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Wander Pires ouve de Marcelinho Calil: ‘Você é caro, mas bom para c#r$lh@’ e celebra momento na Viradouro

O CARNAVALESCO entrevistou o intérprete da Viradouro, Wander Pires, na concentração da Marquês de Sapucaí, pouco antes de começar o treino da atual campeã do carnaval carioca. O bate-papo se debruçou sobre sua relação com a escola de Niteroi e a aposentadoria de Neguinho da Beija-Flor.

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Foto: Gabriel Radicetti/CARNAVALESCO

“Estar mais um ano na Viradouro representa tudo de maravilhoso, tudo de bom, graças a Deus. Estamos preparando hoje e no dia 23 dois ensaios maravilhosos – e no dia 2 de março um grande desfile”, disse ele.

Considerado um dos grandes intérpretes do carnaval, Wander começou em 1994 na Mocidade e teve passagens por Salgueiro, Grande Rio, Imperatriz, Portela, entre tantas outras. Contratado pela Viradouro para o Carnaval de 2024, após uma experiência conturbada com a escola em 2010, o cantor contribuiu para a conquista do título. Renovado para 2025, é considerado por Marcelinho Calil, ex-presidente e atual diretor da Viradouro, como caro, mas bom para c#r$lh@.

“Fico feliz, orgulhoso de estar atendendo à expectativa da escola, dos patrões”, comentou o artista vocal.

Na escola de Niterói, a alegria é total. Entre os parceiros artísticos, Wander destacou a sintonia do carro de som com a bateria.

“Ciça é um artista maravilhoso, é o melhor”, elogiou Wander, em referência ao mestre de bateria.

O que lhe entristece, por outro lado, é a aposentadoria, em 2025, de Neguinho da Beija-Flor, uma das maiores referências vocais do Carnaval Carioca. Aos 75 anos e indo para seu quinquagésimo carnaval, Neguinho esteve presente em todos os 14 títulos da Beija-Flor, a partir de 1976.

“Fico triste, porque achei que ainda não era a hora dele se aposentar, mas ele falou que tá cansado, vai deixar os garotos”, expressou Wander.

Questionado, no entanto, se se tornaria o maior intérprete ainda em atividade do Carnaval Carioca, o artista desconversou: “Não posso dizer isso. Quem sabe é o povo”.

Show de Verão da Mangueira encanta o Vivo Rio em noite de grandes encontros

Na sua 20ª edição, o tradicional Show de Verão da Mangueira emocionou, empolgou e fez seu velho esquenta para a Sapucaí. A primeira edição foi em 1998, visando angariar fundos ao carnaval que seria campeão daquele ano, cujo enredo era “Chico Buarque da Mangueira”, homenageando o cantor Chico Buarque, atração cativa em todos os anos de show. Assim como Alcione.

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Fotos: Guibsom Romão/CARNAVALESCO

Artistas como Maria Bethânia, Gal Costa, Rosemary, Fafá de Belém, etc., também já participaram de outras edições. Neste ano os convidados foram: Mariene de Castro, João Bosco, Xande de Pilares, Leci Brandão e Pretinho da Serrinha, além dos já citados e quase anfitriões, Alcione e Chico Buarque.

Quem iniciou os trabalhos da noite de quinta, 20 de fevereiro, foi a ilustre mangueirense, Alcione, que entoou o clássico de Nelson Cavaquinho “Folhas Secas” antes mesmo das cortinas do palco do Vivo Rio se abrirem. Emendando com seus sucessos “Surdo” e “Você Me Vira a Cabeça”, a Marrom convidou Xande de Pilares para um dueto na música “Edital”.

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Assim que deixou o palco, Alcione foi homenageada por Xande, que relembrou como seu avô era fã da cantora e destacou a honra de dividir o palco com ela. Em seguida, animou o público com seus sucessos, “Clareou” e o clássico “Tá Escrito”, o salgueirense levantou o público presente no Vivo Rio.

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Apresentando “Alvorada” de Cartola, um dos fundadores da Mangueira, a Velha Guarda da Verde e Rosa entrou no palco, emendando com mais um clássico de outro mangueirense “Agoniza, Mas Não Morre” de Nelson Sargento, que teve o coro de grande parte do público. Com outra canção de Nelson Cavaquinho, mas agora na companhia de Pretinho da Serrinha, cantaram “A Flor e o Espinho” e, como sempre, a Velha Guarda foi ovacionada.

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Em seu discurso, Pretinho da Serrinha frisou que a convite de Alcione, ele já está em sua 10ª participação no Show de Verão da Mangueira. Pretinho da Serrinha, que também é diretor musical do evento, agradeceu mais um ano de presença. Em seguida, abriu espaço para as canções religiosas e interpretou “Reza”, de sua autoria. Ao lado de Mariene de Castro, cantaram “É D’Oxum”.

Sozinha e tomando conta do palco, a baiana Mariene sacudiu o Vivo Rio com “Canto das Três Raças” da, assim como ela, portelense Clara Nunes. E manteve o público agitado com a sequência “Ponto de Oxóssi”, “Samba da Minha Terra” de Caymmi e entre outras canções, emocionada, ela agradeceu o carinho e a recepção da Mangueira.

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Juntos no palco, Xande, Pretinho e Mariene, começaram a cantar “Nação” de João Bosco, que entrou no palco na segunda parte da música saudando a todos. Assim que a música acabou, João Bosco, com seu senso de humor sempre ligado, agradeceu a participação dos três artistas no show e ressaltou que Portela, Salgueiro e Império Serrano, escolas do coração de Mariene, Xande e Pretinho, respectivamente, estavam presentes no palco da Mangueira.

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João Bosco, que é imperiano, cantou “Incompatibilidade de Gênios” com Xande de Pilares e “De Frente Pro Crime” com um enorme coral do público. Mas o momento que o Vivo Rio se silenciou para ouvir, foi quando Chico Buarque entrou no palco e sentou ao lado de João Bosco. Entre histórias antigas e engraçadas contadas para o público presente, os dois amigos cantaram “Sinhá” composição de ambos, “Preconceito” e, ainda sobre negritude, “Heróis da Liberdade” samba enredo de 1969 do Império Serrano. Esse encontro foi o clímax da noite, o silêncio era total para ouvir os gênios cantarem.

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Chico, o “guri” saudou a escola que já o homenageou e cantou “As Rosas Não Falam” de Cartola. Indo à coxia buscar, Chico trouxe outra mangueirense da maior categoria, Leci Brandão começou sua participação com seu maior sucesso “Zé do Caroço”. Além de cantar “Identidade” de Jorge Aragão e, ao lado de João Bosco, o sucesso dele “O Mestre Sala dos Mares”.

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Por fim, foi a vez da Mangueira sacudir o Vivo Rio, com a sua bateria, o 1º casal de mestre-sala e porta-bandeira, a rainha Evelyn Bastos e dois pares de passistas, a Verde e Rosa, com seus intérpretes Marquinhos Art’Samba e Dowglas Diniz literalmente levantaram o público com uma apresentação de seus sambas antológicos, como “Chico Buarque da Mangueira” campeão em 1998, “Brazil Com Z é Pra Cabra da Peste, Brasil Com S é a Nação do Nordeste” também campeão em 2002, “A Menina dos Olhos de Oyá” vencedor do carnaval de 2016, o clássico e representativo “Histórias Para Ninar Gente Grande” campeão do ano de 2019, além do samba enredo do ano passado “A Negra Voz do Amanhã” em homenagem à Alcione e, o impossível de ficar de fora, o samba enredo atual “À Flor da Terra – No Rio da Negritude Entre Dores e Paixões”.

Após as cortinas se fecharem, a bateria desceu do palco e puxou um cortejo até o hall de entrada do Vivo Rio tocando sambas-enredos antigos da agremiação.

O maior do Brasil! Rio espera 8 milhões de foliões e movimentação de R$ 5,5 bilhões no Carnaval 2025

A Prefeitura do Rio de Janeiro apresentou na manhã desta sexta-feira, no Centro de Operações Rio, na Cidade Nova, o planejamento dos órgãos públicos para o Carnaval 2025. A estimativa de público para a folia na cidade é de 8 bilhões de pessoas, sendo 6 milhões nos blocos espalhados pelo município. A expectativa é que o Carnaval 2025 movimenta R$ 5,5 bilhõs na economia do Rio de Janeiro com mais de 50 mil empregos gerados.

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“A gente valoriza o planejamento e preparação da cidade para o carnaval. Tudo é feito com muita organização e dedicação. O carnaval é o maior espetáculo da Terra. A Prefeitura do Rio se dedica com muita antecedência. Aqui, a gente traz a consolidação para que a população fique com as informações claras e transparentes. Os números consolidam o Rio de Janeiro como maior festa do mundo”, disse Eduardo Cavaliere, vice-prefeito do Rio.

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Sobre os desfiles das escolas de samba, na Marquês de Sapucaí e na Intendente Magalhães, a Prefeitura do Rio espera um público de 120 mil pessoas por dia na Sapucaí e 250 mil circulando nos 6 dias de desfiles na Intendente.

“Nossa expectativa são 8 milhões de pessos curtindo o carnaval 2025 no Rio de Janeiro. Esperamos mais de 120 mil pessoas por dia na Marquês de Sapucaí”, comentou Bernardo Fellows, presidente da Riotur.

O Centro de Operações terá acompanhamento em tempo real para agilzar o atendimento a eventuais ocorrências na região do Sambódromo. Serão mais de 100 câmeras utilizadas, sendo 24 câmeras em parceria com a Riotur e Liesa e o uso de dois drones exclusivos para o perímetro da Sapucaí. O COR-Rio terá 500 operadores na sala de situação do Centro de Operações e Resiliência, três representantes do COR por noite estarã no centro montado pela Riotur dentro do Sambódromo. Na Intendente, haverá 18 câmeras na área de desfiles do Grupo de Avaliação, 35 cãmeras em toda região e 1 drone exclusivo para o carnaval da Superliga.

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“São números verdadeiramente impressionantes. A gente faz uma Olimpíada por ano com o carnaval. O Centro de Operações faz a operação full no carnaval. Começamos em janeiro. Chamo atenção para preparação da cidade para momento Sapucaí e Intendente para chegada dos carros alegóricos. É um grande esforço na cidade com todas secretarias trabalhando em conjunto. Temos a dinãmica da entrada e saída da cidade na semana do carnaval. Ainda seguimos o perfil climático de muito calor na cidade. Tivemos com redução do calor. A Prefeitura do Rio permanece com procedimento de beber água e usar roupas leves. Não existe previsão de chuva para esse fim de semana e para o carnaval vamos atualizando quando estiver ainda mais próximo”, disse Marcus Belchior, chefe executivo do COR.

A secretaria de Ordem Pública e a Guarda Municipal vão atuar no Carnaval 2025 das escolas de samab com 923 agentes, fazendo o ordenamento urbano, a fiscalização de ambulantes, fiscalização de estacionamento irregular, fiscalização de táxis nos bolsões (Rua Afonso Cavlcanti e Rua Marquês de Pombal), fiscalização de carros de aplicativos e transporte complementar, atuação da Rona Maria da Penha com ações preventivas e de conscientização e o patrulhamento preventivo.

A CET-Rio vai operar com 310 operadores de trânsito, 21 reboqques, 28 veículos operacionais, 55 motocicletas e 32 painéis de mensagens variáveis. A recomendação é que seja utilizado o transporte público (metrô, trens, barcas, BRT e VLT).

A Prefeitura do Rio preparou uma operação especial para o sistema de transporte público durante os desfiles do Carnaval 2025. A orientação é que a população planeje suas viagens com antecedência por conta das interdições que ocorrerão nos entornos do Sambódromo, no Centro, e da Estrada Intendente Magalhães, na Zona Norte. Ônibus, BRT, VLT, Metrô e Supervia funcionarão durante a madrugada, e táxis terão pontos de embarque no entorno do Sambódromo.

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Ônibus: Reforço na operação dos serviços noturnos que atendem a região do Sambódromo. Opção de integração com o Terminal Gentileza: Linhas 104 / SN104 (Terminal Gentileza x São Conrado ) e SN309 (Terminal Gentileza x Alvorada), com ponto na pista lateral da Av. Presidente Vargas, sentido Praça da Bandeira.

BRT: Funcionamento 24h. Sambódromo – Terminal Gentileza – Público pode fazer integração com o VLT ou linhas 104 / SN104 (Terminal Gentileza x São Conrado) e SN309 (Terminal Gentileza x Alvorada). Intendente Magalhães – Na ida, o público deve utilizar as estações Campinho ou Pinto Teles, que terão um horário de funcionamento especial. O retorno, após os desfiles, deve ser realizado pelo Terminal Paulo da Portela, a partir das 4h, ou a estação Madureira Manaceia, aberta 24 horas.

Táxi: Entre os dias 28/2 a 4/3, e no dia 8/3, o acesso dos Táxis às áreas bloqueadas se dará da seguinte forma: início do bloqueio às 19h; Até as 20h: Liberado para todos os Táxis com passageiros (para desembarque); Das 20 até o fim do bloqueio: Somente Táxi.Rio credenciado com QR Code; Táxi especial para PCD pode acessar a
área de bloqueio sem restrição; SETOR PAR – Ponto Táxi Rio (credenciados) – Rua Afonso Cavalcanti, esquina com a Rua Laura de Araújo. SETOR ÍMPAR – Ponto de Táxi Comum – Rua Marquês de Pombal, esquina com a Rua Frei Caneca.

Metrô: Funcionamento ininterrupto, a partir das 5h de sexta-feira (28/02) até 23h59 de quarta-feira (05/03). Desfile das Campeãs Funcionamento ininterrupto, das 5h do dia 08/03 (sábado) até 23h do dia 09/03 (domingo). LINHA 1 E 4: URUGUAI – JARDIM OCEÂNICO // LINHA 2: PAVUNA – GENERAL OSÓRIO (Na sexta (28/02), a Linha 2 opera de Pavuna a Botafogo). Desfile das Escolas Mirins 07/03 (sexta) funcionamento até 2h.

O MetrôRio indica: Pague por aproximação ou adquira o bilhete antecipadamente. Proibidas pranchas e bicicletas. Proibidos grandes volumes, acima de 25L (isopores, coolers, sacos de gelo, etc) e Proibidos vasilhames ou garrafas de vidro.

A Comlurb terá na Sapucaí e no Terreirão do Samba 1.030 garis por dia, 1330 contêineres de 240 litros, 12 minivarredeiras, 20 sopradores, 14 caminhões compactadores, 6 caminhões basculantes, 1 caminhão pipa e 2 caixas compactadoras de 15m3. Para a Intendente a operação noturna terá 123 garis, 19 agentes de limpeza e 33 lideranças/apoio. A operação diurna terá 42 garis, 6 agentes de limpeza e 6 lideranças/apoio. Com 100 contêineres de 240 litros, 428 contêineres de 1200 litros, 2 vans de lavagem hidráulica, 2 caminh~eos satélites, 4 caminhões pipas, 5 caminhões compactadores, 2 minivarredeuras e 1 caminhão elétrico.

A secretaria de Saúde indicou as seguintes recomendações para o público: manter a medicação de uso contínuo, aumentar a ingestão de água, prefira o uso de roupas leves, atenção ao uso de produtos cosméticos/capilares que possam causar alergia e carregar o documento de identificação com telefone de contato.

A secretaria municipal de Assistência Social vai distribuir pulseiras de identificação para crianças no Sambódromo (desfiles da Série Ouro, do Grupo Especial e escolas mirins) e no carnaval da Intendente Magalhães. O objetivo é prevenir e evitar casos de crianças perdidas. As pulseiras estarão disponíveis em tendas e levam o nome do menor e o telefone de contato dos responsáveis.

Campanha: “Dispersão não é lugar de Diversão!”

Profissionais da secretaria municipal de Assistência Social conscientizam pais e responsáveis sobre os perigos de brincadeiras na dispersão, área onde os carros alegóricos fazem manobras. O objetivo é evitar acidentes com crianças e adolescentes.

Prévia da previsão do tempo indica Carnaval 2025 sem chuva nos momentos dos desfiles em SP e no Rio

Segundo o Climatempo, a prévia para o Carnaval 2025 é de nenhuma passagem de frente fria pelo Sudeste nos dias dos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro e de São Paulo. O calor seguirá forte, apesar da onda da última semana não estar mais na região.

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Foto: Divulgação/Riotur

A possibilidade de chuva é pequena, e, caso aconteça será no período da tarde, através das pancadas de verão, devido ao forte calor. “As temperaturas em São Paulo devem variar de 32°C a 34°C, no Rio de Janeiro entre 36°C e 38°C. Os foliões (e os organizadores de eventos e as prefeituras) devem estar preparados para dias quentes, com várias horas com sol forte, especialmente no Sudeste.”, segundo o Climatempo.

Tripé, iluminação e interação! Coreógrafo do Salgueiro revela detalhes da comissão de frente para o desfile oficial

O CARNAVALESCO conversou com o coreógrafo da comissão de frente do Salgueiro, Paulo Pinna, que falou sobre o acolhimento da escola e a parceria com o carnavalesco Jorge Silveira. Ele também adiantou detalhes de seu trabalho para o desfile oficial. Parte da nova geração de criadores do carnaval, que vem trazendo novo frescor à folia carnavalesca, Pinna tem formação em balé clássico, contemporâneo, jazz, sapateado, hip-hop e dança afro.Ingressou no Carnaval como bailarino das comissões de frente de Claudia Motta, que lhe sugeriu, em 2020, que comandasse a comissão do Império Serrano. Desde então, o coreógrafo conquistou o título de 2023, com a Porto da Pedra, e, em 2024, conduziu a comissão da Mocidade.

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A performance na escola de Padre Miguel foi um sucesso ao levar Carmem Miranda para a arquibancada, em uma experiência interativa com o público da Sapucaí. A boa repercussão lhe rendeu o convite para que colaborasse com o Salgueiro em 2025.

“Trabalhar com escola de samba é trabalhar em família, mas o Salgueiro de fato é uma escola diferente, em que eu sinto um acolhimento muito gostoso. A escola inteira está unida, do primeiro segmento até o último, diretoria, profissionais que trabalham o ano inteiro no barracão. Eu estou muito feliz, muito confiante do trabalho que a gente vai apresentar”, disse.

Em 2025, a Academia do Samba leva à avenida o enredo “Salgueiro de corpo fechado”, sobre as superstições do povo brasileiro na busca pela proteção espiritual.

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Foto: Dhavid Normando/Divulgação Rio Carnaval

“Todo mundo tem uma simpatia, uma crença, acende uma vela, usa um cordão, usa um terço, uma guia. Todo brasileiro tem essa cultura enraizada dentro de si, nessa cultura que é nossa de se proteger, seja em qual religião for. ‘Salgueiro de corpo fechado’ é uma vitrine do que o carioca é, do que o brasileiro é. O povo que tem suas crendices, sua fé e quer acreditar naquele que tá lá em cima, que é Deus e todas as religiões”, explicou o artista.

Paulo Pinna, porém, não é o único reforço salgueirense deste ano. Após conquistar a quarta colocação em 2024, em seu melhor momento desde 2018, a escola da Tijuca decidiu contratar o carnavalesco Jorge Silveira, conhecido no carnaval carioca por passagens pela Viradouro e São Clemente. Foi no Carnaval de São Paulo, no entanto, que o artista fez história, ao conquistar o bicampeonato pela Mocidade Alegre (2023 e 2024).

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“O Jorge é um profissional que eu admiro já não é de hoje. Não é falácia. Eu já tinha vontade de trabalhar com ele e tive a sorte e a honra de poder estar junto esse ano. É um cara que é super profissional, super parceiro. É um carnavalesco que veste a blusa, está sempre disposto a ajudar e agregar no nosso trabalho. Eu estou realmente muito à vontade com um grande amigo que o Carnaval me deu”, elogiou o coreógrafo.

No ensaio, a comissão de frente da vermelho e branco brincou com as crenças do bando de Lampião, que guardava o diabo na garrafa para poder se proteger das balas da polícia, num verdadeiro pacto satânico.

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Sobre as surpresas, Paulo adiantou: “Este ano, a iluminação especial vai ser o ponto máximo da nossa coreografia e do nosso trabalho”.

A interação com a arquibancada, tão elogiada no ano passado, no entanto, não deve ser aguardada.“Este ano, a ligação vai ser enérgica. As pessoas vão se arrepiar junto conosco como se estivessem na comissão”, revelou.

O artista também comentou sobre o tripé que acompanhará a performance, que, segundo ele, terá um tamanho reduzido. O pedido partiu do próprio coreógrafo.

Nos 30 anos do ‘Jegue’ e ‘Gosto que me enrosco’, integrantes de Portela e Imperatriz relembram o desfile de 1995

Todo sambista que se preze continua cantando ao ouvir alguém entoar “Balançou, não deu certo, não, pois não passou de ilusão…” ou “Bate o bumbo, lá vem Zé Pereira… e faz Madureira de novo sonhar…”. São versos que transportam qualquer amante do Carnaval a um verdadeiro túnel do tempo, relembrando um dos duelos mais épicos dos desfiles das escolas de samba.

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Há 30 anos, a Imperatriz Leopoldinense conquistava o bicampeonato com o enredo “Mais vale um jegue que me carregue que um camelo que me derrube lá no Ceará”, vencendo a Portela por apenas 0,5 ponto – uma diferença mínima na época. A escola de Madureira, por sua vez, encantou com o lendário “Gosto que me enrosco”, deixando sua marca na história do samba.

A Portela e seu renascimento

Três décadas atrás, a Portela vivia um momento de renascimento após anos de crises políticas e dissidências internas, que resultaram em um jejum de títulos que chegaria a 11 anos em 1995 – e só seria quebrado em 2017. Mas, naquele ano, figuras históricas da escola voltaram a desfilar na Majestade do Samba. Entre elas, Paulinho da Viola, que levou a avenida às lágrimas ao cantar no esquenta seu clássico “Foi um rio que passou em minha vida”. O samba-enredo profético, que convidava Madureira a sonhar novamente, parecia antecipar o que estava por acontecer naquela manhã de segunda-feira de Carnaval.

Naquele tempo, o Grupo Especial contava com impressionantes 18 agremiações, com nove desfiles por noite. A Portela foi a oitava escola a se apresentar no domingo, penúltima da noite. Quando os primeiros raios de sol iluminaram a Sapucaí, um desfile emocionante tomou conta da avenida. A apresentação ficou marcada como um dos momentos mais grandiosos da história portelense, trazendo uma das águias mais belas já vistas, assinada pelo carnavalesco José Félix. Além do acabamento impecável, a escultura era visualmente impactante, com uma máscara nos olhos que lhe conferia ainda mais imponência.

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Outro destaque foi o samba de Noca da Portela, Colombo e Gelson, que combinava força e elegância em sua melodia. No carro de som, além de Rixxa, estavam Carlinhos de Pilares, Rogerinho e Celino Dias, garantindo uma interpretação poderosa e emocionante. O enredo “Gosto que me enrosco” trouxe uma belíssima narrativa sobre a história do Carnaval, desde as grandes sociedades até os ranchos e cordões.

As alegorias e fantasias esbanjavam bom gosto, com o azul e branco predominando, mas harmonizados com detalhes em prata e dourado, que abrilhantavam ainda mais o conjunto visual. A Tabajara do Samba manteve uma cadência impecável do início ao fim, garantindo a fluidez do desfile. Quando a escola chegou à Praça da Apoteose, os gritos de “É campeã!” ecoaram pela Sapucaí. Foi uma verdadeira aula de desfile, uma celebração do samba no pé e, sem dúvida, um momento histórico para a Portela.

‘A Portela foi muito Portela em 1995’, diz Júnior Scafura

O atual vice-presidente da Portela, Júnior Scafura, estava presente no desfile de 1995. Filho de Luiz Carlos Scafura, presidente da agremiação na época, ele guarda com carinho as lembranças daquela apresentação histórica.

“Foi um Carnaval com uma magia especial, parecia que os deuses do samba estavam presentes. Tudo deu muito certo, e a Portela estava muito Portela. Quando falo ‘muito Portela’, me refiro à escola que o portelense gosta: desde a águia imponente até o luxo e esplendor do azul e branco vibrantes. O portelense valoriza essa tradição, e a Portela teve tudo isso em 1995. Além disso, a escola tinha o melhor samba do Carnaval, um samba de mestre Noca da Portela e seus parceiros Colombo e Gelson, interpretado de forma espetacular por Rixxa. A bateria, sob o comando do mestre Mug em seu primeiro ano à frente, deu um verdadeiro show. Você pode procurar defeitos nesse desfile, mas simplesmente não vai encontrar. Foi um Carnaval inesquecível, que deixou muitas lembranças boas e inspiradoras para a Portela”, relembra Scafura em entrevista ao CARNAVALESCO.

Ele destaca ainda a “seleção” de sambistas que fizeram parte daquele desfile: “Quando encontro personagens que ainda estão no nosso Carnaval – graças a Deus –, como o próprio Rixxa, Jerônimo, André Machado, Djalma e tantos outros que participaram ativamente daquele desfile, fico muito feliz. São memórias que servem sempre de inspiração para a Portela continuar fazendo Carnavais à altura de sua história e do espetáculo que a Sapucaí merece. Mesmo após 30 anos, esse desfile continua inesquecível no coração de cada portelense”, emociona-se.

O apogeu da ‘Certinha de Ramos’

Se a Portela vivia um renascimento em 1995, a Imperatriz Leopoldinense atravessava seu período mais glorioso e chegava à Sapucaí como grande favorita ao título. O enredo era mais um dos achados geniais de Rosa Magalhães. A escola de Ramos desfilava de maneira impecável, sem falhas visíveis, o que lhe rendeu o apelido de “Certinha de Ramos” – uma alcunha que, em um primeiro momento, era um elogio, mas que, anos depois, passou a incomodar a comunidade do Complexo do Alemão.

Atualmente diretor de Carnaval da Imperatriz, André Bonatte, que era ritmista em 1995, lembra que a fama de “certinha” começou a incomodar mais tarde:

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“No começo, esse rótulo de escola ‘certinha’ nos enchia de orgulho. Mas, no final dos anos 1990 e início dos anos 2000, ele passou a ser visto de forma pejorativa. Muitos associavam essa precisão a uma escola fria, sem sentimento, apenas cumprindo um protocolo. Isso virou quase um estigma do qual a Imperatriz teve dificuldade de se desvencilhar. Até hoje, tenho restrição a essa imagem da ‘certinha de Ramos’, da escola que desfila com o regulamento debaixo do braço. Parecia uma escola mecânica, preocupada apenas em seguir regras, sem emoção”, disse Bonatte ao CARNAVALESCO.

Mas, independente das críticas, a Imperatriz entrou na avenida determinada a confirmar seu favoritismo. O samba era espetacular e foi conduzido com maestria pela Swing da Leopoldina, que teve uma atuação brilhante sob o comando do mestre Beto.

Evolução tira o título da Portela e consagra a Imperatriz

Antes da apuração, a grande dúvida era: a Imperatriz seria penalizada por não ter desfilado com todas as alegorias previstas? Caso isso ocorresse, a Portela poderia conquistar o título. Mas, quando os envelopes foram abertos, o que se viu foi uma disputa emocionante entre a Majestade do Samba e a Rainha de Ramos.

O critério que acabou sendo determinante para o título foi Evolução. De acordo com o regulamento, a maior e a menor nota de cada quesito eram descartadas, e a Portela recebeu dois 9,5 nesse critério, o que comprometeu sua pontuação final.

A Imperatriz, por outro lado, teve apenas três notas abaixo de 10 em toda a apuração, e todas foram eliminadas pelo sistema de descarte. No placar final, a Imperatriz somou os 300 pontos máximos possíveis, contra 299,5 da Portela.

Uma disputa histórica, que permanece na memória de todos os amantes do Carnaval.

De olho nos quesitos: Liesa flexibiliza uso de cacos no quesito Harmonia e alas coreografadas em Evolução

Em toda apuração, quando Jorge Perlingeiro anuncia a leitura das notas dos quesitos Harmonia e Evolução, dirigentes e integrantes das escolas sentem um frio na espinha. Os quesitos “técnicos” ou “de pista” são responsáveis pela queda de desempenho de muitas agremiações na quarta-feira de cinzas. Buracos, evolução irregular, falta de canto e excesso de cacos dos intérpretes estão entre as principais justificativas recentes para que as escolas percam pontos nesses quesitos.

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Para os desfiles de 2025, a Liesa decidiu reformar alguns critérios de julgamento em todos os quesitos. Especialmente no aspecto do chão da escola, a entidade que organiza os desfiles optou por tornar mais clara a definição de cada um dos quesitos, uma vez que muitos julgadores confundem os dois quesitos na hora de aplicar notas.

Mudança na definição do quesito Evolução e especificação sobre alas coreografadas

Em 2024, Evolução era definida como “a progressão da dança de acordo com o ritmo do Samba que está sendo executado e com a cadência mantida pela Bateria”. Em 2025, a definição foi simplificada para “a progressão da agremiação ao longo da avenida”, removendo a referência específica à dança e à cadência da bateria.

Com relação às polêmicas alas coreografadas, em 2025 houve uma ampliação dessa regra, especificando que a parte artística de alas ou grupos coreografados, incluindo sua sincronia e movimentação (inclusive andando para a frente ou para trás), não será levada em consideração na avaliação da Evolução, desde que isso esteja alinhado à proposta conceitual da escola.

Outro aspecto que merece destaque é que foi acrescentado que a avaliação da Evolução não deve levar em conta “o fato de os componentes cantarem ou não o Samba-Enredo”, reforçando que esse aspecto pertence ao quesito Harmonia. Essa distinção não constava no regulamento de 2024.

A fluência do desfile continua sendo um fator essencial, com penalização para correrias, retrocessos não coreográficos e retornos de alas, destaques e alegorias. A espontaneidade, criatividade, empolgação e vibração dos desfilantes seguem sendo critérios avaliados. A manutenção de um espaçamento uniforme entre alas e alegorias continua sendo exigida, com penalizações para buracos e embolação de alas ou grupos.

Harmonia ‘libera’ cacos dos intérpretes e ‘limita’ poder do julgador

Para o quesito Harmonia, em 2025 foi adicionada a exigência de que a parte musical profissional da escola (intérprete principal, intérpretes de apoio e músicos do carro de som) esteja em harmonia com a bateria. Esse aspecto não era explicitamente mencionado no regulamento de 2024. A apresentação vocal dos intérpretes (principal e de apoio) e a execução adequada do arranjo entre os instrumentos de base passaram a ser critérios formais de avaliação.

Em 2024, o canto da totalidade da escola era um critério central, sem distinções sobre sua qualidade. Já em 2025, foi esclarecido que a afinação dos componentes das alas não será levada em conta, considerando que são amadores. O critério passa a focar exclusivamente em verificar se os componentes estão efetivamente cantando o samba-enredo. A partir de 2025, ficou estabelecido que os julgadores devem avaliar apenas os problemas de Harmonia que ocorrerem dentro do seu campo de visão e audição no módulo em que estão posicionados. Essa especificação delimita a abrangência da avaliação e evita que julgamentos sejam feitos com base em percepções de outros pontos da avenida.

Um aspecto polêmico que causava confusão entre os quesitos Harmonia e Evolução era quando um buraco extenso interferia no canto, causando despontuação. Agora, esse aspecto não será mais considerado no quesito Harmonia. A realização dos chamados “cacos” (gritos e frases improvisadas pelos intérpretes durante a execução do samba) foi formalmente mencionada em 2025 como parte da tradição do Carnaval, desde que feita sem exageros e sem comprometer a interpretação geral do samba-enredo. Essa inclusão representa um reconhecimento formal dessa prática, que não era mencionada nas regras de 2024.

Série Barracões SP: Com a espiritualidade da umbanda, Morro da Casa Verde busca volta ao Acesso 1

Após a queda do Acesso 1 para a divisão inferior no ano de 2023, o Morro da Casa Verde busca novamente voltar à segunda prateleira do carnaval paulistano, sendo que, no ano passado, a verde e rosa da Zona Norte quase subiu, ficando empatada com a Unidos de São Lucas, perdendo no desempate e terminando na terceira posição. Apostando em um forte enredo, que é uma homenagem à religião da umbanda, o Morro quer essa vitória. Tem uma equipe forte e principalmente um grande samba, cantado pelo renomado intérprete Wantuir.

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Indo para o seu segundo ano na escola, o carnavalesco Ulisses Bara recebeu o CARNAVALESCO no barracão, na Fábrica do Samba 2, e deu detalhes sobre o desfile que será mostrado no Anhembi no próximo dia 22.

Tendo como enredo “Saravá Umbanda! Uma história de luz, caridade e amor”, o Morro da Casa Verde será a sexta escola a pisar na passarela, pelo Grupo de Acesso 2.

Explicação e surgimento do enredo

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Ulisses revelou que o tema surgiu em conversa com o presidente Diego Campos, e que foi proposto pelo próprio artista, por ser apaixonado pelo universo umbandista e ter crescido na religião. “É um enredo que eu sempre tive vontade de fazer e surgiu através de uma conversa com o presidente. Eu cresci dentro da umbanda e sempre fui muito fascinado pelo mundo deles. Daí eu saí naquela pesquisa entre as casas, livros e vídeos para o desenvolvimento, porque eu não queria um enredo de protesto. Nós queremos uma homenagem mesmo à história deles. Como o Acesso 2 é um grupo mais reduzido, tive que ir enxugando, porque é uma história muito rica e, por isso, tive que pegar os pontos principais”, contou.

Brevemente explicando a narrativa, Bara diz que o desfile será contado pela entidade do Caboclo, uma das principais que incorpora na religião. “A gente conta a história através do Caboclo. Ele vem contando a narrativa, que é o Caboclo que incorporou no Zélio de Moraes, começando um pouco antes até mesmo da anunciação da umbanda para depois passar até os dias de hoje. Nós estamos ali mostrando os rituais, cerimônias, influência do catolicismo e influência do candomblé em cima da religião. Também nós pegamos todos esses pontos para montar o enredo”, explicou

Umbanda presente no Morro

De acordo com o carnavalesco, desde o momento em que o presidente Diego Campos, o diretor de carnaval Marquinhos e o próprio artista começaram a visitar os terreiros de umbanda, as pessoas que fazem parte da religião e viram o tema, ficaram felizes com a homenagem. “As casas de umbanda nos receberam muito bem. Eu fui a uma parte e o presidente foi em várias. Ele foi muito mais do que eu com o nosso diretor de carnaval. Toda vez que nós falávamos para as casas, eles ficavam muito felizes. Quando eu mostrei a proposta, depois que eu já estava com o texto e apresentei para eles, até mesmo quando os pilotos estavam prontos, todos gostaram muito e acharam muito respeitosa a forma como estava sendo tratado. A minha maior preocupação era ser o mais claro possível sem perder o respeito. As casas onde nós fomos visitar, todas acabaram abraçando a causa, tanto que até mesmo para o desfile e nos ensaios, sempre tem alguém da umbanda. Eles estão bem presentes dentro do nosso carnaval. Isso é muito legal”, declarou.

Cor branca como característica

Bara contou que o primeiro setor será colorido, usando o verde e rosa da escola e, o segundo, dedicado ao branco, que é a cor predominante da umbanda. “A gente começa um desfile com as cores da escola. Na primeira parte do enredo, até onde se está falando sobre as influências, senzala, catolicismo e a influência do candomblé, é um setor mais colorido. Quando a gente já vai passando para os dias atuais e contamos um pouco dentro do terreiro, vai clareando e o branco começa a predominar. Nós temos alguns pontos de cores em cima, mas o branco predomina. É a cor característica da umbanda e do candomblé também. Mas na Umbanda a gente vê que eles são muito mais ligados ao branco. Por isso a gente teve essa preocupação em estar usando bastante essas cores”, comentou.

Conheça o desfile

Setor 1
“É uma abertura mais indígena, já que é o Caboclo que está contando a história. A gente começa pelos caboclos e entramos em um setor que a gente vai para a senzala e passa para o cristianismo e a influência do cristão em cima da umbanda, já que os escravos pegavam as imagens para poder louvar as suas entidades e seus orixás”

Setor 2
“Já é a Umbanda hoje em dia. A gente começa a contar como se estivesse dentro do terreiro. A partir dali, nós falamos dos rituais que são feitos dentro das casas de umbanda”

Ficha técnica
Duas alegorias
800 componentes
Um tripé
Diretor de barracão – Danilo Destro

Série Barracões: Império Serrano faz o resgate de Beto Sem Braço e a superação após o incêndio no ateliê

Para o Carnaval de 2025, o Império Serrano apresentará o enredo “O que espanta a miséria é festa”, uma homenagem ao compositor Laudeni Casemiro, mais conhecido como Beto Sem Braço (1940-1993). O tema, desenvolvido pelo carnavalesco Renato Esteves, celebra a trajetória e a genialidade de um dos ícones do samba. No Carnaval de 2024, o Império Serrano conquistou o segundo lugar na Série Ouro do Rio de Janeiro.

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Em uma entrevista ao CARNAVALESCO, realizada no barracão da escola, Renato Esteves compartilhou suas expectativas para o desfile de 2025, que marca seu primeiro ano na escola de Madureira, onde nasceu e cresceu.

“Dirigir o Império Serrano é uma honra para qualquer carnavalesco, pois é um dos grandes pilares do carnaval. Com nove títulos do Grupo Especial e uma comunidade que é a base da escola, é uma escola de samba de peso, um orgulho e uma responsabilidade. Este carnaval de 2025, falando sobre um imperiano e, por consequência, sobre o próprio Império, é uma honra e um prazer, pois pude pesquisar e contar a história do Império e do Brasil. A marca que desejo deixar neste trabalho é a resistência do imperiano. Esteticamente, as alegorias refletirão essas festividades, mostrando que o povo imperiano é aguerrido e resistente. O imperiano de fé não se cansa, e vamos mostrar que, de fato, resistimos. Essa é a marca desse carnaval: Resistir!”, afirmou Renato.

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O carnavalesco enfatizou que a força da comunidade é o seu maior trunfo. “O povo vai entrar festejando! Como diz o título do enredo, ‘O que espanta a miséria é festa’, uma frase poderosa de Beto Sem Braço. Tenho certeza de que a comunidade vai entrar na Sapucaí de uma maneira nunca vista antes. Vamos fazer história”.

Renato também comentou sobre a construção do enredo sem bibliografia, baseando-se apenas em histórias transmitidas oralmente.

“O mais interessante é que não havia bibliografia. O trabalho foi construído a partir da oralidade, das histórias que as pessoas contavam. Histórias que eu ouvi e compartilhei, pois Beto Sem Braço tem esse lado mítico. As pessoas dizem: ‘Beto fazia isso, Beto fazia aquilo’. O mais fascinante dessa pesquisa foi entender essa figura tão emblemática que é Beto Sem Braço, que se tornou quase um orixá dentro da escola”, disse Renato.

O Império Serrano estava se preparando para lutar pelo campeonato no Carnaval de 2025 quando, recentemente, enfrentou um desafio significativo: um incêndio na fábrica Maximus Confecções, em 12 de fevereiro de 2025, destruiu 97% das fantasias destinadas ao desfile. Apesar desse revés, a comunidade do Império Serrano permanece resiliente e determinada a proporcionar uma apresentação memorável na Sapucaí.

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“Para mim, foi um flashback bizarro, pois estive no incêndio de 2011 na União da Ilha. Eu estava lá, acordei e já estava dentro do barracão. Minha primeira preocupação foi com as pessoas, saber se todos estavam bem. Depois, veio o impacto de saber que poderíamos perder o carnaval. Mas já comecei a pensar no que poderíamos fazer para vestir as pessoas”, relatou o carnavalesco.

Sobre os desafios técnicos, Renato explicou como está lidando com a combinação de luxo, incêndio e falta de verba: “O incêndio ocorreu em um momento crítico. Tínhamos 14, agora 10 dias para o carnaval. O evento já começou atrasado para todas as escolas devido à liberação tardia das verbas. Todos os ateliês estão sobrecarregados, todos trabalhando, mas não temos mão de obra nem insumos para recuperar as fantasias. Precisamos vestir as pessoas para que possamos brincar o carnaval”, concluiu Renato.

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Renato enfatizou o impacto da luta da escola em meio a desafios. “Estamos empenhados em apresentar um carnaval digno de uma escola que compete em um campeonato. Portanto, entraremos com os carros bem elaborados, como se estivesse realmente valendo. Como diz o jargão popular, vamos à vera. É isso que queremos entregar”, afirmou Renato.

O carnavalesco expressou sua gratidão pela rede de apoio que a escola tem recebido de suas coirmãs. “Temos recebido um apoio e afeto imensos de todos ao nosso redor. Estamos sendo acolhidos com muito carinho por cada pessoa, e acredito que o mundo do samba que nos rodeia, possivelmente por causa dessa ‘bolha’, nos tem tratado com carinho. Só tenho a agradecer por esse carinho e afeto, que são extremamente importantes”, disse.

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Renato destacou que o desfile promete ser emocionante. “Não há uma parte que já não fosse emocionante para o Império, mesmo antes do incêndio. Pelas diversas razões, será uma oportunidade para que os imperianos se reconheçam durante o carnaval. Estamos diante de um desfile em que o imperiano olhará e se verá representado, e agora, mais do que nunca, isso será evidente. O ensaio técnico já demonstrou que a carga emocional será imensa. Portanto, acredito que o desfile, como um todo, será uma grande emoção para todos, não apenas para os imperianos, mas também para todos que apreciam o carnaval”, afirmou Renato.

Saiba como será o desfile

A escola contará com três alegorias, cerca de 1.200 componentes, além do tripé da comissão de frente. O desfile do Império Serrano está agendado para o sábado de Carnaval, 1º de março de 2025.

Setor 1 – “No primeiro setor, começamos o desfile abordando a origem de Beto, que remete à feira. Beto foi feirante e observava o Rio de Janeiro pelos caminhos da feira. Este primeiro momento relembrará essa parte biográfica dele, que lhe conferiu o cognome de Beto Sem Braço, um apelido bastante conhecido. Portanto, este é o primeiro momento, que nos remete à feira. O segundo momento traz a homenagem ao Beto Sem Braço, sendo este chamado realizado com o primeiro estandarte de ouro que ele ganhou, junto com Luiz Machado, referente ao Carnaval de 1982, que foi o primeiro samba que conquistou, dentre os seis sambas que ele venceu, que é “O Bumbum”. A ideia é expressar que o que espanta a miséria é a festa, é o Carnaval. Esse é o nosso grande bloco inicial”.

Setor 2 – “No segundo setor, apresentamos o olhar cronista de Beto Sem Braço. Costumo dizer que ele foi um grande cronista musical. Este setor é dedicado às ‘crônicas sub-rubanas’, que abordam os desafios do cotidiano dos trabalhadores e do povo oprimido pelo sistema. Neste momento, faremos uma homenagem às matriarcas do subúrbio, que é o segundo grande momento, simbolizado pelo segundo estandarte de ouro que Beto ganhou, com Mãe Bahia. Será um clímax dessa crônica suburbana, ondevamos unir as rodas de santo às rodas de samba, sob a tamarineira. Tudo ocorre sob a perspectiva de Beto Sem Braço”.

Setor 3 – “No terceiro setor, culminamos com a celebração do Império. Prestaremos uma reverência a Beto Sem Braço, trazendo à tona o terceiro estandarte de ouro que ele conquistou, o ‘fara-serrinha’. O seu império, sua essência é o próprio Império Serrano, que vem comemorar, porque o que espanta a miséria é o Império Serrano. Assim, teremos o Império Serrano como fonte de resistência, reverenciando Beto Sem Braço”.

Série Barracões: Xica Manicongo: a revolução trans ancestral no Carnaval 2025 do Tuiuti

Artista de longa trajetória no carnaval, Jack Vasconcelos leva mais uma vez um enredo de cunho social para a Sapucaí. Em mais um desfile à frente do Paraíso do  Tuiuti, o carnavalesco, que já conduziu a escola ao vice-campeonato em 2018, consolida uma marca: enredos que denunciam problemas brasileiros através da folia. Em 2025, não será diferente. Com o tema “Quem tem medo de Xica Manicongo?”, o artista resgata a história da primeira travesti não indígena do Brasil, mergulhando em uma narrativa que une crítica social, espiritualidade e ancestralidade.

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Jack detalhou o processo de criação do enredo, que transcendeu a pesquisa acadêmica para entrar no campo espiritual. “Já conhecia Xica há alguns anos e tinha um argumento pronto, mas não havia surgido a oportunidade. Na reunião de planejamento, apresentei a ideia, e foi aceita imediatamente”, explicou.

Sua metodologia inclui leituras, diálogos com especialistas e, neste caso, uma imersão na Quimbanda. “A espiritualidade de Xica exigiu um estudo profundo. Durante a pesquisa, ela se manifestou e guiou o enredo. Os livros ficaram em segundo plano; a própria Xica assumiu a frente”, revelou.

O carnavalesco enfatizou a urgência de debater questões trans em um cenário global de ataques aos direitos LGBTQIA+. “O mundo discute o tema com atraso, pressionado por retrocessos. Levar essa pauta para a avenida é uma forma de resistência. Queremos que as pessoas percam o medo do diálogo, da convivência, da existência do outro”, afirmou.

Para ele, a simples presença de corpos trans na avenida já é um ato político. “Não precisamos chocar: a existência delas já incomoda muitos. Nosso papel é normalizar”.

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Nas alegorias e fantasias, Jack revisitou técnicas tradicionais, como artesanato em contas, cerâmica e penas, mesclando-as a elementos contemporâneos. “É um Carnaval colorido que atravessa o tempo. A Xica ‘transcestral’ conecta a história à luta atual, mostrando à juventude trans que elas não estão sós”, explicou.

O ápice será um carro com 30 “traviarcas” – matriarcas travestis que desafiaram estatísticas de violência e exclusão. “Será a maior concentração de travestis por metro quadrado do mundo. São sobreviventes que gritam ‘eu existo’ para mais de 200 países. O Tuiuti faz Carnaval por necessidade política”, concluiu.

Conheça o desfile do Tuiuti

O Paraíso do Tuiuti levará para a Avenida cinco alegorias, um tripé e um pede passagem, com 2.750 componentes. Jack Vasconcelos falou ao CARNAVALESCO sobre como virá o desfile em setores, para a Sapucaí.

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Setor 1: “A gente fala de uma história da cultura da Quimbanda sobre o início da criação do mundo, em que o Exu maioral divide os exus primordiais, que inicialmente tinham as duas energias dentro deles, a masculina e a feminina. E o maioral divide essas duas energias e deixa um Exu primordial sem dividir para sabermos como eram eles. E hoje a gente conhece ele como Exu de duas cabeças, que é uma parte feminina e masculina dentro de um ser só. Abrimos o desfile com essa lenda”.

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Setor 2: “Mostramos a Xica Manicongo em África, ela sendo uma sacerdotisa Quimbanda. Ela se intitulava filha do Exu de duas cabeças, ela tinha um Exu de duas cabeças que ela cuidava, e ela era uma grande feiticeira, uma pessoa respeitada dentro da sociedade como uma mulher trans, como uma travesti, que hoje a gente não compreende, como isso, mas na cultura dela isso nem era questionado”.

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Setor 3: “A gente fala da chegada dela já escravizada, depois da invasão portuguesa e da escravização dela à força, ela vem pra Bahia, para Salvador e ela é vendida a um sapateiro e ela vai trabalhar em Salvador pra esse sapateiro Nesse setor mostramos o contato da Xica Manicongo com o Brasil, com uma outra realidade, um outro lugar, outra luz, outras cores, e Salvador é uma cidade portuária e o Porto da Barra naquela época era o principal porto das Américas, então era um burburinho, era uma confusão, vinham produtos, coisas do mundo inteiro naquela época, e produtos de várias partes, também das Américas, saíam pelo Porto da Barra, lá em Salvador. Ela no meio dessa metrópole colonial”.

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Setor 4: “No próximo setor a gente fala da Xica tomando o contato com os indígenas brasileiros. Ela conhece uns indígenas que a gente chama, porque chamavam, de tibiras, que hoje em dia conhecemos como se fossem os homossexuais. E os índios tupinambás já entendiam a pluralidade das pessoas, então eles eram completamente aceitos e inseridos dentro dos seus povos, das suas aldeias, não era uma questão e ela conhece os tibiras e eles a levam para conhecer a mata brasileira. Ela conhece a cultura do catimbó e da espiritualidade tupinambá, porque ela vê um paralelo. Porque a cultura da kimbanda dela é baseada no culto aos n’gangas, que são os antepassados, e a cultura tupinambá religiosa também é baseada no culto aos antepassados, as pessoas que já estiveram nesse mundo e que já faleceram, ela vê uma proximidade muito grande nisso. Xica aprende muita coisa e ela vai unir o que ela aprendeu do catimbó com o que ela já trouxe da África, então nesse setor a gente fala dessa libertação que a Xica passa, porque até então, quando ela chega na Bahia, ela é obrigada a se vestir de homem, ela não tá entendendo e ela sofre muito por conta disso, porque ela quer botar a saia dela que ela usava na África, e a população estranha muito, então ela passa um perrengue danado lá. E quando ela está na floresta e tem contato com a cultura indígena, ela é liberta, ela se encontra novamente, e vê que não tem problema nenhum”.

Setor 5: “No próximo setor a gente já vê a Xica como uma grande feiticeira, porque ela, como a gente viu no setor anterior, uniu as duas culturas. Ela é novamente uma mulher muito poderosa, uma mulher conhecida inclusive na cidade, as pessoas usam seus serviços no sigilo, cidadão de bem, todo mundo curte no sigilo, e ela é vista como uma ameaça, a figura dela é demonizada, a crença dela é demonizada, o amor dela é demonizado. E durante a primeira visita da inquisição no Brasil, em 1591, a gente vai ter o primeiro caso de transfobia documentado no Brasil, que é o processo da Xica Manicongo, ou Francisco Manicongo. Ela é acusada de fazer parte de uma quadrilha de sodomitas, de bruxaria, e de se vestir de roupas femininas, e isso era um crime de lesa-majestade pelas leis manuelinas na época, e para ela não morrer na fogueira, ela entra num acordo para não ser queimada e de voltar a ser chamada de Francisco e usar roupas masculinas. Só que esse acordo ela cumpre durante o dia, e de noite, quando a cidade está dormindo, ela volta a ser a Xica na rua, no escuro, vai para a floresta, quando a cidade está dormindo, quando ninguém está vendo. E, no final desse setor, ela transcende. Quando ela faz a passagem, ela desencarna, é acolhida pela egrégora das pombagiras. Ela continua esse trabalho de rua noturno que ela tinha quando estava viva, essa coisa da marginalização que só consegue sobreviver de noite, no escuro, longe dos olhos da sociedade. Ela continua esse trabalho espiritual, só que ela vai para a rua proteger as suas. E a gente fala do pajubá, que é uma linguagem oriunda dos terreiros, do iorubá, que as travestis vão usar na rua para se proteger da violência urbana, e as pombagiras estão nesse trabalho. Elas sopram no ouvido das travestis esse pajubá para elas se defenderem, e a Xica está nesse trabalho”.

Setor 6: “No setor de encerramento a gente fala dessa perseguição histórica e sistemática à população travesti e trans, que a gente fala que as inquisições não pararam. Então a gente tem, por exemplo, a Operação Tarantula em São Paulo, que ficou muito famosa. A gente tem hoje um quadro de ação política que é muito organizado na perseguição da população trans e ataca diretamente as conquistas dessa categoria. E em contrapartida a gente fala também das mulheres trans e travestis que estão nessa linha de frente no combate a essas inquisições que não param, e não pararam durante a história. A gente vem homenageando mulheres importantes da história brasileira, do ativismo trans e travesti, travestis que ficaram famosos nessa luta, nessa rede de apoio, e no final coroamos a Xica Manicongo como uma grande transcestral, a grande traviarca das traviarcas, porque ela é a grande inspiração e madrinha e apoio espiritual de todas elas nessa luta”.