A equipe do CARNAVALESCO, através da série “Eliminatórias”, acompanhou mais uma etapa da disputa de samba-enredo da Mocidade para o Carnaval 2025. A parceria de Zé Glória foi eliminada do concurso. A próxima fase é a final, no dia 12 de outubro. * OUÇA AQUI OS SAMBAS CONCORRENTES
Parceria de Jefinho Rodrigues: O samba foi feito por Jefinho Rodrigues, Arlindinho Cruz, Marquinho Índio, Lauro Silva, Prof. Renato Cunha, Cleiton Roberto, Felipe Mussili e Igor Leal. O intérprete Wander Pires foi o responsável por comandar o carro de som da equipe e fez uma ótima condução. A parceria contou com apoio e uma grande torcida, que levou balões nas cores verde e branco, além de bandeiras da agremiação, e cantou forte. Alguns componentes da escola também cantavam trechos da obra. Destaque para a melodia e o refrão principal: “Posso provar a verdade da gente/É o passado, futuro presente/raiz da Vila Vintém, à flor da idade/eternamente Mocidade/”. É um refrão fácil de decorar. A apresentação foi um dos destaques da noite e entra como um dos sambas favoritos na grande final.
Parceria de Jaci Campo Grande: Samba composto por Jaci Campo Grande, Paulo Ferraz, Alex Cruz, Dr. Marcelo, Duda Coelho, Marcinha Souza, Lucio Flávio, Elian Dias, Paulo Bachini e Bimbim Portela. Fantasiado de astronauta, Leozinho Nunes comandou o carro de som juntamente com Igor Pitta. Os dois foram fundamentais para o bom rendimento da obra durante a apresentação. Fora do palco, os torcedores deram um show e compareceram em peso – muitos com bandeiras e balões nas cores da agremiação -, com direito a fantasias de aliens, e guarda-chuva transformados em discos voadores. Foi a torcida mais animada nesta noite. A parceria conseguiu se sobressair e garantiu a vaga na grande final.
Parceria de Paulo Cesar Feital: A última obra a se apresentar foi escrita por Paulo Cesar Feital, Cláudio Russo, Alex Saraiça, Denilson Rozario, Carlinhos da Chácara, Marcelo Casanossa, Rogerinho, Nito de Souza, Dr. Castilho e Léo Peres. Um dos destaques da noite, o samba foi interpretado por Thiago Brito e Igor Vianna, que fizeram uma boa apresentação. A torcida fez sua parte e levou balões nas cores da Mocidade, além de bandeiras. Nas duas primeiras passadas – sem a bateria -, os torcedores assumiram a responsabilidade e cantaram o refrão principal forte, em coro, sozinhos. Na quadra, alguns componentes da Verde e Branca também cantavam trechos do samba. O refrão principal “chiclete” contribui para que o público pegue a letra com maior facilidade. Destaque, também, para a riqueza poética da letra. Sem dúvida, a parceria chega na final como forte candidata ao hino oficial da escola.
Honrando o apelido de Terra da Garoa, a fria noite de sexta-feira em São Paulo tinha um motivo para comemoração na Zona Norte: a apresentação do samba-enredo da X-9 Paulistana, escola que retornará ao Grupo de Acesso I no carnaval 2025 como campeã da terceira divisão da folia na cidade. Para embalar o enredo “Clareou! Um novo dia sempre vai raiar”, desenvolvido pelo carnavalesco Amauri Santos, os compositores Diogo Nogueira, Arlindinho Cruz, Inácio Rios, Igor Leal e André Diniz criaram a obra exposta, pela primeira vez em público, na quadra da agremiação, localizada na Travessa Casalbuono, ao lado do shopping Center Norte, na Vila Guilherme. O CARNAVALESCO marcou presença no evento e conversou com diversos segmentos da escola sobre a canção e, também, sobre o enredo para o Jubileu de Ouro da instituição – a escola completa 50 anos no dia 12 de fevereiro de 2025.
Fotos: Will Ferreira/CARNAVALESCO
Samba aprovado
Com sambistas conhecidos nacionalmente dentro e fora do mundo do carnaval, a obra teve aprovação unânime de todos os ouvidos pela reportagem. A começar por uma figura importantíssima da escola: Reginaldo Tadeu Batista de Souza, muito mais conhecido como Adamastor. Na ficha técnica, ele aparece como presidente da instituição, mestre de bateria e também foi citado como diretor de carnaval – algo que ele próprio negou, destacando que a Comissão de Harmonia também exercerá a primeira direção citada.
Falando especificamente da canção, o principal nome xisnoveano aproveitou para falar sobre o trabalho como um todo: “Eu sou suspeito a dizer porque nós fizemos parte desde o início do projeto. O que é muito legal e eu tenho que ser muito transparente para dizer é que todos os presidentes querem um bom samba. O próprio compositor, em muitos anos acerta a mão e, no outro ano, não acerta a mão. E eu digo que a nossa felicidade na X-9 foi que os compositores, através de todo um trabalho do projeto da direção de carnaval, carnavalesco, eu estando junto, acertaram a mão. Foi um projeto detalhado, foi um projeto muito sério, foi um projeto muito grande de carnaval para se chegar a essa obra que eu acredito que é um dos melhores sambas do carnaval de São Paulo. E nós estamos muito pés no chão e sabemos que a nossa grande preocupação é apresentar um grande desfile para a X-9 ano e para o carnaval de São Paulo”, pontuou.
Assumindo como carnavalesco solo em 2025 (em 2024, a X-9 teve uma Comissão de Carnaval), Amauri Santos também mostrou-se satisfeito: “Gostei muito, muito mesmo, do samba. Ele demorou um pouquinho a sair, era uma ansiedade que a gente também estava. Devido ao compromisso dos compositores, por saber que ele foi encomendado, a gente tinha quase certeza que sairia um samba bom. E saiu. Eu gostei muito desse samba desde a primeira vez que eu ouvi. Nós fizemos alguns ajustes, mas está aí. Eu acho que é um dos melhores sambas do ano”, elevou.
Responsável por conduzir o pavilhão verde, vermelho e branco, Julia Mary foi só elogios à obra: “Se eu gostei do samba? Com certeza! A expectativa da galera tem que ser bem grandiosa. Do pouquinho que a gente ouviu ali, na reunião interna da X-9, vem samba bom por aí. Fiquem preparados, porque é um samba muito emocionante. É um samba que toca a gente, no fundo do nosso coração. E, quando o samba toca a gente dessa maneira tão íntima, não tem como um trabalho ser ruim. Além de um samba bom, esperem um trabalho muito bom do casal de mestre-sala e porta-bandeira também”, disse – aproveitando para destacar o trabalho feito por ela. Igor Sena, parceiro de Julia e mestre-sala da agremiação, foi sucinto: “Como a Júlia disse, o samba está muito lindo, está muito emotivo. Ele, literalmente, toca na gente. Vai ser incrível, vai ser bem lindo, vai ser bem especial”, vaticinou.
Para cantar bastante
Um dos pontos mais destacados por muitos que participam de setores musicais da X-9 Paulistana em relação ao samba foi o canto da comunidade logo no primeiro ensaio – após a apresentação, a escola já começou a rotacionar desfilantes. Para Paulo Rogério, o Paulinho Barba, integrante da Comissão de Harmonia da escola, tal característica da obra ainda não chegou no ápice: “Eu já tinha escutado o samba no estúdio, é um samba que vai crescer muito ainda. E um excelente samba, que foge da mesmice do carnaval. Se você pegar a letra dele, ele foge dessa mesmice. É um samba pra cima, bom, o objetivo dele é levantar a galera – e vai levantar a galera lá no dia do desfile”, prometeu.
Mestre da “Pulsação Nota Mil”, bateria xisnoveana, ao lado de Adamastor, Keel Silva filosofou sobre a qualidade da canção: “Eu achei o samba sensacional! O samba não tem o que falar. É emocionante. É um samba que, no primeiro dia, já deu para ver aqui no evento que a gente fez, que a escola já abraçou, a escola já estava cantando. Um samba que a gente tem certeza que vai funcionar na avenida, que vai emocionar muita gente. A mensagem do enredo, a mensagem do samba, ela já é uma mensagem que emociona, que mesmo as pessoas que não são da escola, quando ouvirem, vão refletir sobre a própria vida, sobre o recomeço, sobre as vezes que a gente cai no chão, que a gente tem que levantar, tem que se reerguer. No samba, os caras acertaram na mão. A gente tem um baita samba na mão pra colocar na avenida. Agora é trabalhar”, destacou.
O canto foi o destaque da canção para Daniel Collete, um dos intérpretes da instituição: “Curti muito o samba! Ainda mais por estar junto deles, pelo desempenho que foi e pela resposta que o samba teve. A melhor resposta é o povo: com uma passada só eles já estavam cantando. Se você perceber, nós, praticamente, só fizemos cacos de janela para não atrapalhar o povo do canto”, afirmou. Ele foi acompanhado por Helber Medeiros, parceiro de microfone: “Se você for ver, a diferença você nota no povo cantando. Você percebe a valentia que o samba tem com o povo cantando. Até perdemos um pouco da nossa essência, já que, se deixar, o samba flui naturalmente. Não precisamos nem cantar. O samba é isso, bastante valente”, vislumbrou.
Reestreando de maneira oficial na X-9, Royce do Cavaco elogiou a obtenção de uma identidade para a obra: “Eu fui o último a chegar, então eu comecei a aprender o samba hoje. Quando você começa a aprender, você começa a pegar paixão pelo samba com a essência dele. O interessante é que esse é um samba diferente do trivial que ouvimos normalmente. Ele é diferente, e isso é um ponto positivo. Além de tudo, ele é valente”, comentou.
Música que virou enredo
Pouco a pouco, a ideia de músicas ganharem roupagem de desfile de escola de samba foi se popularizando no carnaval. Em São Paulo, a Dragões da Real, que já tinha feito “Dragões Asa Branca” em 2017, novamente investirá em um clássico do cancioneiro brasileiro em 2025, com “A vida é um sonho pintado em aquarela”. A Mancha Verde, em 2022, foi campeã com “Planeta Água”. No Rio de Janeiro, a junção de duas músicas de Luiz Carlos da Vila foi apresentada em “Nas Veias do Brasil, É a Viradouro em um Dia de graça” pela Unidos do Viradouro em 2015, enquanto “O que é, o que é?” foi a canção do Impéro Serrano em 2019.
Em 2025, a X-9 Paulistana se inspirou em “Clareou”, música já imortalizadana voz de Diogo Nogueira, mas composta por Serginho Meriti e Rodrigo Leite – este último presente na apresentação do samba-enredo.
E, de tão emocionado, ele fez uma comparação nada usual: “É uma emoção inédita, quase inexplicável. A gente está do outro lado do balcão, do outro lado da caneta, a gente recebe o tema e desenvolve, trabalha em cima disso. Todos os dias, com os meus parceiros, nesse caso, o Serginho Meriti, que é meu mestre. Eu estava até falando com o Diogo Nogueira essa semana, ele perguntou se eu gostei do samba e eu falei que não tenho nem muito o que falar. Eu estou meio em êxtase, eu estou sem palavras… é uma notícia que ainda está chegando, eu estou absorvendo ainda. É muita emoção, é um grau muito elevado de emoção. É como um filho mesmo que vai para a NASA, que vai para outro mundo. Foi uma surpresa, é emocionante demais. A gente está muito feliz de poder contribuir para essa volta da X-9, que é uma escola gigantesca. Eu sou paulista, sou daqui, e sei o tamanho da X-9, toda a sua tradição, toda sua história. A gente poder contribuir para essa volta, que eu acho que vai ser certeira, é muito gratificante”, chocou.
Como não poderia deixar de ser, ele também gostou da canção que homenageia uma canção dele próprio, aproveitando para destacar os compositores que criaram o samba-enredo: “”Amei o samba, sou louco pelo samba. Agora já estou até cantando ele! Essa semana, tive o privilégio de ter o acesso um pouquinho antes do que outros pessoas, então já estou decorando. Amo, inclusive, os compositores do samba – que são, na sua maioria, todos meus amigos – Diogo Nogueira, Arlindinho, o Inácio Pires… eu acredito que tenha sido um desafio também enorme: você pegar uma obra e transformar aquela obra numa numa outra obra! Tem sido surreal, tem sido um pouco inexplicável. Mas, não importa o que a gente diga, o que está rolando no coração… é muito forte, mesmo”, comentou.
Fotos: Will Ferreira/CARNAVALESCO
Ainda sobre o enredo…
Amauri aproveitou para exaltar quem ajudou na criação da temática, estreando na agremiação: “Na verdade foi uma parceria, essa sinopse foi uma parceria com o Leonardo Dahi, nosso enredista. E o samba está completamente dentro do enredo, porque nós preparamos também algo muito didático para o compositor. Como nós já havíamos desenvolvido uma boa parte do trabalho de fantasias, alegorias também, nós escrevemos tudo isso para os compositores. Demos uma cartilha ali e eles, com o talento deles, deixaram muito justo. O samba veio e nós fizemos pequenos ajustes para ficar mais dentro do que a gente pensou, mas o samba, como eu falei, caminha perfeitamente de mãos dadas com o que a gente desenvolveu”, destacou, afirmando que, ao contrário do que muitas vezes acontece, a parte estética já está em desenvolvimento antes da apresentação do samba.
Daqui em diante
Utilizando uma metáfora com o mundo do automobilismo, Adamastor explicou o motivo pelo qual apresentou o samba-enredo apenas no mês de outubro, enquanto muitas outras co-irmãs já estão com as canções há mais tempo oficializadas: “É igual uma estratégia de corrida. Quando você sai correndo muito na frente, você pode perder o fôlego no meio ou mais para o final. Isso é o que eu entendo para o projeto da minha escola. Eu não quis sair muito na frente porque eu sei os potenciais que eu tenho e que não tenho. Eu precisava ter o momento da X-9 Paulistana para dar início no projeto. Eu acredito que eu estou começando no momento correto, que corresponde ao momento da nossa comunidade. O pessoal veio com a quadra cheia, gostaram do samba. E, a partir de agora, nossos ensaios serão de sextas e domingos”, comentou.
O casal de mestre-sala e porta-bandeira também exalou confiança para falar do futuro próximo: “A gente já deu aí alguns passos, já pensamos em algumas coisas para introduzir e criar o começo do corpo do nosso trabalho. Estamos na expectativa, é um samba bem legal, que abrange muita coisa. Dá para a gente fazer bastante coisa, muito movimento de trabalho. A gente está com uma expectativa muito grande para ser um trabalho bem grandioso”, destacou Julia. Igor aproveitou para fazer uma confissão: “Particularmente, esse é um dos momentos que eu mais gosto: a parte de montar a coreografia. É um samba que exige muito, mas é fácil de se montar coreografia porque tem bastante coisas, bastante palavras, expressões… tudo isso facilita esse processo coreográfico. A cabeça está a milhão já, está explodindo de ideias. Vai ser bem legal”, prometeu.
Com direito a uma brincadeira no final, Keel destacou o quanto a Pulsação Nota Mil já, inclusive, executou bossas e convenções na apresentação: “Como a gente faz umas três semanas que estamos com o samba, eu falei com a galera para a gente preparar alguma coisa para ter algo a mais além do samba no evento de hoje. Por exemplo: o tamborim e o chocalho já estavam fazendo algumas passagens diferentes, o surdo de terceira também. A gente fez a bossa da introdução, do grito de guerra com os três cantores (que, inclusive, está na faixa oficial, quem ouvir vai conseguir identificar), e a gente fez uma bossa especial na faixa que a gente resolveu. Essa bossa dá para fazer, e a gente veio ensaiando há umas duas, três semanas atrás. A bateria executou hoje, deu tudo certo. E tem mais surpresas por aí! A gente vai tentar trabalhar com o samba, sempre ter as bossas, as convenções que a gente vai fazer. Muitas têm algum sentido do que está falando da letra – se não faz sentido para as pessoas que estão ouvindo de fora, para a gente é que faz sentido. Às vezes é uma homenagem para alguém, homenagem para alguém da escola, uma homenagem para alguém que já se foi. A gente sempre tenta trazer coisas que as pessoas vão entender. Se as pessoas da escola entendem, até as pessoas de fora vão entender. Para mim, tudo tem que ter um sentido na bateria. Mas, aguardem: tem bastante novidade poraí, em breve já vai ter vídeo pra caramba, já que hoje em dia vídeo viraliza”, riu.
A dinâmica da Comissão de Harmonia também foi revelada por Paulinho: “Bom, primeiramente, nós somos uma comissão. Nós já fomos a Comissão de Harmonia na escola em 2024, nosso objetivo é fazer o povo cantar – o povo é muito carente de canto. Nós vamos ensaiar especificamente o canto, trazer o pessoal para a quadra, ensaiar o canto indo, por exemplo, em alas que nós temos fora de São Paulo ensaiar com o pessoal lá, trazer o pessoal e distribuir a Harmonia dentro da escola, já desde o começo para cada um saber quem é o seu chefe de ala. Assim, eles vão poder estar interagindo e estar sempre trazendo o samba na ponta da língua”, comentou.
Daniel Collete não se deu por satisfeito ao falar do quanto a canção interpretada por ele pode crescer: “Falta coisa para caramba! Queremos chegar na avenida sem deixar recado para ninguém. Graças a Deus nós temos um grande professor, o Royce do Cavaco, eu vim na bota dele e ele também veio com a gente. Nós estamos colocando várias ideias em prática. Se é bom para a X-9, é bom para a gente”, destacou.
Mesmo sendo interrompido pelos parceiros após fazer uma brincadeira, Royce do Cavaco mostrou a perícia que a experiência traz ao dar uma prévia de quando a obra estará melodicamente pronta: “O trio é eles! Eu vim tirar uma onda. Para fechar a tampa da parte técnica do samba, com visão, melodia e etc, acredito que até meados de novembro já estará fechadinho. Dali até o carnaval, é só ajustar os cacos, ver o que fica mais bacana e legal”, finalizou.
Na decisão mais apertada da história centenária da Portela, segundo o presidente Fábio Pavão, a Majestade do Samba consagrou a parceria de Samir Trindade, Fabrício Sena, Brian Ramos, Paulo Lopita 77, Deiny Leite, Felipe Sena e JP Figueira como vencedora do concurso de samba-enredo para o Carnaval 2025. O resultado foi divulgado depois de 6h deste sábado e a quadra seguiu lotada para festa dos portelenses. A escola, em 2025, homenageará o cantor e compositor Milton Nascimento com o enredo “Cantar será buscar o caminho que vai dar no sol – Uma homenagem a Milton Nascimento”, que será desenvolvido pelos carnavalescos André Rodrigues e Antônio Gonzaga.
O compositor Samir Trindade, quatro vezes campeão da disputa de samba-enredo da Portela, conversou com o CARNAVALESCO após a vitória na escola.
Compositor Samir Trindade venceu pela quarta vez na Portela
“É a quarta vez campeão aqui na Portela, mas dessa vez é especial, eu estava engasgado, alguns vices seguidos, muito sofrimento, muita luta e resiliência, mas essa torcida merece muito, é uma torcida que me carrega aqui, é uma torcida da comunidade, estavam com a espinha na garganta pra gritar é campeã. Eu tenho certeza que a Portela vai chegar na avenida com um grande samba, estou muito feliz. Quem acredita na vida não deixa de amar e eu nunca deixei de amar a Portela”, disse o compositor Samir Trindade.
O compositor Paulo Lopita 77, que também venceu pela quarta vez, celebrou a conquista: “Eu ganhei na Portela por três anos seguidos, 2016, 2017 e 2018. Ganhei com o Samir. Estamos nesta parceria juntos há 20 anos. Já tinha um tempinho que a gente não ganhava. É um novo tempo, uma conquista muito grande. Foi muito trabalho, muita luta, vem com um sabor muito grande. Esperamos que esse samba possa ser para a Portela muito importante na Avenida, assim como a gente ganhou aqui, que ela possa ganhar lá. E fazer samba sobre o Milton, que é um grande artista, não foi fácil, tivemos que estudar muito, mas gerou essa grande obra”.
Compositor Brian Ramos
O compositor Brian Ramos comemrou sua primeira vitória na disputa de samba da Portela. “A primeira conquista, a primeira vez. Sensação indescritível, ano passado vice-campeão, esse ano campeão, estou realizando um sonho de infância. Realmente, quem acredita na vida não deixa de amar”.
Feliz com a safra de sambas da Portela para o Carnaval 2025, o presidente Fábio Pavão conversou com o CARNAVALESCO sobre a disputa e abordou também a confiança da escola no enredo e na comissão de frente.
Presidente Fábio Pavão
“Eu queria aproveitar para parabenizar a ala de compositores da Portela pela qualidade nas obras e pelo engajamento que eles tiveram nesse concurso, pela forma como esse concurso de samba aconteceu. Ser compositor da Portela, ninguém no mundo pode entender, mas requer que a pessoa tenha um conjunto de valores de respeito ao samba, de respeito à Portela. A minha confiança no enredo de 2025 é total. Os carnavalescos, o André e o Antônio, desde que propuseram o enredo, tudo que vem sendo feito até agora e vem sendo apresentado é de grande excelência! A sinopse, os sambas, as fantasias, e agora é uma parte importante que culminou o processo de escolha com um grande samba. Também tenho confiança total na nossa comissão de frente. “Tanto que nós renovamos os coreógrafos que perderam um décimo agora e que gabaritaram no ano anterior”.
‘Milton Nascimento está feliz’, garante carnavalesco
No segundo ano a frente do carnaval da Portela, os carnavalescos André Rodrigues e Antônio Gonzaga se mostraram já mais entrosados com a comunidade e com a expectativa de fazer um desfile ainda melhor que em 2024.
“Acho que a gente está bem esperançoso agora, essa é a palavra e eu acho que na noite de hoje a gente está muito tranquilo. É um sentimento de serenidade também. A Portela está muito feliz com o trabalho que a gente fez e com o enredo. Estamos muito empenhadados em fazer um grande carnaval e melhor até que o último que passou”, analisa André.
Os pesquisadores da Portela com os carnavalescos André Rodrigues e Antônio Gonzaga
“Foi um passo muito importante para a escola nessa reconexão com a forma de fazer carnaval competitivo e forma de fazer carnaval feliz. A escola está muito feliz e a gente espera acelerar ainda mais este processo. E o Milton Nascimento também está muito feliz. Ser homenageado pela Portela, acho que é a maior alegria que uma pessoa pode receber em vida. Ele está muito, muito contente. A gente tem um contato de muito respeito, de troca. Ele está muito lisonjeado e na expectativa de um grande carnaval, de uma grande homenagem”, acrescentou Gonzaga.
André Rodrigues revelou qual em sua opinião será o grande trunfo para a Portela no próximo carnaval.
“O que a gente está sentindo hoje, é primeiro a comunhão do portelense, a comunhão de quem ama essa escola, e, principalmente, o acreditar no campeonato. Eu acho que esse é um dos grandes trunfos e um dos grandes legados do último carnaval, que é acreditar que a gente pode levar o campeonato, acreditar que a Portela é uma grande escola, que ela tem que ser respeitada, que ela tem que pisar na avenida com o tamanho que ela tem, sendo respeitada pela história que ela tem, sendo propositiva também. A expectativa é de realmente fazer um carnaval para ganhar, e a gente espera que o portelense também pegue esse ânimo e vá pra avenida com ele. É a união de duas grandes marcas, o Milton e a Portela, é a cultura brasileira”.
Diretor de carnaval da Portela, Junior Schall contou ao CARNAVALESCO como está a preparação da escola para o desfile e falou dos ensaios projetados para o Carnaval 2025.
Junior Schall, diretor de carnaval da Portela
“A gente vai esperar uma Portela intensa como foi a final. A Portela precisa entender com ênfase que esse é o caminho. O caminho da potência. O caminho de quem vai encerrar as carnaval homenageando Milton Nascimento, ou seja, com um obra que contempla o enredo e com isso alicerçam o trabalho do André Rodrigues e do Antônio Gonzaga (carnavalescos). Semana que vem a gente já vai divulgar a agenda dos ensaios de quadra, ensaios de rua, pra começar o mais imediato possível todo esse trabalho, para manter a excelência do ano passado. Cantar e evoluir com uma Portela se emocionando de dentro pra fora. É importante dizer isso. Esse samba que emociona o povo também para fora e uma escola consegue fazer o caminho contrário, que a gente possa cada vez mais treinar, treinar, treinar, cantar, cantar, cantar e nos emocionar”.
O intérprete Gilsinho falou ao CARNAVALESCO sobre a relação com mestre Nilo Sérgio, o samba de 2025 e o sucesso do ponto de Xangô na arrancada de 2024.
“O relacionamento com a bateria do Nilo Sérgio é antigo, funcionou nos outros anos e vai continuar funcionando, é um casamento perfeito. O samba deste ano saúda o Milton, canta sua obra e leva a musicalidade forte da Portela para a avenida. Em 2024, o ponto de Xangô fez muito sucesso, mas em 2025 iremos com algo tão marcante quanto, podem aguardar”, prometeu o cantor.
Em entrevista ao CARNAVALESCO, mestre Nilo Sérgio fez um balanço do trabalho em 2024, a preparação da “Tabajara do Samba” para 2025 e o entrosamento com o intérprete Gilsinho.
Mestre Nilo Sérgio, comandante da Tabajara do Samba
“A preparação é em cima da musicalidade do Milton Nascimento. A Portela está preparando algumas coisas, eu venho com tambor de mina, a família Silva está sempre ajudando a gente. A bateria da Portela está preparada e eu já estou com alguns arranjos já preparados pra poder colocar no samba. Sobre as notas de 2024, na hora eu não entendi como eu perdi dois décimos na bateria, mas teve um simpósio na Liesa e eu entendi um pouco o que eles falaram, mas essa parte da musicalidade que eu coloquei da afinação, cada uma escola tem a sua afinação, não estou falando que estava errado ou não. Eu fiquei revendo e acho que não teve problema, mas eu perdi, é igual jogo de bicho, vale o que está escrito. Eu aceitei. E vamos trabalhar mais um pouquinho. Eu e o Gilsinho somos lá do Irajá. Sempre achei ele fora de série. O Gilsinho é uma grande voz e temos um casamento perfeito. A bateria casou com com a voz com a voz dele e ele encaixou com a bateria”.
O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da Portela, Marlon e Squel, conversou com o CARNAVALESCO sobre a preparação para o desfile, mais uma cabine de julgamento, e, claro, a fantasia de 2025.
“A gente já tem ideias de desenhos coreográficos, de movimentos, mas esperamos o samba ser escolhido para saber se casa ou não. O tempo, como que se vai ser feito. Nos meus últimos carnavais eu digo que eu saio da avenida e consigo desfilar novamente se for preciso. Se eu tivesse que fazer mais três, quatro cabines, eu faria. É acreditar na preparação que eu faço e acreditar na minha dedicação, é só uma questão de ensaio, é só mais um ensaio. Acho que praticamente vamos começar do zero, em relação ao desfile de 2024, estamos estudando as justificativas para fazer algo novo, é tudo novo. Os portelenses vão gostar das nossas fantasias, só digo isso, eles vão gostar”, garantiu a porta-bandeira.
“A gente já tem um corpo coreográfico pré-pronto. Esperammos sair o samba agora do carnaval de 2025 e adaptamos esse corpo de coreografia que são os requisitos que normalmente se cobra. Várias características que a gente sabe que tem que ter na dança do mestre-sala e porta-bandeira. E com esse samba escolhido, a partir deste momento, a gente começa a elaborar, a desenvolver mais o corpo coreográfico que a gente já tem em mente. Sobre ter mais uma cabine de julgamento, com certeza, muda a preparação física. A gente começou a intensificar um pouco mais. E uma nova cabine, um novo modelo de se apresentar, porque querendo ou não, vai muito do psicológico também, a gente está adaptado a entrar, se apresentar para uma cabine dupla, depois mais uma no meio e depois outra no final. E agora a gente tem uma outra, uma quarta cabine antes da finalização da Sapucaí. E aí, você moldura a sua forma e sua técnica de dançar. Você começa a se resguardar mais em alguns pontos da Sapucaí para realmente chegar inteiro na última. Minha mudança de 2024 para 2025 é que vou tentar deixar a emoção um pouquinho mais contida, eu acho que 2024 foi um carnaval muito emotivo para mim em várias perspectivas. Troca de porta-bandeira, a chegada da carnaval do centenário, que mexeu muito comigo psicologicamente e eu estava muito emotivo. A entrada da Portela na Sapucaí em 2024 foi algo alucinante, e talvez a emoção foi mais a flor da pele. Com certeza 2025 não vai ser dessa forma, é algo que eu já venho trabalhando há alguns meses. A fantasia de 2025 é maravilhosa, divina, inclusive, já fizemos até a primeira prova”, afirmou o mestre-sala.
Novamente, a Portela terá no comando da comissão de frente os coreógrafos Leo Senna e Kelly Siqueira. Ao CARNAVALESCO, eles falaram do carinho da comunidade portelense, da relação com os carnavalescos e do trabalho para o desfile do ano que vem.
“A gente nunca se sentiu tão abraçado, tão acolhido pela comunidade, pelos segmentos da escola. A comunidade aumenta, a nossa responsabilidade. Quando nós chegamos aqui, a comissão de frente era chamada de ‘calcanhar de Aquiles’, a gente acabou com isso. Mas agora a nossa responsabilidade aumenta na Portela. A gente não quer só o básico. A gente não trabalha com um rendimento que não nos leve ao melhor resultado possível, temos que entregar o melhor para a comissão sempre. Os carnavalescos participam muito, desde a escolha do enredo, a gente começa a ter reuniões. A gente leva para eles essa troca de ideias, todas debatidas entre nós quatro. A gente vai criando a narrativa inteira, que eles dão muita autonomia pra gente também. Levar a construção da comunidade frente a frente. É uma troca entre as diferentes áreas. Já estamos trabalhando a nossa narrativa através do enredo, e agora com esse samba vencendo, a gente acredita que a escolha foi muito bem apropriada, nos permitindo dialogar com um grande samba, com melodia forte e a gente vai encaixar perfeitamente”, comentou o coreógrafo Leo Senna.
Coreógrafos Leo Senna e Kelly Siqueira
Como passaram os sambas na final
Parceria de Toninho Geraes: O primeiro samba da noite teve a assinatura dos poetas Toninho Geraes, Eli Penteado, Alexandre Fernandes, Víctor do Chapéu, Paulo César Feital, Juca e Juninho Luang. Samba com uma melodia muito forte, criativa e bem desenvolvida, como Milton sempre assinou as suas obras. O samba chama atenção principalmente pela construção da harmonia e encontros melódicos entre suas diferentes partes. Menos explosivo que os concorrentes, conta com um refrão principal que homenageia Milton através do jogo de palavras com “Mil tons geniais”, reverenciando também mestre Candeia e a Portela e a música mineira através dos “tambores de gerais”. Destaque melódico para o refrão do meio, principalmente pelo trecho “feito ouro aluvião, bateiando uma canção, veio à beira do rio”. No refrão principal “o meu samba é oratório” permite uma segunda voz como resposta, realizado algumas vezes pela equipe de voz. Comandado no palco por trio Bruno Ribas, Emerson Dias e Chitão Martins, os cantores mostraram entrosamento e solidariedade, sem vaidade deixando cada um se destacar. Bruno, particularmente, pode “brincar” com uma melodia que pedia sua terças e vocalizacões de sua voz aveludada A parceria trouxe uma torcida animada com bandeiras e tapetes de bolas, os componentes na passada sem o acompanhamento dos cantores, cantaram com força principalmente o refrão principal. Já com a quadra o envolvimento foi bem tímido e o samba teve um andamento que trazia mais para o meio da apresentação uma queda na animação, ainda que não tenha tido problemas para encaixar com a “Tabajara do Samba”.
Parceria de Jorge do Batuke: O segundo samba da noite foi assinado pelos compositores Jorge do Batuke, Neizinho do Cavaco, Feijão, Marcio Carvalho, Araguaci e Claudio Russo. O samba, bastante melodioso e com uma “jeitinho bem nostálgico” em termos de melodia, começa arrumado em duas quintilhas (estrofes de 5 versos) que são semelhantes em harmonia e ajudam a obra a ganhar ritmo ao mesmo tempo que introduzem o tema e apresentam o homenageado através de versos imagéticos, apresentam Milton, a Portela e a Minas Gerais de fundo. A partir de “Dobrando a esquina lá vem Madureira”, que também em um destaque melódico pela escolha das notas, há uma mudança de notas com o forte e dançante “É pó! É poeira”, até chegar o refrão do meio “La êh” fazendo referência de forma proposital a vocalização da música “Maria, Maria”. A partir de “vozes que vão encontrar” a escolha é por notas que exprimem um assunto mais sério, mas ainda sem perder a alegria e a nostalgia da melodia. No refrão principal “No azul da Romaria” a aposta segue não pela explosão, mas por uma linha melódica mais desenvolvida e clara. Comandado por Pitty de Menezes e contando com os apoios de Tem-Tem Jr e Tuninho Jr, a apresentação trouxe para a quadra uma atmosfera diferente. Muita gente se envolveu, dançou e cantou, a torcida, inclusive, participou bastante naquela primeira passada sem as vozes no microfone. Um andamento gostoso, cadenciado, balanceado, mas com muita pressão permitiu que a “Tabajara do Samba” ficasse bem a vontade. Na torcida também se observou uma grande festa de cores com papel picado, mini-sois, balões, além de Oxalá, a águia e um sósia do Milton Nascimento, erguidos no ar. Apresentação muito consistente de um samba bem consolidado e aparentemente já na boca do portelense.
Parceria de Samir Trindade: Além de Samir Trindade, a obra foi composta por Fabrício Sena, Brian Ramos, Paulo Lopita 77, Deiny Leite, Felipe Sena e JP Figueira. A obra traz uma negritude muito forte que marcou não só a música, mas a história de Milton Nascimento. Essa negritude, esse molejo, essa força já está presente de cara no refrão principal “Oxalá preto rei pra sambar Iyá chamou Oxalá preto rei pra sambar Anjo negro é o Sol que faz a Portela cantar Anjo negro é o Sol na minha Portela”. A obra também tem um caráter de versos construídos em uma linha melódica de notas mais alegres, pontuando bastante as finalizações antes dos refrãos, como nos versos “Onde Candeia é chama/Brilha Milton Nascimento”. O refrão do meio “Nessa estrada é sonho, é poeira” como em outras obras, a própria construção melódica e a letra traz esse tom mais nostálgico que é presente também na música de Milton, principalmente em relação às coisas do dia a dia e em especial de Minas Gerais. Destaque melódico para a construção de notas para o trecho “Nas mãos, girassóis na travessia minh’alma em cantoria vem a tarde, vão-se as dores”. Comandado por Tinga no palco, a parceria manteve o clima bem quente tendo muita força e energia no refrão principal “Iya chamou Oxalá preto rei…”. O canto foi bom, inclusive, na passada sem as vozes no microfone e a quadra teve um bom envolvimento com a obra. O andamento também esteve bem ajustado com a “Tabajara do Samba”. A torcida foi um show de colorido com estandartes e girassóis na mão, além de um sósia de Milton Nascimento sendo erguido no ar. Apresentação com muita energia como vinha sendo característico da parceria.
O Império Serrano divulgou nesta sexta-feira os sambas concorrentes para o concurso que vai escolher o hino para o enredo “O que espanta miséria é festa”, de 2025. Assinado pelo carnavalesco Renato Esteves, o tema é uma homenagem ao compositor Beto Sem Braço. Na última terça-feira, o Reizinho de Madureira recebeu 15 composições, que passaram por uma avaliação interna antes de serem apresentados ao público.
Conheça os sambas inscritos:
Samba 1 – Alex Ribeiro, Luiz Fernando, Rodolfo Caruso, Juarez Amizade, Márcio Juniot e Edu D’Ávila.
Samba 2 – Pedro Russo
Samba 3 – Dom Vidal, Makley Matos, Léo Capoeira e Igor Ribeiro
Samba 4 – Xande de Pilares, Aluísio Machado, Henrique Hoffmann, Carlos Senna, Jefferson Oliveira e Leandro Maninho
Samba 5 – Nego Jussa, Jorginho da Flor, Darlen, Licio e Berequinho
Samba 6 – Eduardo Henrique, Tião Sapê, Sandro Santos, Jerri Miranda, Genesis Nascimento e Adalberto Jr
Samba 7 – Luís Carlos do Cavaco, Og do Cavaco e Malibuá da Cuíca
Samba 8 – Vera Alice, Sérgio Mineiro, Vera Lúcia, Amarildo Ribeiro, Edilamar e Delson Antunes
Samba 9 – João Bôsco, Duda Marechal, Neném Madureira e Tonho de Rocha Miranda
Samba 10 – Edson Titia, Tácio Dom, Augusto Locutor e Leandro Alegria
Samba 11 – Marinho Sommelier
Samba 12 – Victor Rangel, Wagner Guerra, Gigi da Estiva, Patrick Avelar, Zé Mauro do Império e Rubinho Carioca
Samba 13 – Arlindinho, Lucas Donato, Lula Antunes, Victor Mendes, Totonho e Rafael Falanga
Samba 14 – Paulinho Valença, Marcão da Serrinha, Nilson Rangel, Cunha Barreto, Felipe Pithan e Bruno Maselli
Samba 15 – Matheus Machado, Cassiana Pérola Negra, Rafael Prates, Geraldo M Felicio, Bray do Samba e Gabriel Simões
Os sambas inscritos serão apresentados ao vivo durante a tradicional Feijoada Imperial, marcada para o dia 19 de outubro. A disputa seguirá nos dias 22 e 29 do mesmo mês, com a semifinal prevista para 5 de novembro e a grande final no dia 15.
O professor de samba e coreógrafo, George Louzada, uma referência no carnaval carioca, recentemente concluiu sua turnê pela Europa, que ocorreu de 22 de agosto a 29 de setembro de 2024. Durante um mês e meio, Louzada, como é conhecido no mundo da folia, passou por 10 países como Inglaterra, Espanha, França, Holanda, Portugal, Itália, Irlanda, Suíça e Polônia, levando a arte do samba no pé e a cultura do carnaval.
Foto: Divulgação
“Em cada lugar que eu estive, a recepção foi sempre muito calorosa. Em todos os países que passei, encontrei grupos dedicados ao samba, que se esforçam para aprender e praticar essa arte”, comentou.
Além da turnê pelos países europeus, Louzada também esteve na Argentina. O dançarino também foi convidado a desfilar como destaque no famoso Carnaval de Notting Hill, em Londres, pela London School of Samba (LSS) e atuou como professor de samba no Festival de Estarreja, em Portugal, onde encerrou a turnê no maior festival de samba do norte português.
Ao longo da viagem, foram mais de 20 aulas particulares e 12 workshops realizados, atingindo uma média de 300 alunos. Com essa turnê, George Louzada não apenas promoveu o samba, mas também reafirmou seu compromisso com a cultura afro-brasileira e as questões sociais.
“A arte é um ponto de partida para que possamos discutir temas importantes como racismo e pertencimento”, concluiu.
O coreógrafo também destacou a importância do intercâmbio cultural entre os países: “O samba abre portas e rompe barreiras. É uma forma de conectar pessoas e culturas diferentes”.
Além de seu papel como educador, Louzada também coreografa alas e comissões de frente, consolidando seu nome no cenário do carnaval. Com vasta experiência em danças como street dance, danças urbanas e dança afro, fundamentais para sua conexão com a ancestralidade, hoje ele é um pilar na formação de novos talentos do samba, com nomes como Gabi Mendes, atual rainha do carnaval, e Dedê Marinho, rainha de bateria da Unidos de Padre Miguel entre seus ex-alunos.
A Portela faz nesta sexta-feira a final de samba-enredo para o Carnaval 2025. Três parcerias estão na decisão. A escola, em 2025, homenageará o cantor e compositor Milton Nascimento com o enredo “Cantar será buscar o caminho que vai dar no sol – Uma homenagem a Milton Nascimento”. Em enquete com os leitores do CARNAVALESCO, a parceria de Samir Trindade, Fabrício Sena, Brian Ramos, Paulo Lopita 77, Deiny Leite, Felipe Sena e JP Figueira foi apontada por 52,8% como favorita para vencer a disputa. A parceria de Jorge do Batuke, Neizinho do Cavaco, Feijão, Marcio Carvalho, Araguaci e Claudio Russo ficou com 26,3% e a parceria de Toninho Geraes, Eli Penteado, Alexandre Fernandes, Víctor do Chapéu, Paulo César Feital, Juca e Juninho Luang ganhou 20,9%.
A equipe do CARNAVALESCO, através da série “Eliminatórias”, acompanhou mais uma etapa da disputa de samba-enredo da Beija-Flor para o Carnaval 2025. Quatro parcerias estão classificadas para a semifinal, que acontece na próxima quinta-feira, dia 10 de outubro. *OUÇA AQUI OS SAMBAS SEMIFINALISTAS
Parceria de Kirraizinho: O samba de Kirraizinho, Dr. Rogério, Ronaldo Nunes, Clay Ridolfi, Miguel Dibo, Ramon via 13, foi o primeiro a se apresentar. Apresentação foi bem comandada por Pitty de Menezes, cantando muito bem com um carro de som ajudando em todos os momentos. Versos do refrão como destaques da obra, assim como a subida para o refrão final: “Quando a saudade apertar, lembre que o amor não tem fim/Nós somos um só, você vive em mim” e para subida do refrão do meio “De todos os santos, da encantaria/Se na mão eu levo o terço/No pescoço eu levo a guia”, sendo destaque da noite en Nilópolis. A torcida cantou bastante o samba. Levou estandartes com os campeonatos da escola conquistados por Laila e outros desfiles memoráveis sob seu comando, como “Ratos e Urubus”, “Áfricas”, “Agotime”, “Aurora do Povo Brasileiro”.
Parceria de Sidney de Pilares: O samba da parceria de Sidney de Pilares, Jorginho Moreira, Marcelo Lepiane, Valtinho Botafogo, João Conga e Dr. André Lima, foi bem executado e conduzido por Zé Paulo. Participação forte da torcida no canto. Teve destaques no refrão principal da obra, cumprindo muito bem esse papel, nos versos da segunda parte, como na cabeça “Luiz Fernando do Carmo e do morro”, na repetição “o som da lata e o batuque das vielas”, e na subida para o refrão principal “o teu samba continua, onde ecoa tua voz/Oh mestre/Mesmo proibido, olhai por nós/Não estamos sós” compondo bem melodicamente. Além disso, a cabeça do samba também é bem poética, iniciando com “Acende vela para o rei dessa predeira/A sua aldeia evoca hoje o trovão”.
Parceria de Diogo Rosa: A composiçâo de Diogo Rosa, Julio Assis, Diego Oliveira, Manolo, Julio Alves e Léo do Piso, foi captaneada por Tinga, que sempre conduz muito bem a obra. Apresentação para cima e com a torcida cantando a obra. Foi levada uma gira para a quadra, com diversos orixás, e outras entidades, como pretos velhos e ciganas, e um bonecão de Laila. Os refrões da obra pegaram bem, sendo cantados e destacados na noite. Também tiveram destaque alguns versos como “mas fica no meu peito esta saudade de quem fez de nós um exemplo de comunidade”, na segunda parte do samba, destacando sua importância para a escola, e ” corpo menino alma de orixá”, e “sob a ventania de mamãe Oyá” na primeira parte, ao narrar sobre a vida espiritual de Laíla.
Parceria de Romulo Massacesi: Encerrando a noite, a parceria de Romulo Massacesi, Junior Trindade, Serginho Aguiar, Centeno, Ailson Picanço, Gladiador e Felipe Sena teve Bruno Ribas como a voz principal, ao lado de Nino do Milênio, para se apresentar na quadra. Obra bem conduzida, cadenciada e em um andemento confortável. Os cantores colocaram muita emoção e a torcida cantou muito forte. Houve encenação do desfile de “Ratos e Urubus”, com um integrante representando Laila e outro Joãozinho Trinta. Destaque na obra para o verso “Chama João pra matar a saudade/Vem comandar sua comunidade”. Destaque também para o bom início da obra, ressaltando a parte espiritual, com “Kaô meu velho” e “Agô meu mestre/Sua presença ainda está aqui/Mesmo sem ver, eu posso sentir/Faz Nilópolis cantar”. O samba foi cantado a plenos pulmões, inclusive por pessoas de fora da torcida. Um dos destaques da noite.
Hélio Motta, diretor de Relações Institucionais da Liesa e presidente da Gravasamba, a responsável pelo álbum das escolas, esteve presente no primeiro dia de gravações do álbum dos sambas-enredo de 2025. Em conversa com o CARNAVALESCO, ele comentou sobre as mudanças técnicas para 2025, data de lançamento, a importância das plataformas de streaming para o álbum e a decisão da gravação de uma escola por dia neste ano. A previsão de lançamento é para o fim de novembro ou início de dezembro. A Liga ainda informará a data oficial.
Hélio começou comentando sobre as principais diferenças em relação ao último álbum, além de pontuar como estão sendo realizadas as gravações neste ano, com mudanças em relação a proposta do ano passado.
“A gente tem vindo num ritmo crescente muito importante. O álbum de 2024 teve mais do que o dobro de audiência de 2023, e isso mostrou que a gente acertou no tom da comunicação, no tom da produção, da produção audiovisual. De 2024 para 2025, a gente está com uma proposta um pouco diferente do que foi feita. Em 2024 gravamos lá na Cidade das Artes, este ano estamos no Estúdio Century, gravando em um formato diferente. Em um dia só vamos gravar toda uma escola de samba, num formato onde juntamos algumas frequências para gravar, como a caixa e o repique, o chocalho e o agogô, chocalho e cuíca. A gente está fazendo uma captação um pouco mais diferente do ano passado, em que fizemos uma gravação em linha, que é como se fosse ao vivo, praticamente ao vivo. Esse ano aqui vamos ter uma microfonação, uma qualidade de captação melhor, mas com uma pegada onde todo mundo, juntando as frequências, dar um toque, que a gente quer encontrar ainda, o toque que o sambista gosta de escutar ao longo do ano, a gente quer encontrar esse formato ainda”.
Foto: Matheus Morais/CARNAVALESCO
Em seguida, ele explicou melhor os detalhes técnicos relativos a gravação, quais as mudanças no processo de captação dos sons dos instrumentos, e das vozes para os sambas, e qual os objetivos destas mudanças em relação a qualidade final.
“Basicamente, a diferença técnica de gravação em relação ao ano passado, é que ano passado foi ao vivo e para fazer essa captação ao vivo exige uma demanda de microfonação, uma demanda técnica, diferente da gravação em estúdio. Por exemplo, a voz do intérprete, as vozes do coro, foi gravada em linha. Os cavacos, o violão, foram gravados em linha, ou seja, foram gravados com o próprio equipamento, e não com a microfonação ambiente, porque o espaço tocando ao vivo não permitia. Ao trazer para o estúdio a gente ganha em qualidade sonora, porque os equipamentos são mais apropriados e a gente grava instrumento por instrumento de uma forma que as frequências ficam mais completas para o consumidor final, ou até antes, na hora do profissional mixar. A qualidade sonora fica muito superior ao de 2024”.
O presidente da Gravasamba explicou sobre a audiência dos sambas, que entraram de vez nas plataformas de streaming de áudio, e ele desenhou como isso deu uma perspectivas em relação a faixas etárias e de gênero que chamaram a atenção durante os relatórios das performances.
“Temos percebido pelos relatórios de Youtube, Spotify, Deezer, e todas as mídias, um consumo muito grande. Nos surpreendeu o público femnino escutando muito o nosso produto, também. Nos surpreendeu o público jovem escutando nosso produto. É exatamente o que a gente quer acertar dentro do carnaval, que é atingir o público jovem também, a gente focar na renovação do público, a renovação da audiência, isso tem sido muito acertado dentro da nossa produção”.
Continuando a entrevista, ele deu um bom destaque aos jovens que consomem os sambas, e contou o que vem com o objetivo de atrair mais ainda esta parcela da população, e como sinalizou isso para as escolas, sem fazê-las perder sua criatividade e tradição.
“Em relação a 2024 para cá, dentre todas as informações que nós tivemos, principalmente, essa em relação ao público jovem, que é mais imediatista, nós antecipamos, e negociamos com as escolas de samba para que pudesse também haver alguma paradinha, alguma bossa já na primeira passada, para ver também se a gente consegue segurar ao máximo possível a audiência até o final da música, pois tem seis minutos. Já é uma música que tem um formato diferente do mercado, que vem cada vez com músicas menores. Estamos tentando trazer as bossas para frente, liberamos totalmente o arranjo para cada escola de samba, criamos apenas algumas regras para criar uma unidade do álbum, ter uma unidade de comunicação, uma unidade sonora como um todo. O norteamento da liga e da editora foi apenas guiar regras básicas e liberar totalmente a criatividade de cada escola de samba, poder criar sua própria faixa”.
Hélio aproveitou para falar um pouco também sobre os clipes e material audiovisual dos sambas.
“Estamos vendo a parte do áudiovisual, para lançamento ou em outro local, em que a gente vai gravar especificamente com as doze agremiações, ou a captação no minidesfile, onde já foi feito anteriormente em 2022. Aqui estamos gravando somente o áudio, onde a gente vai fazer a pós produção. Em outra data e formato nós vamos com as outras escolas de samba, gravar o visual”.
Ao retomar o assunto de um dia de gravação, explicou porque essa decisão foi tomada, e o que se espera melhorar trazendo uma escola a cada dia ao estúdio, para realizar a gravação da sua faixa.
“É uma otimização geral do tempo, de transporte, de todo mundo, de tempo de estúdio, e hoje em dia, é muito caro. A gente se dedica a fechar o álbum, toda a faixa de cada agremiação, de cada artista, fechar no mesmo dia. Basicamente é isso, para podermos criar essa unidade entre todo mundo, gravando ao mesmo tempo também. A gente acha que fica num formato mais otimizado. Até porque esse ano, cada escola escolheu uma data muito diferente uma das outras, com um ‘gap’ de quase dois meses. A gente não consegue gravar todo mundo junto. Assim, a gente teria que esperar todo mundo escolher, como o ‘gap’ ficou muito alto, esse ano a gente foi fechando por diárias, e acho que está sendo um formato vitorioso”.
Ele falou um pouco sobre o motivo de começar as gravações ainda em setembro e como isso auxilia também as escolas, já que as agremiações que já estiverem com o samba escolhido poderão já ir a gravação, ainda que as disputas nas outras escolas não tenham terminado.
“Por causa da extensão do cronograma das escolhas das escolas. Então, já tinha o Tuiuti que já tinha escolhido há bastante tempo, nós tivemos a UPM, Tijuca também. E nós temos Mangueira que é praticamente em quase um mês depois. Acho que ir fechando cada escola de samba, e ir gravando aos poucos é um formato que a gente está implementando, testando, e se mostrar que é vitorioso a gente tende a repetir outra vez”.
Por fim, Hélio Motta comentou a questão dos coros das escolas, e ressalta mais uma vez a liberdade dada às escolas para entregarem o melhor nas gravações, dentro de uma sugestão apresentada previamente.
“Cada escola de samba está trazendo seu coro, e tem sim, profissionais da música contratados pelas escolas, e elas tem feito um misto entre profissionais e o pessoal do próprio carro de som da escola, que são profissionais também, mas não de coro. Cada escola vai fazer o seu mix. Pela editora, sugerimos dez pessoas no coro, seis mulheres e quatro homens, mas cada escola está liberada para fazer sua mixagem, sua composição de tons, conforme elas quiserem, no seu próprio arranjo”.
A Portela faz na sexta-feira a final de samba-enredo para o Carnaval 2025. Três parcerias estão na decisão. A escola, em 2025, homenageará o cantor e compositor Milton Nascimento com o enredo “Cantar será buscar o caminho que vai dar no sol – Uma homenagem a Milton Nascimento”. Ouvimos um compositor de cada parceria defendendo seus sambas. Ouça abaixo.