A Mocidade Alegre deu mais um passo para a escolha do samba-enredo que levará para a avenida no Carnaval de 2025. Na quinta-feira, a escola bicampeã do Carnaval paulistano recebeu as obras para o seu já tradicional Concurso de Samba-enredo. Onze parcerias de compositores responderam ao chamado da Morada do Samba e estão na disputa.
Foto: Fábio Martins/CARNAVALESCO
“Gostaria de agradecer a todos os compositores de São Paulo, do Rio de Janeiro e de outros os lugares do país que estão participando agora, efetivamente, das nossas Eliminatórias rumo ao Carnaval 2025. Muito obrigada às onze parcerias concorrentes. É a escola, mais uma vez, tentando manter a tradição, a ancestralidade, aquilo que a gente prega que deve ser seguido. Vamos em frente com as etapas, que incluem, semifinal e final na nossa quadra. Agora é esperar que vença o melhor para a minha, a sua, a nossa Mocidade Alegre”, disse a presidente da agremiação, Solange Cruz.
No domingo, 28 de julho, haverá a caitituação dos sambas, quando as parcerias apresentarão os sambas concorrentes ao vivo para a Comunidade do Limão no Arraiá da Morada. O evento será a partir das 13h, na Arena Morada do Samba (rua Miguel Casagrande, 173, próximo à ponte da Freguesia do Ó).
A semifinal das Eliminatórias de Samba-enredo acontece no domingo, 25 de agosto, na quadra da Mocidade Alegre (rua Samaritá, 1020), a partir das 18h. Já a final será no domingo, 1º de setembro, também na quadra da escola, no mesmo horário.
A Mocidade Alegre é bicampeã do Carnaval paulistano. Em 2023, conquistou o título com o enredo “Yasuke” e, em 2024, sagrou-se campeã com “Brasiléia Desvairada: a busca de Mário de Andrade por um país”. No próximo ano, a Mocidade Alegre levará para a avenida o enredo “Quem não pode com mandinga não carrega patuá”, desenvolvido pelo carnavalesco Caio Araújo, com pesquisa e concepção do enredista Leonardo Antan.
Serviço:
Arraiá da Morada e caitituação dos sambas concorrentes
Dia 28 de julho, a partir das 13h
Local: Arena da Morada – rua Miguel Casagrande, 173
Semifinal das Eliminatórias de Samba-enredo
Dia 25 de agosto, a partir das 18h
Local: Quadra da Mocidade Alegre – rua Samaritá, 1020
Final das Eliminatórias de Samba-enredo
Dia 1º de setembro, a partir das 18h
Local: Quadra da Mocidade Alegre – rua Samaritá, 1020
Em comemoração ao 30º aniversário do primeiro programa de pós-graduação em design na América Latina, sediado na PUC-Rio, o Laboratório de Design de Histórias da universidade levará para o Saphira & Ventura Gallery, em Nova York, a exposição “Antropocruzo”, em parceria com a Escola de Belas Artes da UFRJ, o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ), de Belford Roxo, e a Escola de Samba Acadêmicos do Grande Rio, com apoio do Consulado Brasileiro em Nova York. A mostra narra todo o processo de construção de fantasias e da última alegoria do desfile da Grande Rio, no carnaval de 2024, e ficará em cartaz de 18 a 25 de julho.
Foto: Dhavid Normando/Divulgação Rio Carnaval
A exposição consiste em uma instalação interativa com imagens, vídeos e sons, um documentário que registra a construção do último carro alegórico do desfile da Acadêmicos do Grande Rio de 2024, além das fantasias de todos os componentes.
“Antropocruzo” aborda a repercussão do Manto Tupinambá – um artefato ancestral dos povos originários brasileiros – em um desfile de carnaval, a partir da perspectiva de um método de memória e difusão, presente no Laboratório de Design de Histórias da PUC-Rio. O Manto Tupinambá foi representado na última alegoria do desfile, chamada de “Enquanto a onça não comer a lua”.
O projeto, resultado de uma oficina de capacitação para alunos da PUC-Rio, da UFRJ e do curso técnico do IFRJ, já existe há seis anos, e nasceu de uma parceria entre as instituições e a escola de samba. A capacitação se inicia na prototipagem das fantasias e vai até a finalização da etapa de confecção.
Durante a visita a Nova York, os representantes do projeto também irão participar de uma mesa-redonda na Câmara de Comércio Brasil-EUA, em Nova York.
Para Nilton Gamba Jr., diretor do departamento de Artes e Design da PUC-Rio, levar a exposição para Nova York é a representação de um movimento anticolonial: “O laboratório da PUC-Rio foi o primeiro laboratório de design da América Latina a levar uma ação desse tipo, no âmbito de uma cultura local, para um país de língua inglesa; é levar para o fluxo contrário nossas práticas e métodos de trabalho, algo que era incomum no século passado”, diz o professor, que também é diretor-geral da exposição.
Já para Leonardo Bora, carnavalesco da escola de samba Acadêmicos do Grande Rio, a importância de participar dessa mostra em Nova York é muito grande porque revela o poder das artes produzidas pelas escolas de samba: “O complexo cultural sambista é muito poderoso, reúne diversas linguagens artísticas em permanente diálogo e é preciso reverberar isso. Ocupar esse espaço é uma oportunidade de expor mensagens que as escolas de samba ritualizam, cantam e vivenciam”, afirma Leonardo.
Sobre o desfile da Grande Rio
Em 2024, os carnavalescos da Grande Rio Leonardo Bora e Gabriel Haddad levaram à Marquês de Sapucaí o enredo “Nosso destino é ser onça”. Guiados pela narrativa mítica do livro “Meu destino é ser onça”, do escritor Alberto Mussa, eles propuseram uma reflexão sobre o simbolismo da onça na cena artístico-cultural brasileira, trazendo temas como antropofagia –de onde vem o nome da exposição – e encantamento, a partir da força do imaginário dos povos indígenas e do foco nos tupinambás.
O Salgueiro está em plena preparação para o Carnaval 2025 e convida artistas, bailarinos e atores negros com habilidades em dança afro, jazz e danças urbanas a participarem da audição para a comissão de frente. Coordenada pelo coreógrafo Paulo Pinna, a audição será realizada no dia 28 de julho, às 11h, na quadra do Salgueiro, localizada na Rua Silva Teles, 104.
Foto: Anderson Borde/Divulgação Salgueiro
Os interessados devem estar disponíveis para ensaios noturnos e enviar um breve currículo para [email protected] ou entrar em contato via WhatsApp com Juliana R. no número 21 97433-1827 para confirmar a inscrição.
Confira os requisitos que precisam ser cumpridos:
* O elenco será constituído de artistas, bailarinos(as) e atores e atrizes NEGROS que tenham técnica em dança afro, jazz e danças urbanas;
* Os selecionados devem ter disponibilidade para ensaios noturnos;
* Para confirmação de inscrição: enviar breve currículo para [email protected] ou pelo WhatsApp 21 97433-1827 (Juliana R.).
No último domingo, durante sua participação na Feijoada do Salgueiro, o cantor Dudu Nobre presenteou as crianças do Aprendizes do Salgueiro, escola mirim do Acadêmicos do Salgueiro, com cinco cavacos. Os instrumentos, confeccionados especialmente para a agremiação mirim, serão destinados a uma oficina de formação que faz parte do Projeto “O Amanhã está Garantido,” que promove a inclusão de crianças no mundo do samba e prepara o futuro do Carnaval.
Foto: Anderson Borde/Divulgação Salgueiro
A entrega foi feita no palco da Academia do Samba, durante o show de Dudu, e contou com a presença da presidente do Aprendizes do Salgueiro, Mara Rosa, ao lado do diretor de Carnaval do Acadêmicos do Salgueiro, Wilson Alves. A presidente Mara agradeceu ao cantor pelo apoio dado à formação dos novos sambistas:
“Dudu é um cantor que faz questão de exaltar e valorizar o Carnaval e as Escolas de Samba, e com a força que ele está nos dando com esses cinco cavaquinhos de presente, nós temos a certeza de que muitas outras crianças vão se apaixonar pelo samba. Com certeza, o amanhã está garantido!”, declarou Mara Rosa.
Dudu Nobre, que iniciou sua carreira artística na escola mirim, exaltou suas origens e expressou orgulho por apoiar o projeto de formação de novos cavaquinistas e compositores. O Salgueiro celebrou a doação dos instrumentos como um reflexo do talento e inspiração de Dudu.
“O Aprendizes do Salgueiro tem uma importância imensa na minha vida, na minha formação, e é muito bacana poder ver esse projeto crescer cada vez mais, e ver essas crianças aqui também caindo no samba. O Samba precisa disso, do apoio de todo mundo, e quem também puder ajudar a rapaziada dos Aprendizes, faça, é super importante.”, destacou Dudu.
Além de participar da entrega dos instrumentos, os integrantes da escola mirim fizeram uma apresentação especial no show de Dudu Nobre durante a feijoada do Salgueiro, reforçando os laços entre o artista e a escola que o viu crescer. O Acadêmicos do Salgueiro também destacou nas redes sociais da agremiação a importância da contribuição de Dudu Nobre, ressaltando que a experiência do cantor ao passar pela escola mirim “Alegria da Passarela,” fundada há mais de 40 anos e que deu origem aos Aprendizes, inspira muitos a retribuir e contribuir para seu legado.
O Império da Tijuca anunciou nesta terça-feira a contratação do carnavalesco Wagner Gonçalves. O artista será o responsável pelo desfile da escola, que desfilar na Série Prata, em 2025, na Intendente Magalhães. Veja abaixo o anúncio da escola.
Foto: Divulgação
“O Império da Tijuca anuncia o novo carnavalesco para o Carnaval 2025! Com uma trajetória de criatividade e dedicação, Wagner Gonçalves chega para somar e levar nossa escola de volta à Sapucaí! Vamos juntos, comunidade do Morro da Formiga, rumo a mais um desfile inesquecível”.
A Federação Nacional das Escolas de Samba (Fenasamba) está comemorando sete anos de existência e fará, pela primeira vez, um convênio com o Governo Federal para capacitar dirigentes, artistas e profissionais do carnaval. O presidente da Fenasamba, Kaxitu Ricardo Campos, celebra a nova parceria.
Foto: Divulgação
“Faremos um grande curso de formação de gestores e profissionais, curso esse que vai atingir seis estados brasileiros, abrangendo todas as regiões. Formaremos milhares de pessoas”, afirma o dirigente que conta como nasceu a Federação.
“É um momento de festa pra gente. Há sete anos, no dia 15 de julho, no Rio de Janeiro, no Centro de Convenções Sul América, durante a feira Carnavália Sambacom, no stand da União das Escolas de Samba Paulistana, foi fundada a Federação. Foi no final daquela tarde, depois de uma conversa que tivemos com o presidente Jorge Castanheira, presidente da Liesa à época, que depois de quatro anos de muitos debates, resolvemos fundar Fenasamba”.
Em 2013, houve uma primeira audiência pública na Câmara dos Deputados em Brasília em que foi diagnosticado a necessidade de criar uma entidade que pudesse coordenar diálogo com o governo federal para a criação de políticas públicas para as escolas de samba. Foram quatro anos de debates até surgir a Fenasamba.
Nesses sete anos, a Fenasamba ajudou a construir duas frentes parlamentares, duas legislaturas, sendo que a primeira, em 2017, era uma frente parlamentar mista, com deputados e senadores. A segunda, em 2023, foi constituída uma segunda frente parlamentar. Ao longo dos anos, a Federação triplicou de tamanho, passando de 25 entidades para mais de 90 afiliadas.
“Fizemos a elaboração de protocolos para a realização do carnaval a partir de 2022, além de defender os direitos das escolas na época da pandemia. Recentemente também conseguimos ajudar em campanhas durante essas enchentes que ocorreram no Rio Grande do Sul”.
Bianca Behrends retornou para equipe criativa da Beija-Flor de Nilópolis. A pesquisadora foi autora da sinopse do enredo da escola para o próximo carnaval, junto de Guilherme Niego e Vivian Pereira. Em entrevista ao CARNAVALESCO, ela contou sobre a relação com Laíla, a quem considera seu padrinho profissional, a história dele na escola, e como ele foi visionário no mundo do samba. A enredista está muito emocionada e feliz de retornar a equipe criativa da Beija-Flor, no ano em que a escola vai levar Laíla como enredo para a Sapucaí. Bianca salientou que a escola é a sua casa, nunca saindo da mesma, e ressaltou como a disputa pelo título de campeã está com o nível elevado nos últimos anos.
Bianca Behrends é uma das autoras da sinopse da Beija-Flor. Foto: Matheus Morais/CARNAVALESCO
“Eu já estive fora da equipe, mas nunca fora da escola. Eu não estava Beija-Flor, eu sou Beija-Flor. A Beija-Flor é a minha casa, é a casa que sempre me recebeu, mais do que de braços abertos, de portas abertas. Então, voltar para a equipe já seria… A Beija-Flor é um enorme pedaço de mim, de verdade, são 21 anos, eu tenho 45, é quase a metade da minha vida aqui dentro. Mas voltar para a escola para ajudar a contar a história do Laíla, que foi meu chefe por 16 anos e que, junto com o senhor Anísio, é o meu padrinho profissional, eu estou vivendo um sonho. Com uma responsabilidade absurda, porque talvez por ter tido a oportunidade de conviver com ele na equipe, eu acho que convivi com ele por mais tempo e de perto. E tem uma cobrança que jamais veio, nem da comunidade, nem da escola, veio de mim mesma, porque o fato de eu ter a informação não significa que eu vá saber colocar isso no papel, nem que isso vire carnaval, porque não é um artigo, por exemplo, é um projeto carnavalesco. Mas eu estou felicíssima e transbordando gratidão pela oportunidade, pela equipe, pelo voto de confiança, pelo acolhimento. Eu já estou brincando carnaval desde que eu voltei, mas com a consciência de que é muito trabalho. O carnaval está com o sarrafo lá em cima. São 12 com o mesmo objetivo, é muito coração, muita felicidade, mas muito pé no chão para ter a responsabilidade. A gente tem que ter consciência, assumir a responsabilidade que nos compete”.
A pesquisadora continuou explicando como foi o processo de construção do texto e o que foi mais difícil de colocar na sinopse, que foi carregada com a emoção e as memórias, não só dela, mas de todos os entrevistados pelos enredistas, além de ressaltar a impossibilidade de fazer fazer um texto imparcial por se tratar justamente de Laíla.
“Na verdade, foi tão difícil que ficou impossível, a imparcialidade. Aspas como acadêmica ou como pesquisadora, a imparcialidade é um critério fundamental do nosso objeto de estudo ou de retratação. Impossível, não tinha como. A influência que o Laíla tem na escola, contar a história dele é contar parte da história da escola. Na minha vida individual também. E acho que também não se fez necessário se eu não tivesse tido liberdade para junto com a equipe a gente colocar a nossa emoção, talvez o projeto tivesse ficado muito técnico. Então, acho que o diferencial foi isso é que nos foi permitido trazer essa emoção e tentar usar essa emoção a nosso favor. Mas o que seria mais difícil seria imparcialidade, a gente abdicou disso e acho que o que academicamente ou em um primeiro momento seria questionável, acho que na verdade virou o grande tempero do texto que a gente conseguiu entregar no final para mexer com a emoção das pessoas. De colocar a alma, de trazer um Laíla de verdade, com todas as suas versões. E tentar a ideia de pertencimento, de brincar com a ideia de pertencimento da comunidade nesse projeto e se identificando com Luiz Fernando humano”.
Bianca continuou falando sobre o histórico de Laíla na Sapucaí, demonstrando como ele se destacou durante o tempo que o carnaval foi ao encontro da academia, mesmo com o homenageado não tendo o mesmo conhecimento acadêmico de outros grandes nomes da época.
“Eu acho que mais do que a homenagem, a história e a trajetória do Laíla como pessoa física ou como sambista, acima disso tudo que já é grandioso a gente tem as bandeiras que ele sempre defendeu ao longo da sua vida. O Laíla começa como sambista ‘profissionalmente’ com oito anos de idade. Quando ele já se projeta de fato no carnaval ele está num grupo com o Fernando Pamplona, com Rosa Magalhães, com Maria Augusta e com toda honra, todo mérito, são minhas referências, minhas fontes de inspiração diárias, mas a gente está falando de um grupo de artistas brancos e acadêmicos e de classe média, de uma outra condição étnico social. O Laíla estudou, se eu não me engano, até a segunda ou quarta série do ensino fundamental, era um homem preto, pobre, favelado. A família queria que ele fosse gari. Via no concurso para gari uma grande oportunidade da vida dele. Para ele se impor, talvez, até essa personalidade que ele tenha seja essa resistência que ele traz desde o início”.
Ela destacou também a importância dos temas que ele trouxe aos desfiles, através dos enredos que ele propunha e levava para a Avenida.
“Mas, acima disso tudo, eu acho que a importância das bandeiras que ele sempre defendeu há quarenta, cinquenta anos atrás, de temas que continuam atuais, em uma época que ninguém falava com tamanha veemência, que é a questão da liberdade religiosa, do brado contra a intolerância, de respeito à diversidade. Eu tenho o direito de ser diferente. Eu tenho orgulho da minha ancestralidade, dos meus antepassados, eu carrego isso literalmente no meu peito. Da questão do protagonismo do povo preto e de um discurso antirracista onde a gente não falava de lugar de fala e ele sempre se reconheceu e defendeu e bradou por isso. Das dificuldades que ele vivia, que ele teve uma infância extremamente humilde e de falar sobre essas mazelas sociais, dessa violência atroz, porque as favelas, as comunidades, continuam sendo vistas como senzalas contemporâneas. Ele traz isso há trinta, quarenta, cinquenta anos atrás. A gente não falava sobre isso. Hoje a gente está em 2024 e o óbvio ainda precisa ser dito e repetido. Todos os dias a gente tem diversas formas de mídia, algum caso de intolerância. Os centros espíritas continuam sendo destruídos. As pessoas pretas, pardas, mestiças, continuam em uma classificação como se fossem pessoas inferiores. Tudo isso que ele vinha bradando é muito acima do que ele foi”.
Pontuando como foi a importância de Laíla para o carnaval como um todo, Bianca destacou seu legado que pode ser observado até hoje nos desfiles, e a importância, para o carnaval como um todo, dessa homenagem a um sambista visionário.
“E como sambista, embora já seja o maior sambista de todos os tempos, é o que mais tem títulos e o que mais colaborou para o Carnaval ser o que é hoje, tanto na estrutura dos desfiles das escolas de samba como da fundação da Liesa, das transformações. O Laíla era um revolucionário, era um visionário. É poder trazer esse caldeirão que ele era e celebrar isso tudo dentro do caldeirão que é o Carnaval, no maior palco que é a Avenida Marquês de Sapucaí. Eu acho que a felicidade da equipe conseguiu transbordar para a comunidade. E a gente espera que, independente do pavilhão de coração de cada um, que as pessoas venham brincar e homenagear um dos nossos. Homenagear um cara que era sambista, que era popular. Qualquer um de nós que tem uma origem simples, uma origem humilde, chegar onde ele chegou. A vitória dele é uma vitória de representatividade, de pertencimento. Eu acho que é isso que a gente quer mostrar, uma versão do Laíla de verdade, uma versão crua, com todo aquele personagem multifacetado que ele era, mas era um personagem de verdade. Que essa verdade contagie as pessoas. Que o amor que ele tinha pelo samba e por essa festa sagrada, dita profana, determinada curiosamente pelo calendário da Igreja, que as pessoas vão brincar com a gente, celebrar o samba. O samba cura. O samba é a maior expressão da nossa cultura. Então, que as pessoas venham celebrar um grande personagem do samba e da nossa cultura conosco. Ele é um de nós”.
Por fim, Bianca Behrends pontuou momentos e desfiles que Laíla considerava como seus grandes momentos na avenida, além do maior momento dela com ele na Sapucaí.
“O maior desfile da vida dele, para ele mesmo, eu não participei. Ele tinha ‘Agotime’ como o maior desfile, o mais representativo da vida dele. Eu não tive a oportunidade de viver isso com ele, mas ele falava que foi. Tinha alguma coisa na avenida e a energia foi descomunal. Vou responder por ele daquilo que eu ouvi do próprio. E, sem dúvida nenhuma, o maior desfile da Beija-Flor, para mim foi 2018, ‘Monstro É Aquele Que Não Sabe Amar’. Eu acho que esteticamente, em termos de cultura, 2007, ‘Áfricas – Do Berço Real à Corte Brasiliana’ foi um escândalo. Até hoje a imagem daquelas girafinhas entrando, foi capa, manchete, de tudo. Foi talvez o desfile estéticamente mais primoroso que eu tenha participado na escola. Mas a energia de 2018, aquele samba, o que aconteceu naquela avenida para quem estava lá, porque o carnaval visto pela televisão é completamente diferente do carnaval de quem está lá. O que aconteceu na avenida, conforme a escola ia passando e as pessoas acho que elas foram se reconhecendo de uma maneira tal da nossa realidade, acho que foi um desfile tão visceral, eu nunca vi acontecer na avenida o que eu vi em 2018. As pessoas pegavam na gente, as pessoas choravam, as pessoas gritavam o samba e a gente não está, eu pelo menos não estou, muito acostumada com essa reação da avenida, tirando a parte que a gente tem a torcida. Foi tão visceral, aquilo foi tão catártico na minha cabeça. Ousaria dizer que depois do nascimento do meu filho, de experiências particulares, está ali, das experiências da minha vida que valeram a minha reencarnação”.
Ela concluiu na torcida para que o próximo carnaval supere as emoções de 2018, e agradecendo a todas as oportunidades que ela teve através da escola, na área profissional e pessoal, e que essa é a maneira dela de realmente agradecer a tudo, estando muito feliz de estar com a equipe.
“Espero que 2025 supere e seja superior a tudo isso, porque se lá já não tinha nenhuma relação pessoal com o enredo e foi o que foi 2025 que tem, eu acho que eu vou estar ali com três gotinhas de Rivotril para acalmar o coração, porque eu sou muito emotiva. Já virei meme de mim mesma, porque eu sou muito chorona, mas que tem muito haver com o amor realmente que eu tenho por essa escola, e da gratidão que eu tenho por ambos, por ele e por esse pavilhão. A Beija-Flor é um enorme pedaço de mim mesmo. São vinte e um anos, não são vinte e um dias, nem vinte e um meses”.
A Acadêmicos do Tucuruvi celebrou o retorno do manto Tupinambá do século 17 ao Brasil. Ele estava na Dinamarca e foi devolvido. O manto é uma vestimenta de 1,80 metro de altura, confeccionada com penas vermelhas de guará sobre uma base de fibra natural e foi levado ao Museu Nacional da Dinamarca (Nationalmuseet) há mais de três séculosanos, em 1689. Além do valor histórico para o Brasil, o retorno do manto traz o resgate de uma memória transcendental para o povo tupinambá, já que eles consideram o manto um material vivo, capaz de conectá-los diretamente com os ancestrais e as práticas culturais do passado.
“Estamos extremamente felizes com a notícia de que após mais de 300 anos, o manto Tupinambá do século 17, o qual estava na Dinamarca, está retornando ao Brasil, isso só prova que estamos no caminho certo. Temos um grande enredo e isso gerou grandes sambas para a disputa. Agora estamos ansiosos para ver a apresentação das obras na quadra e sentir a energia de cada um. Certamente teremos um grande hino, assim como foi neste carnaval”, revelou Rodrigo Delduque, vice-presidente.
A agremiação da Cantareira integra o Grupo Especial do carnaval de São Paulo será a 5ª escola a desfilar em 2025, no sábado, dia 1º de março, sendo a segunda noite de desfiles.
Luis Carlos Magalhães (artigo publicado em O DIA na Folia)
O local não poderia ser melhor. Jornalista consagrado, militante político, Sergio Cabral fez do auditório da ABI uma ambientação, um clima de tal forma acolhedor, impondo de tal forma seu imenso carisma que nos sentimos todos em um imenso botequim suburbano.
Mangueirense dos mais festejados, amicíssimo de Cartola, Nelson cavaquinho, Nelson Sargento, Dona Zica, Dona Neuma, Cabral “acarinhava” a todos ali como se estivesse no quintal da casa onde viveu sua infância em Cavalcanti.
Foto: Reprodução de TV
A definição exata de Mario Lago deu o clima da noite de lançamento do DVD biográfico do Cabral. Disse Mario Lago: – “Sérgio Cabral é o Rio de Janeiro andando”.
O diretor Dermeval Neto teve o exato mérito de ter dado ao filme clima muito semelhante, claro que com o auxílio luxuosíssimo da narração/interpretação de Haroldo Costa.
Logo no início, ao se auto-definir, Cabral lembra o personagem Gonzaga de Sá, de Lima Barreto que ao contemplar sua cidade registra: “eu moro no Rio de Janeiro, e o Rio de Janeiro mora em mim”. “Eu também sou assim”, disse Sérgio.
E vai sua história desfilando; o início de sua carreira, a ida para o JB, sua carreira de produtor musical, seu “momento” no Pasquim, e sua não menos marcante presença literária como biógrafo de importantíssimas figuras de nossa cultura popular e por seu fundamental livro “As Escolas de Samba do Rio de Janeiro”, produto de escritos, estudos e pesquisas realizados ao longo de 30 anos no JB.
Tudo com muito Vasco e muito Roberto Dinamite, com gol-de-balãozinho-no-Osmar e tudo. Para nossa alegria, ao se referir a mega e inesperada explosão de ‘Sassaricando’, Cabral já cuidou de anunciar espetáculo semelhante, já no forno, desta vez só com sambas carnavalescos. Nada de samba-enredo ou samba de meio de ano: só sambas que rivalizavam com as marchinhas para o carioca brincar o carnaval.
O melhor momento da fita é a narrativa do momento certamente mais rico de sua vida, quando da inauguração do Zicartola na Rua da Carioca onde, segundo ele, se inaugurou a primeira casa de samba do Brasil. Sérgio foi rei ali, super querido pelos sambistas e super importante para os sambistas.
Não há uma só foto do Cabral no Zicartola em que não se veja um ser humano na sua plenitude, literalmente “um pinto no lixo”. O filme mostra bem isso.
Figura tão querida quanto conhecida, emérito contador de histórias, Sergio deu a seu diretor Dermeval Neto todos os ingredientes para fazer do filme uma perfeita “caixa de goiabada cascão”, para usar mais uma espirituosa frase de Nei Lopes, justamente dedicada a ele, Sérgio Cabral.
Única restrição foi a ausência, a ausência ou a perda da oportunidade de deixar mais uma vez registrado o que considero ser o mais importante registro jornalístico da histórico da cultura popular brasileira. Refiro-me àquela memorável entrevista do Cabral com Donga e Ismael Silva mostrando a clara diferença entre o samba da Praça XI e o samba do Estácio.
E tudo transcorreria sem surpresas não fosse a entrada em cena do chargista-carnavalesco-portelense Lan.
Lá pelas tantas, eis que Lan “sapeca” a informação que fez ecoar certo zum-zum-zum na assistência. Lan afirmou com toda certeza, toda convicção, dando seu testemunho pessoal que Sérgio não só foi pela primeira vez à Portela com ele, como também, e muito mais que isto, Sergio continuou Portelense.
Bem, eu, de minha parte, sempre desconfiei disto. Havia no ar uma história de que ele “teria sido” Portelense um dia e que depois caíra de amores pela Mangueira. Mas a verdade é que a partir dali foi criado certo clima de dúvida na platéia.
Então pensei comigo. Esta é uma informação tão relevante que certamente o filme não deixará a dúvida em branco.
Lembro uma vez que ao fazer uma pesquisa, uma busca, sobre uma entrevista marcante do Candeia para o Pasquim, mirei no que vi e acertei no que não vi.Acabei encontrando um outro exemplar do jornal onde Sergio entrevistava Clementina de Jesus, sabida e festejadamente Mangueirense.
Para minha surpresa…assim “na lata”, tranqüila e serenamente a nossa rainha maior se declara Portelense, ela à época moradora em Oswaldo Cruz. ‘Tá lá escrito, se alguém aí desse lado quiser é só olhar na coleção da Biblioteca Nacional.
Ao prosseguir a entrevista Clementina esclarece que sua fortíssima relação com a Mangueira se deve ao fato de ter se casado com Albino Pé Grande, seu companheiro de toda vida, esse sim Mangueirense purinho. Falei isso p’ro Cabral um dia e ele ficou meio incrédulo, não sei se por não lembrar ou por não acreditar. Mas agora era diferente. Como disse lá em cima, eu não conseguia compreender como uma pessoa como ele, morando por ali, freqüentando a escola, vivendo aquele grande momento azul e branco, convivendo com aquela turma toda de Madureira, poderia não se ter deixado seduzir “por uma escola tão fantasticamente sedutora”.
O filme entra em sua fase final e a cena se dá na quadra da Mangueira com Sérgio, na presença de Rildo Hora, Ataufo Júnior e Nelson Sargento. Todos conversam animadamente antes de começarem a cantar “Os Meninos da Mangueira,” samba que é seu orgulho, parceria com Rildo, e que recebeu tão bonito tratamento sinfônico do maestro Marcelo Versoni entre outros sambas da escola.
E forma-se assim o “clima”, a ótima oportunidade para Cabral aproveitar o tema Mangueirense, a presença na quadra para definitivamente esclarecer a dúvida deixada pelo depoimento de Lan. Afinal, pensei, como pode um ser como ele conviver tão intensamente com Cartola, Carlos Cachaça, Zica, Neuma, e não se deixar seduzir “por uma escola tão fantasticamente sedutora”.
E foi o que Cabral fez. Em meio ao tralalá, ao trelelé, Cabral desfere:
“ESTE PORTELENSE QUE ESTÁ AQUI TEM UM GRANDE AMOR PELA MANGUEIRA”. Vou repetir: Sérgio Cabral disse no filme a seguinte frase: “ESTE PORTELENSE QUE ESTÁ AQUI TEM UM GRANDE AMOR PELA MANGUEIRA”.
E a fita acabou. Entre canapés, cervejas e refrigerantes comentei tal fato com vários convidados. Hermínio já sabia. Confeti também, assim como João Batista Vargens e Haroldo Costa.
O resto… bem… o resto teve que dormir com esta.
Portanto, rapaziada Portelense: …é nós…
Modéstia à parte, claro…
A Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro definiu, em reunião plenária realizada nesta segunda-feira, na Cidade do Samba, a localização das cabines de julgamento para o Rio Carnaval 2025. A novidade ficou por conta do terceiro módulo, que agora ficará no setor 9.
Foto: Léo Queiroz/Divulgação Rio Carnaval
Ao contrário dos últimos desfiles, não haverá mais cabine dupla. O módulo 1 seguirá no setor 3, com o módulo 2 no setor 6 e, o quarto, no setor 10.
Simpósio para debater o julgamento
Outra novidade será a criação de um simpósio, que acontecerá no mês de setembro, e reunirá integrantes das escolas de samba e os jurados do Carnaval 2024.
“A cada encontro, vamos ouvir os jurados e os responsáveis das escolas de samba por cada quesito para fazer reflexões e trazer ideias que possam ser implementadas no manual do julgador e, consequentemente, no julgamento”, ressaltou o coordenador de jurados da Liesa, Thiago Farias.