Bateria da Mocidade ensaia na Marquês de Sapucaí com promessa de fazer um grande desfile
Por Victor Amancio
Diferente dos últimos ensaios que aconteciam no Setor 11, os ensaios desta
quinta-feira ocorreram no Setor 3 devido ao trabalho de pintura que está sendo
realizado na pista. Com mais espaço, a Mocidade realizou seu ensaio até o
Setor 9 e fez um verdadeiro desfile na Marquês. A bateria ‘Não Existe Mais
Quente’ promete levantar a Sapucaí com as bossas que mestre Dudu preparou.
Fazendo paradão, convenções a bateria está pronta para garantir as notas
máximas. O ensaio foi empolgante e sem erros, a bateria encaixou muito bem
o samba e com o carro de som.
“Já esperava fazer um grande ensaio, estamos no nosso melhor momento, a
escola está no momento dela. Resgatamos tudo que precisávamos. Nosso
presidente quer ganhar o carnaval. Essa bateria é a prova, agora é só esperar
o grande dia. Vou levar três bossas, três nuances e ainda tem a coreografia
com a rainha”, explicou mestre Dudu.
Série Barracões: Mancha Verde projeta desfile impactante e movimentos cênicos nas alegorias
Por Matheus Mattos
A série de barracões do carnaval de São Paulo detalha o enredo da campeã de 2019, Mancha Verde. A equipe do CARNAVALESCO visitou a quadra e conversou com o Jorge Freitas, artista responsável.pelo desenvolvimento do enredo: “Pai! Perdoai, eles não sabem o que fazem”. Segundo o carnavalesco, o projeto tem teor crítico e social, mas com foco em causar a reflexão do sambista que assiste.
“Na realidade, o enredo faz um paralelo com a vida de Cristo e a atualidade. É um grande cortejo, onde a passarela do samba se torna um altar e a Mancha Verde, em nome de toda humanidade, pede perdão por todos os erros cometidos. O nosso desfecho é que só o amor pode salvar a humanidade. Cada um que estiver assistindo vai se interiorizar e questionar ‘será que não estou atuando como tal?’. Muitas das vezes a gente acha que está fazendo certo, mas tá errado. O teor do enredo é fazer enxergar o problema e fazer renascer um novo ser. A gente gosta de jogar pedra, mas quando somos vidraças, a gente se encolhe”.
Segundo o carnavalesco, a ideia do projeto já era imaginada. Com o alto nível plástico disponível pela escola e situação atual do mundo, ele enxergou a necessidade da abordagem.
“É um momento onde, não só o Brasil, mas como o mundo todo passa por um momento de turbulência. O ser humano perdeu as referências do que é certo e errado. Eu já tinha esse enredo há anos, mas não tinha a oportunidade de desenvolver com a plástica que eu queria. Quando falamos de um enredo como esse, é porque precisa acertar muita coisa. Quem dera se a gente não precisasse abordar esse tema”.
Jorge Freitas cita também que proposta foi bem recebida pelas pessoas e enaltece letra do samba-enredo.
“O que mais me chamou a atenção foi a proximidade das pessoas de falarem que estavam precisando de um enredo desse. O nosso enredo e o nosso samba são uma oração. Quando você declama, não pensando nele como samba, é um pedido de perdão por tudo que nós estamos cometendo”.
Questionado sobre favoritismo no carnaval de 2020, o artista recua e defende foco em qualidade do desfile.
“A gente não se sente favorito. Todo mundo vai lá pra ganhar, com a gente não seria diferente. Mas não vejo como defender um título, eu vejo com a oportunidade de fazer um trabalho tão bom quanto o ano passado. A gente tem que estar bem com a nossa comunidade, como o nosso povo. Nós estamos com uma comunidade comprometida. Quantas vezes já fui campeão e no ano seguinte eu tinha que fazer um trabalho melhor”.
Mancha terá movimentação humana em todas alegorias
Uma das novidades do carnaval da Mancha Verde será as encenações nas alegorias. O próprio lançamento do enredo, realizado em junho, trouxe elementos teatrais e encenações. Jorge explica mudança de postura e foca no impacto nas arquibancadas.
“Não é um estilo meu. O meu requinte é o acabamento e o detalhe. Consegui mesclar algumas coisas dentro do meu trabalho, mas através das pessoas. Tenho componentes que vão fazer atos cênicos e coreográficos, eles vão compor o nosso enredo. A Mancha está se preparando pra fazer um espetáculo e passar uma mensagem, não vai ser só um desfile bonito e que simplesmente passou. Tenho certeza que o desfile da Mancha vai fazer com que as pessoas reflitam nos seus atos, em algumas situações”.
Já no final da entrevista, Jorge Freitas aproveitou pra enfatizar: “A nossa comunidade pode ter a tranquilidade que o nosso projeto foi feito com muito comprometimento e profissionalismo. Estamos prontos pra apresentar um grande trabalho, ganhar é consequência. O mundo do samba pode se preparar pra acompanhar um grande espetáculo da Mancha”.
Conheça o desfile
O desfile da Mancha Verde terá cinco alegorias, em 20 alas, com 3 mil componentes.
1° SETOR – Nascimento de Jesus
“As coisas vão se repetindo com a mesma simplicidade que Jesus nasceu. Quantas crianças nascem e muitas das vezes em condições precárias, mas a grande comemoração não é do nascimento, que é o que tinha que ser comemorado, e sim a festa do Natal, que se transformou em algo comercial, num elo de venda”.
2° SETOR – Traição
“Aqui a gente já fala de Jesus quando ele foi traído por Judas. Eu falo das múltiplas faces do homem, tanto do bem quanto do mal. Jesus condenou o interesse comercial, mesmo a frente do seu tempo. Hoje o homem trai pela cobiça, pela ganância financeira. Quantos políticos, pessoas usufruem dos seus poderes para ganhar em cima de quem tem menos. Toda essa ganância por poder vai ser contada na avenida”.
3° SETOR – Condenação
“Jesus é entregue à Pilatos, o povo condena Jesus e Pilatos lava as mãos. Quantas vezes a justiça lava as mãos para aqueles que menos tem. Nesse setor vamos falar da Lei Maria da Penha e a justiça que tem que ser feita. Fechamos esse setor com igualdade, todos os gêneros com a mesma igualdade. Fomos nós, seres humanos, que fizemos a diferença. Nós que determinamos que o negro não tem tanto quanto o branco, e quem somos nós pra definirmos alguma coisa. Colocamos todos na mesma balança. É um momento muito forte do nosso enredo”.
4° SETOR – Morte
“Pilatos condena Jesus, e nós condenamos o próximo por diversas ações. Vamos falar da inquisição, Ku Klux Klan, Nazismo, da natureza que morre pela ganância do homem, mais de 80 tiros numa família de negros. Tudo isso termina com a morte. No carro a gente retrata a homofobia, feminicídio”.
5° SETOR – Ressurreição
“Claro que nosso desfecho é a ressurreição. Na nossa concepção, a gente tem que fazer renascer um novo ser dentro da gente. O tempo passou, mas o conteúdo do ser humano é o mesmo. A gente tem que aprender a valorizar tudo o que Deus nos ofereceu. Encerramos o desfile dizendo ‘só o amor pode curar o mundo’.
A agremiação não permitiu a entrada do site no barracão para fotos.
Desfiles de domingo e segunda do Grupo Especial estão com todos ingressos esgotados
Falta uma semana para o início do Carnaval 2020 e a Central Liesa de Vendas informa que não há mais ingressos para os desfiles de domingo e segunda-feira do Grupo Especial. Nos últimos 10 anos é apenas a segunda vez que isso acontece, as outras foram nos carnavais de 2010 e 2016.
“Não temos mais ingressos para domingo e segunda. Desde os populares até os mais caros estão todos esgotados. Para os desfiles campeãs, ainda temos todos os setores de arquibancadas (somente venda presencial no Sambódromo), mas com 60% já vendidos. Todas frisas para campeãs estão vendidas”, explicou Heron Schneider, coordenador de vendas da Liesa.

Ele ressaltou que os ingressos das frisas para os desfiles de 2020 acabaram em um período inédito.
“Esse ano aconteceu algo que nunca vi nos 30 anos que estou no carnaval. Todas frisas de sexta até campeãs foram vendidas desde o dia 20 de janeiro. Isso mostra como o carnaval do Rio de Janeiro é adorado”.
Heron Schneider revelou que ainda é feita a venda para os desfiles da Série A, que acontecem sexta e sábado no Sambódromo, mas os interessados devem comprar no posto montado atrás do setor 11 da Passarela do Samba.
“Os ingressos da Lierj estão sendo vendidos no Sambódromo, atrás do Setor 11, de segunda a sexta, de 10h às 16h, e lembro que para sábado de carnaval os ingressos estão esgotando, temos apenas dois setores. Acredito que acabem até segunda e aí vamos ter apenas os ingressos de arquibancada para sexta-feira”.
Série Barracões: Imperatriz recorre à alegria de Lamartine para triunfar mais uma vez no palco iluminado
Por Diogo Sampaio
Já era manhã do dia primeiro de março de 1981, quando a Imperatriz Leopoldinense iniciou seu desfile na Rua Marquês de Sapucaí pelo, até então, grupo 1-A. Em busca do segundo título de sua história, a Rainha de Ramos trazia mulatas, arlequins, pierrôs e colombinas para homenagear o compositor Lamartine Babo. A alegria das marchinhas, junto ao lirismo dos hinos, norteava uma apresentação empolgante, de visual bem acabado e fácil leitura, assinada pelo carnavalesco Arlindo Rodrigues. O samba, feito por Zé Katimba, Gigi e Serjão, levantava o público das arquibancadas que vibrava, mesmo sob o sol forte e o intenso calor, entoando gritos de “já ganhou” conforme a escola passava. Não tinha mais jeito, naquele ano, no palco iluminado, só dava Lálá.
Quase 40 anos depois, a Imperatriz levará novamente Lamartine para Sapucaí. Dessa vez, através das mãos de outro artista: o atual campeão do carnaval carioca, Leandro Vieira. Porém, quem espera uma apresentação semelhante ou na mesma linha da de 1981, certamente irá se surpreender. As mudanças já começam no título do enredo, originalmente chamado de “O Teu Cabelo Não Nega”, em referência a marchinha da década de 1930, e que foi alterado para “Só Dá Lálá”, por uma questão de adequação às questões sociais atuais. Segundo Leandro, apesar de trata-se de uma reedição, o desfile de 2020 terá identidade própria.
“Mantive o samba e desenvolvi o meu visual a partir dele. Posso dizer que tem muito do Leandro neste carnaval. Eu gosto da rua, da festa e da farra, faz parte do meu repertório. Sempre que posso, faço alguma coisa festiva e o Lamartine é isso. O trabalho feito aqui tem muito das cores e dos visuais que são a minha cara. Sou um carnavalesco que tem a tendência de celebrar e usar de imagens de celebração. Tem pouco de 1981 em termos visuais, até porque o modelo de carnaval é outro, a setorização do desfile é diferente… É visualmente muito novo”, afirmou.
Leandro Vieira recebeu e conversou com a reportagem do site CARNAVALESCO no barracão da agremiação, localizado na Cidade do Samba. O artista, que acertou contrato com a Imperatriz somente no início de agosto do ano passado, explicou que a falta de tempo hábil foi fator crucial para optar por uma reedição. Já a escolha específica pelo enredo de 1981, de acordo com carnavalesco, esteve relacionada à ideia de resgatar a autoestima da escola e de sua comunidade, fragilizadas com o rebaixamento do Grupo Especial.
“Fui contratado pelo presidente da escola (Luiz Pacheco Drumond, mais conhecido como Luizinho Drumond) após todo o imbróglio envolvendo o rebaixamento e isso aconteceu numa época tardia. Então, não havia tempo para propor um enredo autoral e para que esse enredo fosse concebido com um tempo para que houvesse qualidade. E haveria menos tempo ainda para uma disputa de samba com qualidade. A maneira que teria que ser uma coisa rápida e isso não faria sentido. Na expectativa de começar o trabalho, me surgiu essa ideia de reedição. A Imperatriz precisava de alegria para espantar o clima ruim, o Lamartine era o cara pra isso, a obra dele é muito festiva. Eu optei por um enredo libertador”, contou.
Apesar de ser a primeira vez que assina um carnaval na Imperatriz, a história de Leandro com a agremiação é mais antiga. O artista trabalhou como figurinista e assistente do carnavalesco Cahê Rodrigues nos desfiles de 2013, sobre o estado do Pará, e de 2014, em homenagem ao ex-jogador Zico. Durante a entrevista, ele relatou como foi a experiência desse retorno à escola:
“A recepção foi maravilhosa. O quadro de funcionários da Imperatriz continua o mesmo desde quando eu passei aqui pela primeira vez. Eu mantive contato com todos os amigos que fiz, afinal o barracão da Mangueira é do lado. E voltar para a Imperatriz na posição de carnavalesco, é uma forma de me reencontrar com o Leandro antes de ser carnavalesco. Me possibilita olhar pra mim mesmo, antes disso tudo. É tipo um exercício de voltar ao começo”, avaliou Leandro.
Retorno à Série A e dupla jornada
O desfile da Imperatriz de 2020 também marca outro retorno na trajetória de Leandro. Após quatro anos, ele volta ao grupo no qual debutou como carnavalesco, ao assinar o carnaval da Caprichosos de Pilares em 2015, com o enredo “Na minha mão é mais barato!”.
“Gosto de fazer carnaval. Quanto mais eu puder fazer, melhor vou me sentir. Estou em uma fase muito boa pessoalmente e isso reflete na minha produção artística, na diversidade das ideias, no vigor para realizá-las. Então, estou feliz em estar fazendo mais carnaval, independente da série. Eu não olho muito para isso, olho mais para a possibilidade de realizar mais carnaval”, comentou o artista.
Foi após conquistar crítica e público com o seu trabalho na Caprichosos que Leandro ganhou sua grande oportunidade no Grupo Especial, ao ser convidado para assumir a Estação Primeira de Mangueira. Desde então, o carnavalesco permanece na verde rosa, onde já acumula dois campeonatos, e irá este ano para o quinto carnaval consecutivo.
Questionado pela reportagem do site CARNAVALESCO sobre a jornada dupla, Leandro Vieira faz questão de frisar que não se trata de uma divisão de trabalho, mas sim, uma soma:
“Não divido criatividade, somo criatividade. Dividir parece que tem uma quantidade, que dá para dividir por dois. Não, é uma qualidade que é duplicada. Eu tenho mais ideais, trabalho e realizo mais. Não divido nada”, garantiu.
Acerca da crise que atinge a folia carioca, que neste ano viu corte completo do repasse de verba da Prefeitura do Rio para as escolas do Grupo Especial e da Série A, Leandro assegurou não se alarmar. Segundo o próprio artista, ele já está mais do que acostumado a trabalhar com pouco ou com nenhum dinheiro.
“Me acostumei com isso. Eu apareci no carnaval em uma época na qual o dinheiro já era escasso. Meu primeiro carnaval foi em uma Caprichosos de Pilares sem dinheiro algum. Então, esse corte não me assusta. Outra coisa, eu só sou carnavalesco porque o dinheiro acabou, se não tivesse acabado, tudo estaria no mesmo lugar. Essa nova geração não teria surgido. A falta de dinheiro possibilitou novas procuras e elas fomentaram o surgimento de novos artistas. Isso é ótimo”, declarou.
Do multicolorido ao barroco: A Imperatriz de Leandro Vieira
Quem adentra ao barracão da Imperatriz, logo se impressiona com um colorido de encher os olhos. Nesse quesito, se destaca o carro abre-alas, uma enorme locomotiva, multicolorida, representando o Trem da Alegria. Alegoria essa que Leandro confessou ser sua predileta.
“O abre-alas é o meu xodó. Parece um brinquedinho, só que grande. Ele chega a uns 50 metros de comprimento. E é multicolorido, festivo… Eu gosto de coisas coloridas e eu não tinha ainda tido a oportunidade de fazer um carnaval assim. As pessoas têm a enorme necessidade de rotular, e rotularam que eu sou o carnavalesco que gosta dos tons pastéis e não é bem isso. Às vezes, eu quero usar os tons pastéis, outras vezes quero usar uma paleta diferente. A minha visão para o Lamartine me possibilitou usar uma paleta mais colorida e alegre. Acho que a escola precisava e eu gosto de fazer aquilo que a escola precisava naquele momento. Acho que eu posso ser muitos, sendo o mesmo”, revelou.
Além das cores, a Imperatriz apresentará também uma estética mais limpa e com traços bem definidos. Segundo Leandro, a mudança irá dar uma cara mais nova para escola.
“Sou um carnavalesco cheio de gás e gana pra fazer. E o meu visual dialoga com isso também. Acho que vou propor uma Imperatriz mais rejuvenescida, mais fresca. Tem muito do meu momento de vigor artístico. Se eu conseguir transmitir isso na minha criação e a escola incorporar isso, está ótimo”, pontuou.
Todavia, o estilo barroco tão característico das obras de Arlindo Rodrigues, carnavalesco responsável pelo desfile campeão de 1981, também estará presente no desfile, mais especificamente no último carro. Todo nas cores da escola (verde, branco e dourado), a alegoria trará o símbolo maior da agremiação, a coroa, e promete mexer com o brio do gresilense.
“Tento fazer coisas que tem haver com a escola. A escolha de fazer a coroa de 2020 dessa maneira tem haver com mexer com a sensibilidade, a emoção dos torcedores da comunidade. Espero que eles enxerguem uma Imperatriz cheia de vigor nessa tradição de estética barroca, consolidada pelo Arlindo (Rodrigues, carnavalesco) e pela Rosa (Magalhães, carnavalesca)”, explanou.
‘Ganhar não é a minha prioridade’, afirma carnavalesco
Para Leandro, o fato de ser o atual campeão do carnaval carioca com a Mangueira e de estar assinando uma escola com estrutura de Grupo Especial na Série A, não garantem a conquista obrigatória do título. O carnavalesco ainda ressaltou que não se sente pressionado ou cobrado, mas sim motivado.
“Não sinto pressão nenhuma. Primeiro que eu nunca permiti que o meu trabalho fosse submetido a essa pressão. Não fui contratado para ganhar o carnaval para a Imperatriz, fui contratado para fazer o carnaval da Imperatriz. A pressão que eu faço sobre mim, não é ninguém, sou eu, é a pressão para fazer o melhor carnaval possível. Se o melhor carnaval que eu puder fazer for o que garantir o campeonato, que bom. Porém, não é a minha prioridade. Nunca tive obsessão por ganhar”, frisou.
O desfile
A Imperatriz Leopoldinense será a quinta escola a cruzar a Marquês de Sapucaí no sábado de carnaval, segundo dia de desfiles da Série A. De acordo com Leandro Vieira, a agremiação irá com o número máximo, permitido pelo regulamento da Série A, de alegorias (três com mais um acoplamento) e tripés (um).
Gaviões da Fiel demonstram amadurecimento do nível de desfile durante último ensaio técnico
Por Matheus Mattos. Fotos: Felipe Araújo/Liga-SP
Os Gaviões da Fiel entraram na avenida nesta quinta-feira para realizar seu último técnico para o carnaval de 2020. Canto da escola e comissão de frente, mais uma vez, se destacaram na noite. Momentos antes do início do samba do ano, o presidente Digão citou eliminação recente do Corinthians e pediu vontade aos componentes.
“Hoje era pra ser um dia especial se o Coringão tivesse se classificado. Quem assistiu ao jogo, viu que não faltou vontade, não faltou raça. Hoje nós representamos 30 milhões de torcedores, e aqui não vai faltar vontade, não vai faltar raça. Vamos acreditar”, finalizou.
Após o ensaio técnico da escola, o diretor de carnaval, Márcio Rodrigues, conversou com o site CARNAVALESCO sobre treino e garantiu evolução em comparação aos primeiros. A escola encerrou o treino com 61 minutos e 2.200 componentes.
“Sem dúvida alguma foi o melhor, disparado. Observamos que os componentes desfilaram com mais naturalidade, mais soltos. O nosso segundo ensaio fomos muito prejudicados pela chuva, e por isso a escola estava pequena. Hoje já viemos com um contingente legal, cerca de 90% do que vão pra avenida”, declarou.
Comissão de frente
A ala evoluiu com um enorme tripé, ainda na madeira, mas com partes tampadas por plástico. A comissão traz duas coreografias, separados entre 28 e 30 bailarinos. Como o regulamento só permite a apresentação de 15, o restante se esconde dentro do elemento. A coreografia é trabalhada com casais, e eles tem passos que demandam domínio de entrosamento. Durante a execução do refrão principal, os componentes trocam de posições. O coreógrafo Edgar Júnior acompanhou o trajeto com um cronômetro pendurado ao pescoço.
Samba-enredo
O carro de som fez um desfile correto e bastante seguro. Os cantores valorizaram a sustentação do canto e afinação, tendo poucos momentos de variações vocais. O intérprete Ernesto Teixeira pedia empolgação e animação dos desfilantes nos momentos dos cacos.
Da mesma forma dos intérpretes, as cordas também optam pela sustentação do samba. Porém, nota-se trechos com arranjos, como o pequeno solo no “numa doce ilusão, vou mergulhar”, e a rápida palhetada das cordas antes do trecho: “Canta Gaviões”.
Mestre-sala e Porta-bandeira
O primeiro casal, Wagner Lima e Gabriela Mondjian, bailou seguindo passos clássicos, valorizando cada movimento e dando a atenção devida as pausas após as execuções. Por conta da chuva que antecedeu, e também apareceu durante o treino, a dupla optou por dançar com tênis que evite quedas. Já na vestimenta, o mestre-sala fugiu do preto e utilizou um blazer prata e colete branco. Gabriela evoluiu com um vestido preto.
Harmonia
Assim com nos últimos ensaios, mesmo o no qual choveu forte, a escola trouxe um canto forte e linear, sem alterar o volume entre as alas. O setores são bem distribuídos, e isso faz com que em todo trecho exista um equilíbrio entre a ala que valoriza o canto e a ala mais coreografada. O samba tem letras fáceis e melodia com poucos riscos, e isso faz com que se torne claro a pronúncia de cada palavra.
Evolução
A primeira surpresa do ensaio foi a ausência dos diversos tripés presentes nas alas. Para demarcar o espaço, os integrantes seguravam cordas com os então integrantes do elemento cenográfico. No geral, a escola apresentou alguns pontos a serem observados até o desfile oficial. No momento em que a ala 12 passava em frente ao recuo, algumas alas aceleraram o andar. Assim como aconteceu quando a alegoria 4 passava ao lado da torre 04, em que acelerou mais que o normal e ala detrás teve que corrigir, também acelerando as alas seguintes.
No caso da entrada da bateria no recuo, a escola apresentou uma boa organização. A ala 11 trouxe integrantes com sinalizadores nas mãos durante o trajeto, e ocasionou um efeito visual positivo ao treino. A escola aposta em alas coreografadas, mas que não saem do lugar pra evoluir.
Bateria
A bateria do Mestre Ciro Castilho tem um andamento firme, desenhos de leves que seguem a proposta do hino do ano. A batucada traz diversas bossas, mas a do refrão do meio, mais especificamente que entra no trecho “Quantos sentimentos me levam”, tem frases de caixa que modificam a cara da paradinha.
Outro ponto que merece destaque nos Gaviões é o naipe de timbal. O instrumento traz desenhos no samba, é importante nas bossas e, na subida do tamborim, preenche o vazio até o carreteiro com uma levada característica da agremiação. Pelo excesso de fumaça proporcionada pela torcida no setor B, alguns ritmistas sentiram a dificuldade para enxergar, e isso refletiu na passagem.
Outro destaque
A arquibancada do setor B recebeu um grande festa da torcida. Finalizadores, fumaças, fogos e bandeiras estiveram presentes no momento em que a bateria passava à monumental.
Demonstrando muita alegria, Tatuapé dá aula de canto e sonha com o melhor desfile de sua história
Por Gustavo Lima. Fotos: Felipe Araújo/Liga-SP
O Acadêmicos do Tatuapé realizou nesta quinta-feira seu último ensaio técnico no Sambódromo do Anhembi. O discurso da escola é fazer o melhor desfile de sua história, mesmo com o título vindo ou não, e o treino novamente foi marcado pelo ótimo canto da comunidade, que demonstrou clareza e entrosamento com o samba em todos os setores. Isso ocorreu muito por conta do intérprete Celsinho, que jogou o samba para a comunidade e a animou o desfile todo, juntamente com a bateria, que realizou bossas e paradinhas para que os componentes pudessem entoar seu canto forte.
Outro ponto positivo foi a evolução, que teve alguns pontos corrigidos, além de ter repetido a entrada no recuo que foge dos padrões, é um movimento que é bem ensaiado. ocupa todos os espaços da pista e não deixa nenhum buraco.
“Foi muito positivo os nossos ensaios. Nós fechamos um compromisso lá na nossa quadra, antes do início de janeiro, prometemos um para o outro, 2600 com uma só promessa, nós iríamos fazer no dia 26 de janeiro um grande ensaio técnico, no dia 9 de fevereiro nós faríamos um ensaio melhor do que o do dia 26, e no dia de hoje, a gente faria outro melhor ainda, e nós vamos culminar isso, fazendo no dia 21, um desfile maravilhoso, melhor do que esses três ensaios. Esa é a nossa promessa, e eu tenho certeza que na sexta-feira nós vamos vir pra cá fazer o melhor desfile de nossas vidas. Nós não falamos em título, porque isso depende de algumas variáveis que não estão no nosso controle. A nossa missão é fazer o melhor desfile de nossa história todo ano, estamos preparados e eu tenho certeza absoluta que essa comunidade toda vai conseguir mais uma vez atingir nosso compromisso”, declarou o presidente Eduardo dos Santos.
Samba-Enredo
A escola optou por um samba com uma melodia alegre e descontraída, para que o componente brinque na avenida. A obra foi brilhantemente interpretada pelo intérprete Celsinho Mody, que mantém uma boa fase há um bom tempo. Destaque para o entrosamento do carro de som com as bossas que a bateria desempenha, Celsinho interage com o componente e está por dentro de todas os arranjos. Outro destaque é a ênfase que a ala musical dá para os instrumentos de cordas, onde algumas vezes, no refrão do meio os cantores param e só as cordas permanecem, interagindo com a melodia do samba.
“Eu estou muito feliz, o enredo é muito alegre, nossas alegorias já estão aí e são cenários lindos, retratando a simplicidade de quem mora no interior até a modernidade que são os tempos de hoje. A escola fez três ensaios crescentes, começamos em um nível, alcançamos um outro e chegamos em um melhor, e com certeza, como diz nosso presidente, nós vamos fazer na semana que vem o melhor carnaval das nossas vidas. São muitos ensaios, nós temos um casamento de muita fidelidade, respeito com o mestre Igor, eu como cantor e nossos dois diretores de harmonia, então a gente está em todos os ensaios, a gente sai pra jantar, conversamos sempre e criamos até uma amizade depois desses cinco anos de trabalho, então fica fácil procurar estratégias para que as pessoas se sintam a vontade, e dá o resultado que vocês viram. Temos que pregar humildade em tudo na vida, mas você conhece alguém que entra no jogo pra perder? A gente vai entrar pra ganhar, e assim, o regulamento é claro, ganha quem tem a maior quantidade de notas 10, e vamos em busca de todas elas”, garantiu o intérprete Celsinho Mody.
Bateria
Todas as bossas novamente foram bem executadas junto ao carro de som. Destaque para as paradinhas que a “Qualidade Especial” desempenha, sendo a mais longa no refrão principal. As caixas dão ritmo da bateria e são os instrumentos predominantes, além de um desenho de agogô que é bastante nítido dentro da ala.
“Os ensaios técnicos foram satisfatórios, vieram em uma crescente, assim como tudo, quanto mais você pratica, melhor as coisas ficam. Agora, é se preparar pro dia 21 e fazer o nosso melhor. Sobre as paradinhas, acredito que a gente vem fazendo isso já há algum tempo e vamos fazer novamente na avenida”, disse o diretor de bateria, mestre Igor Silva.
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
A dupla que está indo para seu nono carnaval na agremiação, estava vestida de azul, mostrou entrosamento em todos os movimentos. Destaque para a coreografia, realizaram a apresentação de forma sincronizada, os movimentos eram feitos no mesmo momento e não houve erros. Vale ressaltar a simpatia demonstrada pelo casal em todo o desfile, principalmente na apresentação frente a torre dos jurados.
Harmonia
Foi um dos quesitos destaque da agremiação. A comunidade do Tatuapé deu aula de canto, todos os setores mostraram entrosamento com o samba. Os departamentos colocam a escola para cantar, os harmonias incentivam os componentes o tempo todo e a bateria juntamente com a ala de som, realizam paradinhas para a comunidade cantar a uma só voz. O intérprete Celsinho joga muito o samba para os integrantes, o que é importante para demonstrar clareza no canto, isso dá para ser notado principalmente na última estrofe do samba juntamente ao refrão principal. Em todas as paradinhas os componentes cantam entrosados, e no término dos arranjos, claramente há um entendimento entre bateria, ala musical e componentes, todos voltam na mesma hora, o que é fruto de muito ensaio.
Evolução
Foi outro quesito destaque da escola, que irá apostar bastante em coreografias, principalmente em alas com danças específicas. O Tatuapé veio com as alas alinhadas em todos os setores, sem presença de buracos. Vale destacar a entrada da bateria no recuo, que foge do padrão. Uma ala coreografada que fica posicionada na frente da bateria na pista, entra primeiro no recuo, e depois a bateria vai de encontro aos integrantes desta ala e eles trocam de posição, o que preenche todos os espaços, não deixando nenhum buraco. É uma manobra diferente, e se bem executada no dia do
desfile, pode dar um aspecto visual muito bom, além de não prejudicar a escola no quesito.
Comissão de Frente
A ala faz uma dança alegre, demonstra como o resto da escola vem no treino, com muita felicidade. A comissão é guiada por uma bailarina, que é a componente principal, onde faz interação saudação ao público. Os integrantes vestem uma capa que fica presente na apresentação inteira e dá um efeito especial quando dançam de forma sincronizada.
União da Ilha faz ensaio em alto nível de canto e promete garra da comunidade para o desfile de 2020
Por Victor Amancio
Devido ao tempo chuvoso na cidade, a União da Ilha realizou seu último ensaio de comunidade na quadra da escola. O diretor geral de carnaval e harmonia da escola, Laíla, fez um trabalho forte com a escola e hoje pode-se notar um canto superior aos apresentados nos últimos carnavais. Durando um pouco mais de três horas, a escola fez um ensaio intenso com o canto forte e empolgação dos componentes. Outro destaque fica por conta da bateria dos mestres Keko e Marcelo que fez um grande ensaio e promete embalar a Sapucaí. * VEJA AQUI FOTOS DO ENSAIO
“Nós estamos trabalhando desde maio, pegamos uma escola que não acreditava no rendimento que teríamos junto ao trabalho proposto. Na escola de samba enredo alguns torceram o nariz e nós fomos agregando com nossa inteligência os caminhos corretos para passar para vocês os caminhos corretos. Quando cheguei falei para vocês que estávamos na zona do perigo pois só tirávamos de décimo pra lá. Cheguei aqui e encontrei diversos problemas mas com minha inteligência e minha cara emburrada ou não fui colocando tudo no seu devido lugar. Sem maltratar ninguém. Por onde passei tive a felicidade de ouvir pessoas dizendo que me amavam pelo meu trabalho correto e honesto. Está faltando um pouco mais de uma semana, não vamos jogar fora o sacrifício de um ano inteiro por causa de 70 minutos. Não temos esse direito. Quero todo mundo com vontade de ganhar carnaval, somos iguais a todos os outros que estão disputando, não vamos temer ninguém, de cabeça erguida para mostrar nossa dedicação e trabalho. Eu quero pedir para vocês entrarem com garra, deixem que se tiverem de fazer sacanagem ou dar uma nota que a gente não mereça. Vamos cumprir com nosso dever, o grande público vai estar lá e verá. Temos um barracão digno de ganhar carnaval”, disse Laíla em discurso antes do ensaio.
Samba-Enredo
O samba da União da Ilha recebeu críticas dos especialistas, porém o que se vê no ensaio é uma obra que cresce na ‘mão’ da comunidade. O componente entendeu e abraçou o samba-enredo. Diferente dos sambas irreverentes e para cima que a Ilha costuma apresentar, a obra tem um tom de melancolia e apela para emoção da comunidade. Cantando a realidade em que a maioria dos brasileiros e moradores de comunidades vivem, o samba é um grito de socorro e pode pegar na avenida.
“Esse samba vai render cada passada. Sem dúvidas vai emocionar a todos. O componente cantando muito, vibrando. Fizemos três horas de ensaio, sem cair o andamento. Quem está criticando antes da hora irá morder a língua”.
Harmonia
É notório o quão forte e empolgado é o canto da Ilha. Em três horas de ensaio o canto permaneceu retilíneo, sem cair em momento nenhum. Mestre Laíla de fato ensinou e aprimorou o canto da escola. O carro de som, a bateria e o canto da comunidade se encaixam perfeitamente, bem entrosados. O trabalho feito de harmonia promete surpreender a Sapucaí e pode alavancar o desfile da escola.
Evolução
Por mais que o espaço para evolução seja menor e mais apertado, o componente se divertiu durante todo o treino. Pulando, erguendo os braços, sambando, a escola fez um grande ensaio em termos de evolução. Pode-se notar uma escola brincando carnaval, mas sem fugir das filas ou alas montadas pelos diretores de harmonia.
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
Phelipe e Dandara já deixaram de ser um casal promessa e agora, mais do que nunca, preparam uma grande apresentação para o desfile. O casal está muito entrosado e fez a coreografia, que parece ser a oficial para o desfile, sem erros e deixando quem assistia o ensaio encantado com sua performance. Phelipe traz em sua dança trejeitos e passos mais malandreados e Dandara com sua leveza e elegância no bailado demonstra uma maturidade maior sob a dança.
“Expectativa é a melhor possível, esse último ensaio serviu para lavar a alma e irmos para avenida. Nos resta agora esperar o grande dia, mais pronto do que está impossível. Só caminhar para o grande dia”, falou Dandara.
Bateria
A dupla de mestres, indo para o seu segundo carnaval comandando a Baterilha, prepara um verdadeiro show para a Marquês de Sapucaí, com o andamento em 144 BPM (batidas por minuto) e quatro bossas, os mestres vão levar funk, pagode e coreografia para avenida. Bossas muito bem elaboradas e executadas, e valorizando o canto da escola de forma geral. No ensaio desta quarta-feira promoveram um verdadeiro ‘sacode’ na quadra.
“Ensaio sensacional, nosso último ensaio, mestre Laíla consciente do que está fazendo. Bateria com o andamento de 146 e levando quatro bossas sendo a principal a do pagofunk, que iremos apresentar para o jurado, e o pagodão que vamos fazer uma pagode de mesa na Sapucaí e deixando a comunidade cantar o samba. Tem a bossa que vamos fazer em cima de letra do samba, aproveitando essa questão lenço e serão 280 ritmistas com lenço na mão pedindo paz”.