhar para o Norte do país, mais precisamente para o Amapá, com o tema “Mestre Sacaca do Encanto Tucuju – O Guardião da Amazônia Negra”.

logo enredomangueira2026

A iniciativa vai além da escolha de um personagem pouco conhecido do grande público. É um gesto de ousadia e responsabilidade histórica. Sidnei França, que já demonstrou em sua estreia na Verde e Rosa um apuro na abordagem de figuras simbólicas da cultura negra carioca, agora mergulha nas águas encantadas da Amazônia para trazer à Sapucaí a trajetória de Raimundo dos Santos Souza, o mestre Sacaca: curandeiro, folclorista, conhecedor das ervas e guardião dos saberes afro-indígenas da região tucuju.

Com cinco “encantos”, a sinopse é uma verdadeira celebração da oralidade, da cura ancestral e da sabedoria popular. A Mangueira entra em sintonia com o Brasil profundo. Em tempos em que o carnaval busca se reinventar sem perder sua essência, a escolha por contar uma história enraizada nas tradições do Norte do país é uma forma corajosa de ampliar o território simbólico.

SAIBA MAIS
* Mangueira vai realizar em Macapá etapa para escolha samba-enredo para o Carnaval 2026
* ‘Queremos manter a floresta em pé e viva para sempre’, diz governador do Amapá ao celebrar mestre Sacaca como enredo da Mangueira para o Carnaval 2026
* Em mais um enredo autoral na Mangueira, Sidnei França conta como surgiu a ideia: ‘história que pudesse ser salva do cruel apagamento’

A Verde e Rosa, mais uma vez, se propõe a iluminar figuras que ficaram à margem dos livros oficiais. Ao apostar em mestre Sacaca, a Mangueira faz o que sabe melhor: homenageia o Brasil que canta com a alma, fé e carrega na memória os saberes do povo. É a ancestralidade em movimento, atravessando os rios do Amapá até desembocar em plena Marquês de Sapucaí.

O enredo 2026 da Mangueira é um chamado à reflexão sobre identidade, territorialidade e pertencimento. E mais uma vez, como tem feito ao longo de sua história, a Estação Primeira mostra que o seu carnaval é também um manifesto político, social e cultural.

 

Novo coreógrafo da comissão de frente do Tuiuti, David Lima promete trabalho incansável para o Carnaval 2026

O Paraíso do Tuiuti anunciou David Lima como o novo coreógrafo da comissão de frente para o Carnaval 2026. O anúncio foi feito pelo presidente Renato Thor durante a feijoada em comemoração aos 73 anos da agremiação, na quadra da escola, em São Cristóvão. Com experiência em escolas como Unidos de Padre Miguel, Acadêmicos de Santa Cruz e São Clemente, David assume o desafio de criar um espetáculo que encante a Marquês de Sapucaí. Em entrevista ao CARNAVALESCO, o coreógrafo não escondeu sua emoção.

* Seja o primeiro a saber as notícias do carnaval! Clique aqui e siga o CARNAVALESCO no WhatsApp

david tuiuti
Foto: Marcos Marinho/CARNAVALESCO

“Estou muito feliz. E não vou medir esforços para dar o melhor para o Tuiuti. Nós já estávamos em conversa, estava tudo meio encaminhado, mas hoje chego aqui e ganho esse presente de ser o coreógrafo do Paraíso do Tuiuti”, contou David, que ainda revelou que foi pego de surpresa com o anúncio público durante a festa.

David Lima adiantou que a abordagem sobre o enredo para 2026: “Loña Ifá Lukumi”, que fala da religiosidade afro-cubana e sua influência no Brasil, trará um diferencial. “Será um enredo afro, mas com uma pegada inovadora. Já estou arrumando as malas para ir para Cuba”, brincou.

SAIBA MAIS
* Jack Vasconcelos revela andamento da pesquisa para o enredo do Tuiuti e liberdade para os compositores
* Presidente do Tuiuti celebra enredo afro-cubano, define compositores e projeta lançamento do samba para agosto
* Sinopse do enredo para o Carnaval 2026

Sobre a temática, o coreógrafo destacou: “Trabalhar com ancestralidade é resgatar todos os nossos valores antepassados. E falando da dança, a gente trazendo a latinidade, aí estará o teor diferencial. Em 2025, quase todas as escolas trouxeram o enredo com temática afro. E, agora, nós vamos trazer uma outra temática Afro, mas com um requinte um pouco mais diferenciado. Eu já me vejo entrando na avenida com uma comissão maravilhosa”, disse entusiasmado.

Comissão de frente: 50% dança e 50% elemento surpresa

David Lima também comentou o uso de elementos cênicos nas comissões de frente. “Creio que todos os profissionais da área sabem fazer sem e com [o elemento cênico]. Só que com esse espetáculo dentro do espetáculo, que a cada ano vem inovando, ele é muito favorável. Porque às vezes é nele que você vai conseguir apresentar aqueles outros 50% que você precisa para o jurado – 50% vêm na dança e os outros 50% nesse elemento que traz um pouquinho mais de surpresas para o público”, afirmou.

Compromisso com o Tuiuti

O novo coreógrafo da comissão de frente promete à comunidade do Paraíso do Tuiuti um trabalho incansável na busca pelo título. “Não vai faltar esforços para colocar a escola em primeiro lugar, vamos trabalhar incansavelmente. É como sempre fiz em todos os meus trabalhos, em todas as escolas. A comunidade do Tuiuti pode esperar um coreógrafo presente aqui dentro que vai estar junto com eles. Vamos trabalhar e fazer um grande desfile”, finalizou.

Mangueira valoriza suas raízes e anuncia atriz mirim como nova musa

A Estação Primeira de Mangueira anunciou sua mais nova musa: a talentosa atriz mirim Lua Miranda. Aos 8 anos, Lua não é apenas um rosto em ascensão na televisão brasileira, mas também uma legítima representante da essência mangueirense, com suas raízes profundamente entrelaçadas na história e no samba da escola.

* Seja o primeiro a saber as notícias do carnaval! Clique aqui e siga o CARNAVALESCO no WhatsApp

musa mangueira
Foto: Divulgação/Mangueira

A ligação de Lua e de sua família com a Mangueira é uma verdadeira herança. A pequena é bisneta de Antônio Abóbora D’Água, uma figura histórica na agremiação, ex-diretor de Patrimônio, membro da Velha Guarda e um dos fundadores da Ala dos Periquitos, a primeira ala da escola. A tradição musical da família segue viva: seu avô materno tocava surdo na bateria, o mesmo instrumento que seu pai, atualmente, toca com orgulho na bateria. Sua mãe, que desfila na escola há mais de uma década, acompanha Lua em todos os momentos, fazendo questão de adereçar as fantasias da filha com carinho e dedicação. Lua, aliás, “participa” dos desfiles da Verde e Rosa desde sua gestação.

Como Musa da Mangueira do Amanhã, a agremiação mirim. e embaixadora do curso de Educação Antirracista da Mangueira do Amanhã, Lua Miranda representou com maestria a nova geração do samba carioca. Sua presença vibrante mantém viva a ancestralidade, a tradição familiar e a riqueza cultural que são pilares da Mangueira.

SAIBA MAIS
* Mangueira vai realizar em Macapá etapa para escolha samba-enredo para o Carnaval 2026
* Sinopse do enredo da Mangueira para o Carnaval 2026

Agora, como musa da Mangueira, ela pretende dar continuidade ao legado da família. “Era um sonho”, confessa. “Por isso eu e minha mãe recebemos com muita alegria e emoção o convite da presidente Guanayra Firmino”, conta Lua.

Apesar da pouca idade, a carreira artística de Lua é notável. Na TV Globo, atualmente brilha no quadro infantil “Por que, Mion?” no Caldeirão com Mion, mostrando seu carisma para todo o Brasil. Lua estreou na TV protagonizando a série documental ‘Resistência Negra’, do Globoplay, ao lado de nomes como Djonga e Larissa Luz. Em 2023, foi a estrela do curta que idealiza a primeira ministra negra no STF, uma iniciativa do IDPN. Em “Hoje é Dia das Crianças”, interpretou Balú, contracenando com veteranos como Tony Tornado e Aisha Jambo, e recebendo participações de grandes artistas como Zezé Motta, Péricles, IZA, Cabelinho e Jão.

Além de seu brilho artístico, Lua é uma voz ativa. Ela utiliza suas redes sociais para compartilhar discursos inspiradores sobre representatividade negra e empoderamento infantil, conquistando a admiração de milhares de pessoas. Em 2024, recebeu o Prêmio UBUNTU na categoria Potência Negra Infantojuvenil. Seu discurso de agradecimento viralizou ao dedicar o prêmio às crianças de Belford Roxo e da Mangueira, com a marcante frase: “Por que, se as portas se fecharem, estaremos lá para meter o pé na porta”.

“A Estação Primeira de Mangueira celebra a chegada de Lua como musa e reforça seu compromisso em cultivar e valorizar os talentos que, como ela, representam o futuro do samba e da cultura brasileira”, saúda a presidente Guanayra Firmino.

Integrante da Comissão de Carnaval explica o enredo do Vai-Vai para 2026: ‘Abordagem é o povo de São Bernardo’

Os últimos dias de junho foram agitados no Vai-Vai. Maior campeão do Grupo Especial do carnaval de São Paulo, com quinze títulos conquistados, a agremiação revelou, no dia 20 do mês em questão, o enredo para o desfile de 2026. Intitulado “Em cartaz: a saga vencedora de um povo heroico no apogeu da vedete da Pauliceia” e tendo a cidade de São Bernardo do Campo como pano de fundo, a apresentação será assinada por uma comissão de carnaval, formada por Marcus Tibechrani, Tati Gregório, Renato Anveres e Gleuson Pinheiro. O CARNAVALESCO conversou com Gleuson Pinheiro no evento “Carnaval de São Paulo como patrimônio: cidade, política, sociedade”, organizado pela Rádio Arquibancada e pela página Sambistas da Depressão, no último sábado, para saber um pouco mais sobre o que será apresentado pela Saracura no Anhembi.

* Seja o primeiro a saber as notícias do carnaval! Clique aqui e siga o CARNAVALESCO no WhatsApp

gleuson vaivai
Foto: Will Ferreira/CARNAVALESCO

Esqueça o CEP tradicional

Muitos apaixonados por carnaval antipatizam com o que convencionou-se chamar de enredo CEP – ou seja, aqueles que homenageiam cidades, estados e países como um todo. Para desmistificar tal situação, o integrante da comissão de carnaval, em um primeiro momento, reconhece como tais temáticas eram tratadas anteriormente: “O carnaval é feito por ciclos, e a gente vive um momento em que você discute um lugar. A gente está falando, de certa forma, sobre uma cidade – e, em outras épocas, tinha um jeito de abordar esse tipo de enredo”, refletiu.

Depois, entretanto, ele faz questão de destacar que o cenário por trás do desfile de 2026 será diferente: “Atualmente, a gente vive um momento em que aquela abordagem do passado, até a década passada, não é mais suficiente. Atualmente, as abordagens são mais pela perspectiva do fio condutor ou de uma mensagem – especificamente falando, uma reflexão sobre aquele lugar. Acho que o enredo sobre São Bernardo se insere um pouco nesse caminho”, comentou.

Para ser ainda mais específico, Gleuson destacou que o cerne de tal enredo passa por algo que é bem diferente do que muitos viam até alguns anos atrás: “A gente está falando de uma cidade, e sempre vem na cabeça pensar em uma cidade a partir dos elementos da edificação desse local cidade – por exemplo, dos espaços físicos; e não das pessoas. A abordagem do Vai-Vai é o povo de São Bernardo. Esse o diferencial”, vociferou.

Outro desfile, outra escola

No ciclo do carnaval 2024, o CARNAVALESCO, durante a série Barracões SP (em que visita o espaço em que são criados os carros alegóricos das escolas filiadas à Liga-SP à época), visitou o espaço destinado à Camisa 12 na Fábrica do Samba II (popularmente conhecida como FUPE) – local em que são criados os carnavais das escolas do Grupo de Acesso I e II. O carnavalesco da agremiação em questão era, justamente, Gleuson Pinheiro – assinando o desfile de maneira solo.

A reportagem recordou o fato e perguntou se, no fio condutor do desfile sobre São Bernardo, havia algo em comum com a narrativa para apresentar “Meu Black é de Rei, Minha Coroa é de Chico. Chico Rei Entre Nós” em 2024. A resposta em retrospectiva foi elucidativa: “Tem convergências nesses dois enredos, sim. Em 2023, a gente também tinha a intenção de passar uma mensagem – que não era necessariamente contar e descrever a história do Chico Rei sendo fiel a uma pesquisa histórica. Agora acontece a mesma coisa: o Vai-Vai tem um acordo com a cidade de São Bernardo do Campo, que está costurado e sendo pensado como um acordo com o povo dessa cidade”, reafirmou.

Presidente da Liga-SP fala sobre o desejo de inovar nos minidesfiles de São Paulo

Ele prossegue: “Essa a mensagem que vai ser passada tem uma mensagem – como tinha, no caso, fazendo essa comparação com o desfile sobre Chico Rei. É uma mensagem que passa pela história, evidentemente e como toda mensagem, mas o objetivo não é apenas contar a história. A nossa intenção é que o povo de São Bernardo, a população de São Bernardo, se sinta representada, se enxergue e se identifique com o desfile. Esse é o objetivo”, detalhou.

Divisão das responsabilidades

Gleuson aproveitou para falar como a comissão de carnaval vaivaiense se organiza – não, sem antes, refletir sobre a existência de um grupo para assinar um desfile: “O trabalho no carnaval, normalmente, é separado por responsabilidades e coordenações. Trabalhar em uma comissão significa fazer essa divisão – mas, por outro lado, o desfile é uma unidade. Por conta disso, o trabalho precisa ser coeso e a gente precisa, a todo tempo, estar conversando – já que não dá para separar tanto assim o trabalho”, comentou.

Logo depois, as especificações: “Sobre a divisão que a gente tem, a Tati é a enredista do Vai-Vai, assim como ela era nos carnavais anteriores, é uma continuação do trabalho – logo, a responsabilidade é dela nessa narrativa em questão. Eu e o Renato Anveres somos os responsáveis pelas alegorias – ele já era participava da direção de barracão, já tinha uma função de cuidar da realização, sobretudo, das estruturas dos carros alegóricos. Eu estou entrando para ser o responsável pelo projeto, desenvolvimento e todo o trabalho que se refere às alegorias, especificamente. Por fim, o Marcus Tibechrani, o Marcão, cuida das fantasias. Essa é a divisão atual do trabalho”, finalizou.

Opinião: ‘Portela busca renascer e propõe nova história para o Brasil com seu enredo para o Carnaval 2026’

A Portela está pronta para virar mais uma página importante da sua história — e, dessa vez, com um enredo que não apenas celebra a ancestralidade, mas também convida à reflexão profunda sobre o Brasil que fomos, somos e ainda podemos ser. Para o Carnaval 2026, a azul e branca de Oswaldo Cruz e Madureira aposta em uma proposta sensível e simbólica: “O Mistério do Príncipe do Bará – A oração do Negrinho e a ressurreição de sua coroa sob o céu aberto do Rio Grande”. O título já anuncia o mergulho que a escola fará no universo da espiritualidade afro-gaúcha, evocando mitos, personagens e memórias que resistiram ao tempo e ao apagamento. * LEIA AQUI A SINOPSE DO ENREDO

logo portela2026

* Seja o primeiro a saber as notícias do carnaval! Clique aqui e siga o CARNAVALESCO no WhatsApp

O ponto de partida é carregado de significado. Pela primeira vez, o carnavalesco André Rodrigues assina sozinho o desfile da maior campeã do carnaval carioca. Seu antigo parceiro, Antônio Gonzaga, agora trilha novos caminhos na Grande Rio. A mudança marca um novo ciclo criativo para a Portela, e também para André, que, pode conduzir seu olhar com ainda mais liberdade. O artista poderá constrói um enredo que entrelaça religiosidade, oralidade, poesia e imagem com a delicadeza e a força que lhe são características.

Esse novo tempo portelense também começa com Junior Escafura, que estreia como presidente da escola. E logo em sua primeira escolha, ele aponta para um caminho corajoso: tirar o foco dos territórios mais explorados do carnaval e levar o olhar para o Sul do país, onde pulsa uma história negra potente e, muitas vezes, invisibilizada. A Portela se propõe, mais uma vez, a ser farol.

No coração da sinopse está o Príncipe Custódio, figura histórica que teria sido monarca do Benin, capturado e trazido ao Brasil. Mas o enredo não o retrata como vítima: ele chega como rei, como líder, como entidade viva. No Rio Grande do Sul, não apenas sobrevive, ele organiza, cura, ensina. Funda o Batuque, guia seu povo e torna-se símbolo de força espiritual. É o “Príncipe das Encruzilhadas”, ponte entre mundos, entre tempos, entre reinos.

Outra figura que ganha novo significado na narrativa é o Negrinho do Pastoreio, personagem popular do imaginário gaúcho. Na versão portelense, ele não é apenas o menino escravizado em sofrimento: ele representa a alma negra indomável, que guia caminhos e se eleva como protetor. É o sagrado se manifestando através dos que resistiram.

Ao unir esses dois pilares, Custódio e o Negrinho, com entidades como Bará e Sakpatá, o enredo desenha uma travessia onde a dor vira força, e a fé, caminho de liberdade. A coroa perdida, símbolo da realeza negra arrancada pela violência da escravidão, é restaurada no céu aberto do Sul, iluminando o caminho de volta às raízes.

Este não é apenas um enredo bonito. É necessário. Num país que ainda se vê às voltas com o racismo estrutural, que precisa reaprender a olhar para si, a Portela oferece um desfile que vai além da estética: quer provocar, educar, emocionar — tudo ao mesmo tempo. Quer desfilar para contar, mas também para transformar.

Em sua essência, mais do que guardiã da memória do samba, a Portela se apresenta, como agente ativo da cultura e da identidade brasileira. Ao se debruçar sobre uma geografia pouco retratada e exaltar reis negros em solo sulista, a Majestade do Samba dá voz a um Brasil que ainda pulsa, canta e resiste.