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Pimpolhos da Grande Rio promove oficinas gratuitas de artes, cavaquinho e dança afro

A partir do dia 20 de maio, a quadra da Grande Rio abre suas portas para receber jovens talentos nas oficinas gratuitas de artes, cavaquinho e dança afro oferecidas pela Pimpolhos da Grande Rio. As atividades serão realizadas sempre às terças-feiras, oferecendo momentos de aprendizado, criatividade e conexão com a cultura. Ainda há vagas para a oficina de dança afro, que será realizada das 15h às 16h30, voltada para crianças e adolescentes com idades entre 8 e 14 anos.

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Foto: Divulgação/Pimpolhos da Grande Rio

Para se inscrever, é necessário preencher um formulário neste link e apresentar os seguintes documentos: Cópia do RG do responsável; Cópia do RG ou certidão de nascimento do menor de idade; Cópia do comprovante de residência; Declaração de escolaridade; 1 foto 3×4.

Serão oferecidas também oficinas de artes: das 14h às 16h – para participantes a partir de 12 anos e oficina de cavaquinho, sempre das 16h30 às 18h, voltada para crianças a partir de 10 anos. Estas já estão com as turmas completas.

Não perca tempo e aproveite! Essa é uma oportunidade imperdível para estimular a expressão artística, fortalecer vínculos com a comunidade e celebrar a diversidade cultural por meio da arte e da dança.

Unidos de Lucas divulga logo do enredo, sinopse e regulamento da disputa de samba para 2026

A Unidos de Lucas revelou o enredo que levará à Marquês de Sapucaí no Carnaval de 2026: “O povo escreve sua história em um sublime pergaminho”. A proposta da escola é revisitar as principais revoltas sociais da história do Brasil, exaltando a luta popular como protagonista na construção de uma nação mais justa e igualitária.

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Através de um olhar crítico, o desfile pretende evidenciar episódios de resistência que marcaram a trajetória do país — da opressão colonial à conquista do voto livre e direto — destacando o papel fundamental das camadas populares na transformação social. O enredo aponta para a persistente desigualdade e injustiça que atravessam os séculos, reforçando que o verdadeiro motor das mudanças não está em figuras heroicas ou salvadores da pátria, mas na ação coletiva dos que batalham por direitos.

A narrativa da Unidos de Lucas também presta homenagem à diversidade étnica que moldou as conquistas sociais brasileiras, com destaque para os povos indígenas, os africanos e seus descendentes. O enredo alerta ainda para a importância de defender os direitos já conquistados e preservar o bem-estar coletivo como garantia de um país verdadeiramente soberano.

Sinopse

Enquanto a História Oficial celebrava o “progresso” e a “civilização”, os canhões europeus silenciavam o grito dos povos originários. O carnaval chega como uma contra-narrativa para rasgar o pergaminho oficial, revelando que o Brasil foi construído sobre o sangue dos que resistiram.

Uruçumirim, atual praia do Flamengo, foi palco da disputa entre portugueses e franceses pela conquista colonial das terras às margens da Baía de Guanabara; e quem decidiu os impasses? Os indígenas! A tribo de Arariboia foi crucial na vitória portuguesa e na expulsão dos franceses e dos seus aliados tamoios, que viviam do outro lado da Baía, onde hoje temos a cidade de São Gonçalo.

Ainda, na Batalha de Guararapes, indígenas, negros e portugueses se uniram para expulsar os invasores holandeses, não apenas de Pernambuco, mas também de todo o nordeste brasileiro. Foi a batalha na qual o sentido de ser nativo brasileiro nasceu, por meio da luta e da resistência à opressão estrangeira. A partir dessa batalha, configurou-se o que chamamos de insurreição pernambucana.

A resistência à opressão do trabalho escravo indígena foi o motivo da formação dos sete povos das Missões. Apesar de a Igreja Católica ter a intenção de catequizar os indígenas, o movimento serviu também para mostrar que o indígena resistia à colonização e não aceitava passivamente a violência colonial.

Outro momento de resistência à escravidão colonial está no episódio de Palmares, também no século XVII. O quilombo era o espaço onde todos os excluídos sociais, principalmente os escravizados, tinham como resistir e escrever sua própria história. A maioria dos refugiados ali era de negros africanos e seus descendentes, mas existiam perseguidos religiosos, cortesãs, mulheres acusadas de bruxaria e muitos outros que lutavam contra o senso comum da época.

Palmares foi a referência para vários movimentos onde os negros foram protagonistas das lutas sociais. Podemos citar, a exemplo, a Conjuração Baiana, conhecida com a Revolta dos Búzios, a Revolta dos Malês e o fim da escravidão no Ceará, antes mesmo do restante do do país, com o episódio do Dragão do Mar, em Aracati.

No Vale do Café, na cidade de Vassouras, temos duas figuras importantes, responsáveis pela maior revolta negra no estado do Rio de Janeiro: Manoel Congo e Mariana Crioula. Camélias foram símbolo da liberdade e dos abolicionistas brasileiros do século XIX, que foram levados do quilombo do Leblon para ornamentar a cerimônia de assinatura do Sublime pergaminho da Princesa Isabel.

Em todos esses movimentos, os negros mostraram seus conhecimentos de mobilização, politização, luta contra a intolerância religiosa e o preconceito social e Racial. O conhecimento intelectual africano foi colocado de forma empírica.

O sublime pergaminho foi assinado. E daí? As lutas continuaram e o povo brasileiro seguia lutando contra a opressão e a discriminação social.

Já na Guerra dos Farrapos, vemos a participação dos imigrantes e as ideias sociais ganhando forma nas atitudes do povo. Anita Garibaldi mostrou que as mulheres podem conseguir o que quiserem. Na luta de Canudos, no interior da Bahia, ficou evidente que os mais pobres também podem protestar e buscar uma vida melhor. A Revolta da Vacina foi um levantei popular que ocorreu no Rio de Janeiro, em 1904, contra a campanha de vacinação obrigatória que visava acabar com a varíola. Campanha esta que foi liderada pelo médico Oswaldo Cruz. Os protestos somente terminaram quando a polícia e o exército entraram em cena para resolver, a seu modo, o caso.

A revolta do Cangaço; a Coluna Prestes, a Guerrilha do Araguaia; as manifestações pelo fim do Regime Militar, gritos que ecoavam nas ruas do centro da cidade do Rio de Janeiro pedindo Diretas já… Tantas foram as lutas no chão do nosso Brasil, para que nosso povo tivesse voz e parte na construção do país, sem exclusão ou segregação.

E assim, transformamos a avenida em um protesto, cantando e contando a história do Brasil, uma história dos que resistem, dos que lutam, dos que nunca se calaram. É com dignidade e orgulho que seguimos cantando a verdadeira história do país.

Créditos:
Carnavalesco: Lucas Lopes
Autor do enredo: Lucas Lopes
Enredista: Paulo Neto
Pesquisa: Paulo Neto e Pedro Vitor
Escrita: Lucas Lopes, Paulo Neto, Pedro Vitor e Fabrício Lemos
Revisão do texto: Paulo Gustavo Santos da Silva

Regulamento da disputa de samba

Os compositores inscritos neste concurso deverão seguir as regras descritas deste regulamento, conforme segue:

1.O participante do samba concorrente deverá fornecer quantidade de 20 cópias em papel A4 e 02 CDs com o samba gravado, no dia 27 DE JUNHO DE 2025, SEXTA – FEIRA, até 22:00h, na quadra da escola na Rua Cordovil, 333, Parada de Lucas, Rio de Janeiro – RJ.

2. O G.R.E.S. UNIDOS DE LUCAS não se responsabiliza por quaisquer despesas que o compositor venha a ter relativas à sua participação no concurso de Samba-Enredo.

3. No dia 13/05/2025 acontecerá à explanação com o carnavalesco na quadra da Agremiação, na Rua Cordovil, 333, Parada de Lucas, Rio de Janeiro – RJC, a partir de 20 horas.

4. Fica vetado membros da Diretoria Administrativa ou membros do Departamento de Carnaval do G.R.E.S. Unidos de Lucas participarem como compositor ou participação especial no Concurso de Samba-Enredo 2026.

5. Será permitida o número de até 08 compositores, sendo proibida participação especial.

6. O valor de inscrição do samba enredo será de R$ 50,00 (cinquenta reais) por compositor. O valor será pago no Pix que será passado pela agremiação ou em espécie.

7. O critério para as eliminatórias ficará sob a responsabilidade da Direção do GRES UNIDOS DE LUCAS.

8. A DIREÇÃO DA AGREMIAÇÃO reserva-se o direito de promover alteração no samba vencedor, caso julgue necessário.

9. Declarado vencedor, o samba passará a ser propriedade do GRES UNIDOS DE LUCAS, inclusive os direitos de gravação, comercialização, etc.

10. Deverão entrar em julgamento os seguintes quesitos: Letra, melodia e enredo. Em caso de empate entre duas ou mais composições, a decisão final será da Presidência.

11. A primeira apresentação dos sambas concorrentes não terá caráter eliminatório e será no dia 29/06/2025, Domingo, às 19 horas (impreterivelmente) na Rua Cordovil, 333, Parada de Lucas, Rio de Janeiro – RJ

12. As eliminatórias serão a partir da segunda apresentação em data de 05/07/2025 – Domingo, às 19 horas (impreterivelmente) na Rua Cordovil, 333, Parada de Lucas, Rio de Janeiro – RJ e a Final de Samba Enredo será no dia 12/07/2025 – Sábado, às 20 horas (impreterivelmente) na Rua Cordovil, 333, Parada de Lucas, Rio de Janeiro – RJ.

13. A ordem de apresentação dos compositores obedecerá a um sorteio que será realizado com todos os compositores concorrentes, 01 hora antes do início de cada apresentação do Concurso de Samba-Enredo 2026.

14. Não será permitida agressão verbal à comissão organizadora ou aos jurados sendo sumariamente desclassificado o grupo que assim proceder.

15. Todos os casos omissos no presente regulamento serão dirimidos pela Direção. O G.R.E.S. Unidos de Lucas deseja a todos Boa Sorte!

PRÉVIA CALENDÁRIO DISPUTA DE SAMBA
13/ MAIO – EXPLANAÇÃO E TIRA DÚVIDA COM CARNAVALESCO (TERÇA-FEIRA)
27/MAIO – TIRA DÚVIDA
10/JUNHO – TIRA DÚVIDA
27/ JUNHO – ENTREGA DOS SAMBAS-ENREDOS
29/JUNHO – APRESENTAÇÃO DOS SAMBAS (DOMINGO)
06/JULHO – SEMIFINAL DE SAMBA ENREDO (DOMINGO)
12/JULHO – FINAL DE SAMBA (SABADO)

Unidos de Padre Miguel promove ação social com atendimento jurídico gratuito neste sábado

No próximo sábado, dia 17 de maio, a Unidos de Padre Miguel realiza uma importante ação social em sua quadra, localizada na Rua Mesquita, nº 8, em Padre Miguel. A iniciativa, que tem início às 10h, oferecerá atendimento jurídico gratuito à população, com o objetivo de ampliar o acesso à justiça e garantir cidadania a quem mais precisa.

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Foto: Dhavid Normando/Divulgação Rio Carnaval

A ação é realizada em parceria com a empresa Acesso à Justiça e contará com uma equipe especializada pronta para tirar dúvidas e orientar os participantes em diversas áreas do direito. Para ser atendido, é necessário levar os documentos pessoais e eventuais papéis relacionados ao caso.

Entre os serviços oferecidos estão:
• Orientações para trabalhadores demitidos sem receber seus direitos
• Casos de assédio no ambiente de trabalho
• Apoio para pedidos de aposentadoria
• Solicitação de benefícios do INSS
• Queixas de consumidores enganados por empresas
• Ações judiciais contra empregadores ou empresas

A Unidos de Padre Miguel  convida todos os moradores da região a aproveitarem essa oportunidade de orientação jurídica gratuita.

Serviço:
Ação Social – Atendimento Jurídico Gratuito
Data: Sábado, 17 de maio
Horário: A partir das 10h
Local: Quadra da Unidos de Padre Miguel
Endereço: Rua Mesquita, nº 8 – Padre Miguel
Realização: Unidos de Padre Miguel em parceria com a empresa Acesso à Justiça

Presidente do Tuiuti celebra enredo afro-cubano, define compositores e projeta lançamento do samba para agosto

Renato Marins, o Thor, presidente do Paraíso do Tuiuti, demonstrou entusiasmo com o enredo “Lonã Ifá Lukumí”, que abordará o Ifá cubano no próximo carnaval. O tema está sendo desenvolvido pelo carnavalesco Jack Vasconcelos. A declaração foi dada ao CARNAVALESCO, durante o evento de apresentação da sinopse, realizado na última terça-feira, quando ele comentou sobre sua visão do enredo, a encomenda do samba e os planos para o lançamento.

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Renato Thor, presidente do Tuiuti. Foto: Matheus Morais/CARNAVALESCO

Segundo o dirigente, o enredo mantém a linha temática que a escola vem adotando nos últimos anos, com foco em narrativas culturais e históricas, em busca de seu primeiro título no Grupo Especial.

“O Paraíso do Tuiuti vem com mais um belíssimo enredo, mais um enredo cultural e histórico, com o Tuiuti seguindo a sua linha de enredo. E vamos trabalhar incansavelmente para que possamos fazer um belíssimo carnaval e uma boa entrega”.

A encomenda de samba será mantida, este ano com Luiz Antonio Simas se juntando a Claudio Russo e Gusttavo Clarão, sendo a expectativa da escola repetir o lançamento como no ano passado, em agosto, na Cidade do Samba, segundo Thor.

“O Paraíso do Tuiuti já não faz disputa de samba-enredo. Vai ser encomendado pelos próprios compositores da escola, como vem sendo desde 2018. Este ano, os compositores são Claudio Russo, Gusttavo Clarão e Luiz Antonio Simas. Estes são os três compositores que estão com essa responsabilidade nas mãos, para fazer um samba à altura do nosso enredo e da nossa escola. Estamos planejando, para agosto, na Cidade do Samba, fazer uma grande festa como fizemos no ano passado. O Paraíso do Tuiuti está se organizando para essa data”.

Paraíso do Tuiuti: sinopse do enredo para o Carnaval 2026

O que vem por aí? Mangueira divulga pistas sobre o enredo para o Carnaval 2026

A Estação Primeira de Mangueira, em suas redes sociais, divulgou pistas do enredo para o Carnaval 2026. Pelo segundo ano consecutivo, Sidnei França será o carnavalesco responsável pelo desfile da Verde e Rosa. Veja abaixo as dicas da Verde e Rosa.

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Paraíso do Tuiuti: sinopse do enredo para o Carnaval 2026

LONÃ IFÁ LUCUMÍ

Laroiê, Eleguá! Agô.

No princípio era o axé…

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logo enredo tuiuti 2026

Quando Olodumare, o supremo criador da existência, do universo e dos orixás, soprou o Emi (energia vital) para que o primeiro ser humano moldado por Obatalá ganhasse vida com seu Orí divinizado, consciente e portador daquele destino, Orunmila estava presente e tudo assistiu. Todos os seres foram conectados energeticamente e os orixás, regentes das forças da natureza, passaram a comandar cada aspecto e expressão da vida humana.

Orunmila, o Èléri Ípìn, a testemunha da criação, portanto, recebeu de Olodumare a dádiva de ser seu porta-voz no oráculo de Ifá para guiar a humanidade pelo bom caminho e cada pessoa ao melhor cumprimento de seu destino na dimensão terrena, o Ayiê, através da comunicação espiritual com a dimensão sobrenatural das divindades, o Orún.

Epá Ojú Olorun! Ifá Ò! (Viva os olhos do Criador! Ele é Ifá!)

Na cidade sagrada de Ilé Ifé, fundada por Odudua e onde os primeiros humanos moldados por Obatalá iniciaram sua caminhada na Terra, Orunmila, o profeta dos destinos e guardião da sabedoria, transmitiu o conhecimento oracular do Ifá aos Babalaôs Iorubás.

Sentados sobre a esteira de palha, aprenderam a decifrar as mensagens de Orunmila contidas nos Odús que se desenham ao jogarem o cordão aberto (o princípio e o fim) trançado com oito metades de favas de Opelê sobre o tabuleiro de madeira Oponifá.

Lònà Ifá (Caminho de Ifá)

Assim, os Babalaôs Iorubás levaram o Ifá praticado na sagrada Ifé, e na cidade de Oyó, mundo antigo afora semeando a palavra de Orunmila. Pelas rotas comerciais para além do Saara, de Kemet à Babilônia, os sacerdotes contaram as histórias e ensinamentos contidos nos Patakis, louvaram Orikis para as divindades e ofereceram os ebós pedidos nos Odús revelados nas caídas dos seus Opelês sobre os Oponifás.

Até que o caminho de Ifá cruzou o Atlântico, à força, acorrentado no destino dos Iorubás escravizados e traficados para a exploração do Novo Mundo. Olokun, divindade soberana dos mares e dos segredos da vida e da morte, transportou em suas águas a tradição religiosa africana até o mar caribenho para que a ancestralidade iorubana fosse recebida pela ancestralidade indígena de Taínos e Ciboneys naquela ilha que seus originários chamavam Cubanacan ou, simplesmente, Cuba.

Mo júbà! Oluku mi! (Vos saúdo! Somos amigos!)

Com a chegada dos Iorubás de Ifé e Oyó em terras cubanas para o trabalho nas fazendas de cana-de-açúcar e café, nasceu a nação Lucumí. Para
o regime escravagista espanhol, lucumis eram todos os cativos iorubanos em geral, porém, os próprios escravizados se identificavam sinalizando suas origens, como: Lucumí-Oyó, Lucumí-Egba, Lucumí- Ekiti, Lucumí-Ijebu…

Sob a irradiação aguerrida de Oggun, o primeiro rei de Ifé, os lucumis levantaram os metais de seus facões diversas vezes contra a tirania dos colonizadores. Na província de Matanzas, a escravizada iorubá Carlota Lucumí liderou a Insurreição do Engenho Triunvirato, que destruiu vários engenhos, eliminou colonos, incendiou fazendas e libertou centenas de escravizados.

Oggun Ye! Mo ye! (Ogum está vivo! Eu estou vivo!)

Matanzas, aliás, foi o berço do Ifá cubano e o pai foi o babalaô Remígio Herrera, o Adechina. Um ex-cativo de engenho açucareiro que, quando alforriado, foi para Nigéria ser consagrado em Oyó. Com a missão dada por Orunmila de fundar o primeiro Cabildo Lucumí na América hispânica, retornou a Cuba trazendo os fundamentos da Regla de Ifá e iniciou o primeiro babaláo em solo cubano: Tata Gaytán.

O Ifá cubano se expandiu e adquiriu caráter próprio. A língua Lucumí assimilou influência de falas indígenas e espanholas e “lucumizou” as
expressões. Altas deidades e Orishas, maiores e menores, formaram o panteão divino. O Obí advinhação com cocos, rachados em quatro partes para que as combinações entre as faces claras (o interior) e escuras (a casca) respondam pelas divindades ao serem lançadas no chão, se tornou marca do Ifá cubano. Os filhos de Orula (Orunmila) iniciados passaram a ser identificados pelo uso do Ileké no pescoço ou do Idefá no pulso esquerdo para lembrar do pacto que Orula fez com a morte para que ela não leve os seus antes do tempo destinado. Ambos feitos de contas verdes e amarelas que representam a união da sabedoria de Orula (o verde do viço das folhas frescas) com a fertilidade de Oshun (o amarelo da decomposição das folhas) que nos lembram do inevitável ciclo da vida.

Para despistar a perseguição aos cultos de matriz africana, Iorubás identificaram seus Orixás com santos católicos e criaram a Santería, também conhecida como Regla de Ocha ou Regla Lucumí, onde o Ifá é o centro oracular divinatório. Se expandiu pela ilha após a Revolução Cubana e ficou ainda mais popular depois que o Estado mudou de ateu para laico com a extinção soviética. Hoje, a mão de Orula está presente na vida de grande parte do povo cubano e os tambores Batá ressoam consagrados em Ifá pelos cabildos de Havana.

Agô Ilé. (Peço licença para entrar)

Existe uma conexão espiritual entre Cuba e o Brasil, enraizada em nossa reverência aos Orixás e aos nossos ancestrais africanos, que nos
enlaçam culturalmente e energeticamente há gerações. O destino quis que o Ifá Lucumí se ramificasse até aqui e se consolidasse no Rio de Janeiro através do Opelê e do Oponifá do Babalaô cubano de linhagem dos veneráveis Adeshina e Tata Gaytán, Rafael Zamora. Dessa bendita rama continua a florescer Babalaôs brasileiros, afilhados, famílias em Ifá e comunidades-terreiro dedicados ao culto de Orunmila.

Num momento tão difícil para a humanidade na Terra como este, com tantos conflitos e desequilíbrios, que Ifá nos guie no caminho para o bom
caráter, respeito e a harmonia entre as pessoas e a natureza. Que Orunmila ordene o mundo nos caminhos do bem.

Iboru Iboya Ibosheshe! (Que nossas súplicas sejam ouvidas!)

Jack Vasconcelos

Referências:
ALCARAZ, José Luis. Santería cubana, rituales y magia. Madrid: Tikal Ediciones, 2013.
ARAÚJO, Leonor Franco de. Sistema filosófico de Ifá. Salvador: Tese (Doutorado em Difusão do Conhecimento) – Programa de Pós-Graduação
Multi-institucional em Difusão do Conhecimento, 2023.
LOPES, Nei. Ifá Lucumí : o resgate da tradição. Rio de Janeiro: Pallas, 2020.
LOPES, Nei; SIMAS, Luiz Antonio. Filosofias Africanas: uma introdução. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2023.
LÓPEZ VALDÉS, Rafael L. Africanos de Cuba. San Juan, Porto Rico: Centro de Estudos Avançados de Porto Rico e Caribe, 2002.
MINTZ, Sidney W. ; PRICE, Richard. O nascimento da cultura afro-americana: uma perspectiva antropológica. Rio de Janeiro: Pallas e Universidade Candido Mendes, 2003.
PORTUGAL FILHO, Fernandes. Ifá, o senhor do destino: Olórun Ayanmo. São Paulo: Madras, 2010.
SILVA, Sebastião Fernando da. A Filosofia de Òrúnmìlà-Ifá e a formação do Bom Caráter. Goiânia: Dissertação (Mestrado em Ciências da Religião) – Escola de Formação de Professores e Humanidades, Pontifícia Universidade Católica de Goiás, 2015.

Tomate comemora força dos Dragões da Real e revela desejos para o futuro

Completar vinte e cinco anos é sempre especial – ainda mais para uma instituição cultural como uma escola de samba. No dia 17 de março, os Dragões da Real alcançaram tal marca – e, para comemorar, especificação uma edição mais do que especial da tradicional Superfeijoada da instituição. Com shows de Ferrugem, Jorginho Soares e da própria agremiação, diversos nomes ligados ao Lugar de Gente Feliz se fizeram presentes. Um deles foi Renato Remondini, popularmente conhecido como Tomate, presidente da entidade da Zona Oeste de São Paulo.

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Foto: Will Ferreira/CARNAVALESCO

Sempre presente em eventos importantes para escolas de samba, a reportagem do CARNAVALESCO entrevistou Tomate para falar sobre questões pertinentes ligadas aos Dragões da Real.

Histórias que se cruzam

Ao longo da história, os Dragões da Real tiveram quatro presidentes. Tomate, enquanto último da lista, assumiu após um triênio com Flavio Mendes Beverari comandando a agremiação. Ele mesmo relembrou o início do mandato – e, mais do que isso, todas as posições que ele já ocupou na instituição: “Vamos por partes: eu assumi a presidência em 2010 e, em 2011, fomos campeões do Grupo de Acesso I a subimos para o Especial. Antes de ser presidente, eu era vice-presidente. Já diretor fui de bateria, diretor de carnaval… já passei por tudo quanto é lugar. Adoro o barracão, a minha paixão é o barracão, as alegorias, subir no carro alegórico, construir, ver desenhos, rascunhar… adoro tudo isso. Participo em todos os segmentos da escola, mas amo de paixão tudo ligado às alegorias”, disse, revelando seu maior prazer no mundo carnavalesco.

Enquanto gestor, Tomate destacou que a experiência fora do universo carnavalesco o ajuda a comandar a instituição: “Quanto à administração, eu trouxe o que eu aprendi dentro da iniciativa privada. Eu trabalhei onze anos em uma famosa segurança, e muito do que eu aprendi lá eu trouxe para os Dragões.

Encerrando o assunto, o presidente citou o slogan da agremiação, muito conhecido no universo carnavalesco paulistano – ” Lugar de Gente Feliz “: “”Eu não digo nem de competência, de sucesso, de potência, eu não digo nada disso: eu digo de ser um lugar de gente feliz na essência, não na frase. É fácil colocar lá na quadra a frase estampada. Tem que ser na atitude. E eu acho que a gente vem conseguindo isso junto com toda a diretoria, toda a liderança. O clima de respeito é muito legal na Dragões. A gente vive um clima bacana. Eu acho que isso contribui muito”, destacou.

Força

Três vezes vice-campeão do Grupo Especial do carnaval de São Paulo (e, em duas dessas oportunidades, com a mesma classificação da primeira colocada), a Dragões é, inegavelmente, uma das grandes potências quando se fala em escolas de samba paulistanas. Para Tomate, tal vigor não é por acaso e vem por alguns motivos: “Eu acho que são algumas questões que nos fazem tão fortes. O planejamento é a base de tudo.

Inovação como DNA

Um dos grandes orgulhos da Dragões é a quantidade de pioneirismos que uma escola, mesmo tão jovem, possui no carnaval paulistano. Tomate, além de enumerar algumas delas (o CARNAVALESCO já falou a respeito com membros da agremiação), novamenteu o reforçou o quanto a comunidade da Vila Anastácio gosta de inovar: “A Dragões foi pioneira em algumas coisas: há quatro anos atrás foi inaugurado um Espaço Kids gigantesco para as crianças. A Dragões tem um memorial. A Dragões teve o seu primeiro banheiro com acessibilidade em 2016. A gente costuma falar que a gente procura sempre buscar coisas novas. As festas juninas são um sucesso, também. A escola é movida pela paixão e pelo novo O povo está ansioso, esperando o enredo e a comunidade compra o enredo, independentemente de qual ele está para.

E para o futuro?

Ao ser questionado sobre em qual patamar e como vai estar a Dragões no Jubileu de Ouro (ou seja, quando completar 50 anos), Tomate preferiu focar em como ele gostaria de ver a instituição: “Eu não sei te dizer onde ela vai estar, mas eu posso falar onde eu gostaria muito que ela estivesse: sendo identificado pela sua essência e por tudo que ela mantém e mantém até hoje. Se a gente conseguir permanecer com isso durante 50 anos, se eu estiver vivo até lá, vai ser a minha felicidade por completo. Saber que realmente a gente construiu uma história de respeito e de carinho faria com que minha vida fosse completa”, finalizou.

Diretor de carnaval da Vila elogia imersão da dupla Bora-Haddad e escola estuda prolongar disputa de samba-enredo

A Vila Isabel está em clima de festa e renovação. Impulsionada pela chegada da dupla de carnavalescos Leonardo Bora e Gabriel Haddad, a comunidade da escola de Noel já sonha com a sua quarta estrela de campeã do carnaval. Esse entusiasmo pôde ser visto no lançamento do enredo para o Carnaval 2026, realizado na Pedra do Sal.

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Foto: S1 Comunicação/Divulgação Vila Isabel

Em entrevista ao CARNAVALESCO, Moisés Carvalho, diretor de carnaval da Vila Isabel, comemorou a chegada da dupla. “A Vila está muito feliz com a chegada deles, a prova é essa bela festa que a gente está fazendo com a assinatura deles. É indiscutível que, hoje, eles são só melhores carnavalescos na praça”, afirmou.

O diretor também destacou as mudanças no barracão desde a chegada dos carnavalescos. Para ele, a participação da dupla no dia a dia é uma marca do trabalho deles. “Cada um tem a sua característica, e eles estão imersos no processo criativo, opinando e decidindo junto com a gente. A escola está pronta para dar todo o suporte necessário”, disse Moisés.

O lançamento do enredo seguiu a tradição recente da Vila Isabel: eventos temáticos. Em 2024, a escola realizou uma grande festa restrita a convidados na Cidade do Samba para apresentar a sinopse do enredo “Quanto mais eu rezo, mais assombração me aparece”, assinado pelo carnavalesco Paulo Barros. Já em 2025, o cenário foi a Pedra do Sal, monumento histórico e religioso fundamental para a cultura afro-carioca, localizado na região da Pequena África.

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Moisés Carvalho, diretor de carnaval. Foto: Marcos Marinho/CARNAVALESCO

Dessa vez, o evento foi aberto ao público e contou com uma grande roda de samba. “A energia aqui fala por si. A gente vem procurando, todo ano, fazer um lançamento com a característica do enredo. Ano passado a gente fez aquele evento na Cidade do Samba, que o enredo pedia. Estamos muito felizes com o resultado”, declarou o diretor de carnaval.

Intitulado “Macumbembê Samborembá: Sonhei que um sambista sonhou a África”, o enredo, assinado pela dupla Bora-Haddad para o Carnaval 2026 da Vila Isabel, homenageará Heitor dos Prazeres, um dos pioneiros na composição de sambas e personagem que participou da fundação das primeiras escolas de samba do Brasil.

Outra novidade novidade em discussão é o processo de escolha de samba. A Vila Isabel, conhecida por disputas rápidas, estuda prolongar o período de competição. “Temos algumas ideias, mas o presidente ainda vai bater o martelo. Bem provável que a gente dê uma alongada”, adiantou Moisés Carvalho.

Conheça a logo do enredo da Vila Isabel para o Carnaval 2026