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Curso de capacitação em direção de Harmonia é lançado sob comando de Mauro Amorim

O fortalecimento do carnaval passa, necessariamente, pela qualificação de seus protagonistas. Pensando nisso, será lançado na próxima segunda-feirae, Maricá, sob a liderança do diretor Mauro Amorim, o curso de capacitação em direção de Harmonia, iniciativa que visa formar novos talentos para uma das funções mais estratégicas dentro das escolas de samba.

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mauro marica

O curso terá encontros semanais sempre às segundas-feiras, às 19h, com foco na troca de experiências, na prática coletiva e no aperfeiçoamento de quem sonha em comandar com responsabilidade e emoção os setores de harmonia nos desfiles. Mais informações na Rodovia Amarel Peixoto, 29024, Centro de Maricá.

“O crescimento do nosso Carnaval começa na base, na formação de quem faz a festa acontecer. Nosso objetivo é preparar ainda mais pessoas comprometidas com o samba e com os valores que sustentam o nosso pavilhão”, destaca Mauro.

Voltado para sambistas que desejam se capacitar para exercer funções de liderança com sensibilidade e técnica, o curso será iniciado já com as inscrições abertas no primeiro dia de aula. Os organizadores convidam todos os interessados a comparecer e trazer sua energia para esse novo momento de formação dentro do mundo do samba.

A iniciativa reforça a importância da profissionalização no Carnaval e abre portas para que novos quadros ocupem espaços de destaque nas agremiações, garantindo a continuidade e a excelência da maior manifestação cultural do país.

Imperatriz da Paulicéia anuncia saída da rainha Arie Suyane

A Imperatriz da Paulicéia, através de uma publicação nas redes sociais, anuciou a saída de Arie Suyane do posto de rainha de bateria. Veja abaixo a publicação da escola.

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Foto: Fábio Martins/CARNAVALESCO

“Comunicamos que a Arie Suyane @suyanearie não é mais nossa rainha de bateria, queremos agradecer por todos esses anos de dedicação a nossa escola e desejamos sorte em seus novos projetos”.

‘Inocentes precisava de reformulação nos segmentos para dar oxigenada, em busca do campeonato’, diz Reginaldo Gomes

A Inocentes de Belford Roxo vai levar para a Sapucaí um enredo com tema relacionado ao estado de Pernambuco, sendo a segunda escola a se apresentar na sexta de carnaval. O CARNAVALESCO conversou com Reginaldo Gomes, presidente da escola, sobre o próximo carnaval da Caçulinha da Baixada, tanto sobre o enredo quanto sobre as renovações da agremiação.

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Foto: Magaiver Fernandes/CARNAVALESCO

Ao falar mais sobre o enredo, Reginaldo comentou sobre a proposta, que deve seguir um olhar mais cultural e turístico, com foco também na cidade de Recife, capital do estado.

“A gente deu o tema, que é o estado, mas nós vamos falar da cultura de Pernambuco, vamos associar a união do frevo com o samba, falar sobre o Galo da Madrugada, a parte turística, e também vamos buscar, dentro da história, fatos que são relevantes para que a gente possa contar uma bonita história sobre o estado de Pernambuco — não só ele, mas também sobre a capital, Recife, que tem uma história muito rica e envolvida com o Nordeste do país”.

Com a escola se reformulando em busca do campeonato em 2026 e do acesso ao Grupo Especial, o presidente também falou sobre esse processo, destacando as renovações da agremiação nessa caminhada. Reginaldo ressaltou a necessidade da reformulação, independentemente da qualidade dos profissionais que compunham os segmentos.

“Começamos trazendo o Ito, que é um ícone do carnaval e um sonho nosso que parecia muito distante, mas conseguimos realizá-lo. A gente precisava fazer essa reformulação na escola. As pessoas que estavam eram de total confiança, mas já estavam há muito tempo, e era necessário dar essa oxigenada. Não que elas não merecessem continuar na escola, mas era preciso fazer essa mudança que está sendo feita. Já temos um novo casal, a Thainá e o Vinícius, o Ito vai comandar o carro de som. Estamos trazendo o novo coreógrafo da comissão de frente, o Sérgio Lobato, junto com a Patrícia. E o novo carnavalesco Edson Pereira também estará assinando o carnaval da Inocentes de Belford Roxo”.

Carlão celebra fase da Tom Maior e promete enredo marcante em 2026

Após comandar o retorno da Tom Maior à elite da folia paulistana, o presidente e mestre de bateria Carlos Alves, o mestre Carlão, marcou presença com a comunidade Vermelho e Amarelo na festa de definição da ordem dos desfiles do Carnaval de São Paulo, realizada em 17 de maio na Fábrica do Samba. A escola do Sumaré escolheu ser a sexta a se apresentar na segunda noite de desfiles do Grupo Especial, em 14 de fevereiro de 2026. A equipe do CARNAVALESCO conversou com mestre Carlão. Com o anúncio do novo enredo marcado para o dia 8 de junho, o presidente fez mistério, mas deixou no ar a promessa de um tema marcante.

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Foto: Fábio Martins/CARNAVALESCO

“O nosso enredo é, para mim, histórico. Vai ser uma surpresa agradável para todos os segmentos e para todas as comunidades, tenho certeza disso”, declarou.

Resgate da autoestima

A Tom Maior conquistou, com a reedição de “Uma Nova Angola” (2009), um resultado digno de um dos grandes clássicos do carnaval paulistano, coroado com o título do Grupo de Acesso I. Mestre Carlão acredita que a escola atingiu o desempenho máximo possível em 2025.

“Nós alcançamos o objetivo que traçamos e, com a graça de Deus, fomos como campeões. A comunidade ficou feliz, eu estou feliz, a família está feliz. A autoestima foi resgatada”, disse.

Além da presidência, Carlão comandou os ritmistas da “Tom 30” em mais uma apresentação de alto nível. O mestre demonstrou foco na continuidade do trabalho e na evolução do quesito para o próximo ciclo.

“É continuidade do trabalho. A bateria continua em uma crescente e nós vamos seguir trabalhando bastante. Se Deus quiser, vamos fazer uma outra grande apresentação”, concluiu.

Gabriel Castro assume como comandante da ala de pessistas da Vigário Geral

Gabriel Castro foi anunciado como novo comandante da ala de passistas do Vigário Geral para o carnaval de 2026. Professor de samba no pé com experiência internacional, Gabriel já levou a essência do ritmo brasileiro para 10 países e 3 continentes, sendo reconhecido por sua didática e carisma. Neto do saudoso mestre Telinho da Mangueira e afilhado de João Nogueira, ele carrega no sangue a paixão pelo carnaval.

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Foto: Divulgação/Vigário Geral

Além da nova missão no Vigário Geral, Gabriel segue como diretor de passistas da Unidos de Vila Isabel e coreógrafo da comissão de frente da Acadêmicos da Abolição. Ao longo de sua carreira, já passou por escolas como Império Serrano, Unidos de Padre Miguel, Arranco do Engenho de Dentro, União de Jacarepaguá e outras, sempre deixando sua marca de inovação e excelência.

A chegada de Gabriel ao Vigário Geral promete fortalecer ainda mais o segmento de passistas da escola. Com sua visão artística e amor pela cultura do samba, a expectativa é de um trabalho de alto nível técnico e grande impacto visual na avenida.

Camila Prins assume o posto de rainha de bateria da Unidos de Bangu

Camila Prins, que há mais de duas décadas leva a arte do samba e do carnaval para o mundo, foi anunciada como a nova rainha de bateria da Unidos de Bangu para o Carnaval 2026. A sambista ficará à frente da bateria “Caldeirão da Zona Oeste”, comandada pelo mestre Dinho.

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Foto: Divulgação/Bangu

Em 2018, Camila fez história ao se tornar a primeira rainha de bateria trans do Carnaval de São Paulo, desfilando pela tradicional Camisa Verde e Branco, onde permaneceu por dois anos. Em 2025, brilhou como rainha da Colorado do Brás.

Reconhecida internacionalmente, Camila também é a primeira rainha trans do Festival Internacional de Samba de Coburg, na Alemanha. No litoral paulista, já ocupou o posto de rainha de bateria LGBTQIA+ da Real Mocidade Santista, em Santos (SP).

A trajetória de Camila inclui passagens por diversas agremiações do Carnaval paulistano, como Acadêmicos do Tucuruvi, X-9 Paulistana, Águia de Ouro, Tom Maior, Unidos do Peruche, Unidos de Vila Maria, Vai-Vai, Nenê de Vila Matilde, Pérola Negra e Leandro de Itaquera. No Rio de Janeiro, desfilou como destaque no Império Serrano, Unidos da Tijuca e Porto da Pedra.

Animada com o novo desafio, Camila celebrou a recepção da escola: “Estou super ansiosa, vou dar o meu máximo. Quero curtir cada detalhe, conhecer o barracão, a comunidade e viver esse momento. Conheci a Bangu por meio da Pipa, que é como uma irmã para mim aqui na Suíça. Sou muito grata por esse espaço, pelo respeito e pelo carinho”, declarou.

‘Anti-herói Brasil’ é o enredo da Acadêmicos do Tucuruvi para o carnaval de 2026

Rumo ao carnaval de 2026, a Acadêmicos do Tucuruvi divulgou o seu enredo para o próximo desfile. A agremiação da Cantareira desfilará pelo grupo de acesso com o enredo “Anti-herói Brasil”, assinado pelo carnavalesco Nicolas Gonçalves e pelo enredista Cleiton Almeida. O tema pretende refletir sobre como o brasileiro tem uma forte conexão com a figura anti-heroica e com suas inadequações aos modelos ideais.

O enredo será uma celebração ao nosso povo que vive e luta em meio às contradições do país. Por meio de exemplos históricos, literários e cotidianos (como João Grilo, Macunaíma, mestres das ruas e trabalhadores subvalorizados), a agremiação mostrará que somos um país de heróis que não são os tradicionais, clássicos e superpoderosos; mas sim os que erram, caem, burlam e se esquivam. Heróis anônimos, frágeis e humanos, gerados pela informalidade.

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“A Tucuruvi defenderá na Avenida que somos uma nação de anti-heróis que às vezes vencem, às vezes fracassam, mas que continuam lutando porque acreditam em seu propósito. Tendo como provocação a frase “seja marginal, seja herói”, do artista brasileiro Hélio Oiticica, a escola cantará a vida de quem se faz herói mesmo que às margens, nas ruas e periferias da cidade, sob o descaso e a violência da oficialidade”, revela o carnavalesco Nicolas Gonçalves.

Em 2026, a Acadêmicos do Tucuruvi será a terceira escola a desfilar no domingo de carnaval, dia 15 de fevereiro, pelo grupo de acesso do carnaval paulistano. A escola pisará no Sambódromo do Anhembi em busca do seu retorno ao grupo especial em 2027.

Sinopse do enredo da Imperatriz Leopoldinense para o Carnaval 2026

SINOPSE DO ENREDO “CAMALEÔNICO”

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Foto: Leonardo Queiroz/Divulgação Imperatriz

Junto ao punhado de paetês e confetes que manuseio para soprar no carnaval que virá, enxergo aquilo que pode ser visto primeiro: algo que é homem e bicho. Um híbrido no limiar entre a fera selvagem e a face humana. Bicho-homem. Espécie de homem-pássaro que roubou um par de asas para seu voo sonoro. Criatura que, no pouso terreno, mascarou-se junto ao verde da mata e ao colorido dos hibiscos deixando-se fotografar entre penas e pedras, lantejoulas e plumas, troncos e raízes. Um animal em estado de transformação que te convida ao êxtase feroz. Algo que se revela nu. Vestido apenas com a sua pele. Mil peles. Pele de camaleão. Camaleônico.

Em cena, ele requebra diante dos caretas e quem o vê não sabe se é homem ou mulher. Colo coberto de pelo e boca tingida de carmim. Ventre masculino e olhos contornados com lápis negro. Timbre feminino que nasce na boca masculina. O cantar da vedete visto em um corpo másculo.  Escondido por detrás da máscara de tinta, ele é o instinto febril que não se pode dominar. Registro rebelde e surreal. O corpo que requebra em zigue zague. O sumo perfumado de uma América Sul-Americana pendendo em colares. Um xamã tupiniquim ornado de miçangas, penas de papagaio e delírios quiméricos.

Ele é o que guarda na voz. O grito que silencia quem impõe o silêncio. Aquilo que ainda pode ser ouvido quando as bocas estão amordaçadas. O vinil em giro na radiola. O doce e o amargo que se encontra no SECOS E MOLHADOS. A voz e a cabeça oferecida de bandeja como alimento poderoso junto ao que se come com a boca, os olhos e os ouvidos.

Inclassificável, ele é aquilo que se rasga para ser outro. O homem primitivo que desce à terra na gota d’água que transborda de um CÉU-PÁSSARO. O homem de Neanderthal coberto de crina e chifre que dá vez a um BANDIDO enfeitado com brinco de argola. O salteador de corações em desvario, gatuno das paixões e dos romances aventureiros. O bandido que é sucedido pelos que cobiçam a boneca, mordem a maçã, provam do veneno e flertam com o PECADO. Este último, por sua vez, derrama-se no FEITIÇO. O feitiço de um corpo nu, bandoleiro e cigano, que é visto em cavalgada em um cavalo alado. A voz dos que não tem voz. Corporificação de sujeitos não apreciados. Divindade que incorporou a subversão.  O grito dos loucos. A porção mulher dos malandros. O anjo safado. A iconografia dos marginais. A performance máscula dos afeminados. O canto dos desgarrados e sem paradeiro. A chave dos trancados nas gaiolas.

A voz que sarra a canção. O clamor das mulheres de Atenas. Aquilo que embala a balada que os loucos dançam e a jura de preferir não ser normal. Canção que é ferida aberta. Eco de uma bomba sem cor e sem perfume. O sangue que pinta com tinta escarlate o gemido de culturas latinas dizimadas. O chamado misterioso de um pavão que exibe a cauda aberta em leque. Voz lunar que desvenda a face oculta de um lobisomem que é visto entre fadas, corujas e pirilampos.

Ao virar sua face para a festa, ele nos banha com canções solares. Aquelas, de amores ensolarados que cantam para que o dia possa nascer feliz. As que animam os que andam nu. Convite para uma farra do lado de baixo da linha do Equador. Uma folia no matagal. Sem juízo e pecado. Farta e suada. Lambuzada. Com a tristeza pra lá e a todo vapor. Deleite para os vira-latas de raça. Pra quem quer botar o bloco na rua. De uma gente que não corre quando o bicho pega e, quando fica, sabe que o bicho come. Prazer e delírio em um jardim de delícias terrenas. Jardim tropical de acrobacias amorosas e travessuras desenfreadas. Retrato 3×4 do prazer erguido em purpurina. O doce da maçã e o veneno da serpente. O riso de quem não se faz de santo. Destino para aqueles que querem brincar, gingar e botar pra ferver (gemer).

Pesquisa, desenvolvimento e texto: Leandro Vieira

1. O texto introduz a corporificação de ideais de liberdade a partir da perspectiva hibrida adotada pelo homenageado na construção de seu personagem público. O parágrafo flerta com declarações do artista que, incontáveis vezes, assumiu não querer ser limitado por definições. Sua intenção particular inaugural era ser visto como um bicho localizado no limiar entre o estado animal fantástico e a porção humana de forma ambígua e ambivalente.

2. O recorte textual remete ao surgimento da figura de Ney Matogrosso no imaginário brasileiro tendo sua independência comportamental como mote para a apresentação de uma persona performática que incorporou a androginia e a estética sul-americana com toques surreais como material criativo. Há ainda a menção à sua estreia como vocalista do Secos & Molhados, tendo como foco o icônico LP (e a histórica capa) lançado em 1973. Em linhas gerais, um marco de suas performances históricas e vitrine para a sua consagração como um dos maiores artistas brasileiros.

3. Historicamente, as figurações incorporadas pelo artista em seus quatro primeiros discos e shows (pós SECOS & MOLHADOS) são a base que edificam a imagem de Ney Matogrosso como um artista transgressor e libertário de forma definitiva. No texto, em sequência, são mencionados os LPs ÁGUA DO CÉU-PÁSSARO (1975); BANDIDO (1976); PECADO (1977) e FEITIÇO (1978). Como dito, trabalhos de carreira que apontam escolhas estéticas e musicais que flertam com a provocação moral e a teatralização da libido sexual aproximando a figura pública de Ney à personificação de sujeitos não apreciados, localizados à margem dos padrões sociais vigentes em meio a um ambiente de forte repressão.

4. O parágrafo lança luz em sucessos musicais de uma das mais importantes personalidades da MPB. Dono de uma obra tão sofisticada quanto seleta, Ney é considerado um pescador de pérolas quando o assunto é seu repertório particular. Sem preocupação cronológica, a menção a clássicos do artista é realizada como uma espécie de pot-pourri sonoro e visual onde suas canções guiam a produção das imagens sugeridas pelo texto. Em sequência, sucessos inquestionáveis como MULHERES DE ATENAS (Chico Buarque e Augusto Boal); BALADA DO LOUCO (Arnaldo Baptista e Rita Lee); ROSA DE HIROSHIMA (Poema de Vinícius de Moraes musicado por Gerson Conrad); SANGUE LATINO (João Ricardo e Paulinho Mendonça); PAVÃO MYSTERIOZO (Ednardo) e O VIRA (João Ricardo e Luli).

5. Por fim, é sugerida uma festa imagética permissiva e ensolarada que faz do espírito transgressor e livre do artista homenageado o mote para o desfecho narrativo. Trata-se de um convite ao desfrute das delícias e dos prazeres capitaneados pelo discurso estético e performático de Ney Matogrosso ao longo de toda a sua carreira em ambiente carnavalesco, afirmativo, libertário e provocador. No trecho, como ilustração alegórica, o texto cita livremente canções afinadas com o perfil descrito anteriormente. São elas: PRO DIA NASCER FELIZ (Frejat e Cazuza); NÃO EXISTE PECADO AO SUL DO EQUADOR (Chico Buarque e Ruy Guerra); FOLIA NO MATAGAL (Eduardo Dussek e Luiz Carlos Góes); VIRA LATA DE RAÇA (Rita Lee e Beto Lee); HOMEM COM H (Antônio Barros e Cecéu) e EU QUERO É BOTAR MEU BLOCO NA RUA (Sergio Sampaio).

BIBLIOGRAFIA

“Vira-Lata de raça” – Ney Matogrosso e Ramon Nunes Mello – Tordesilhas. Ano 2018 / “Ney Matogrosso: Abiografia” – Julio Maria – Companhia das Letras. Ano 2021 / “Da resistência à repressão. Anos 70/80” – Zuenir Ventura – Aeroplano. Ano 2000 / “Mal necessário – a androgenia animal de Ney Matogrosso” – Pamêla Keiti Baena – Revista brasileira de estudo homocultura. Ano 2023 / “Ney Matogrosso… Para além do bustiê: Performances da contraviolência na obra BANDIDO (1976/1977)” – Robson Pereira da Silva – A PPRIS. Ano 2000 / “O personagem marginal em Ney Matogrosso… Para além do bustiê” – Jessica Ferreira Alves – UFMS. Ano 2022 / “Sangue latino no palco: Nuances de decolonialidade na arte de Ney Matogrosso” – Roberto Remígeo Florêncio e Pedro Rodolpho Jungers Abib – Portal de periódicos de UEMS. Ano 2019

CONSULTA MUSICAL

LP “Secos & Molhados” – 1973 – Gravadora Continental/ LP “Secos & Molhados ll” – 1974 – Gravadora Continental / LP “Água do céu-pássaro” – 1975 -Gravadora Continental / LP “Bandido” – 1976 – Gravadora Continental / LP “Pecado” – 1977 – Gravadora Continental / LP “Feitiço” – 1978 – Gravadora WEA / LP “Sujeito estranho” 1980 – Gravadora WEA / LP “Ney Matogrosso” – 1981 – Gravadora Ariola / LP “Pois é” – 1983 – Gravadora Ariola / LP “Pescador de pérola” – 1987 – Gravadora: CBS / CD “Estava escrito” – 1994 – Gravadora Polygram / CD “Olhos de farol” – 1999 – Gravadora Polygram / CD “Inclassificáveis” – 2008 – Gravadora EMI / CD “Bloco na rua” – 2019 – Gravadora Som Livre

‘É tempo de recomeçar’: componentes da Portela projetam esperanças e prioridades para a nova gestão

No último domingo, a Portela reafirmou uma de suas marcas mais simbólicas: a força de sua comunidade. Com 651 votos registrados entre os 801 sócios aptos a votar, a eleição da nova gestão mostrou que o destino da escola continua sendo decidido por quem vive, frequenta e ama a agremiação de Oswaldo Cruz e Madureira. A vitória da chapa 2 – Portela Raiz, com 350 votos contra 301 da adversária “Supera Portela”, marcou o início de um novo ciclo. Júnior Escafura assume a presidência, ao lado de Nilce Fran como vice e de Vilma Nascimento, a eterna porta-bandeira, como presidente de honra. A retomada de nomes históricos sinaliza um reencontro entre passado, presente e futuro da Águia Altaneira — e o desejo de sua comunidade de recomeçar.

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Foto: Divulgação/Portela

“Desde pequeno, a gente já chamava ele de presidente”, lembra Muguinho, ritmista da Tabajara do Samba, que há 30 anos vive a escola por dentro. “Quando o carro de som dizia que o desfile estava autorizado, eu imaginava: ‘Luís Carlos Escafura Júnior, está autorizado o seu desfile’. Agora é real”, declarou. Para ele, o momento é de confiança absoluta: “Não vai faltar amor, não vai faltar dedicação, não vai faltar responsabilidade”, disse sobre sua expectativa para a nova gestão da escola.

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Muguinho, ritmista da Tabajara do Samba

Esse sentimento atravessa gerações. Macaulay Silva, de 27 anos, passista da Portela, vê na eleição uma chance real de mudança — não só administrativa, mas também emocional. “A Nilce é minha diretora. Ela pulsa Portela. A gente precisava de gente assim, que veste a camisa. Agora é cabeça no lugar, planejamento e voltar a sorrir como a gente deveria”, afirmou.

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Macaulay Silva, de 27 anos, passista da Portela

E é justamente esse sorriso coletivo que parece ser o desejo mais recorrente entre os portelenses. “A gente sorri sempre, mas agora é hora de sorrir de verdade”, reforçou Macaulay.

Luciana Divina, de 52 anos, baiana da Portela há cinco anos, enxerga o momento como reflexo de uma construção coletiva: “Foi a eleição da democracia. Os portelenses falaram com clareza. Queriam renovação. E não foi uma renovação de nome: foi uma renovação com base, com chão, com gente da Jaqueira. Quem é da Jaqueira não estava satisfeito. E agora está”, declarou.

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Luciana Divina, de 52 anos, baiana da Portela há cinco anos

Entretanto, as urnas não encerram o trabalho — ao contrário, inauguram uma urgência. Para Muguinho, a primeira tarefa da nova gestão é clara: definir o enredo e o carnavalesco. “Já tinha que estar na agulha. Está em cima. Tem que pensar no samba, nas composições… Não dá pra correr atrás depois”, afirmou o ritmista.

Macaulay concorda, mas enxerga algo mais profundo: a reestruturação financeira. “Isso pesa. Afeta o desfile, afeta o planejamento, afeta o barracão. Sem dinheiro, não tem Carnaval — e, sem Carnaval, a Portela não é ela mesma”, disse. Ele mesmo tem um desejo para o enredo: “Uma pegada africana. Afro. É a cara da Portela. Vai dar certo”, afirmou o passista.

Flavinho Dance, de 18 anos, criado no projeto Samba para Sempre, fala com entusiasmo sobre o futuro. “Seja qual for o enredo, o que importa é a comunidade cantar. A Portela tem que voltar pro lugar dela”, disse.

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Flavinho Dance, de 18 anos, criado no projeto Samba para Sempre

Mesmo com o entusiasmo, há quem aponte o que não pode ser esquecido. Flavinho, por exemplo, destaca a necessidade de modernizar a comunicação da escola. “Precisa de marketing, de redes sociais mais fortes. Hoje tudo é rede. E podia reformar a quadra também — não só pra gente, mas pra quem vem de fora ver a Portela”, apontou.

Luciana ampliou a reflexão: “A gente não pode mais se contentar com pouco. A Portela não é escola de meio de tabela. E mais do que resultado, a gente precisa de espetáculo. Carnaval é arte. E arte tem que emocionar, tem que ensinar. A Portela é cultura viva”, declarou a baiana.

Mesmo com o desejo de mudança, há muito que se quer manter. “A garra da comunidade. É isso que tem que continuar: amor, dedicação”, disse Muguinho. Walcir Costa, de 70 anos, torcedor há 20, reforça os nomes da escola que, a seu ver, devem ser mantidos: “Tem que manter o casal. A Squel e o Marlon são maravilhosos. E a bateria… Até agora, não tenho o que falar — apenas que continuem”, afirmou.

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Walcir Costa, de 70 anos

No fim do dia, depois da apuração e dos abraços, ficava no ar a sensação de recomeço. Não uma ruptura, mas uma retomada do que a Portela tem de mais profundo: a voz da sua comunidade. Como sintetiza Macaulay: “A diretoria pode mudar, mas o espírito da Portela a gente carrega. Eu sou de Nilópolis, mas aprendi a ser Portela. A Portela é felicidade — e agora é hora da gente ser feliz de verdade”, finalizou.