BENDITO SEJA SOU O FRUTO DO SENHOR
SANTIFICADO NAZARENO DO AMOR
OH PAI, OH VIRGEM MARIA
ABENÇOAI SEU PEREGRINO EM ROMARIA
DE JOELHOS NO ALTAR TE OFERTO
MEU PODEROSO LHE PEÇO GRAÇA DIVINA EM COMUNHÃO
PROCURO ESTAR EM SUA COMPANHIA
PRA CURAR MINHAS FERIDAS
CONFORTAR MEU CORAÇÃO
DO FOGO RESPLANDECE AVE SAGRADA
NEGRÓN DE TANTAS MORADAS
UM FIEL EM DEVOÇÃO
SENHOR, SENHOR É DIVINO O SEU PLANO
O CANAL DE AMOR PRA UNIR DOIS OCEANOS
UM PANAMENHO ESTACIANO FILHO SEU
A IMAGEM E SEMELHANÇA SOU EU
PAI NOSSO DA NEGRA TEZ
SAGRADO REI DOS REIS
OBATALÁ REGE O PALENQUE EM PROCISSÃO
DEVOTOS CLAMAM EM ORAÇÃO
PRA VITÓRIA CONQUISTAR
AMÉM, JESUS A TERRA VAI VOLTAR
E LEVAR A MINHA ESTÁCIO DE SÁ
SUA GLORIA ALCANÇAR
A FÉ QUE EMBALA A ALMA
EMERGE DAS ÁGUAS TRAZENDO ESPERANÇA
O CRISTO NEGRO PROTETOR DA CRUZ
SALVADOR DA HUMANIDADE CAMINHO DE LUZ
Compositores: Samir Trindade, Junior Fionda e Elson Ramires
Intérprete: Roninho
Dama, meu motivo de rara beleza
Acalanto a sua alteza
A estrela que brilha por nós
Oh, pérola negra!
Joia que emana a paz
Lapidada nas Minas Gerais
Seu destino: encantar corações
Canoas, um cortejo de saudade
A doce lembrança que ficou pra trás
No Rio, lindo mar de esperança
Refletindo a infância, acende os ideais
Talento é dom pra vencer
Preconceito não pôde calar
Foi preciso acreditar
Menina mostra a força da mulher
O negro pode ser o que quiser
Resplandeceu da humildade a sua glória
A emoção, pioneira no Municipal
E aprendeu, viveu a arte em sua história
Inspiração, no palco do meu carnaval
Divina musa, no esplendor se fez atriz
Um sorriso de uma raça não apaga a cicatriz
Voa, senhora mãe da liberdade
Em seu papel, a igualdade
De quem sentiu na pele a dor
Brilham Marias, Carolinas de Jesus
Você foi a resistência
E a resistência hoje é Santa Cruz
Ê Odara… ê, Odara… ê Odara…
Ê, oh, Sinhá Moça
Ê, Odara… ê, o samba
A reverenciar Ruth de Souza
A Santa Cruz apresentou na tarde de sábado, em sua quadra de ensaios, na Zona Oeste, o samba-enredo encomendado aos compositores Samir Trindade, Júnior Fionda e Elson Ramires para o Carnaval 2019, quando terá o enredo “Ruth de Souza, senhora liberdade abre as asas sob nós”, desenvolvido pelo carnavalesco Cahe Rodrigues. Em entrevista ao site CARNAVALESCO, o presidente Zezo explicou a opção pelo samba sem disputa. Ele ressaltou ser contra a encomenda, contudo, pelo tempo curto entre a apresentação do enredo e a gravação, a escola teve que recorrer a esta estratégia.
“Sou favorável a manter a ala de compositores. Mas, devido a demora a respeito da liberação ou não da Lei Rouanet, acabamos optando por esse caminho”, explicou.
Zezo se mostrou muito feliz com o retorno de Cahe Rodrigues e elogiou o enredo de 2019. “É um carnavalesco de ponta e que está voltando para casa. Já era uma intenção nossa fazer essa homenagem para Ruth de Souza”.
Sobre a subvenção da Prefeitura do Rio para Série A e a solução para os barracões, o presidente da Santa Cruz não esconde sua insatisfação com o momento.
“Sobre os barracões, muitas pessoas colocam a culpa no prefeito Crivella. Não é culpa só dele. Isso já é coisa antiga. Desde a revitalização do Porto. Todas as escolas vão perder seus barracões. Eu acho uma vergonha as alegorias da Alegria da Zona Sul estarem jogadas num terreno na Avenida Brasil. O carnaval voltou ao patamar da década de 90 em relação a estrutura da Série A. Retroagimos. É um absurdo diminuir em 50% o valor para as escolas e estarmos abandonados pelo poder público”, afirmou Zezo.
Para o compositor Samir Trindade, foi uma grata surpresa poder fazer o samba que homenageará Ruth de Souza.
“Eu não poderia negar o convite por ser uma mulher negra e uma atriz fantástica. Fizemos o samba em duas reuniões. A obra é emocionante. Será um dos melhores sambas do Acesso”, disse.
Responsável pelo desfile da Santa Cruz 2019, o carnavalesco Cahe Rodrigues está contente com a homenagem para Ruth de Souza.
“Já era uma vontade minha fazer uma homenagem a Dona Ruth desde “Axé Nkenda” (Imperatriz 2015). O enredo será dividido em 4 setores. O ponto de partida será o teatro. Passará pelos 97 anos da atriz e terá duas vertentes, o pioneirismo. Pelo fato de ser a primeira mulher negra pisar no palco do Theatro Municipal e protagonizar uma novela. A outra vertente é a luta de Ruth pelo espaço dos artistas negros na dramaturgia. Sempre lutou pelo registro do artista negro. Ela é um espelho para muita gente.”, contou o artista, que já está terminando a fase de desenho e na semana que vem começa os protótipos das fantasias.
Cahê também revelou que teve participação na construção do samba encomendado para o Carnaval de 2019.
“Não houve disputa pelo tempo. Tive que sentar com os compositores para explicar o enredo. O resultado é um samba lindo e verdadeiro”.
Mosquito e Roberta Freitas voltam a formar o par de mestre-sala e porta-bandeira da Santa Cruz. Em entrevista ao CARNAVALESCO, a dupla ressalta o entrosamento como ponto forte.
“Nos conhecemos não só pelo olhar, mas pelo cheiro. Somos irmãos de alma. Já começamos e vamos adequar a dança de acordo com samba”, disse a porta-bandeira.
Sem a presença de Quinho no carro de som em 2019, Roninho comandará sozinho o canto da Santa Cruz. Porém, o presidente Zezo não afasta a possibilidade de reforçar seu time de cantores.
“Não tenho vaidade de microfone principal. É sempre bom agregar experiência no carro de som. Temos uma bela obra para o carnaval do ano que vem”, disse Roninho.
Mestre Riquinho destacou ter ficado contente com o desempenho da bateria no carnaval de 2018 e avisou que não irá fazer mudanças drásticas para 2019.
“Serão 220 a 225 componentes. A bateria irá desfilar com andamento de o máximo 144 BPM (batidas por minuto). O desempenho em 2018 foi além do esperado”, comentou o comandante da bateria.
A Alegria da Zona Sul realizou sua final para a escolha de seu samba-enredo para o próximo carnaval esta madrugada em sua nova quadra, no Catumbi. Venceu o concurso a parceria formada pelos compositores Márcio André, Neizinho do Cavaco, Lopita 77, Ribeirinho, Elson Ramires, Beto Rocha, Telmo Augusto, Fábio Xavier, China, Girão e Samir Trindade. A Alegria desfilará em 2019 com o enredo ‘Saravá Umbanda’, de autoria do carnavalesco Marco Antonio Falleiros. A vermelha e branca do Pavão, Pavãozinho e Cantagalo será a segunda a desfilar na sexta-feira de carnaval pela Série A.
A parceria, embora formada por compositores acostumados a vencerem em outras agremiações, possui apenas três integrantes já campeões na Alegria. Samir Trindade, Girão e Telmo Augusto eram do time que fez o samba da escola em 2018, onde houve uma encomenda. Augusto assinou ainda o samba de 2014, ano de estreia da Alegria na Série A.
Márcio André, campeão em várias escolas, iniciou sua trajetória na União da Ilha, onde chegou a ocupar o posto de diretor de carnaval. Hoje com esta função na Cubango falou à reportagem do CARNAVALESCO sobre mais uma vitória em disputa de samba-enredo.
“A escolha foi justa pois o nosso samba em primeiro lugar cobria completamente a sinopse apresentada pelo carnavalesco. Acredito que o nosso refrão seja o grande destaque dessa obra, pois é forte, gruda na cabeça do componente. Tem a melodia forte e aguerrida”, comemora.
O samba foi defendido na quadra pelo intérprete da Inocentes de Belford Roxo, Nino do Milênio. Os torcedores abrilhantaram a apresentação com bandeiras em vermelho e branco e muitas bolas coloridas. Um grupo teatralizado representou símbolos da Umbanda, com direito a criança e brinquedos significando os Ibejis. De andamento mais à frente o samba teve dificuldades em cativar a quadra. Cabe ressaltar que o formato de apresentações foi diferente ao habitual em finais de samba. Cada parceria fez duas rodadas de passagem. A primeira, em apenas três passadas, antes do show dos segmentos. A segunda com 20 minutos para cada obra.
Sonho da quadra realizado. Barracão permanece um pesadelo
A Alegria da Zona Sul conseguiu finalmente realizar o seu sonho de contar com uma quadra estruturada para a realização de seus eventos. Há mais de um ano em obras o espaço, localizado na rua Frei Caneca, bem ao lado da Praça da Apoteose, foi reaberto para a grande final de samba-enredo. Se por um lado um antigo sonho foi realizado, um pesadelo passa a atormentar a agremiação na construção do desfile de 2019. A escola perdeu seu barracão e não tem onde realizar a confecção de suas alegorias e fantasias.
“Uma escola sem uma quadra não briga por nada. Hoje temos a nossa e podemos sonhar com algo melhor”, destacou o presidente Marquinhos Almeida.
Marquinhos falou à reportagem do CARNAVALESCO sobre a questão do barracão e depositou confiança no presidente da Lierj, Renato Thor. Segundo o presidente, a escola sonha com o pelotão da frente.
“O presidente Thor está lutando por nós e tenho certeza que vamos encontrar uma solução. Eu brinco com ele que depois do vice do Tuiuti no Especial, também sonho com um grande carnaval da Alegria na Série A”, afirmou.
Carnavalesco se preocupa com indefinição do barracão
Em entrevista concedida ao CARNAVALESCO, Marco Antônio Falleiros destacou que não se surpreendeu com a boa colocação obtida em 2018, a terceira melhor de toda a história da Alegria, mas revelou certa preocupação com a questão do barracão.
“Eu não me surpreendi com nosso carnaval. Eu sempre fiz desfile debaixo de muitas dificuldades. Considerei injustas nossas colocações em 2016 e 2017. A Alegria vem para tentar ficar entre as seis primeiras colocadas. Mas essa questão do barracão me deixa bastante preocupado, pois até o presente momento o que temos é que estamos sem um barracão, apesar de termos conquistado a nossa quadra”, desabafa.
Falleiros explicou o enredo de 2019, novamente voltado para a valorização das religiões de matriz africana, uma marca da Alegria.
“Vamos novamente apostar em uma temática que vem dando certo. Nosso enredo vai contar a história da Umbanda através do olhar de um preto velho. A partir daí vamos trazer todos os signos representativos dessa religião, que é a mais brasileira dentre todas, certamente”, explica.
Bateria pretende reproduzir terreiro na avenida
Com aproximadamente 240 ritmistas em sua equipe de trabalho para o desfile de 2019, mestre Claudinho confidenciou à reportagem do CARNAVALESCO que a intenção da apresentação em 2019 é criar um grande terreiro na pista de desfiles, já que a agremiação falará sobre a Umbanda.
“Crescemos um pouco em relação ao número de ritmistas em 2018, pois pretendo colocar instrumentos afro, para fazer um grande terreiro. A fantasia é segredo, mas podem ter certeza que todos vão gostar. Ainda não vi o figurino pronto, mas sei o que é. Vamos justificar na avenida o porque estaremos vestidos daquela forma”, garante.
Claudinho enalteceu a qualidade da obra escolhida esta madrugada, e adiantou que a bateria irá fazer batidas afro, sempre focando no ritmo, como explica o mestre à nossa reportagem.
“A qualidade do samba é altíssima. É um enredo bastante forte. A temática afro oferece obras de boa qualidade. Tivemos uma grande dificuldade nessa escolha. Agora é trabalhar. Nossa bateria vai fazer convenções com características que remetem aos ritmos de batida afro, eu gosto muito de focar no ritmo. Teremos uma bateria ousada”, disse.
Igor Vianna comemora ‘estreia’ com temática afro
O intérprete Igor Vianna caminha para o terceiro desfile seguido à frente do carro de som da Alegria da Zona Sul. O cantor, com passagem até pelo carnaval de São Paulo, busca a consolidação de seu nome no Rio de Janeiro. O filho do lendário Ney Vianna revelou ao CARNAVALESCO que pela primeira vez cantará na avenida um samba que falará de sua religião.
“A sensação principal é de gratidão com a Alegria de poder novamente mostrar o meu trabalho. Venho crescendo a cada ano. Que Deus permita que essa caminhada seja longa. Vai ser a minha primeira vez cantando o que eu prego enquanto religião. Sou do Candomblé, mas tenho meu pezinho na Umbanda. Vou cantar o que cresci amando amar e respeitar. O que minha mãe me ensinou foi respeitar o povo de aruanda”, destaca.
Vianna conta que estudou os três sambas finalistas para poder cantá-los antes mesmo do anúncio oficial, junto das parcerias finalistas. Ele destaca a obra escolhida e conta que manteve a base de seu carro de som para o Carnaval 2019.
“Eu vejo um grande samba mais uma vez na nossa escola na avenida. Tenho um leque enorme de possibilidades para o meu trabalho. Cantei aqui com as parcerias finalistas e já tenho a melodia dominada. Eu tive duas baixas em relação a este ano, uma de voz, outra de corda, mas a base eu mantive”, afirma.
Casal tem dúvidas com relação ao figurino
O casal Diego Machado e Alessandra Chagas tem uma parceria relativamente recente no carnaval. A dupla começou a dançar em 2017 na Viradouro e vai para o segundo desfile na Alegria. A porta-bandeira relata que a fantasia ainda está sendo debatida entre eles, pois há uma dúvida e confessa que não esperava um desfile como o de 2018 na escola.
“A gente foi surpreendido com um desfile belíssimo da escola. A Alegria tem nos feito acreditar que esse crescimento se dará em conjunto da gente com eles. Dançamos juntos em 2017 e 2018. A parceria deu super certo, nos tornamos amigos. Temos ainda duas opções de fantasia que não foi escolhida. Uma é mais ousada e a outra delicada. Eu também estou na dúvida”, disfarça.
Diego Machado contou ao CARNAVALESCO que a fase de preparação até o momento se baseou na parte física e que com a escolha do samba haverá o desenho coreográfico. Segundo o dançarino, a responsabilidade aumenta com o enredo que tratará da Umbanda.
“A nossa preparação nunca se encerra, mesmo após o carnaval possuímos atividades. Agora com o samba escolhido vamos montar a coreografia e até aqui estávamos na parte física. O desfile desse ano pegou a gente mesmo de surpresa, foi algo muito produtivo para a nossa parceria. E em 2019 vamos falar de ancestralidade. Aumenta nossa responsabilidade e ansiedade”, destaca.
Como foram apresentações dos outros sambas na final
Parceria de Pixulé – O samba foi defendido pela dupla de intérpretes Pixulé e Tiganá, ambos autores da obra. Com o início das apresentações depois das 03h da madrugada, a quadra já se encontrava vazia. A parceria não levou uma torcida muito numerosa. O samba teve dificuldades em sua apresentação, sendo muito pouco cantado.
Parceria de Meiners – Na quadra o samba foi defendido pelo mister final Tinga. Mais magro devido à cirurgia de redução de estômago, o intérprete da Vila Isabel segue demonstrando sua impressionante capacidade vocal. A torcida não tinha muita gente. Os que compareceram portavam bandeiras nas cores vermelha e branca. De refrão forte, o rendimento da apresentação foi o mais consistente da noite. A melodia muito bem trabalhada possibilita um canto linear o tempo todo. O samba fez a melhor apresentação da final.
Peço licença a Deus pai e Maria
Todos os santos e guias
Ao pisar no sagrado canzuá
Vejo o braseiro, iluminar o congá
Preto Véio chegou na roda
Vem de Aruanda, Pemba de Angola
Vovô falou da força das sete linhas
Também contou de mistérios e magias
Ê cabloco curandeiro, Ê caboclo
Laroyê rei da madrugada
Prepara o abô, marabô, na encruzilhada
Roda cigana, moça formosa
É tão bonita que parece uma rosa
Vem chegando a Ibeijada
O amanhã nos olhos da criançada
Água de lavar, benzer , purificar
Marinheiro, marinheiro Iemanjá
Seguindo pelas bandas, com muita fé
Nessa quimbanda, axé
Abre caminhos, samborê, sambo ro ko
Somos irmãos, Umbanda é amor
Olha gira girô, olha gira girar
Canta pra subir, vamos saudar
Saravá, Alegria Saravá
Saravá meu povo
Saravá pai Oxalá
Compositores: Diego Nicolau, Pixulé, Braguinha Cromadinho, Jota e Tinga
Intérprete: Daniel Silva
Ventos de dor os trouxeram pra cá
Fé que guiou o destino de tantos
Africanos destinados à saudade
Sol e chuva, a tristeza como par
Nego tá cansado, nego tem que trabaiá
O ouro negro enraiza a escrava lida
E faz o áureo poder deixar o breu
A boa música valsava em poesia
Enquanto o ébano sangue escorreu
Tem batuque, jongo, capoeira
Na mandinga da vovó benzedeira
No terreiro firma o ponto, gira dos meus orixás
Força da fé que dobra o capataz
Ah, passou o tempo, o vale se transformou
A imigrande mágica misturou
Fez renascer a esperança dessa gente
Mãos calejadas fazendo arte
E um aroma de enlouquecer
Unem-se à folclórica verdade
Tanta gente veio conhecer
A luz que protege a alma
À cruz, peço pra me guiar
Se hoje é agronegócio que traz o progresso
O povo agradece e vem cantar
Desce o Morro da Formiga
Meu Império da Tijuca vai à luta
Traz o Vale do Café, negritude de valor
Num lindo rosário de amor
Diz um famoso jargão do futebol que em time que está ganhando não se mexe. Baseado nesta premissa o Paraíso do Tuiuti adotou novamente para o Carnaval 2019 a produção do samba sem concurso, não realizando a disputa para o ano que vem. Em 2018, o samba da agremiação do bairro de São Cristóvão foi a obra do ano, ganhando o maior número de premiações da crítica e impulsionando o maior desfile da sua história. Em entrevista concedida ao CARNAVALESCO, o presidente Renato Thor confirma que a tendência é manter o caminho, mas prefere não garantir que a medida será adotada já para o desfile de 2020.
“Eu não tenho como responder isso agora. Não sei se vamos adotar ou não. Em time que está ganhando não se mexe, mas o futuro a Deus pertence. Vamos ver como se darão as coisas e vemos o que será feito para os próximos carnavais”, desconversou Thor.
Lançado muitos meses antes do desfile, o samba tem o poder de penetrar nos ouvidos dos sambistas por mais tempo e desta forma chegar na avenida no lugar certo. Renato Thor afirma que a repercussão desde a divulgação da composição tem sido excelente e acredita em novo sucesso na avenida.
“Estou muito satisfeito com a repercussão de nossa obra. Onde temos apresentado o samba venho sentindo grande aceitação. Os componentes estão emotivos. Quando estivemos na quadra do Salgueiro, convidados por eles, tínhamos bem pouco tempo de lançado o samba e senti ali um grande apoio do povo do samba. Acredito que temos nas mãos mais uma belíssima composição”, diz.
‘Alas de compositores como há 30 anos já morreram’, dispara Claudio Russo
Claudio Russo, novamente um dos compositores do samba do Tuiuti, demonstra experiência ao comentar o fato de que o samba de 2018 seja comparado à obra de 2019. Ele, entretanto, ressalta que as propostas são completamente diferentes.
“Vejo com normalidade essa comparação, apesar de achar injusto comparar um samba que acabou de nascer com um samba que já cumpriu sua principal função que é possibilitar um grande desfile. São enredos e propostas diferentes, mas com tudo pode se perceber o amadurecimento de um estilo em cima de uma qualidade de letra e melodia”.
Experiente, Russo afirma que a boa repercussão de uma obra antes do desfile pode ser uma faca de dois gumes. Se por um lado já chega na avenida bem quisto pelo corpo julgador, precisa comprovar na pista de desfiles tantos elogios, o que nem sempre acaba se concretizando.
“O samba-enredo junto com o enredo recebem ultimamente um pré julgamento, principalmente das redes sociais e fóruns, acho que por serem os únicos quesitos visíveis antes do desfile para o grande público. Acho importante, mas não supera a atuação durante o desfile. Já vimos grandes sambas não passarem bem por inúmeros fatores e vice e versa”, pontua.
O compositor não assume o discurso de que as encomendas matam as alas de compositores. E argumenta que o que vem causando um declínio nas alas é justamente um sistema de disputas viciado e previsível. Russo sugere um amplo debate que envolva ligas, escolas, compositores e a comunidade do carnaval.
“As alas como conheci há 30 anos atrás acabaram. Infelizmente. Acho que por inúmeros fatores: a separação das escolas de suas comunidades, capitalização das disputas, o declínio no processo criativo e no surgimento de novos valores e etc. O que vemos hoje são alguns bons compositores fazendo samba com qualidade e por isso são estes que vão disputar entre si em vários lugares. O modelo de disputa convencional com dois a três meses de competição também ajuda neste declínio. Dentro deste quadro algumas escolas se defendem e tentam encontrar caminhos para terem um grande samba. Acho que é necessário uma ampla discussão ao invés de perguntamos se acabou ou está em crise. Alguns questionamentos deveriam ser feitos: por que os mais jovens com talento pra compor nas comunidades preferem pagode ou rap e funk? A quem interessa altíssimos gastos nas disputas? Por que levar uma disputa prolongada se em um mês sabemos quais são os melhores sambas e eventuais finalistas? E, por fim, a quem se quer enganar quando se diz que compositores de uma escola não compõem para outras? Acho que uma grande discussão envolvendo compositores, as escolas, a imprensa carnavalesca, com mediação das ligas, poderia ser um caminho para melhorar as disputas”, opina.
A União da Ilha realiza neste sábado, na sua quadra, a partir das 18h, sua terceira eliminatória de samba para o Carnaval 2019. Oito parcerias estarão na disputa e se apresentarão por volta das 21h30. Antes das apresentações, o evento será aberto com o show do grupo “Samba do amigo meu”.
Vale ressaltar que os integrantes da comunidade entrarão de graça mediante apresentação da carteirinha. Os camarotes estarão a venda na secretária da escola. O valor da entrada (pista) para o público em geral será de R$ 10.
A quadra da União da Ilha está localizada na estrada do Galeão 322, Cacuia – Ilha do Governador.
Confira as 8 parcerias na disputa ️:
– Fuzileiro, Ginho, Edu Ferry, Rogério Linhares, Canindé, Marcão Silva, Lilian Ramos e Gabriel Fraga
– Paulinho Poeta, Beto Mascarenhas, Regis, Gylnei Bueno, Marcelino Santos,Theguy e Alex
– Almir da Ilha, Cirano, Elysinho Vem Comigo, Marquinho Cocotá e Leandro Fregonesi
– André de Souza, Flavinho Queiroga, John Bahiense, Leandro Augusto, Rodrigo Brandão, Thiago Caldas e Alexandre Alegria
– Myngal, Marcelão da Ilha, Roger Linhares, Marinho, Cap. Barreto, Eli Doutor, Fernando Nicola, Marco Moreno
– Marquinhus do Banjo, Junior Nova Geração, Lobo Júnior, Rony Sena, Gugu das Candongas, Dondon, João Nogueira e Robson
– Kleber Rodrigues, Eduardo Medrado, Sandro Nery, Fábio Trigo, Luigi Porcides e Cleiton Mesquita
– Wagner Mariano, Cadinho da Ilha, Kinho PQD, JaneML, Fábio Glinardello, Edu Silva, Tuninho e Vale