Início Site Página 31

Com elenco renovado, Unidos de Vila Maria apresenta enredo para o Carnaval 2026

A noite da última sexta-feira teve um grande evento na Zona Norte de São Paulo – mais precisamente no Jardim Japão, bairro em que fica a quadra de uma das mais tradicionais escolas de samba paulistanas. Na data, a Unidos de Vila Maria fez uma série de apresentações: do enredo para o carnaval 2026, intitulado “Do chão que alimenta a culinária que encanta: Brasil um banquete de sabores” e desenvolvido pelo carnavalesco Vinícius Freitas; até o do próprio elenco para o ciclo da folia de Momo – que conta com novos nomes.

* Seja o primeiro a saber as notícias do carnaval! Clique aqui e siga o CARNAVALESCO no WhatsApp

logoenredo vilamaria2026

A programação começou com um show da Velha Guarda da agremiação. Depois, os tradicionais alusivos da agremiação – “Você Mora No Meu Coração”, hino da escola; e “És Meu Pavilhão”, outro alusivo conhecido em toda a cidade.

Depois, alguns sambas-enredo históricos tiveram vez: “Aparecida – A Rainha do Brasil. 300 Anos de Amor e Fé no Coração do Povo Brasileiro” (de 2017), “A Vila Famosa é Mais Bela, Ilhabela da Fantasia” (2016), “Intolerância Não! Viva e Deixe Viver!” (2002) e “Nos Meus 60 Anos de Alegria – Sou Vila Maria, e Faço a Festa Resgatando do Passado Brinquedos e Brincadeiras de Criança” (2014).

vilamaria enredo2026 1
Fotos: Will Ferreira/CARNAVALESCO

Depois da sequência, começaram as apresentações. Primeiro, os novos integrantes da agremiação. Mestre Marcel Bonfim foi empossado como o nome comandante da Cadência da Vila, bateria da escola. Como primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Kadu Andrade e Camila Moreira também receberam um cerimonial especial por parte da Associação de Mestres-Sala, Porta-Bandeiras e Porta-Estandarte de São Paulo (AMESPBEESP). Os três têm passagens marcantes na agremiação verde, azul e branco e o retorno teve muita emoção por parte de cada um deles e de familiares presentes no local.

vilamaria enredo2026 12

Quem também foi apresentado foi Vinícius Freitas, novo carnavalesco da instituição. O clã em questão também teve um discurso muito aplaudido feito por Taiane Freitas, coreógrafa da comissão de frente da agremiação (premiada com o Destaques do Ano, votação popular do Estrela do Carnaval, organizado pelo CARNAVALESCO, como melhor comissão de frente do Grupo de Acesso I de 2025) e irmã do novo quadro da escola.

Mas… e o enredo?

vilamaria enredo2026 11

Depois das apresentações, todos ansiavam por saber qual seria a temática a ser abordada pela Vila Maria em 2026. Com um vídeo, o enredo foi apresentado. Na película, Vinícius aparece mostrando o projeto em questão para a presidência e, logo depois, integrantes da escola participaram da produção.

Vale destacar que o vídeo deixou claro que uma linha cronológica será evidente, já que o início das imagens tinha a locução afirmando que o Brasil já era um local de fartura alimentícia mesmo antes da chegada dos europeus.

vilamaria enredo2026 10

Palavra de quem fez

Ao ser perguntado sobre qual será o destrinchamento do enredo, Vinícius foi detalhista: “É um enredo em que todos vão se encontrar. E é um enredo riquíssimo, também culturalmente falando, pois ele ressalta muito, por exemplo, o quanto a alimentação, o quanto a nossa culinária, o quanto a nossa gastronomia influencia e faz parte da nossa identidade quanto o povo. Isso vem desde a ancestralidade, desde quando o Brasil ainda não era Brasil. Desde então, já havia alimentos nesse solo. A gente parte por toda a miscigenação, também – essa mistura de cores e sabores de todos os povos que passaram por aqui. Aí, finalmente, a gente chega no Brasil brasileiro – que é a nossa maior identidade como povo. É a riqueza dos nossos alimentos em relação ao ritual de se alimentar. São rituais brasileiros a hora do nosso cafezinho, a hora da nossa cerveja, a hora da nossa feijoada. Tenho certeza que todo mundo vai se encontrar na avenida, todo mundo vai encontrar o seu sabor na avenida e vai ser um espetáculo bem grandioso”, prometeu.

vilamaria enredo2026 8
Carnavalesco Vinícius Freitas

Se a linha cronológica está bem evidenciada tanto no vídeo apresentado quanto na fala do carnavalesco, ele próprio deixa claro que a parte estética também terá muito esmero: “Com certeza teremos surpresas! Modéstia à parte, como artista, a gente sempre busca essas surpresas. Em relação ao enredo, modéstia à parte, todos verão uma Vila Maria com bastante originalidade e luxo na avenida. É o que a gente preza”, destacou.

vilamaria enredo2026 7

Originalidade

Alguns enredos com temáticas semelhantes já foram vistos no Anhembi. No carnaval 2004, por exemplo, que comemorava os 450 anos da cidade de São Paulo e tinha a obrigatoriedade de falar de temas relacionados ao município, X-9 Paulistana (com “Se Vens a Minha Casa Com Deus no Coração. Senta-te à Mesa e Come do Meu Pão) e Águia de Ouro (“Sou Mais São Paulo… Ana Maria Braga Conta 450 Anos da Culinária Paulistana) tinham a gastronomia como temática. Em 2017, o Rosas de Ouro apresentou “Convivium. Sente-se à mesa e saboreie”, contando a história dos banquetes.

vilamaria enredo2026 6

Indagado sobre quais serão os diferenciais do desfile da Vila Maria de 2026 em relação aos lembrados pela reportagem e outros tantos, Vinícius também foi bastante explicativo: “Com toda a sinceridade e com toda a humildade, já começa com esse nome. É um nome fortíssimo: ‘Do chão que alimenta a culinária que encanta. Brasil, um banquete de sabores’. Isso aí, modéstia à parte… eu não canso de me arrepiar toda vez que eu falo e ouço. Mas eu sei que o maior diferencial vai ser essa comunidade. Disso eu tenho certeza. Essa comunidade aqui, graças a Deus, abraçou esse projeto com tanta humildade, com tanta força, com tanto entusiasmo, que eu tenho certeza que eles vão ser o maior diferencial na avenida desse espetáculo, desse desfile”, comentou.

Clamor pela arte

vilamaria enredo2026 5

Durante a entrevista, Vinícius Freitas aproveitou para falar sobre critérios de julgamento – tema recorrente no universo do carnaval paulistano: “Só esperamos que o carnaval de São Paulo preze pela arte e julgue a arte. Para que ele não faça apenas uma conferência de certo ou errado. Senão, quem perde é o artista. O artista não pode pensar assim: ele tem que apresentar o melhor, ele tem que apresentar espetáculo. Afinal, o que o brasileiro tanto fala é que o desfile das escolas de samba é o maior espetáculo da Terra. E, infelizmente, o critério do carnaval de São Paulo está indo por esse lado. O carnaval é uma competição, mas o título é uma consequência. Você tem que apresentar o melhor espetáculo possível. Você tem que valorizar as pessoas que vão assistir – e elas querem ver coisas bonitas, querem ver criatividade. Não querem ver se está certo ou errado, pasta debaixo do braço. Isso aí, para mim, desculpa o palavreado, chega a ser medíocre. Eu tenho certeza que o carnaval de São Paulo vai, agora, prezar a questão do espetáculo, a questão da criatividade, a questão da arte. É isso que a Vila Maria, com toda humildade, com muito trabalho, vai buscar levar para a avenida”, vociferou.

Ideia

Nomes importantes da Vila Maria são os responsáveis pelo enredo em si. O primeiro deles, obviamente, é Vinícius. Ele, entretanto, citou outras pessoas: “O enredo veio do vice-presidente Marcelo Rocha. Nós nos unimos junto com o meu enredista, para montar esse enredo. Senti que era o momento porque é um enredo leve, é um enredo solto”, destacou.

Quem deu mais detalhes a respeito foi Júlio César Dias Alves, popularmente conhecido como Queijo, diretor de Carnaval e de Harmonia da agremiação: “Na verdade, teve uma ideia do vice-presidente, mas é uma ideia conjunta. Foi uma ideia dos dois, que foram criando essa ideia. A família do vice-presidente teve essa ideia junto com ele e, nesse caminho, tudo foi construído junto com o Vinícius… algumas pessoas foram construindo”, destacou.

vilamaria enredo2026 4
Júlio César Dias Alves, popularmente conhecido como Queijo, diretor de Carnaval e de Harmonia da agremiação

Adílson José de Souza, presidente da instituição, confirmou a história: “No término de um carnaval já se é pensado no próximo tema. Nessa discussão de qual seria um tema ideal para a nossa escola, o Marcelo já tinha isso com ele. Apresentamos o tema ao carnavalesco e teve uma aceitação de primeira ordem do Vinícius. Com a técnica dele, com a disseminação de arte que ele tem, ele desenvolveu e montou toda uma estrutura que vai unir essa parte cultural com a parte prática para ter uma resposta do que é o encanto do desfile de carnaval”, refletiu.

vilamaria enredo2026 3
Adílson José de Souza, presidente da Vila Maria

Aprovação total

O próprio Queijo destacou a diversidade gastronômica brasileira para defender a temática: “O vídeo mostrou muito o que é o enredo. A gente está falando que a gente adotou alguns continentes para a gente falar da comida cotidiana. Tudo que planta, por aqui, dá. O nosso chão é bem rico no Brasil. Todo mundo olha para o Brasil pela diversidade de alimentos. Tudo isso me encanta pela riqueza que vai ser no dia do Anhembi, vai ser diverso, todo mundo está pensando o que ser que vem por aí. E vai ter uma riqueza múltipla de vários continentes que nós adotamos como uma culinária nossa – que faz sucesso hoje no mundo inteiro”, destacou.

O diretor mostrou-se confiante na disputa do Grupo de Acesso I com a temática: “Se Deus quiser (e Ele quer), é com esse enredo que voltamos ao Especial, porque aqui tem muito trabalho. A gente teve um acerto muito grande no enredo e, agora, é para a gente acertarmos num bom samba. Nossa comunidade, hoje, mostrou que já está todo mundo aí, que a nossa equipe trabalha com os Harmonias, com a diretoria, com todo o elenco da escola – e está todo mundo preparado. É acertar um bom samba e trabalhar. Não tem segredo! O segredo da vitória é trabalhar. Sempre. E aí, se Deus quiser, ano que vem, estaremos lá em cima de novo”, observou.

Adílson também gostou do que virá: “é um enredo muito cultural, um enredo que vai falar da base de um povo, de um país que tem na sua essência a condição de melhores alimentos do mundo. Quando nós falamos que o Brasil é um banquete de sabores, é uma verdade muito grande. Graças a Deus somos privilegiados e vivemos isso. Esse banquete, a cada região, a cada lugar, tem a sua identidade, tem a sua cultura, tem a sua forma de ser. Sofremos influência mundial em relação à culinária. E, hoje, temos nesse Brasil imenso vários pratos, sabores e bebidas que encantam. Todos que ouvirem falar do enredo, de alguma forma, terão na boca algum lugar do nosso Brasil, já que o desfile vai remeter a alguma refeição que foi feita e que ficou marcada na memória, na essência de cada um”, finalizou.

Em mais um enredo autoral na Mangueira, Sidnei França conta como surgiu a ideia: ‘história que pudesse ser salva do cruel apagamento’

Após estrear em 2025 na Marquês de Sapucaí, conduzindo a Estação Primeira de Mangueira, o carnavalesco Sidnei França segue para seu segundo ano, e, mais uma vez, apresentará um enredo autoral na Verde e Rosa. A agremiação levará para Avenida o enredo “Mestre Sacaca do Encanto Tucuju – O Guardião da Amazônia Negra”, que mergulha na história afro-indígena do extremo Norte do país a partir das vivências de Mestre Sacaca. Em entrevista ao CARNAVALESCO, o artista contou como surgiu a ideia e celebrou ter gabaritado o quesito Enredo neste ano. Veja abaixo o papo.

* Seja o primeiro a saber as notícias do carnaval! Clique aqui e siga o CARNAVALESCO no WhatsApp

mangueira rua1201 5
Fotos: Allan Duffes/CARNAVALESCO

Como surgiu a ideia do enredo?

“Surgiu da busca por uma história que pudesse ser salva do cruel apagamento comumente imposto às figuras populares, bem como da vocação da Estação Primeira de Mangueira de jogar luz à nomes e fatos que expliquem o Brasil e o sentimento de brasilidade”.

O que até agora na pesquisa do enredo mais mexeu com você?

“Até aqui chamou a minha atenção de maneira especial a surpreendente presença da cultura negra no extremo-norte do país, contrariando a percepção errônea de que a Amazônia é homogênea e unicamente habitada pelos povos originários e aculturada pela população indígena”.

Após gabaritar o quesito Enredo o que você sentiu e como é ir para mais um tema autoral na Mangueira?

“É fundamental para um carnavalesco e sua equipe a liberdade de contar histórias de maneira autoral e preservar sua percepção particular e autêntica sobre tudo. Gabaritar o quesito Enredo foi a consequência de um forte trabalho em equipe, onde cada decisão estético-visual respeitou a argumentação proposta desde a sinopse do rnredo até a defesa do projeto perante os julgadores, no chamado livro Abre-alas”.

Saiba mais

Mestre Sacaca é o enredo da Mangueira para o Carnaval 2026

Veja a logo do enredo da Mangueira para o Carnaval 2026

logo enredomangueira2026

A Estação Primeira de Mangueira apresenta seu enredo para seu Carnaval de 2026: “Mestre Sacaca do Encanto Tucuju – O Guardião da Amazônia Negra”, que mergulha na história afro-indígena do extremo Norte do país a partir das vivências de Mestre Sacaca. O enredo é assinado pelo carnavalesco da agremiação Sidnei França. E dá início ao triênio do centenário da agremiação.

Mestre Sacaca é o enredo da Mangueira para o Carnaval 2026

Mestre Sacaca é o enredo da Mangueira para o Carnaval 2026

A Estação Primeira de Mangueira apresenta seu enredo para seu Carnaval de 2026: “Mestre Sacaca do Encanto Tucuju – O Guardião da Amazônia Negra”, que mergulha na história afro-indígena do extremo Norte do país a partir das vivências de Mestre Sacaca. O enredo é assinado pelo carnavalesco da agremiação Sidnei França. E dá início ao triênio do centenário da agremiação.

* Seja o primeiro a saber as notícias do carnaval! Clique aqui e siga o CARNAVALESCO no WhatsApp

sidneifranca mangueira

De origem negra e indígena, cernes da formação do Amapá, Raimundo dos Santos Souza, personagem central da Verde e Rosa apresenta os encantos que viveu no seu território. Ao ser apelidado como Sacaca, uma titulação xamânica, ele navegou pelos rios que cruzam a
região Norte do Brasil, entrando em contato com diferentes populações tradicionais.

Mestre Sacaca tornou-se um personagem brasileiro de profundos saberes sobre o manuseio de ervas, seivas, raízes e elementos que compõem a Amazônia Negra amapaense. Utilizava seus conhecimentos no tratamento de doenças e do cuidado comunitário por meio de garrafadas, chás, unguentos e simpatias. Por isso, também ficou conhecido como “doutor da floresta” em diferentes cidades das terras Tucujus – expressão oriunda de um grupo indígena que habitava essa região, e que atualmente é utilizada para se referir ao povo desse estado.

Para além dos atendimentos e dos pedidos diários de cura, disseminou receitas e simpatias com a publicação de livros e de seus programas em rádios locais. No cotidiano, portanto, promovia a medicina ancestral e também o poder das ervas, manuseando a natureza em um equilíbrio entre ciência e espiritualidade.

Sacaca também foi marabaixeiro (alguém que pratica ou participa do marabaixo, uma manifestação cultural afro-amapaense que combina música, dança e ritual). Participou ativamente da maior manifestação cultural desse estado, e integrou-se ativamente ao carnaval do Amapá, outro importante festejo da região. Foi Rei Momo por mais de 20 anos, além de fundar blocos e escolas de samba do estado. Tornou-se um defensor e estimulador dos tambores da Amazônia Negra.

Nascido em 1926, o Xamã Babalaô – como foi chamado em uma canção póstuma composta por Ricardo Iraguany e Enrico Di Miceli – ainda é presente na memória do povo amapaense. Sua família segue perpetuando seus saberes, conhecimentos e vivências. Sacaca, cujo nascimento se aproxima do centenário, dedicou sua vida à defesa da floresta e das tradições, práticas e culturas afro-indígenas. Por essa razão, a Mangueira, contadora de diferentes histórias brasileiras, celebra essa figura que é uma das caras do nosso país diverso e de dimensões continentais.

“Estamos falando de algo inédito na historiografia da Mangueira: tratar de costumes afro-indígenas. Mesmo no Brasil, muitas vezes ainda predomina uma visão monolítica sobre a Amazônia, com muitas narrativas e personagens ainda inexplorados ou sem ter a devida atenção”, avalia Sidnei França, carnavalesco da Mangueira. “Com sua vocação de contar ‘outras histórias’, a Mangueira vai apresentar Mestre Sacaca, um legítimo representante dessa floresta afro-indígena”, conclui.

‘A cultura popular diz não à caretice – agora temos nossa universidade’, diz Milton Cunha na estreia da Universidade Livre do Carnaval em Maricá

Maricá deu nesta nesta sexta-feira um passo histórico na valorização do saber popular ao lançar oficialmente a Universidade Livre do Carnaval. Em cerimônia realizada na quadra da União de Maricá, autoridades, artistas e nomes consagrados do mundo do samba celebraram a criação da primeira instituição brasileira inteiramente dedicada à formação, pesquisa e profissionalização voltada para o maior espetáculo cultural do país: o carnaval.

* Seja o primeiro a saber as notícias do carnaval! Clique aqui e siga o CARNAVALESCO no WhatsApp

universidademarica 3
Fotos: Matheus Morais/CARNAVALESCO

Nomeado reitor da Universidade, Milton Cunha não poupou palavras ao defender a legitimidade da cultura popular como campo de conhecimento e força econômica.

“O lugar de fala do carnaval no Brasil é da negritude. A partir deles, do talento, que se estruturam as manifestações carnavalescas. A resposta à arrogância da caretice é essa universidade livre. Aqui, os saberes estão equipados em todas as linhas”, afirmou Milton, que também é psicólogo, cenógrafo e comentarista de carnaval, com sólida trajetória acadêmica.

Segundo ele, o novo espaço é mais do que um centro de ensino: é um núcleo de resistência. “A voz hegemônica nos despreza porque quer continuar dona do poder. Mas a gente da cultura popular diz não. Temos o mesmo direito. Devolvemos muito mais dinheiro do que investem na gente. Somos a potência do nosso povo”, declarou, sob aplausos.

universidademarica 2

Ao lado de Milton, estarão na Reitoria Colegiada da universidade Evelyn Bastos, rainha de bateria da Mangueira, diretora cultural da Liesa e voz ativa na luta pela valorização da mulher negra, e Antônio Carlos “Vovô do Ilê”, fundador do tradicional bloco afro baiano Ilê Aiyê. Evelyn emocionou o público ao relembrar sua trajetória: “Sou nascida em um território onde a escola de samba é amparo de vida. Vi o samba resgatar autoestima. Essa universidade está sendo construída na nossa mente e coração há muito tempo”, disse.

A Universidade Livre do Carnaval de Maricá já nasce com ousadia: oferecerá mais de 60 cursos livres e técnicos, com planos futuros de graduações nas áreas de cenografia, produção cultural, indumentária e outras especialidades que sustentam o carnaval. Também abrigará a Rede Brasileira de Estudos do Carnaval (REBECA), que promoverá pesquisas e intercâmbios acadêmicos sobre o tema.

universidademarica 1

A criação da universidade é iniciativa da Prefeitura de Maricá, por meio da Secretaria de Cultura e das Utopias. O secretário Sady Bianchin, em tom emocionado, destacou a força do projeto. “É um momento de muita alegria. Estamos concretizando a utopia de uma universidade livre do carnaval. Aqui não somos colônia. Estamos construindo nossas próprias utopias, baseadas em Darcy Ribeiro”, declarou, defendendo uma construção coletiva de saberes vindos das ruas, dos terreiros e dos fundos de quintal.

A primeira-dama de Maricá, Gabriela Lopes, também exaltou o projeto. “É um grande marco da cultura da cidade. Vamos formar pessoas para o futuro do carnaval. O Milton é uma criatura divina, e a Evelyn é inspiração. O carnaval é a maior divulgação do Brasil para o mundo”, afirmou.

Lançada oficialmente em janeiro de 2025, a universidade é mais um passo de Maricá para se afirmar como território do carnaval não apenas na celebração, mas na formação, na economia e no pensamento crítico.

universidademarica 4

Leandro Vieira conta como foi primeira conversa com Ney Matogrosso: ‘pedi para não me negar o direito de sonhar’

Em participação no programa “Sem Censura”, da TV Brasil, nesta sexta-feira, que foi em homenagem para Ney Matogrosso, o carnavalesco Leandro Vieira, da Imperatriz Leopoldinense, contou como foi a primeira conversa para convencer o artista aceitar ser enredo da escola de samba para o Carnaval 2026.

* Seja o primeiro a saber as notícias do carnaval! Clique aqui e siga o CARNAVALESCO no WhatsApp

“Esse desejo é antigo. Não é novidade. Brinco com ele que rondava uma lenda que ele tinha negado. Eu tinha essa vontade. Alguns artistas eu olho e digo que nasceu para ser enredo de uma escola de samba. Como nunca ninguém pensou? Descobri que pensaram e ele não quis. Agora, vi livro, teatro, cinema e pensei que a porteira estava aberta. Tinha o telefone dele, mandei mensagem, passou um tempo e ele me respondeu. Joguei pesado e pedi inicialmente para não me negar o direito de sonhar. Acho que ele ficou constrangido de negar o direito de sonhar para alguém e falou que eu podia sonhar. Ele é tudo. Isso vai enchendo de imagens para além da figura, um desbunde visual”, afirmou Leandro Vieira.

Ney confirmou o papo e disse: “Eu falei que ele podia sonhar. Juntou a fome com a vontade de comer”, disse o artista, feliz com a homenagem de Leandro Vieira e da Imperatriz.

leandro vieira
Foto: Reprodução de TV

Batizado de “Camaleônico”, o enredo celebra o artista, a obra e a virtuosidade performática do intérprete de sucessos como “Sangue Latino”, “Rosa de Hiroshima”, “O Vira”, “Homem com H” e “Metamorfose Ambulante”. A entrega da sinopse, onde Leandro Vieira irá realizar a explanação do enredo para os compositores interessados na disputa, será no dia 27 de maio, na quadra da escola, localizada na Rua Professor Lacé, 235, em Ramos. A Verde e Branco será a segunda a desfilar no domingo de carnaval, dia 15 de fevereiro de 2026.

Presidente Angelina conta sobre o convencimento do enredo e diz que tinha certeza do título do Rosas de Ouro após sinais

Para celebrar o início do PodCARNAVALESCO SP, a equipe do CARNAVALESCO recebeu a presidente campeã do carnaval, Angelina Basílio, que comanda a Rosas de Ouro desde 2003. No programa, ela conversou sobre diversos assuntos, entre eles o campeonato de 2025. A mandatária da Roseira falou bastante sobre os sinais que recebeu para ter a certeza do título, o crescimento do samba, o fim do jejum após 15 anos, o projeto “Sou Roseira” e outros fatos que culminaram no troféu da agremiação.

* Seja o primeiro a saber as notícias do carnaval! Clique aqui e siga o CARNAVALESCO no WhatsApp

RosasDeOuro et PresidenteAngelina 5
Foto: Fábio Martins/CARNAVALESCO

Volta por cima

A gestora contou que sofreu perseguição da própria família antes do carnaval e teve que ler coisas desnecessárias, mas, apesar disso, tinha certeza do título da Roseira. Angelina também declarou que escolas de samba devem seguir uma linha, sem ficar trocando de presidentes.

“Eu tenho primos na Brasilândia e tive que ler comentários: ‘Esse ano ela derruba a escola’. Eu tinha certeza de que a Rosas de Ouro seria campeã, porque o tempo no espiritual é diferente, e no tempo da escola de samba você precisa perseverar. Não adianta ficar trocando de presidente, tem que seguir uma linha”, disse.

Sinais para o campeonato

Angelina ainda diz que, às vezes, não acredita no título. Em certos momentos, ela acorda e se pergunta se realmente é campeã do carnaval, até pelo tempo sem vencer, visto que a agremiação carrega em seu pavilhão oito estrelas.

“Essa vitória… eu ainda acordo e falo: ‘Você ainda foi campeã, Angelina?’, e depois durmo de novo. Foram longos 15 anos com carnavais belíssimos. A Rosas de Ouro não tem medo de ousar em enredo. Depois de todo esse tempo, não é fácil. Por isso, você deve ficar ligada nos sinais. A mulher tem muita intuição, e é por isso que dá certo em escola de samba”, declarou.

Céu azul e rosa: A emoção do carnaval

Ainda falando em sinais, a presidente comentou sobre o dia do ensaio técnico, em que o céu ficou nas cores da escola justamente na hora de entrar na pista, além do crescimento do samba-enredo desde a sua escolha na final.

“Um sinal lindo foi no ensaio técnico, quando o céu ficou azul e rosa, após as 19h. Outra coisa foi quando o samba-enredo ganhou. Ele tomou forma e a comunidade abraçou. Foi até tema de casamento agora”, contou.

Pé atrás com o enredo, mas depois virou apego

Em um momento de descontração do podcast, Angelina contou que não gostava do tema, mas que foi convencida pelo enredista Roberto Vilaronga. Ele teve que incluir elementos de memórias afetivas para convencer a gestora a aceitar o enredo.

“Eu não gostava desse enredo no começo, mas depois veio o Fábio Ricardo e o Roberto Vilaronga. Fazia tempo que não tínhamos um enredista, e eu falei para ele: ‘Me convença’. Ele brinca até hoje, dizendo que nós iríamos contar a história dos jogos. Eu falei que precisava me remeter a uma lembrança afetiva. O último carro teve peão, bolinha de gude, Luigi, Mário, cubo mágico, batalha naval, Banco Imobiliário… Eles me convenceram”, comentou.

Projeto ‘Sou Roseira’

Outro fato que contribuiu para o título foi o projeto “Sou Roseira”, no qual, pagando um valor pequeno, o participante ganhava carteirinha e camiseta, mas havia ensaios específicos visando uma melhor performance da escola na avenida.

“A gente teve um projeto maravilhoso chamado ‘Sou Roseira’. Eles tinham que assinar ponto e ensaiar de fato. Deu certo, e começaram a cantar muito forte. Eles pagaram 70 reais para ter a carteirinha, que é linda, e a camiseta, que é uma coisa ilusória, mas tinham que ensaiar”, completou.

Mocidade Independente realizará concurso para escolha do terceiro casal de mestre-sala e porta-bandeira

A Mocidade Independente de Padre Miguel fará um concurso para a escolha do terceiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da escola para o próximo carnaval. A disputa será realizada durante as eliminatórias de samba, na quadra histórica da Vila Vintém. Os detalhes devem ter idade entre 18 e 35 anos, realizar inscrições de forma individual e ser residentes do Rio de Janeiro. Para a escolha da nova dupla, será criada uma comissão julgada composta por 9 especialistas (7 diretores + 2 convidados), que avaliarão com base em novos critérios.

* Seja o primeiro a saber as notícias do carnaval! Clique aqui e siga o CARNAVALESCO no WhatsApp

mocidade 25 10
Foto: Allan Duffes/CARNAVALESCO

As inscrições estão disponíveis aqui, desta sexta até 27 de junho ou enquanto durarem as inscrições. O casal vencedor atuará ao lado do casal “Iluminado”, Bruna Santos e Diogo Jesus, que já gabaritam o quesito há cinco carnavais e o segundo casal da escola, composto por Isabella Moura e Diego Moreira.

Marcelinho Calil sobre homenagear Ciça como enredo da Viradouro: ‘Tem história, plástica, narrativa, e carisma, coisas que não se vende, não se compra, é dele’

A Unidos do Viradouro prepara um desfile para 2026 que promete emocionar a Sapucaí do começo ao fim. A escola de Niterói vai homenagear uma verdadeira lenda viva do carnaval: o mestre de bateria Ciça. Diretor-executivo da vermelho e branco, Marcelinho Calil falou ao CARNAVALESCO sobre a emoção que tomou conta da equipe ao confirmar o enredo que exaltará o sambista.

calil enredoviradouro2026
Fotos: Matheus Morais/CARNAVALESCO

“Convicção, êxtase, alegria, emoção, choro… Não há nada mais potente, mais completo para gente falar no próximo ano. Ciça é uma lenda. Tem história, conteúdo, plástica, narrativa, setorização e carisma, coisas que não se vende, não se compra, é dele”.

Aos 55 anos de dedicação ao carnaval, mestre Ciça ganhará um enredo que, segundo o dirigente, simboliza mais do que uma homenagem pessoal: é um tributo ao sambista do dia a dia, aquele que vive o carnaval além da avenida.

“O meu enredo está toda terça no ensaio, fumando cigarro, tomando Coca-Cola, afinando instrumento. Isso tem que ter valor para o sambista, para a imprensa, para a escola, para o mundo do carnaval. É lindo homenagear outras pessoas, mas é mais bonito ainda render homenagem e ajoelhar aos pés de uma lenda como é o mestre Ciça”, exaltou.

calil enredoviradouro2026 2

Calil destacou ainda que a proposta do enredo tem todos os elementos que caracterizam um grande desfile. “É inquestionável, é desfile de escola de samba e eu estou falando de uma lenda. Está desfilando no seu próprio quesito. É um enredo que praticamente termina ao vivo, é gigante”.

Sobre notas e confiança no enredista

O diretor também comentou a repercussão das notas no quesito enredo no último carnaval, quando a escola ficou na quarta colocação. Para ele, as justificativas apresentadas não dizem respeito à concepção do enredo sobre Malunguinho, mas sim à parte técnica e à execução no desfile.

“As notas de enredo do último carnaval dizem basicamente respeito à construção, à realização, à ordem de alegoria, de setorização. Não dizem respeito à concepção, à ideia do Malunguinho. Aqui não tem caça às bruxas. Essa equipe me deu tudo 10, essa equipe me deu um quarto lugar. É da vida. O importante é que a gente fez essa análise, corrigiu. É uma justificativa bem clara, muito simples de resolver.”

Calil reforçou a confiança no trabalho do enredista João Gustavo Melo, que seguirá na escola em 2026. “O João Gustavo Melo é o maior, é bom pra cacete, renovei com ele rápido. Não estou preocupado com nota quanto à manutenção do profissional. Sei que ele é capacitado, gabaritado e confio plenamente nele”.

Aproximação entre Liga-SP e vereadores fortalece o Carnaval como vetor de cultura, renda e lazer

A Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo (Liga-SP) recebeu a visita institucional de um grupo de vereadores da Câmara Municipal de São Paulo. Estiveram presentes representantes de diferentes partidos, tanto da base governista quanto da oposição, em uma demonstração clara de que o Carnaval Paulistano é uma pauta suprapartidária e de interesse coletivo da cidade.

* Seja o primeiro a saber as notícias do carnaval! Clique aqui e siga o CARNAVALESCO no WhatsApp

ligasp vereadores
Foto: Divulgação/Liga-SP

A comitiva foi composta pelo Presidente da Câmara Municipal, Ricardo Teixeira, que também é presidente de honra da União das Escolas de Samba Paulistanas, a UESP. Além dele, o presidente de honra da Liga-SP, Milton Leite foi acompanhado dos vereadores Sandra Santana, Silvia da Bancada Feminista, Silvão, Silvinho, Fabio Riva e Marcelo Messias. Durante a visita, os parlamentares puderam conhecer mais de perto o trabalho realizado pela Liga-SP ao longo do ano e a estrutura que sustenta os desfiles das escolas de samba em suas quadras, na Fábrica do Samba e no Sambódromo do Anhembi.

Todos os presidentes das escolas de samba dos grupos Especial, de Acesso 1 e de Acesso 2 estiveram presentes e chancelaram a iniciativa, reconhecendo a importância de estabelecer um diálogo permanente com o poder público. A presença unificada da liderança das agremiações reforça o posicionamento da Liga-SP como representante legítima de um movimento cultural que ultrapassa os limites da avenida e se faz presente o ano inteiro nas comunidades.

A conversa reforçou a importância de ampliar o diálogo entre o poder público e os atores que movimentam o Carnaval paulistano. A aproximação entre a Liga-SP e a Câmara Municipal visa consolidar uma agenda positiva em prol do samba paulistano, reconhecendo as escolas de samba como importantes geradoras de cultura, lazer, emprego e renda na cidade. A formação de uma “Bancada do Samba” na Câmara — reunindo vereadores comprometidos com o fortalecimento do setor — é um passo importante para garantir políticas públicas que valorizem e sustentem essa cadeia produtiva que mobiliza milhares de pessoas ao longo de todo o ano.

O Carnaval de São Paulo, além de sua dimensão artística e cultural, tem impacto direto na economia da capital. São gerados milhares de empregos diretos e indiretos, do artesão ao operador de logística, passando por músicos, costureiras, coreógrafos e profissionais de comunicação. As atividades das escolas de samba promovem inclusão, oferecem oportunidades em territórios periféricos e atuam como instrumento de transformação social.

Com essa visita, a Liga-SP reforça seu compromisso de manter portas abertas ao diálogo construtivo com o Legislativo municipal, atuando em conjunto para ampliar os horizontes do samba paulistano. A valorização do Carnaval como política pública não se limita aos dias de desfile, mas passa pelo reconhecimento contínuo da contribuição das escolas para o desenvolvimento humano, social, cultural e econômico de São Paulo.

A Liga-SP agradece a presença dos vereadores e reafirma sua disposição em seguir construindo, em parceria com o poder público, um Carnaval cada vez mais forte, plural, inclusivo e representativo da diversidade e da potência cultural da cidade.