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Barracões: Vizinha Faladeira vai mostrar em seu desfile na Série B a face mais sofrida do Nordeste

Por Lucas Santos

Diante de um cenário de dificuldades que vem assombrando a praticamente todas as
escolas de samba do Grupo de Acesso, ainda sem receber subvenção da Prefeitura do Rio
há menos de um mês para o carnaval, a Vizinha Faladeira dribla os obstáculos com
criatividade e empenho de seus componentes. Ao chegar ao barracão da escola, onde
era a antiga quadra da comunidade, que fica próximo à Cidade do Samba, a reportagem do CARNAVALESCO encontrou o próprio carnavalesco da agremiação, Jean Rodrigues, e o presidente David dos Santos botando a “mão na massa” e trabalhando em uma das alegorias que a azul, vermelha e branca do Santo Cristo vai levar para a Intendente Magalhães no dia 5 de março, terça-feira de carnaval.

barracao vizinha2019 3“Estou com as mãos sujas de tintas. Eu sou pintor de arte. Antes de ser carnavalesco era pintor de arte. Aqui se descobriu essa força. Sou carnavalesco, funcionário, pintor, carpinteiro, faço o desenvolvimento do enredo, desenho. Se não for dessa forma, as escolas do Grupo B pra baixo e até da Série A, inclusive, não tem carnaval. Tem que ser dessa forma. Mas é na dificuldade que se descobre o potencial de cada componente, que se reage. A única saída é essa para conseguir botar o carnaval”, explica Jean Rodrigues.

Apesar da crise, a escola está otimista pelo trabalho e enredo desenvolvidos. A ideia de contar o Nordeste de uma forma realista veio do próprio carnavalesco enquanto ele lia artigos sobre a criação da antiga Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), criada em 1959, durante o governo Juscelino Kubitschek, a partir da percepção de que com o processo de industrialização do país, crescia a diferença social e econômica entre a região e o Centro-Sul do Brasil.

barracao vizinha2019 2Jean, em sua pesquisa, mergulhou fundo no conhecimento de projetos desenvolvidos pelo poder público que não deram certo no Nordeste como a transposição do rio São Francisco, que até hoje segue incompleta. ‘De Catulo a Lampião, Bem vindo a terra do cão’ vai mostrar a região de uma forma que, segundo Jean, é pouco abordada no carnaval, em seu aspecto dramático e sofrido.

“A gente falar do nordeste com bonequinho e sanfoninha, não. É o Nordeste como ele
é na verdade. Lendo sobre a extinta Sudene, vi toda a tragédia que aconteceu com aquele povo. O enredo ‘De Catulo a Lampião, Bem vindo a terra do cão’ quer dizer exatamente isso. É a terra do Cão. É um tema dramático, adaptado para o carnaval”, garante.

Jean tomou como fio condutor o poema dramático “Morte e Vida Severina”, de João
Cabral de Melo Neto, que narra a dura trajetória de Severino, uma migrante sertanejo
(retirante) em busca de uma vida mais favorável na capital pernambucana. Como na
poesia e também na música de Chico Buarque de mesmo nome, em homenagem a
obra, a Vizinha vai mostrar em seu desfile este sofrimento de uma forma dramatizada
e carnavalizada, mas apresentando ao mesmo tempo a força do povo nordestino para
transformar labuta e tristeza em arte, música, artesanato.

barracao vizinha2019 4 1“O nosso grande trunfo é o conjunto da obra que vai ser apresentado na Avenida. Mostrar esse nordeste sofrido através da sua cultura com obras como “O Auto da Compadecida”, “A Face do Cão”, representando aqueles que enriquecem através da indústria da seca. O ponto alto é mostrar que o mal ainda está no nordeste como no caso dos grandes coronéis mas de uma forma dramatizada e carnavalizada”, aposta o carnavalesco.

Ainda que o desfile tenha a intenção de sair um pouco da versão tradicional do Nordeste habitualmente mostrada na Avenida, alguns personagens famosos da região e da literatura deste lugar vão ser representados no desfile da Vizinha Faladeira. Na religiosidade, por exemplo, Padre Cícero será figura central para simbolizar a fé do nordestino em meio a todas as dificuldades enfrentadas no dia a dia. O humor picante do Nordeste e seus comediantes, como por exemplo, Chico Anysio, serão lembrados no último setor que vai apresentar a criatividade deste povo como fuga daquela realidade tão sofrida exposta no primeiro setor.

Reaproveitamento de materiais e tecnologia de Parintins são trunfos da escola

Com a parte de confecção de fantasias já finalizada, e com um bom número já entregue a componentes, a Vizinha Faladeira prioriza agora o trabalho nos dois carros alegóricos que vai levar ao desfile na terça-feira de carnaval. O presidente da agremiação, David dos Santos, adiantou para o CARNAVALESCO que o carro abre-alas virá com esculturas tendo movimento a partir de tecnologia de Parintins. O carnavalesco Jean Rodrigues confirmou que além do movimento, outras surpresas foram preparadas para o primeiro carro que vai representar a “Face do Cão”, ou seja, o mal no Nordeste, mas não quis adiantar quais truques vai usar.

barracao vizinha2019 1Para driblar as dificuldades, tanto nas fantasias quanto nos carros, a escola tem utilizado materiais alternativos como palhas, restos de tecidos, e cacos de isopor que sobraram e foram retirados da Cidade do Samba. Jean Rodrigues acredita que a crise econômica foi combustível para aflorar o senso de criatividade e a sua visão de artista.

“Os materiais que vamos usar conseguem dar plástica ao trabalho. A plástica é uma execução do que você tem a sua volta, no seu entorno. Se nós tivéssemos hoje dinheiro a vontade, talvez, não saísse nem tão bom. Porque é na plástica que você formata o espetáculo, a sua alegoria. E quando você não tem materiais a disposição, por incrível que pareça, aparecem coisas fantásticas, aparecem coisas maravilhosas”, assegura.

A Vizinha Faladeira será a sétima escola a desfilar na terça-feira de carnaval na Intendente Magalhães.

Entenda o desfile

A Vizinha vai levar para a Intendente em 2019 cerca de 500 componentes, e duas
alegorias.  O carnavalesco da escola ajudou um pouco a elucidar como está dividido o
desfile.

barracao vizinha2019 6Setor 1 – O Nordeste Dramático
O primeiro setor vai mostrar o sofrimento que o nordestino tem passado em decorrência dos fracassos do Poder Público para resolver seus sofrimentos. Neste
setor será apresentada a seca, a influência dos grandes coronéis, citando que até hoje este tipo de poder continua agindo na Região, e a obra “Morte e Vida Severina” de
João Cabral de Melo Neto.

Setor 2 – A religiosidade do Nordeste
O segundo setor vai mostrar a ligação entre o nordestino e a religião que é fortalecida
como resultado do sofrimento apresentado no primeiro setor. Nesta parte do desfile, a
escola vai trazer algumas figuras importantes da Região como o Padre Cícero e a obra
“O Auto da Compadecida” de Ariano Suassuna. No segundo carro, Nossa Senhora, a
compadecida, personagem central da obra de Suassuna, virá em um andor
representando a fé do povo nordestino.

barracao vizinha2019 5Setor 3 – A criatividade do nordestino
Jean vai encerrar o desfile mostrando que apesar de tantas dificuldades o povo da
Região Nordeste em geral transforma suas dores em música, poesia, artesanato,
humor e lendas. Nesta parte do desfile será lembrado algumas obras como o “Coronel
e o Lobisomem” de José Cândido de Carvalho e o trabalhos realizados em literatura de cordel, além dos grandes humoristas do Nordeste e músicas como “Bicho de Sete Cabeças” de Geraldo Azevedo.

Preparada para encarar o Especial, harmonia da Viradouro ensaia forte e está afiada para missão de 2019

Os desafios que são apresentados quando uma escola vence a Série A e no ano seguinte desfila no Grupo Especial são inúmeros. Um dos principais é conseguir elevar o padrão de desfile, já que a elite do carnaval apresenta uma exibição extremamente competitiva e forte. É por isso que a harmonia da Viradouro antecipou ao máximo sua preparação para fazer com que a escola volte a desfilar no padrão que a colocou no Especial quase 20 anos ininterruptos, sendo destes oito vezes seguidas no Sábado das Campeãs.

A harmonia da vermelha e branca de Niterói está sob o comando da dupla Mauro Amorim e Washington Jorge. Eles conversaram com a reportagem do CARNAVALESCO sobre o principal desafio do trabalho, que é a mudança de padrão da Série A para o Especial.

harmonia viradouro“Muda quase tudo, a Série A é um aprendizado muito importante, mas o carnaval do Grupo Especial é gigantesco, temos o dobro de componentes, saímos de 22 alas para 30, a forma de julgamento será diferente esse ano, temos que nos adaptar durante os ensaios e chegarmos no desfile muito preparados. Escolhemos o samba no dia 29 de setembro de 2018 e começamos os ensaios de canto uma semana depois. Iniciamos bem antes essa preparação da comunidade para o nosso carnaval”, opina Mauro Amorim. (foto: Leandro Lucas)

“Sempre que uma escola ascende ao Grupo Especial, onde a competição é sem dúvida maior, a ideia de preparação tem que ser maior visando o não retorno à Série A. Toda uma produção acontece, por exemplo, a contratação de novos profissionais, a escolha do melhor enredo, e etc. Principalmente os enormes orçamentos que são necessários. Sem dúvida, sem eles, nada acontece”, complementa Washington.

Mauro Amorim enaltece os ensaios de rua da Viradouro na Amaral Peixoto, no Centro de Niterói, reproduzindo ao máximo o que acontece no Sambódromo.

viradouro ensaio rua 1811 277“Na Amaral Peixoto conseguimos reproduzir, o mais próximo possível, o que fazemos na Sapucaí. A escola nos da toda estrutura para desenvolver o melhor durante os ensaios e temos nossa torcida lotando toda semana as ruas do Centro de Niterói desde quando começamos os ensaios de rua. Esse carinho da comunidade e da torcida são muito importantes nessa fase de construção do trabalho. Os ensaios na Sapucaí se fazem muito importantes também, tendo em vista que é sempre é valido fazer um ensaio geral no palco do espetáculo, sempre tem algum ‘detalhe’ a acertar ou a melhorar. O carnaval se renova a cada ano, temos muitos novos componentes que nunca passaram ali, todo ano é uma emoção diferente entrar na Sapucaí e sentir aquela energia que só o Sambódromo tem”, avalia.

Apontada por todos como uma das escolas a brigar pelas campeãs esse ano, contrariando o que vem sempre acontecendo com as agremiações que vem da Série A. O diretor Washington Jorge reconhece a pressão pelo bom resultado, mas afirma que o grupo de trabalho possui muita experiência.

“Sempre existe uma pressão, mas estamos tranquilos e com os pés no chão. Temos no nosso grupo pessoas experientes já acostumadas a tudo isso, com passagem por algumas escolas, alguns como direção geral no curriculum. Temos uma direção de carnaval igualmente experiente, ou seja, uma harmonia forte, eu e Mauro sabemos do potencial do grupo que graças a Deus está muito coeso, estamos tranquilos”, adiantou.

viradouro ensaio rua 1811 164Segunda escola a desfilar no domingo de carnaval, a Viradouro não teme a posição de desfile, segundo Mauro Amorim.

“Estamos tão felizes nesse retorno da Viradouro ao Grupo Especial, o ‘brilho no olhar voltou’ e vamos ‘viajar ouvindo histórias’ na Sapucaí. Estamos tão focados que não da para atribuir ao horário uma ajuda ou um problema pra desfilar. Eu particularmente gostei do horário. Para o componente será menos cansativo desfilar nesse horário e possibilitará o retorno deles mais cedo aos seus lares. Temos toda uma logística antes do desfile montada, o componente terá todo suporte para chegar bem na avenida completamente focado no nosso desfile podendo cantar bem alto que o brilho no olhar voltou”, finaliza.

Donos do Ritmo: Cria da escola, mestre Rafa segue evoluindo a qualidade da Rosas de Ouro

Seguindo para o seu sexto carnaval como mestre de bateria, Rafael Oliveira pode afirmar que a Sociedade Rosas de Ouro teve um papel definitivo de “escola de samba” em sua vida. Tudo começou em 1992 com o projeto “samba se aprende na escola”. Em 1997 ingressou na bateria mirim e no ano seguinte estreou na bateria principal. Permaneceu até assumir como diretor de repiques em 2010. Três anos depois foi convidado pela presidente Angelina Basílio a comandar a batucada da roseira. Por ser uma cria da agremiação, Rafa foca o seu trabalho em formar ritmistas da comunidade.

mestre rafa1“Seria controverso se eu não criasse ritmistas dentro da escola, eu mesmo fui criado através de um projeto. Eu acho que é uma das únicas que tem bateria mirim, a gente procura a prosseguir com o trabalho, dar ênfase pra isso, é a nossa semente. Nós gostamos de ter isso, e acho que assim o samba nunca vai morrer”, defende mestre Rafa. (Fotos: Felipe Araújo)

O nome da bateria entrega a proposta do trabalho: “Bateria com Identidade”. Mestre Rafa conseguiu um feito elogiável, não importa o quão experiente de bateria você seja, a batucada da roseira é facilmente reconhecida só pelo ouvido. Afinação, batida de caixa, BPM, desenhos do tamborim… As explicações são inúmeras, mas a qualidade do trabalho é uma realidade. Umas das razões podem ser: coragem e segurança, Rafa não tem medo de arriscar, não importa o quão polêmico aquilo seja.

mestre rafa2A bateria tem uma presença massiva de jovens oriundos da comunidade, espalhados em todos os naipes. A afinação dos instrumentos é dada dependendo do samba escolhido para o carnaval, onde o tom cantado influencia diretamente. As caixas seguem a batida acentuada no tempo, porém com uma particularidade na mão esquerda. O naipe ainda conta com caixas de 14 polegadas, maiores e afinadas mais grave, que tem a sua batida direta dando sustentação para a bateria. Dentre as diversas particularidades encontradas na Bateria com Identidade, a ala de tamborins tem grande respeito por muitos sambistas da cidade.

“Temos ensaios específicos sim. O nosso diretor grava os desenhos, passa os vídeos e cobra os ritmistas. Depois ele se reúne com os ritmistas que estão com mais dificuldades, repassa e no final de todo esse processo, ele faz uma peneira. Então quem passou, vai, quem não passou, não adianta chorar É poucas idéias. Não trabalhamos pra ser o melhor tamborim, a gente trabalha para que a bateria seja boa para nossa escola, parece até clichê mas é a verdade”, finaliza.

Levando para o Sambódromo do Anhembi uma homenagem ao povo Armênio, através do enredo: “Viva Hayastan”, a Sociedade Rosas de Ouro será a 5° escola à desfilar na noite de sábado, por volta da 02h50.

Série Barracões: Tucuruvi promete nova estética no Carnaval 2019

Por Matheus Mattos

Dando sequência a série que visita os 14 barracões das escolas de samba do Grupo Especial de São Paulo, a reportagem do CARNAVALESCO conversou com o responsável pelo desenvolvimento do enredo: “Liberdade – O Canto Retumbante de um Povo Heroico”, Dione Leite da Acadêmicos do Tucuruvi.

O carnavalesco diz que o enredo é uma ideia antiga e revela também que a proposta inicial era diferente da apresentada.

tucuruvi barracao2019 2“O enredo surgiu pra mim na verdade no ano passado. Era uma proposta que eu tinha para Dragões, mas na época ele tinha outra conotação, não era essa de liberdade. A inspiração veio da música ‘O Canto das Três Raças”, da Clara Nunes, eu sou muito fã dela e amo essa música, e via setores muito explícitos. Por uma questão de autorização do ex-marido, o enredo não rolou na época. Quando vim pra Tucuruvi apresentei a proposta, porém mudei, continuei com a mesma estrutura, mas mantive a minha inspiração na música”.

O enredo traz uma visão crítica do sistema nacional comparando os fatos presentes na história do Brasil. Dione conta que a similaridade dos episódios que ocorreram com os dos dias de hoje é o que mais chamou a atenção.

tucuruvi barracao2019 3“A gente percebe em todo tempo na história do Brasil que tudo que aconteceu em 1.500 anos atrás, na invasão, até os dias de hoje acontecem. A questão da coroa portuguesa ainda acontece, a questão dos negros ainda acontece no Brasil. O povo brasileiro é um povo que vive oprimido, o opressor, que é o poder, é muito forte e isso é um ciclo. Falam que ‘ah, o índio passou por isso’, não, o índio ainda passa por isso, ele perde a casa dele pela urbanização da indústria. O negro, que sofreu tanto dentro dos cativeiros, hoje continua nos cativeiros junto com as minorias, que são as comunidades que abarcam o Brasil. A coroa que nos roubava faz pensar ‘será que a gente ainda não é roubado?!’. E o sistema atual não tem nem o que falar, ele é uma repetição de tudo isso. Esse é o propósito da Tucuruvi, um intuito de passar uma mensagem, fazer uma reflexão muito grande”.

Nos últimos anos os temas “polêmicos” ganharam força dentro do carnaval, as agremiações estão usando os seus espaços para criticar e reivindicar. Sobre tal afirmação, Dione complementa:

tucuruvi barracao2019 4“Carnaval é uma arte ainda do povo, uma arte que ainda se tem uma voz ativa pra crítica, então a gente tem que usar o carnaval a nosso favor. De repente parar de comercializar os nossos enredos e usá-los como uma arma direcionada ao nosso favor. A gente tentou todo tempo não fazer uma crítica pela crítica, e sim fazer uma crítica real”.

Mesmo sendo um enredo polêmico, o próprio carnavalesco afirma que não tem
nenhum viés político.

“Não tomamos nenhum partido político, até porque o problema do Brasil está além de direita e esquerda, e isso é uma opinião minha, do Dione, o problema do Brasil somos nós mesmos. Tivemos uma eleição agora onde ninguém votou a favor de nada, e a gente chega num estágio que é lamentável. Então a Tucuruvi não está falando direcionada a política, claro que não da pra evitar algumas menções, mas não é o foco do enredo. Nós falamos do povo brasileiro que precisa acordar e entender que o passado é vivido no presente ”.

tucuruvi barracao2019 5Realizando o seu primeiro carnaval na agremiação da zona norte de São Paulo, o Dione ressalta que a Tucuruvi traz um desfile de carnaval diferente dos últimos anos e conta detalhes sobre possível surpresa.

“A gente tentou ao máximo dar uma identidade nova à Tucuruvi, uma identidade mais ousada. A Tucuruvi já é uma escola que tem na sua história enredos críticos, porém a gente faz adaptações. Trazemos alegorias vivas, se eu pudesse faria o desfile inteiro teatralizado porque eu amo isso. Pra mim o desfile de carnaval é um grande musical em andamento, então vai chamar atenção algumas alas de chão, as nossas alegorias estão bem grandes, o abre-alas é belíssimo. A grande surpresa mesmo é a ligação que queremos criar com a arquibancada, hoje cada componente da Tucuruvi tem na mão a responsabilidade de tocar alguém no desfile, e tenho certeza que a comunidade vai conseguir”.

Incêndio fez escola passar por reconstrução

O dia 04 de Janeiro de 2018 é um pesadelo recente para os sambistas da agremiação, isso porque o galpão de fantasias da Tucuruvi sofreu um incêndio, destruindo 75% da confecção para o desfile daquele ano. Por uma decisão da LIGA-SP, a escola não foi julgada.

Pouco mais de um ano após a tragédia, o atual carnavalesco Dione Leite cita especulações na internet e garante que a comunidade abraçou a ideia de reconstrução.

tucuruvi barracao2019 7“Óbvio que a escola começou a prestar atenção em algumas coisas. Até pelo contrário de que muita gente imagina, até hoje acham que foi um acidente armado. Eu não acredito que o ser humano é capaz de promover tal crueldade, vai muito além de dinheiro e a Tucuruvi vinha com um carnaval muito forte, ainda mais no ateliê onde estava 90% finalizado, não tinha o por quê. Eu cheguei na Tucuruvi e a comunidade estava com um sentimento de ‘vamos lá’, e com todos pensando assim fica mais fácil chegar aonde quer chegar. A Tucuruvi estava aberta a uma reconstrução, e todos os profissionais de arte do carnaval sabe que é importante que nos dê essa liberdade de expressão”.

Além da nova identidade, o carnavalesco diz que os componentes estão mais
confiantes e aguerridos.

“A escola mudou muito. A Tucuruvi fez uma apresentação no lançamento de CD muito boa, deu um resultado muito bom, surpreendeu as pessoas que não esperavam ver a Tucuruvi daquela forma. Estou com um projeto que se chama ‘Projeto Evoluir Tucuruvi’ que se baseia nos conhecimentos neurolinguísticas e motivacional, e junto com a equipe técnica da escola conseguimos motiva-los. Hoje a gente tem uma comunidade que sabe a real função dela. Podem esperar uma escola muito emocionante”.

Conheça o desfile

1° SETOR – A Invasão do Pindorama

“A gente fala sobre a invasão do pindorama. Nós tratamos a chegada dos portugueses como uma invasão, e não como uma descoberta. Nós não fomos descobertos, fomos invadidos e saqueados”.

2° SETOR – A Negra Luta que atravessou o mar

tucuruvi barracao2019 8“Aqui a gente trata sobre a resistência dos negros, desde a travessia né, de você ser traficado da sua terra, de muito preferirem a morte do que levado. Até ficou conhecida como ‘Travessia da morte’, onde chegariam nessa terra e sabiam que o mal já o esperavam, e não se tinha nem noção do quanto era o tamanho desse mal”.

3° SETOR – A peso de ouro. A luta por liberdade

tucuruvi barracao2019 9“Nesse terceiro setor tratamos dos inconfidentes como uma parte muito importante. O movimento dos inconfidentes lutavam contra o roubo da coroa portuguesa, eles vinham aqui e levavam tudo que era nosso e deixava nada. Pessoas eram vistas como cabeça de ouro por causa do garimpo, trabalhavam incansavelmente no garimpo pra tirar o ouro que não ficava aqui na colônia. Com isso surgiu os movimentos abolicionistas, onde já existe uma proposta de liberdade mais explícita. Algumas pessoas viajavam para estudar na França, e lá não existia escravidão pelas ideias iluministas. Eles traziam essas ideias pra
cá depois de formados e por isso já vinham com a libertação na pauta. Aí se juntavam com os abolicionistas existentes e conseguiram chegar na liberdade. Mas na realidade não sabemos se fomos libertos ou não”.

4° SETOR – Nasceu a República e a luta por direitos

tucuruvi barracao2019 1“Nesse setor a gente já fala um pouco sobre a busca dos direitos de um povo. A proclamação da República é vista como um golpe militar na época da quebra do império. Mas para o povo era um simbolo positivista, porque era a esperança de melhorias né, afinal começava a ser implementada no Brasil uma filosofia mais democrática, e o povo viu que ele podia ir pra rua procurar os  seus direitos. Isso é quando as grandes indústrias começam a parar, as torres param de jogar fumaça porque o povo percebe que ele tem o poder, e aí conseguimos conquistar o CLT, que pro povo é uma grande conquista. Abordaremos movimentos como o tropicalista que não se deixou calar mesmo com a perseguição da ditadura, e seguiu falando o que queria. Falaremos também de um dos grandes grandes movimentos de representatividade que a gente tem no mundo que o movimento LGBT, que apesar de ser clichê é um dos maiores movimentos de vozes ativas no mundo”.

5° SETOR – Pintei a nação e fui pra rua

“No último setor tratamos da atualidade. A gente mostra que como o nosso sistema atual permanece, na realidade eu faço uma leitura que mostra que a gente tem voz novamente, com o impeachment do presidente Collor sabíamos que tínhamos vozes. Porém a gente se torna burro no momento que vendemos´o nosso voto, o individualismo faz com que a gente não pense no povo, e assim sucessivamente até se tornar marionetes. A gente trata da atual eleição na última alegoria onde a polarização foi o tema central de tudo isso. Somos filhos da esperança e buscamos isso diariamente, uma das únicas fontes de
amadurecimento do Brasil é a educação”.

Ficha Técnica
5 alegorias
22 alas
2.800 componentes
3 tripés

História do carnavalesco Dione Leite

“Comecei no carnaval faz muito tempo. Eu passei por comissão de frente, diretor, coreógrafo, tudo isso lá no Sul do Brasil. Eu sou gaúcho da cidade de Pelotas, toda a minha criação no carnaval é de lá. Até que em 2006 eu decidi me aventurar em São Paulo e viver um pouco do carnaval daqui. A paixão cada vez mais foi aumentando, fui me profissionalizando e aqui consegui entender mais como tudo funciona e isso me deixou deslumbrado. Já são 12 anos de estradas. Me afastei do carnaval, fiquei um pouco desiludido e comecei a trabalhar em um ateliê. A dona pediu pra que eu costurasse uma fantasia pra ela porque ela iria desfilar no Rosas de Ouro, ai eu pensei ‘poxa, como o carnaval me persegue’ né. O ateliê fechou e eu abri um próprio, onde acabei realizando um trabalho pra Dragões da Real e para Mocidade Alegre. Quando acabou o carnaval o presidente Tomate da Dragões me chamou pra conversar e pediu pra que eu fosse o auxiliar da Rosa Magalhães daquele ano. De lá pra cá foram 5 belos carnavais, ao sair da Dragões, a Acadêmicos do Tucuruvi entrou em contato comigo, e outras duas agremiações também. Mas optei pela Tucuruvi porque é uma escola que tinha acabado de passar pelo incêndio, tinha todo um processo de reconstrução, e é muito bom quando você está em um lugar onde as pessoas querem essa mudança”.

Desfiles de blocos de rua deste domingo são cancelados

Os desfiles de blocos de rua que aconteceriam neste domingo (10) foram cancelados para que a Prefeitura do Rio possa continuar os reparos necessários na cidade após o forte temporal da noite da última quarta-feira (6). Funcionários de diversos órgãos públicos, como a Comlurb, por exemplo, estão focadas na redução dos impactos da forte chuva. Além disso, os banheiros químicos que seriam instalados nos blocos deste período foram realocados para a Av. Niemeyer, para utilização das equipes que estão trabalhando no local.

Ao todo, a agenda de desfiles de blocos de rua do pré-carnaval, de quinta (7) a domingo (10), previa 12 desfiles. A Riotur ainda estuda a possibilidade de reagendar os cortejos.

Lista de blocos que desfilariam de quinta (7) a domingo (10):

Quinta-feira, 7 de fevereiro
GRBC Ninho dos Cobras – Centro

Sexta-feira, 8 de fevereiro
Badalo de Santa Teresa – Santa Teresa

Sábado, 9 de fevereiro
Black Sambá – Barra da Tijuca
Bloco Seu Kuka e eu do Grajaú – Grajaú
Casa dos Partideiros – Anil
Chame Gente – São Conrado
Os 20 de ouro do Mestre Odilon – Zumbi

Domingo, 10 de fevereiro
Associação Recreativa e Cultural Bloco Carnavalesco Unidos do Rego Barros – Santo Cristo
Banda Cultural do Jiló – Tijuca
Bloco das Divas – Recreio dos Bandeirantes
Bloco Só Caminha – Botafogo
Bloco Carnavalesco Xodó da Piedade – Piedade

Estácio de Sá recebe todas as escolas do Grupo Especial nesta sexta-feira

estacio quadraNesta sexta-feira, a partir das 22h30, a Estácio de Sá recebe no Berço do Samba os intérpretes, mestres de bateria e autores dos sambas-enredo campeões do carnaval deste ano, na Noite dos Campeões do Grupo Especial. A festa contará com a participação dos casais de mestre-sala e porta-bandeira de todas as agremiações. Os poetas homenageados receberão o troféu cantor e compositor Luiz Melodia.

A entrada custa R$ 30, mas comunidade com carteirinha ou sócios da escola não pagam. A classificação é 18 anos e o endereço é Rua Salvador de Sá, 206 – Cidade Nova. Em 2019, a Estácio de Sá será a terceira escola a desfilar no sábado de Carnaval, pela Série A. A vermelha e branca terá como enredo: A fé que emerge das águas, sobre a história de devoção do povo panamenho ao Cristo Negro de Portobelo e que está sendo desenvolvido pelo carnavalesco Tarcísio Zanon.

CET-Rio divulga esquema de trânsito para os ensaios técnicos no Sambódromo

    ensaio tecnicoEm virtude da realização dos ensaios técnicos das escolas de samba, que começarão a partir desse final de semana, no Sambódromo, a Prefeitura do Rio, através da CET-Rio e SMTR, montou esquema de trânsito e transportes para a realização desses eventos.

    As interdições acontecerão nesse domingo, dia 10/02/2019, a partir das 16h até às 02h do dia subsequente, nas seguintes vias:

    I – Avenida Presidente Vargas, pista lateral, sentido Centro, no trecho entre o entroncamento após a Rua Carmo Neto e a Rua de Santana;

    II – Rua Benedito Hipólito, no trecho compreendido entre a Rua Carmo Neto e o acesso a Avenida Trinta e Um de Março;

    III – Rua Afonso Cavalcante, no trecho compreendido entre a Rua Amoroso Lima e a Rua Carmo Neto;

    IV – Avenida Marquês de Sapucaí, no trecho compreendido entre a Avenida Presidente Vargas e a Rua Frei Caneca;

    V – Avenida Salvador de Sá, no trecho compreendido entre a Rua Frei Caneca (via junto ao BPChoque) e a Avenida Marquês de Sapucaí;

    VI – Acesso da Avenida Trinta e um de Março para a Avenida Salvador de Sá;

    VII – Via de ligação da Rua Frei Caneca, via paralela a Praça da Apoteose, para a Avenida Salvador de Sá.

    VIII – Via de retorno sob a Avenida Trinta e Um de Março, próxima a Rua Benedito Hipólito, sentido Túnel Santa Bárbara.

    IX – Rua Haroldo de Andrade, no trecho compreendido entre a Avenida Presidente Vargas e a Rua Benedito Hipólito.

    Será proibido o estacionamento de veículos nas seguintes vias:

    I – Rua Amoroso Lima, no trecho compreendido entre Rua Afonso Cavalcante e a Avenida Presidente Vargas;

    II – Rua Carmo Neto, Rua Heitor Carrilho e Avenida Marquês de Sapucaí;

    III – Rua Frei Caneca, no trecho compreendido entre a Rua Heitor Carrilho e o Túnel Martim de Sá;

    IV – Avenida Presidente Vargas, pista lateral, sentido Centro, no trecho compreendido entre a Rua Amoroso Lima e a Rua de Santana.

    O sentido de circulação do trânsito na Rua Amoroso Lima será invertido, no trecho compreendido entre a Rua Afonso Cavalcanti e a Avenida Presidente Vargas, sentido primeiro para a segunda.

    A Secretaria Municipal de Transportes irá solicitar reforço da frota de ônibus para atender o público que participará desses eventos.

    Thiago Brito é o novo reforço do carro de som da Paraíso do Tuiuti

    TuiutiAtual intérprete do Acadêmicos do Cubango, Thiago brito e o novo reforço do carro de som da Paraíso do Tuiuti para o carnaval do Grupo Especial em 2019.

    Revelado pela Caprichosos de Pilares, o intérprete já passou por grandes escolas como Unidos da Tijuca, Portela, Estácio de Sá e Salgueiro no Rio e Camisa Verde Branco em São Paulo.

    Jovem mas com vasta experiência, Thiago completa 10 anos como intérprete oficial e 15 anos de Sapucaí em 2019.

     

    Portela inaugura loja e exposição no Madureira Shopping

    aguia felipe araujoEm parceria com o Madureira Shopping, a diretoria da Portela inaugura, nesta sexta-feira, às 20h, uma loja no primeiro piso do centro comercial. Além de quiosque para venda de produtos oficiais da maior campeã do carnaval, o espaço promoverá sorteio de ingressos para eventos na escola, exposição de fantasias e atendimento ao sócio-torcedor. Outro grande destaque é a exposição de fotos “Personalidades da Portela”, que homenageia algumas das principais estrelas da Azul e Branco.

    “Estamos felizes em receber, novamente, a Portela em nossa casa. As duas marcas representam importantes ícones da região e expõem a felicidade e orgulho do nosso bairro”, diz Andreia Vidal, gerente de marketing do Madureira Shopping.

    A partir de sábado (09), os visitantes em geral já terão a chance de ver a exposição sobre os personagens portelenses. A produção e a curadoria são do fotógrafo Yuri Graneiro. “Fotografar os ícones do Carnaval 2019 e os baluartes da tão querida Portela é uma honra. É um grande presente também poder exaltar o enredo que homenageia Clara Nunes e o bairro que tem o shopping que adotei como minha segunda casa. Meu coração explode de alegria por perceber que essa exposição vem para comemorar meus 20 anos de trabalho com moda”, festeja Yuri.

    “Já são quatro anos de uma parceria vitoriosa entre a Portela e o Madureira Shopping. E estamos sempre buscando novidades para a loja. Agora, teremos uma bela exposição de fotos mostrando nossa gente, além de outras ações planejadas pelo nosso Marketing. Estão todos convidados a visitar o espaço”, completa Luis Carlos Magalhães, presidente da Portela.

    Terceira escola a desfilar na Segunda-feira de Carnaval, a Portela apresentará o enredo “Na Madureira Moderníssima, Hei Sempre de Ouvir Cantar uma Sabiá”. O tema exalta a eterna cantora Clara Nunes (1942-1983).

    Serviço:
    Loja da Portela no Madureira Shopping
    Endereço: Estrada do Portela 222, 1º piso
    Inauguração: Sexta-feira, dia 8 de fevereiro de 2019, às 20h
    Funcionamento: todos os dias, de 10h às 22h
    Entrada franca

    Carnaval de Rua: Ambulantes começam a retirar kits no sábado

    blocos rio2019Começa no sábado a retiradas de kits dos ambulantes cadastrados para trabalhar no Carnaval de Rua do Rio. Esta é a última etapa do cadastramento, que teve início em janeiro deste ano. Para fazer a retirada, os sorteados deverão apresentar Identidade e CPF, além de comprovante de residência no município do Rio de Janeiro em seu nome.

    A Dream Factory, empresa responsável pela execução do evento, espera receber 1.400 pessoas por dia, das 8h às 18h. Além da retirada dos kits – compostos por isopor com capacidade para 42 litros, credencial com foto, cordão e colete – os sorteados também passarão por palestras obrigatórias sobre noções de posturas municipais, legislação básica, forma de atuação da fiscalização e sobre as vedações e obrigações dos promotores de vendas.

    Os ambulantes credenciados para trabalhar no Carnaval de Rua do Rio terão autorização para atuar no período entre 9/2 e 10/3, exclusivamente durante os desfiles dos Blocos de Rua.