Rumo ao carnaval de 2026, a Acadêmicos do Tucuruvi divulgou o seu enredo para o próximo desfile. A agremiação da Cantareira desfilará pelo grupo de acesso com o enredo “Anti-herói Brasil”, assinado pelo carnavalesco Nicolas Gonçalves e pelo enredista Cleiton Almeida. O tema pretende refletir sobre como o brasileiro tem uma forte conexão com a figura anti-heroica e com suas inadequações aos modelos ideais.
O enredo será uma celebração ao nosso povo que vive e luta em meio às contradições do país. Por meio de exemplos históricos, literários e cotidianos (como João Grilo, Macunaíma, mestres das ruas e trabalhadores subvalorizados), a agremiação mostrará que somos um país de heróis que não são os tradicionais, clássicos e superpoderosos; mas sim os que erram, caem, burlam e se esquivam. Heróis anônimos, frágeis e humanos, gerados pela informalidade.
“A Tucuruvi defenderá na Avenida que somos uma nação de anti-heróis que às vezes vencem, às vezes fracassam, mas que continuam lutando porque acreditam em seu propósito. Tendo como provocação a frase “seja marginal, seja herói”, do artista brasileiro Hélio Oiticica, a escola cantará a vida de quem se faz herói mesmo que às margens, nas ruas e periferias da cidade, sob o descaso e a violência da oficialidade”, revela o carnavalesco Nicolas Gonçalves.
Em 2026, a Acadêmicos do Tucuruvi será a terceira escola a desfilar no domingo de carnaval, dia 15 de fevereiro, pelo grupo de acesso do carnaval paulistano. A escola pisará no Sambódromo do Anhembi em busca do seu retorno ao grupo especial em 2027.
Junto ao punhado de paetês e confetes que manuseio para soprar no carnaval que virá, enxergo aquilo que pode ser visto primeiro: algo que é homem e bicho. Um híbrido no limiar entre a fera selvagem e a face humana. Bicho-homem. Espécie de homem-pássaro que roubou um par de asas para seu voo sonoro. Criatura que, no pouso terreno, mascarou-se junto ao verde da mata e ao colorido dos hibiscos deixando-se fotografar entre penas e pedras, lantejoulas e plumas, troncos e raízes. Um animal em estado de transformação que te convida ao êxtase feroz. Algo que se revela nu. Vestido apenas com a sua pele. Mil peles. Pele de camaleão. Camaleônico.
Em cena, ele requebra diante dos caretas e quem o vê não sabe se é homem ou mulher. Colo coberto de pelo e boca tingida de carmim. Ventre masculino e olhos contornados com lápis negro. Timbre feminino que nasce na boca masculina. O cantar da vedete visto em um corpo másculo. Escondido por detrás da máscara de tinta, ele é o instinto febril que não se pode dominar. Registro rebelde e surreal. O corpo que requebra em zigue zague. O sumo perfumado de uma América Sul-Americana pendendo em colares. Um xamã tupiniquim ornado de miçangas, penas de papagaio e delírios quiméricos.
Ele é o que guarda na voz. O grito que silencia quem impõe o silêncio. Aquilo que ainda pode ser ouvido quando as bocas estão amordaçadas. O vinil em giro na radiola. O doce e o amargo que se encontra no SECOS E MOLHADOS. A voz e a cabeça oferecida de bandeja como alimento poderoso junto ao que se come com a boca, os olhos e os ouvidos.
Inclassificável, ele é aquilo que se rasga para ser outro. O homem primitivo que desce à terra na gota d’água que transborda de um CÉU-PÁSSARO. O homem de Neanderthal coberto de crina e chifre que dá vez a um BANDIDO enfeitado com brinco de argola. O salteador de corações em desvario, gatuno das paixões e dos romances aventureiros. O bandido que é sucedido pelos que cobiçam a boneca, mordem a maçã, provam do veneno e flertam com o PECADO. Este último, por sua vez, derrama-se no FEITIÇO. O feitiço de um corpo nu, bandoleiro e cigano, que é visto em cavalgada em um cavalo alado. A voz dos que não tem voz. Corporificação de sujeitos não apreciados. Divindade que incorporou a subversão. O grito dos loucos. A porção mulher dos malandros. O anjo safado. A iconografia dos marginais. A performance máscula dos afeminados. O canto dos desgarrados e sem paradeiro. A chave dos trancados nas gaiolas.
A voz que sarra a canção. O clamor das mulheres de Atenas. Aquilo que embala a balada que os loucos dançam e a jura de preferir não ser normal. Canção que é ferida aberta. Eco de uma bomba sem cor e sem perfume. O sangue que pinta com tinta escarlate o gemido de culturas latinas dizimadas. O chamado misterioso de um pavão que exibe a cauda aberta em leque. Voz lunar que desvenda a face oculta de um lobisomem que é visto entre fadas, corujas e pirilampos.
Ao virar sua face para a festa, ele nos banha com canções solares. Aquelas, de amores ensolarados que cantam para que o dia possa nascer feliz. As que animam os que andam nu. Convite para uma farra do lado de baixo da linha do Equador. Uma folia no matagal. Sem juízo e pecado. Farta e suada. Lambuzada. Com a tristeza pra lá e a todo vapor. Deleite para os vira-latas de raça. Pra quem quer botar o bloco na rua. De uma gente que não corre quando o bicho pega e, quando fica, sabe que o bicho come. Prazer e delírio em um jardim de delícias terrenas. Jardim tropical de acrobacias amorosas e travessuras desenfreadas. Retrato 3×4 do prazer erguido em purpurina. O doce da maçã e o veneno da serpente. O riso de quem não se faz de santo. Destino para aqueles que querem brincar, gingar e botar pra ferver (gemer).
Pesquisa, desenvolvimento e texto: Leandro Vieira
1. O texto introduz a corporificação de ideais de liberdade a partir da perspectiva hibrida adotada pelo homenageado na construção de seu personagem público. O parágrafo flerta com declarações do artista que, incontáveis vezes, assumiu não querer ser limitado por definições. Sua intenção particular inaugural era ser visto como um bicho localizado no limiar entre o estado animal fantástico e a porção humana de forma ambígua e ambivalente.
2. O recorte textual remete ao surgimento da figura de Ney Matogrosso no imaginário brasileiro tendo sua independência comportamental como mote para a apresentação de uma persona performática que incorporou a androginia e a estética sul-americana com toques surreais como material criativo. Há ainda a menção à sua estreia como vocalista do Secos & Molhados, tendo como foco o icônico LP (e a histórica capa) lançado em 1973. Em linhas gerais, um marco de suas performances históricas e vitrine para a sua consagração como um dos maiores artistas brasileiros.
3. Historicamente, as figurações incorporadas pelo artista em seus quatro primeiros discos e shows (pós SECOS & MOLHADOS) são a base que edificam a imagem de Ney Matogrosso como um artista transgressor e libertário de forma definitiva. No texto, em sequência, são mencionados os LPs ÁGUA DO CÉU-PÁSSARO (1975); BANDIDO (1976); PECADO (1977) e FEITIÇO (1978). Como dito, trabalhos de carreira que apontam escolhas estéticas e musicais que flertam com a provocação moral e a teatralização da libido sexual aproximando a figura pública de Ney à personificação de sujeitos não apreciados, localizados à margem dos padrões sociais vigentes em meio a um ambiente de forte repressão.
4. O parágrafo lança luz em sucessos musicais de uma das mais importantes personalidades da MPB. Dono de uma obra tão sofisticada quanto seleta, Ney é considerado um pescador de pérolas quando o assunto é seu repertório particular. Sem preocupação cronológica, a menção a clássicos do artista é realizada como uma espécie de pot-pourri sonoro e visual onde suas canções guiam a produção das imagens sugeridas pelo texto. Em sequência, sucessos inquestionáveis como MULHERES DE ATENAS (Chico Buarque e Augusto Boal); BALADA DO LOUCO (Arnaldo Baptista e Rita Lee); ROSA DE HIROSHIMA (Poema de Vinícius de Moraes musicado por Gerson Conrad); SANGUE LATINO (João Ricardo e Paulinho Mendonça); PAVÃO MYSTERIOZO (Ednardo) e O VIRA (João Ricardo e Luli).
5. Por fim, é sugerida uma festa imagética permissiva e ensolarada que faz do espírito transgressor e livre do artista homenageado o mote para o desfecho narrativo. Trata-se de um convite ao desfrute das delícias e dos prazeres capitaneados pelo discurso estético e performático de Ney Matogrosso ao longo de toda a sua carreira em ambiente carnavalesco, afirmativo, libertário e provocador. No trecho, como ilustração alegórica, o texto cita livremente canções afinadas com o perfil descrito anteriormente. São elas: PRO DIA NASCER FELIZ (Frejat e Cazuza); NÃO EXISTE PECADO AO SUL DO EQUADOR (Chico Buarque e Ruy Guerra); FOLIA NO MATAGAL (Eduardo Dussek e Luiz Carlos Góes); VIRA LATA DE RAÇA (Rita Lee e Beto Lee); HOMEM COM H (Antônio Barros e Cecéu) e EU QUERO É BOTAR MEU BLOCO NA RUA (Sergio Sampaio).
BIBLIOGRAFIA
“Vira-Lata de raça” – Ney Matogrosso e Ramon Nunes Mello – Tordesilhas. Ano 2018 / “Ney Matogrosso: Abiografia” – Julio Maria – Companhia das Letras. Ano 2021 / “Da resistência à repressão. Anos 70/80” – Zuenir Ventura – Aeroplano. Ano 2000 / “Mal necessário – a androgenia animal de Ney Matogrosso” – Pamêla Keiti Baena – Revista brasileira de estudo homocultura. Ano 2023 / “Ney Matogrosso… Para além do bustiê: Performances da contraviolência na obra BANDIDO (1976/1977)” – Robson Pereira da Silva – A PPRIS. Ano 2000 / “O personagem marginal em Ney Matogrosso… Para além do bustiê” – Jessica Ferreira Alves – UFMS. Ano 2022 / “Sangue latino no palco: Nuances de decolonialidade na arte de Ney Matogrosso” – Roberto Remígeo Florêncio e Pedro Rodolpho Jungers Abib – Portal de periódicos de UEMS. Ano 2019
No último domingo, a Portela reafirmou uma de suas marcas mais simbólicas: a força de sua comunidade. Com 651 votos registrados entre os 801 sócios aptos a votar, a eleição da nova gestão mostrou que o destino da escola continua sendo decidido por quem vive, frequenta e ama a agremiação de Oswaldo Cruz e Madureira. A vitória da chapa 2 – Portela Raiz, com 350 votos contra 301 da adversária “Supera Portela”, marcou o início de um novo ciclo. Júnior Escafura assume a presidência, ao lado de Nilce Fran como vice e de Vilma Nascimento, a eterna porta-bandeira, como presidente de honra. A retomada de nomes históricos sinaliza um reencontro entre passado, presente e futuro da Águia Altaneira — e o desejo de sua comunidade de recomeçar.
“Desde pequeno, a gente já chamava ele de presidente”, lembra Muguinho, ritmista da Tabajara do Samba, que há 30 anos vive a escola por dentro. “Quando o carro de som dizia que o desfile estava autorizado, eu imaginava: ‘Luís Carlos Escafura Júnior, está autorizado o seu desfile’. Agora é real”, declarou. Para ele, o momento é de confiança absoluta: “Não vai faltar amor, não vai faltar dedicação, não vai faltar responsabilidade”, disse sobre sua expectativa para a nova gestão da escola.
Muguinho, ritmista da Tabajara do Samba
Esse sentimento atravessa gerações. Macaulay Silva, de 27 anos, passista da Portela, vê na eleição uma chance real de mudança — não só administrativa, mas também emocional. “A Nilce é minha diretora. Ela pulsa Portela. A gente precisava de gente assim, que veste a camisa. Agora é cabeça no lugar, planejamento e voltar a sorrir como a gente deveria”, afirmou.
Macaulay Silva, de 27 anos, passista da Portela
E é justamente esse sorriso coletivo que parece ser o desejo mais recorrente entre os portelenses. “A gente sorri sempre, mas agora é hora de sorrir de verdade”, reforçou Macaulay.
Luciana Divina, de 52 anos, baiana da Portela há cinco anos, enxerga o momento como reflexo de uma construção coletiva: “Foi a eleição da democracia. Os portelenses falaram com clareza. Queriam renovação. E não foi uma renovação de nome: foi uma renovação com base, com chão, com gente da Jaqueira. Quem é da Jaqueira não estava satisfeito. E agora está”, declarou.
Luciana Divina, de 52 anos, baiana da Portela há cinco anos
Entretanto, as urnas não encerram o trabalho — ao contrário, inauguram uma urgência. Para Muguinho, a primeira tarefa da nova gestão é clara: definir o enredo e o carnavalesco. “Já tinha que estar na agulha. Está em cima. Tem que pensar no samba, nas composições… Não dá pra correr atrás depois”, afirmou o ritmista.
Macaulay concorda, mas enxerga algo mais profundo: a reestruturação financeira. “Isso pesa. Afeta o desfile, afeta o planejamento, afeta o barracão. Sem dinheiro, não tem Carnaval — e, sem Carnaval, a Portela não é ela mesma”, disse. Ele mesmo tem um desejo para o enredo: “Uma pegada africana. Afro. É a cara da Portela. Vai dar certo”, afirmou o passista.
Flavinho Dance, de 18 anos, criado no projeto Samba para Sempre, fala com entusiasmo sobre o futuro. “Seja qual for o enredo, o que importa é a comunidade cantar. A Portela tem que voltar pro lugar dela”, disse.
Flavinho Dance, de 18 anos, criado no projeto Samba para Sempre
Mesmo com o entusiasmo, há quem aponte o que não pode ser esquecido. Flavinho, por exemplo, destaca a necessidade de modernizar a comunicação da escola. “Precisa de marketing, de redes sociais mais fortes. Hoje tudo é rede. E podia reformar a quadra também — não só pra gente, mas pra quem vem de fora ver a Portela”, apontou.
Luciana ampliou a reflexão: “A gente não pode mais se contentar com pouco. A Portela não é escola de meio de tabela. E mais do que resultado, a gente precisa de espetáculo. Carnaval é arte. E arte tem que emocionar, tem que ensinar. A Portela é cultura viva”, declarou a baiana.
Mesmo com o desejo de mudança, há muito que se quer manter. “A garra da comunidade. É isso que tem que continuar: amor, dedicação”, disse Muguinho. Walcir Costa, de 70 anos, torcedor há 20, reforça os nomes da escola que, a seu ver, devem ser mantidos: “Tem que manter o casal. A Squel e o Marlon são maravilhosos. E a bateria… Até agora, não tenho o que falar — apenas que continuem”, afirmou.
Walcir Costa, de 70 anos
No fim do dia, depois da apuração e dos abraços, ficava no ar a sensação de recomeço. Não uma ruptura, mas uma retomada do que a Portela tem de mais profundo: a voz da sua comunidade. Como sintetiza Macaulay: “A diretoria pode mudar, mas o espírito da Portela a gente carrega. Eu sou de Nilópolis, mas aprendi a ser Portela. A Portela é felicidade — e agora é hora da gente ser feliz de verdade”, finalizou.
O premiado coreógrafo e diretor artístico da Mocidade Independente de Padre Miguel, George Louzada, embarca em uma nova jornada: sua aguardada turnê internacional pela Europa, que acontecerá entre os dias 27 de maio e 31 de julho, passando por Espanha, Alemanha, França, Irlanda, Holanda, Inglaterra, Portugal e outras localidades.
Conhecido por seu trabalho à frente de alas e comissões de frente do carnaval carioca e por sua atuação como educador, Louzada soma mais de 30 prêmios ao longo da carreira, incluindo o prestigiado Estandarte de Ouro. É reconhecido como um dos nomes mais influentes da nova geração do samba e da dança brasileira.
A turnê, organizada pela empresa francesa Samambaia Eventos, inclui participações em eventos de grande destaque, como o Carnaval de Berlim (Alemanha) e o Carnaval de Paris (França) — onde liderará um projeto com mais de 50 dançarinas locais —, além do Festival Mega Samba, em Sesimbra (Portugal), considerado o maior festival de samba da Europa. Neste último, dividirá os palcos com o também professor Gabriel Castro para ministrar workshops de samba no pé feminino, masculino e de comissão de frente.
Além das apresentações, Louzada compartilhará sua experiência e conhecimento em dança afro, street dance e danças urbanas — pilares de sua conexão com a ancestralidade. A estimativa é que a turnê movimente mais de 500 alunos.
“Levar o samba e nossa cultura para tantos lugares é mais do que uma realização profissional. É um ato de resistência e celebração da nossa ancestralidade”, afirma George Louzada.
Entre seus ex-alunos, destacam-se nomes como Gabi Mendes, musa da Mocidade, e Dedê Marinho, rainha de bateria da Unidos de Padre Miguel — prova viva da relevância de sua atuação na formação de talentos no samba.
Em entrevista ao CARNAVALESCO, no sorteio da ordem dos desfiles da Série Ouro para 2026, o presidente de honra da Porto da Pedra, Fábio Montibelo, fez também uma análise do desfile de 2025 e adiantou detalhes do próximo carnaval.
“O Carnaval de 2025 foi bom. Infelizmente, alguns erros que a escola teve fizeram com que a gente perdesse o ponto e o título não veio. Vamos trabalhar para poder ser campeão em 2026. O Mauro vai se debruçar sobre a área social delas, a área trabalhista, os direitos que eles têm, da luta para a prostituição ser vista como profissão. É essa a linha que ele vai seguir”, disse ele.
Além do importante anúncio, a Porto da Pedra revelou recentemente a contratação da nova porta-bandeira Joyce Santos e da coreógrafa da comissão da frente Aline Kelly.
“A Joyce já é antiga na escola, veio da escolinha. Ela é maravilhosa. O mundo do samba vai se surpreender. A Porto das Pedras está sempre dando oportunidade aos segmentos da escola. Lançamos agora a coreógrafa Aline, com um currículo imenso”, apontou o presidente de honra.
Por fim, Fábio Montibelo relembrou a conquista, por Wantuir, do Estrela de Carnaval de melhor Intérprete da Série Ouro.
“O Wantuir é criação da escola e seguirá com a gente. Vamos pra briga”, adiantou o dirigente.
O sambista e compositor Paulo Juvêncio de Melo Israel, conhecido como Paulo Onça, faleceu nesta segunda-feira, aos 63 anos, em Manaus. Ele estava internado desde dezembro de 2024, após ser brutalmente agredido durante um acidente de trânsito na capital amazonense. O caso ocorreu no dia 5 de dezembro de 2024, no bairro Praça 14, zona sul de Manaus. Após uma colisão entre veículos, Paulo Onça foi agredido por Adeilson Duque Fonseca, que desferiu socos e chutes na cabeça do sambista, mesmo com ele ainda dentro do carro. A agressão foi registrada por câmeras de segurança e causou traumatismo craniano grave, exigindo cirurgia para retirada de um coágulo. Paulo permaneceu hospitalizado por mais de cinco meses, lutando contra as sequelas das agressões. O agressor, Adeilson Duque Fonseca, se entregou à polícia três dias após o crime e permanece preso. Ele responderá por homicídio.
Com mais de 45 anos de carreira, Paulo Onça foi uma figura central no samba amazonense e também contribuiu para o carnaval carioca. Compôs para escolas como Grande Rio e Salgueiro, e teve parcerias com artistas renomados como Zeca Pagodinho, Jorge Aragão, Leci Brandão e Dudu Nobre. Suas composições somam mais de 130 obras, muitas delas interpretadas por grandes nomes do samba nacional.
A morte de Paulo Onça gerou comoção entre autoridades, artistas e fãs. O governador do Amazonas, Wilson Lima, lamentou a perda, destacando a contribuição do artista para a cultura popular. O prefeito de Manaus, David Almeida, afirmou que “Paulo Onça foi mais do que um sambista: foi a alma do samba de Manaus”. A esposa do sambista, Simone Andrade, emocionou-se ao lembrar da luta do marido durante os meses de internação, dizendo: “Ele foi um guerreiro, mas, infelizmente, a maldade levou o Paulo”.
No quinto episódio do PodCARNAVALESCO SP, Flavio Campello compartilha sua trajetória à frente da Tom Maior, destacando os desafios e conquistas recentes da escola.
Reedição do Enredo de 2009: Campello fala sobre a decisão de reeditar o enredo “Uma nova Angola se abre para o mundo! Em nome da paz, Martinho da Vila canta a liberdade!”, originalmente apresentado em 2009. Ele explica que a escolha foi um desejo antigo da comunidade e uma forma de motivar a escola após o rebaixamento em 2024.
Retorno ao Grupo Especial: O carnavalesco celebra o título do Grupo de Acesso 1 em 2025, que garantiu o retorno da Tom Maior ao Grupo Especial. Ele destaca a importância de dar uma nova identidade ao enredo reeditado e o papel das alegorias no sucesso do desfile.
Planejamento para 2026: Campello menciona que a escola está focada em apresentar um desfile digno do Grupo Especial, mantendo o alto nível de trabalho e dedicação.
Para mais detalhes e insights sobre os bastidores da Tom Maior e a visão de Flavio Campello sobre o carnaval paulistano, assista ao episódio completo:
Reitora da Universidade Livre do Carnaval de Maricá, Evelyn Bastos compartilha o posto com o Vovô do Ilê e Milton Cunha. A rainha de bateria da Mangueira traz sua experiência de vida e acadêmica para comandar a instituição, que ela acredita poder ajudar diversos profissionais do carnaval de todo o país em diferentes áreas do saber e da indústria da festa. O CARNAVALESCO conversou com a recém-empossada reitora para falar sobre este novo desafio, a condução da UniCarnaval e possíveis parcerias com as ligas carnavalescas pelo Brasil.
Para Evelyn, ser reitora na Universidade do Carnaval é uma grande honra, ao lado dos outros reitores, e representa a possibilidade de ver os profissionais do carnaval reconhecidos também por seus saberes, como costureiras e aderecistas, por exemplo, como forma de diplomar esse conhecimento empírico e gerar transformações na vida dos trabalhadores do carnaval.
“Para mim, é uma grande honra mesmo, porque é uma reitoria colegiada com dois homens por quem tenho muito apreço e que são grandes professores para mim. Em muitos encontros com o Milton Cunha, que é meu amigo, pudemos bater papos formais e informais, e em todos eles eu aprendi muito. Então, além de ser um grande amigo, ele é um professor para mim. E o Vovô do Ilê, que é um ativista em quem a gente se espelha muito, porque não estamos falando só de bravura — falamos de estratégia e de força. O Vovô é uma grande inspiração. Logo, para mim, é um presente estar em uma reitoria colegiada com esses dois super-homens. Agora vou ter a oportunidade de ver a tia Regina, a tia Bete, que são costureiras e costuram desde a adolescência, porque foram mães cedo e precisaram parar de estudar para poder criar seus filhos, sustentar a casa através da costura. E, como eu disse, na escola formal elas não teriam diploma, mas na Universidade do Carnaval, agora elas terão. Porque o saber empírico está sendo tão valorizado quanto o saber acadêmico. Não tenho como não acreditar que, em um momento como este, tia Ciata, tia Fé, tia Bibiana — grandes tias baianas que afiançaram e protegeram o samba — estão fazendo festa no outro plano. É uma noite de grande celebração, com muitos significados, que com certeza é um marco na história do samba, na história do carnaval, com o grande objetivo de impacto social e de transformação na vida dessas pessoas que constroem o carnaval. Sem essa gente valiosa, não tem desfile, porque são eles que constroem o desfile. Não tem o Giro da Baiana, não tem movimento. O carnaval é arte viva, e agora, com compromisso, estamos cuidando da indústria do carnaval através dessas pessoas, com compromisso e com muita responsabilidade”.
A rainha da Verde e Rosa também comentou sobre os cursos e aulas que a UniCarnaval vai oferecer, destacando a valorização do saber empírico na produção da festa.
“A universidade já está toda estruturada. Hoje foi o lançamento do site. Convido todos vocês a darem uma olhada. Temos cursos livres, cursos técnicos e cursos superiores. Os cursos livres possibilitam que todas as pessoas, independentemente da escolaridade, façam o curso que escolherem. Já estamos falando de um curso de corte e costura, que não depende de um nível de escolaridade. E temos muitas costureiras dentro dos barracões que não têm esse nível de escolaridade e sabem muito. Então, aqui na universidade, vamos certificar essas mulheres com seus saberes. Dando uma olhada no site, vocês vão ver vários cursos, vários modelos e metodologias para que possamos abraçar todas as pessoas, sem nenhuma discriminação, com toda a inclusão que o carnaval merece na Universidade do Carnaval”.
Por fim, a diretora cultural da Liesa falou sobre possíveis parcerias não só com a Liga das Escolas de Samba, mas também com outras ligas carnavalescas do Brasil, para auxiliar os profissionais de qualquer local do país na sua profissionalização através da instituição.
“O meu grande sonho é que os profissionais dos barracões que já atuam venham para a Universidade do Carnaval beber dessa experiência e se certificar como profissionais. Vamos conseguir, honradamente, carregar debaixo do braço o certificado como profissionais. Estamos abertos na Universidade do Carnaval, nossa reitoria, para conversar com todas as ligas. Queremos — é o nosso grande objetivo — começar a alinhar com as presidências das ligas. E, claro, estando dentro da Liga, tive a oportunidade de conversar com o Gabriel David, que está superaberto, como sempre, a estar com a gente, a fazer isso aqui dar certo. E, como já disse, estamos abertos para conversar com todas as ligas, porque queremos profissionalizar o carnaval da forma que ele merece”.
Leandro Augusto, presidente da Unidos de Bangu, conversou com o CARNAVALESCO no sorteio da ordem dos desfiles da Série Ouro e comentou sobre as mudanças na escola e qual a linha que o enredo de 2026 deve seguir. Mas o dirigente, primeiro, fez um balanço do Carnaval de 2025 da Bangu, no qual a escola não disputou o carnaval por conta do incêndio.
“Eu acho que essa questão do Carnaval de 2025 poderia ser até muito melhor se a gente estivesse disputando. Acho que, se nós estivéssemos na disputa, como a mídia crítica colocou, a gente estaria disputando o título. Então, eu acho que é um balanço muito positivo, mesmo que a gente não tenha pontuado. Mas, na nossa cabeça, a gente sabe onde poderia chegar e onde nós vamos chegar no Carnaval de 2026”;
Sobre a preparação para o Carnaval de 2026 da escola da Zona Oeste, o dirigente falou sobre os novos carnavalescos da agremiação — Alexandre Costa, Lino Salles e Marcos Du Val — e da chegada de mestre Dinho à frente do Caldeirão da Zona Oeste.
“Foram contratações pontuais. Buscamos os carnavalescos que têm a cara da escola, o puxador, trabalhadores, e mestre de bateria. A gente repôs à altura. Mestre Dinho é uma pessoa que já tem 35 anos de mercado, vem de uma grande escola, que é a Unidos de Padre Miguel. Chegou do Grupo Especial, pontuando 40 na Série Ouro. Sai uma peça grandiosa, que era o mestre Laion, e trouxemos o mestre Dinho no mesmo patamar”.
Por fim, o presidente comentou sobre o enredo que a Unidos de Bangu pretende levar para a Avenida no ano que vem.
“Vamos seguir a mesma vertente do carnaval do ano passado. Vamos trazer, mais uma vez, um enredo que será apresentado pela primeira vez na Avenida — um enredo autoral dos carnavalescos. É um enredo cultural, para sair da mesmice. Vamos brigar, vamos para a guerra”.