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MOCIDADE 2020: APRESENTAÇÃO DA PARCERIA DE SANDRA DE SÁ

Compositores: Sandra de Sá, Igor Vianna, Dr. Márcio, Solano Santos, Renan Diniz, Jefferson Oliveira, Professor Laranjo e Telmo Augusto
Intérpretes: Sandra de Sá, Igor Vianna e Wantuir

Lá vai, menina
Lata d’água na cabeça
Esqueça a dor que esse mundo é todo seu
Onde a “água santa” foi saliva
Pra curar toda ferida que a história escreveu
É sua voz que amordaça a opressão
Que embala o irmão
Para a preta não chorar
Se a vida é uma “aquarela”
Vi em ti a cor mais bela
Pelos palcos a brilhar

É hora de acender no peito a inspiração
Sei que é preciso lutar com a armas de uma canção
A gente tem que acordar, da “lama” nasce o amor
Quebrar as “agulhas” que vestem a dor

Brasil, esquece o mal que te consome
Que os filhos do planeta fome
Não percam a esperança em seu cantar
Ó nega, “sou eu que te falo em nome daquela”
Da batida mais quente, o som da favela
A resistência em oração
“Se acaso você chegar” com a mensagem do bem
O mundo vai despertar, Deusa da Vila Vintém
És a estrela…
Meu povo esperou tanto pra revê-la

Laroyê ê mojubá… liberdade
Abre os caminhos pra Elza passar… canta Mocidade!
Essa nega tem poder, é luz que clareia
É samba que corre na veia

MOCIDADE 2020: APRESENTAÇÃO DA PARCERIA DE PC FEITAL

COMPOSITORES: Paulo César Feital, Domenil Santos, Denílson do Rozario, Léo Peres, Marcelo Casa Nossa, Alex Saraiça, Carlinhos da Chacará e Thiago Castro
INTÉRPRETE: Zé Paulo Sierra

Cantar, cantar é minha vida
Eu vou cantar enquanto houver eternidade
Estrela de moça bonita
A cintilar por sobre o céu da Mocidade

Senhor, eu venho do planeta fome
Uma negra brasileira de estirpe altaneira
Não devo nada a ninguém
Sou Elza
Da resistência sou herdeira
Na opressão fui combatente
Já nasci independente
Perto de Vila Vintém
As Elzas são Zuzu Angel também
Perdemos nossos filhos pra maldade
Minha arma é minha voz
Eu canto a dor de um país
Sou contra qualquer algoz dessa raiz
Eu peço pras mulheres tolerância e igualdade
Clamem pela liberdade

Ó Senhora do destino luz da minha Santa Sé
Madre olhai nossos meninos
Pois pra mim Deus é mulher
Ó mãe salve a carne preta que das cinzas ressurgiu
Protegei da violência as mulheres do Brasil

Tornei-me enfim, diva da nobreza
Pro meu olhar “caetanear” delicadezas
De New Orleans
Um trompete gritava por meu nome
A minha gratidão por esse homem
Que veio como eu do mesmo gueto
Propondo um dueto entre o samba e o jazz
Samba…
Nos pés a “alegria do meu povo”
E a Padre Miguel peço de novo, luz e Paz

MOCIDADE 2020: APRESENTAÇÃO DA PARCERIA DE ZÉ GLÓRIA

COMPOSITORES: Zé Glória, J.Giovanni, Fabiano Alcântara, André Baiacu, Paulo Ferraz, Beto Br, Dr. Castilho e Igor Leal
Intérprete: Tinga
Participação Especial: Marcelle Motta

SAMBA! SAMBA! SAMBA! (ÊÊ)
A VOZ DA RESISTÊNCIA IMPERA
SALVE A MINHA MOCIDADE!
COM PRAZER SOU ELZA
A FLOR DA FAVELA

Eu canto… Pra saciar esse meu apetite
E o pranto não silencia o que sai da garganta
Da lama o verbo mais louco encontra a lata
E Santa da água que faz aquarela
Voz de rouquidão singela

Passado… Que a ferro e fogo foi forjado
A carne mais barata do mercado
Fez de mim mulher menina

Sina… Tanto apanhar da vida
Beijo do destino, a sorte
Dor que me tornou mais forte

VIREI A DENÚNCIA O PÉ NA PORTA
A DECEPÇÃO DE QUEM NÃO SUPORTA
A VOZ DOS SEM VOZ, DE GENTE SEM NOME
DE TANTAS MARIAS DO PLANETA FOME

Sou eu…
Resiliência em meio a tantos nãos
Meu sobrenome é revolução
Eis aqui o teu avesso que aflora
Meu nome é agora
E agora nós vamos à luta quebrar as correntes
Tornar nossas Nildas mais independentes
Ser crença e fé ser o que quiser
Sou a Deusa dessa gente
Tenho a cor que incomoda
O revide inteligente
Dos que estão fora de moda
Sou a Deusa dessa gente
Que das cinzas toma rumo
O poder em verde e branco
Pra sambar no fim do mundo

MOCIDADE 2020: APRESENTAÇÃO DA PARCERIA DE JEFINHO RODRIGUES

Compositores: Jefinho Rodrigues, Diego Nicolau, Marquinho Índio, Ricardo Simpatia, Jonas Marques, Richard Valença, Orlando Ambrosio e Cabeça do Ajax
Participação especial: Ellen Oléria
Intérpretes: Igor Sorriso e Diego Nicolau

Preta sim!
Porque a dor da favela
É a cor da mazela
Que há em mim
Fiz de sua bandeira
A mais verdadeira luta
Onde o que se cala
Até hoje é senzala
Meu lugar de fala e fim
Medo não…
Assina a coragem
Em teu sobrenome
Menina magrela
Manchou a aquarela do homem
Na imagem que choca
O talento provoca
E evoca o Planeta Fome

Canta, mulher!
A rouca liberdade
Moça, mulher!
Poder e igualdade
Ergue essa voz
por todos nós
Haja o que houver
(Canta mulher)

Iê minha nega é feitiço
Catiço de vela
É reza na missa
Exu Sentinela
Tambor que atiça a revolução
Se a vida por pernas tortas
Reabre as portas
Na estrela guia
É força estranha
O grave que arranha a hipocrisia
Na carne um corte profundo
Espelho pra Vila Vintém
Até o fim do mundo
Ninguém solta a mão de ninguém

Deusa resistência
Negra entidade
Dom que fundamenta a brasilidade
Por todo canto que “Soares”, Elza
Salva a Mocidade, Minha Mocidade!
(É Preta…)

Ouça o samba-enredo da Unidos da Ponte para o Carnaval 2020 na versão do CD

Compositores: Márcio de Deus, Orlando Ambrósio, Marcelo Lepiane, Serginho Rocco, Dudu Senna, Domenil, Renan Diniz, Dr. Márcio, JB Oliveira, Thiago Baiano, João Perigo e D’Souza
Intérprete: Leandro Santos

No “Caos” divinal a inspiração
Aos “Astros” sublime adoração.
Relembrei a melodia
De um partido da antiga
A vida… um acorde da canção!
Ahhh.. se os “Deuses” falassem
E os versos guardassem a “Lua” no céu
Na eterna boemia
Reviver em poesia
Um samba que escrevi neste papel.

Pego a viola sem pensar na minha dor
Qual é o preço meu senhor? Me diga!
Beber da “fonte” mudar o meu destino
Voltar a ser menino e eternizar a vida.

Areias ao vento, escritas na história
Muralhas erguidas
Constroem memórias
Passado dedicado a obras imortais
Futuro guardado por meus ancestrais
Ponte… tú és o elo da eternidade
Ponte o tempo voa, vai deixar saudade
Hoje a natureza ainda canta
De um simples “Baluarte” à se emocionar
No firmamento: sonhos Que fizeram meu sonhar.

(Eu sonhei..)
Sonhei que um dia
Ao ver meu povo na avenida
Eu tive a certeza do meu lugar
Se o samba agoniza, a Ponte eterniza
A razão do meu imaginar

Unidos da Ponte apresenta samba para 2020 e integrantes garantem outro grande desfile

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A Unidos da Ponte apresentou na noite deste domingo em São João de Meriti o seu samba-enredo para o Carnaval 2020. A obra foi composta pelos poetas Márcio de Deus, Orlando Ambrósio, Marcelo Lepiane, Serginho Rocco, Dudu Senna, Domenil, Renan Diniz, Dr. Márcio, JB Oliveira, Thiago Baiano, João Perigo e D’Souza. Eles foram convidados pela diretoria da agremiação pelo bom desempenho do samba composto por eles que deu à escola o acesso em 2018.

O evento recebeu personalidades do carnaval, como a diretoria da Lierj e da Liesb, além de sambistas de outras escolas. A Unidos de Padre Miguel se apresentou na quadra após a apresentação oficial do samba da Ponte. Depois de um grande desfile em sua volta ao Sambódromo debaixo de muita chuva, os integrantes da Unidos da Ponte garantem melhorar o desempenho no ano que vem.

Carnavalesco diz que eternidade está atrelada ao legado

Estreante no Sambódromo em 2020, o jovem Lucas Milato tem a missão de repetir o belo carnaval da Unidos da Ponte em 2019, quando muito prejudicada pela chuva, a escola fez um bom papel e se manteve na Série A. Foi com Milato que a Ponte garantiu o acesso de volta ao Sambódromo em 2018. Ansioso, ele fala ao CARNAVALESCO do frio da barriga pela estreia no Sambódromo, mas ressalta que sempre almejou esse momento.

“Nós que somos apaixonados por carnaval almejamos sempre algo muito grande. Desde a Intendente eu sonhava com essa oportunidade de desenvolver um projeto na Sapucaí. É claro que rola uma apreensão mas o prazer é muito maior. A Ponte fez um carnaval grandioso para quem acabava de subir esse ano e nosso desafio é melhorar essa impressão deixada”, conta.

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O artista ressalta ainda que embora o enredo tenha cunho abstrato, pois vai falar da eternidade, o desenvolvimento na avenida será bastante objetivo. Lucas adianta que a velha-guarda de São João de Meriti irá representar na avenida o ele entre o passado e o futuro, encerrando o desfile da escola.

“A gente vai propor uma reflexão da relação da humanidade com a eternidade. O desenvolvimento é concreto, com uma amarração bem feita. Nossa mensagem final é meu xodó, quando dizemos aos sambistas que nossa eternidade é o samba. Nossa velha guarda será o elo do passado com o futuro, por toda a importância deles. A eternidade está muito mais ligada ao legado deixado do que algo físico”.

Samba é baseado em baluarte fictício que busca eternidade, diz compositor

A criatividade dos poetas autores da obra da Unidos da Ponte para o Carnaval 2020 estará materializada no samba através de um baluarte fictício que busca a eternidade, conforme diz à reportagem do CARNAVALESCO, João Perigo um dos integrantes da parceria encomendada.

“Com certeza é diferente fazer samba encomendado. É minha primeira experiência nesse sentido. A principal diferença em relação à uma obra para disputa é que é uma confecção mais direta. O samba foi construído em cima da ideia de um baluarte da Ponte, fictício, que busca a vida eterna. Ele tenta falar com os deuses, até que percebe que as pessoas não são eternas, mas o legado sim. Aí, ele observa que o que vai deixar para a Ponte o fará eterno. Citamos a obra de 1983, ‘Eles verão a deus’. É um samba que se tornou eterno”, explica.

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Outro poeta na parceria escolhida pra a encomenda é Márcio de Deus. Ele corrobora com a opinião do parceiro e acrescenta que o sonho de todo sambista é ser eternamente lembrado por aquilo que fez por sua escola de samba.

“Samba para um escola do Sambódromo é a primeira vez. Fomos convidados por termos sido campeões em 2018, dando quatro 10 para a escola, ajudando no acesso. É uma responsabilidade maior do que inscrever um samba. O samba precisa não ser questionado. O enredo da escola é muito bonito, chega a ser filosófico. Tentamos focar em como o sambista busca eternizar o seu nome no mundo do samba. Não é fama ou dinheiro, mas reconhecimento. Optamos por seguir esse caminho do baluarte que sonha ser eterno. A obra ficou muito poética, apelando pra um aspecto emotivo”.

‘Vamos brigar lá em cima’, diz presidente

Foram 13 anos sem desfilar no templo sagrado para todo sambista, o Sambódromo. Mas a Unidos da Ponte não sentiu qualquer dificuldade em voltar a passar entre grandes escolas e conseguiu a manutenção na Série A. O presidente Rosemberg Azevedo ressalta que o objetivo para o ano que vem será a briga na parte de cima da tabela.

“O objetivo de 2019 foi cumprido, que era permanecer. Para 2020 é buscar a afirmação e brigar bem. A chuva que enfrentamos e o nosso desfile deixam claro que agora a gente vem para brigar em cima, não será embaixo não”, promete.

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Rosemberg falou ao CARNAVALESCO sobre a opção pela encomenda de samba. Sem quadra, a escola ensaia e realiza eventos em uma casa de shows às margens da Via Dutra, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. O presidente destaca que a opção pela encomenda segue a tendência da Série A com relativo sucesso, além do aspecto financeiro.

“Tentamos viabilizar algo que evitasse gasto para os compositores. É um modelo que vem dando certo em outras coirmãs e decidimos fazer essa aposta. Estou muito esperançoso em um belo carnaval de nossa escola novamente”.

Um dos integrantes de carnaval, Buruga, faz coro com as palavras do presidente, minimiza as perdas financeiras e garante eventos duas vezes por mês.

“Nossa intenção é brigar em cima e as pessoas podem apostar que isso irá acontecer. Essa questão financeira é algo enfrentado por todas as escolas, ninguém sofre mais ou menos. A nossa intenção é iniciar os ensaios a partir de novembro e além disso realizar ao menos dois eventos mensais aqui no nosso espaço em Meriti. Vamos realizar ensaios de rua também”, promete.

Mestre Vitinho diz que samba é um dos melhores com os quais já trabalhou

O mestre Vitinho estreou no Sambódromo no desafiador desfile da Ponte no carnaval deste ano. Mesmo perdendo dois décimos (três sem considerar o descarte) o ritmista analisa como bom o desempenho em seu primeiro ano como mestre de bateria no Sambódromo.

“Para mim foi muito gratificante esse ano, debaixo dessa chuva, eu fui abraçado como filho e é muito difícil o trabalho, pois a gente ensaia em Madureira e não em São João de Meriti. Vamos tentar melhorar para o ano que vem”, garante.

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Os ensaios acontecem na Portelinha, em Madureira, pois Vitinho é cria da Portela. Ousado, o mestre faz mistério sobre o que vai apresentar no ano que vem mas garante que pretende impactar a avenida. Ele considera o samba da escola um dos melhores que já trabalhou.

“O enredo é ‘Elos para eternidade’. Eu pretendo fazer algo que eternize a avenida. A Ponte já fez isso em outros carnavais e a gente vai resgatar. Vamos sair com 230 ritmistas. Eu acho que conhecer o samba com antecedência me faz sair na frente, em relação ao trabalho. Se pode ser feito, porquê não? É um dos melhores sambas que já trabalhei”, frisou.

Casal troca a coreógrafa para 2020

Depois de passar pelo teste de fogo inicial que foi a estreia na avenida como primeiro casal, debaixo de uma chuva torrencial, o casal Yuri Souza e Camylinha Nascimento decidiu realizar algumas mudanças no trabalho. A porta-bandeira conta que a coreógrafa será trocada devido à uma proposta de trabalho recebida pela mesma.

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“Foi uma experiência inexplicável. A responsabilidade de defender o pavilhão principal é enorme. Apesar daquele temporal, que você não tem como prever, achamos que passamos bem. Serviu como aprendizado e experiência. Vamos fazer alterações, em termos de coreografias e treinamento. Temos uma equipe a nos dar suporte e algumas coisas vamos mexer. Vamos trocar a coreógrafa, pois ela foi convidada para outro trabalho”, explica.

Intérprete revela que samba é resgate de grandes poesias do passado

Lico Monteiro vai ter a responsabilidade de conduzir sozinho o desfile da Unidos da Ponte em 2020. Desde 2014 na escola, ele já foi o intérprete oficial nos carnavais de 2016, 2017, 2019 e agora em 2020. O cantor revela muita gratidão à escola pela oportunidade.

“Eu tenho uma história com a Ponte, desde 2014. Tive uma saída apenas em 2015, mas desde esse período estou nos quadros da escola. Ano passado foi muito especial pois retornávamos à Sapucaí, debaixo daquela chuva, um desfile emocionante. Foi um orgulho imenso ter feito parte desse desfile. Esse ano a escola optou por me manter sozinho. Tenho eterna gratidão pelas oportunidades que recebi aqui”, diz.

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Embora não esteja assinando a obra ao lado dos compositores, como intérprete da Ponte, Lico teve contato direto com a confecção da obra e adianta ao CARNAVALESCO que a composição cumpre a missão de resgatar grandes sambas da história da escola de São João de Meriti.

“O samba é muito bonito. O povo meritiense está voltando a frequentar a escola. Temos um espaço próprio para ensaios e isso nos dá muita força. Tive contato direto com o samba, ajudando a compor. Desde o início até o fim. O nosso samba é rico em poesia e melodia, tem pontos de muita beleza, desde o começo. Eu destaco a primeira da obra, que conta todo o cronograma do desfile. Vai mexer com a emoção do componente. É um resgate das grandes poesias da Ponte do passado”.

Com o enredo ‘Elos para a eternidade’, a Unidos da Ponte será a terceira escola a desfilar na sexta-feira de carnaval da Lierj em 2020. Em 2019 a azul e branca terminou na 10ª colocação.

Galeria de fotos: Unidos da Ponte apresenta samba para o Carnaval 2020

Após falar que ‘estava deixando a escola’, Vera explica caso e segue como presidente do Império Serrano

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No início da noite deste domingo, a presidente do Império Serrano, Vera Lúcia, se pronunciou através da assessoria de imprensa da escola e informou que segue no cargo, mesmo após ter anunciado em seu discurso antes do anúncio do samba campeão para o Carnaval 2020 que “estava deixando a escola”.

A nota abaixo explica o posicionamento da dirigente imperiana.

A presidente Vera Lucia Correa não renunciou ao cargo e que jamais existiu esse hipótese. Vera ao se manifestar sobre o seu descontentamento com o resultado apenas exclamou que iria se retirar daquele momento solene de anuncio do resultado. Vera foi enfática ao dizer que foi voto vencido e, isso é normal em uma escola de samba que preza pela democracia. Porém, ela não se sentiu confortável para estar no palco no momento do anuncio, estava bem decepcionada com a sua derrota. Mas a presidente afirma que o seu mandato segue normalmente e que irá cumpri-lo até maio de 2020, quando acontecem novas eleições. Vera, apesar da derrota, tem total apoio de sua diretoria e segue firme no projeto para o carnaval 2020. Oportunamente, a diretoria vem lamentar imensamente toda a confusão ocorrida no final do evento. Entendemos perfeitamente o descontentamento de todas as parcerias derrotadas e reconhecemos que existem momentos de descompasso no comportamento, mas devemos refletir sobre novos episódios e devemos sempre zelar pela integridade física do próximo. Nenhuma medida será tomada contra os compositores, pois não foram identificados em nenhum momento da confusão. Apenas pedimos maior compreensão e paz em nossa quadra, pois poderíamos ter tido um número grande de feridos e que isso não é o perfil de nossos eventos. A festa estava linda e assim deverá ser sempre“.

Vídeo: Discurso da presidente e anúncio do samba campeão do Império Serrano

‘Imperiana presente’: Lucas Donato é penta e Aluísio Machado vence pela 14ª vez no Império Serrano

Por Guilherme Ayupp e Lucas Santos. Fotos: Allan Duffes

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O Império Serrano escolheu na madrugada deste sábado para domingo o hino oficial para o seu desfile no Carnaval 2020. Depois de não realizar disputa em 2019 e voltar a desfilar na Série A no ano que vem, a escola voltou a promover o concurso. Os compositores Aluísio Machado, Lucas Donato, Senna, Matheus Machado, Luiz Henrique, Thiago Bahiano, Beto BR, Rafael Prates e Renan Diniz foram os vencedores. Outras três obras disputavam a grande final. O Império Serrano será a última escola a desfilar na sexta-feira de carnaval com o enredo ‘Lugar de mulher é onde ela quiser’, do carnavalesco Júnior Pernambucano.

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Cenas lamentáveis e que não condizem com a grandeza do Império Serrano aconteceram após o anúncio do resultado. Ao se manifestar contrária à escolha (por 6 votos a 3) a presidente Vera Lúcia disse que estava “deixando a escola”. A declaração incitou as pessoas e uma briga generalizada ocorreu na quadra, com mesas e cadeiras voando na direção do palco enquanto os compositores vencedores celebravam a vitória. Integrantes da harmonia da escola se feriram na confusão. O samba escolhido foi cantado rapidamente e antes das 04h30 a quadra começou a ser esvaziada.

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Formada por uma mescla que reuniu o vitorioso Aluísio Machado, compositor campeão pela 14ª vez na escola e autor de clássicos do Império como ‘Bum Bum Paticumbum Prugurundum’, ‘Eu quero’, ‘Verás que um filho teu não foge à luta’ e ‘O Império do Divino, a parceria consagra também Lucas Donato, vencedor pela quinta vez seguida, já quem em 2019 não houve concurso. Matheus Machado, neto de Aluísio e primeiro mestre-sala da escola, vai vivendo um ano especial com seu primeiro samba na escola. Senna vence pela terceira vez e Beto BR pela segunda. Os demais compositores sagraram-se campeões pela primeira vez.

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“Hoje eu saí de casa, pensando em fazer história. Empatei com o meu avô. Ele ganhou cinco e eu hoje cheguei na quinta. É a maior emoção da minha vida. Essa vitória eu dedico a minha mãe e minha vó que me criaram. Foram a inspiração para eu fazer esse samba. Eu sabia que isso ia acontecer. Eu tinha convicção que a minha escola ia me honrar. Sem palavras”, afirmou o compositor Lucas Donato.

Mestre-sala e também compositor faz história

O samba foi defendido na quadra por Emerson Dias e Grazzi Brasil. A bateria cantou bastante o samba antes de subir o ritmo. A composição apostou em uma melodia mais valente, o que contagiou alguns integrantes fora da torcida no centro da quadra. A bateria fez bossa durante a apresentação, valorizando ainda mais a obra.

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“Graças a Deus. Acredito que eu esteja fazendo história. Não só no carnaval, mas na escola. Pelo o que eu conheço, não tenho certeza, mas acredito que eu seja o primeiro mestre-sala a ganhar um samba dentro da escola. E estou fazendo mais história ainda porque eu tô ganhando com o meu avô (Aluísio Machado). É muito gratificante. Feliz pra caramba. E qualquer resultado que desse eu estaria feliz também, porque eu aprendi a ser profissional acima de tudo”, disse o mestre-sala e compositor Matheus Machado.

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A quadra do Império Serrano esteve lotada durante a noite da escolha do samba. Um dos momentos marcantes da noite foi a homenagem à Andrea Machado (mãe do primeiro mestre-sala Matheus) e Jerônymo da Portela. Eles bailaram pela quadra por alguns minutos, levando o público a um emocionante túnel do tempo. A rainha Quitéria Chagas também abrilhantou a festa com sua simpatia peculiar, bem como a rainha da escola, Monique Rizeto. Leléu e o carro de som imperiano reviveram os grandes sambas da discografia da escola durante a apresentação de segmentos. Entretanto, os sambas que rebaixaram o Império nos últimos dois carnavais foram esquecidos na quadra.

Enredo não abordará aspectos políticos

Embora tenha em seu cerne a luta de mulheres ao longo da história por direitos iguais, o enredo do Império Serrano não vai aprofundar no aspecto político na avenida, embora seja impossível se desvencilhar completamente desta característica, conforme explica o carnavalesco Júnior Pernambucano.

“O enredo do Império Serrano está construído todo em cima de grandes mulheres empoderadas ao longo da história. Personagens que iremos retratar nas nossas alas e alegorias. Eu recebi uma repercussão muito favorável e não temo este ‘fla-flu’ político que toma conta de nosso país. Não vamos nos aprofundar nesse aspecto”, ressalta.

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Junior Pernambucano recebeu amigos e colegas no seu camarote durante a final de samba. O artista não escondeu sua emoção por estar em uma das agremiações mais importantes do carnaval carioca.

“É muito especial, é uma escola apaixonante, muito querida, muito tradicional. Sinto uma grande responsabilidade em receber a honra de fazer o Império Serrano. Preocupa essa questão financeira mas eu confesso estar bastante acostumado a isso. Tento me programar o máximo possível para não haver sufoco”, disse.

Diretor de carnaval é indiferente sobre disputa com a Imperatriz

Se tem alguma escola de samba temendo a presença da Imperatriz na Série A, essa não é o Império Serrano. Pelo menos não para o diretor de carnaval José Luiz Escafura. Em entrevista ao site CARNAVALESCO, ele minimizou a presença da Rainha de Ramos na principal divisão de acesso ao Grupo Especial.

“Particularmente sou indiferente. Não fico feliz ou triste pela presença deles na Série A. O que eu garanto é que o Império vai fazer o seu trabalho. Somos uma escola muito grande com uma obrigação de disputar o título do carnaval sempre que for desfilar”, promete.

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Escafura falou ainda sobre as dificuldades enfrentadas pelas escolas da Série A e disse acreditar que as agremiações recebam ainda subvenção pública.

“Eu não penso em reduzir nada. Vamos desfilar com 4 alegorias e 1.800 componentes. Eu acredito que essa situação da verba vai se resolver da melhor maneira e teremos um grande desfile ano que vem”, torce.

Defesa a música apresentada no desfile de 2019

O cantor Leléu, que em 2020 vai conduzir sozinho o samba imperiano na Avenida, aproveitou para falar do desfile de 2019.

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“Eu acho que agora o Império Serrano finalmente vai desfilar com um samba-enredo propriamente dito. O enredo de 2020 é magnífico, já diz tudo, é o empoderamento feminino que hoje em dia estamos todos lutando por isso. O Império Serrano vai cantar de forma especial. Criticaram o Império Serrano por uma questão técnica. E tecnicamente, eu acho que a música foi muito bem na Avenida. Eu acho que deu certo sim transformar a música “O que é, O que é” em samba enredo. E tanto o carro de som, quanto a bateria Sinfônica, do mestre Gilmar, com muito ensaio conseguiram isso. Agora se a música não era pra ser transformada em trilha sonora do Império, isso é uma outra história a ser comentada, e não criticar o trabalho que foi feito pelo Império Serrano”.

Em entrevista ao CARNAVALESCO, mestre Gilmar falou da bateria em 2019. O comandante da Sinfônica do Samba abordou também a obra que foi apresentada no desfile desse ano.

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“O ano de 2019 foi um ano que eu completei 10 anos como mestre de bateria. Foi o ano mais desafiador para mim por conta da música. Eu acho que o nosso samba de 2019 foi o mais falado, mais comentado positiva e negativamente. Tive que mudar um pouco o andamento da bateria. Por mais que o Império seja uma bateria que tem um andamento agradável, a gente teve que fazer um trabalho de manter uma pulsação que é muito difícil, porém na Avenida eu fiquei muito satisfeito porque a gente conseguiu realizar o que a gente se propôs a fazer para aquela música”, disse Gilmar, que completou sobre o que esperar do trabalho em 2020.

“O método do trabalho não muda em muita coisa não. Vou desfilar com a mesma quantidade de ritmistas: 270 integrantes e não muda a mentalidade não”.

Casal troca elogios

A nova dupla de mestre-sala e porta-bandeira do Império Serrano já mostrou entrosamento na apresentação feita durante a final de samba. Ao site CARNAVALESCO, ele comentaram o momento que vivem e falaram da parceria.

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“Estou muito feliz, tenho ensaiado muito com a Verônica, eu sou de uma linhagem de família com raiz no Império Serrano, da minha mãe, do meu pai, do meu avô. E, estou treinando bastante para alcançar as notas máximas pra minha escola. Vai ser uma experiência incrível dançar com ela. É uma porta-bandeira experiente, eu sou novo, tenho apenas 20 anos, ela pode me guiar para a vitória, para conseguirmos realizar o melhor trabalho”, disse o mestre-sala.

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“Uma nova parceria, da escola, dançar com alguém que tem raízes tão ligadas a escola dá uma motivação a mais, além disso é um profissional talentoso. É um grande prazer”, completou a porta-bandeira.

Como foram as apresentações dos outros finalistas

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Parceria de Marcão da Serrinha: O grande destaque da apresentação foram os intérpretes Vítor Cunha e Carlinhos da Paz. Embora o início da apresentação tenha sido promissor, o samba não manteve a sustentação de seu rendimento. Apenas a torcida cantou o samba, com o restante da quadra se limitando a assistir. Essa característica ficou clara na passada apenas para o canto, sem a bateria.

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Parceria de Henrique Hoffman: Impulsionado pela potência vocal de Tinga, o samba conquistou a quadra terminando como a melhor apresentação da final. Mesclando refrões de melodia valente com trechos intermediários mais dolentes, a composição conseguiu ser aquela que contagiou mais pessoas fora da torcida do samba.

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Parceria de Pixulé: a obra apostou em uma melodia bastante dolente, bem ao feitio do estilo de cantar de Pixulé. Esta característica deixou o samba em um andamento excessivamente lento, causando desencontro entre o canto do palco e a bateria, tornando a apresentação fria. Na passada só com o canto da quadra o desempenho também não foi satisfatório, pois pouco se ouvia a quadra cantar a composição. A apresentação transcorreu após esse momento na mesma tônica: pouco canto, apesar do esforço dos intérpretes no palco.