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Milton Cunha sobre o Carnaval 2020: ‘Grande expectativa é que o dinheiro não define o carnaval’

    Emoção e improviso. Foi com essa mistura que Milton Cunha conduziu a abertura da Cerimônia de Lavagem da Marquês de Sapucaí, neste domingo. A celebração, que já faz parte do calendário do Rio era, anteriormente, feita pelo ator Milton Gonçalves, que segue internado no Hospital Samaritano, após sofrer um acidente vascular cerebral isquêmico (AVC), na última segunda-feira. Debaixo de uma tempestade, o comentarista de carnaval usou de toda a sua capacidade de improvisação e contou com a participação do público presente no Sambódromo para abrir oficialmente o evento e, ainda homenagear Gonçalves, que deve ficar fora do carnaval. * VEJA AQUI FOTOS DA LAVAGEM

    milton cunha

    “Milton Gonçalves é uma referência, um grande ator. As pausas, as respirações que ele utiliza, são sempre um aprendizado. Acontece que hoje (neste domingo) foi caótico, era muita chuva e o texto do Cláudio Vieira dissolveu no meu bolso, então eu não tinha texto aí tive que dar uma improvisada com o que eu lembrava”, revelou Milton Cunha, que decidiu falar de superação, algo que Milton Gonçalves sempre deixava presente em seus discursos.

    “O Milton (Gonçalves) sempre fala da superação, da força do sambista, do que fato que o sambista tem que tirar não do dinheiro, mas do ziriguidum a sua força, aí engatei nisso, mas chovia demais… foi muito emocionante porque a bateria logo rufou por ele, depois pedi os aplausos da multidão e ela respondeu à altura, então foi uma grande homenagem”, relembra.

    Após participar da cerimônia e desfilar pela Marquês de Sapucaí acompanhado pelas baianas que faziam a lavagem e, por representantes das escolas de samba do Rio, Milton Cunha assistiu ao ensaio técnico da Mangueira no camarote Vivant ao lado do marido e amigos. Sem perder nenhum momento da passagem da Estação Primeira, o comentarista falou ao site CARNAVALESCO sobre a expectativa para o Carnaval 2020.

    “A grande expectativa é que o dinheiro não define o carnaval. Acho que vai ser um carnaval de muito samba no pé, luta de bateria, samba… Acredito que vá ser maravilhoso porque quando não temos dinheiro a gente tira recursos da criatividade. Não tem mil plumas de faisão, mas tem uma pena de pato na sua cabeça e você canta com uma felicidade que ninguém tira isso de você”, aposta Milton.

    Vila Isabel nem espera o desfile e já convida Aline Riscado para seguir como rainha de bateria

    O temporal que caiu sobre o Rio de Janeiro na noite do último domingo não espantou os componentes da Vila Isabel durante o último ensaio de rua da escola para o Carnaval de 2020. O treino debaixo de chuva, além de lavar a alma da comunidade, ainda contou com presenças ilustres da azul e branco, como a rainha de bateria Aline Riscado — ela recebeu um convite especial para permanecer na agremiação em 2021 — e a cantora Mart’nália.

    ensaio vila

    Ao discursar para os desfilantes, pouco após a tempestade dar uma trégua e o cortejo ser liberado para cruzar o Boulevard 28 de Setembro, o presidente Fernando Fernandes disse aos presentes que pretende trazer o campeonato para a Vila este ano. Ele emendou elogiando Aline pela presença assídua nos ensaios do pré-carnaval e a convidando para permanecer no posto na próxima temporada.

    “Queria fazer um convite aqui no meio da comunidade à pessoa que participou de todos os ensaios, nossa rainha de bateria. Quero convidar ela para ser rainha em 2021 também”, disse Fernandes.

    Aline, que encarou a missão de substituir a apresentadora Sabrina Sato (atualmente no posto de “Rainha da escola”) à frente da bateria, ficou emocionada com o convite e confirmou a permanência, sob o rufar dos instrumentos da “Swingueira de Noel”, que fez festa para saudar a novidade.

    “Muito obrigada pelo convite, eu aceito com certeza. Eu tô sendo muito feliz aqui na Vila. Foi um desafio gigante. Quero agradecer a todos vocês por terem se permitido conhecer o novo”, comemorou Aline.

    Exaltando Brasília, a capital federal, a Vila Isabel é a segunda escola a desfilar na Segunda-Feira de Carnaval. A escola se concentra na Avenida Presidente Vargas, no trecho correspondente aos setores ímpares do Sambódromo (na região do prédio Balança, mas não cai).

    São Clemente encerra preparação com categoria da Fiel Bateria em ensaio aos pés do Dona Marta

    Por Lucas Santos. Fotos: Rafael Arantes/Divulgação

    Em ritmo de festa para a comunidade clementiana, a São Clemente realizou seu último ensaio para o Carnaval 2020, na Praça Corumbá, na entrada do morro Dona Marta, em Botafogo, trazendo os segmentos para celebrar o fim da preparação no bairro onde nasceu. Ainda que o local não tenha permitido que a escola evoluísse em linha reta como será no desfile oficial, o teste foi proveitoso para treinar o deslocamento dos componentes da bateria além de fortalecer o canto da escola. A Fiel Bateria foi o grande destaque do ensaio revelando algumas bossas e mantendo um bom andamento para o samba que caiu no gosto da comunidade.

    O presidente Renatinho destacou o último ensaio em Botafogo como oportunidade também para uma confraternização de escola e componentes que vem treinando de forma bastante dedicada.

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    “Alegria. Nosso povo está muito alegre com o que vai acontecer na Avenida. Eu acho que é só esperar. Todo mundo fala Mangueira, Mocidade. As escolas grandes. Mas, ninguém conta com a alegria da São Clemente. Por isso eu estou muito feliz”.

    O presidente manteve o tom otimista e cravou 2020 como o ano para a melhor apresentação da São Clemente.

    “Vamos fazer um grande desfile. Eu não vou desfilar, eu vou me apresentar esse ano. Tão bonito que esta, eu garanto: vai ser o maior desfile da história da escola”.

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    Mestre-Sala e Porta-Bandeira

    Desde o ano passado dançando juntos na São Clemente, Fabrício Pires e Giovanna Justo estão se entendendo muito bem e a cada ensaio o entrosamento vai ficando mais latente. Com um terreno irregular e com algumas subidas e descidas, as ruas paralelas da Praça Corumbá não permitiram aos dois, muita ousadia nos passos, principalmente ao se levar em conta a proximidade para o desfile. Ainda sim, o ensaio deste domingo foi repleto de muita simpatia e integração com a comunidade. No início quando a escola ainda não evoluía, Giovanna com seu sorriso marcante levava o pavilhão da escola para que os componentes a beijasse. Durante o trajeto, Fabrício foi quem mais arriscou no bailado e houve momentos de integração com o segundo casal.

    Samba-enredo

    O samba de Marcelo Adnet e companhia tem sido um dos destaques dos ensaios da São Clemente e já estar pronto para o desfile, bem ajustado com a bateria de mestre Caliquinho. O andamento está confortável, ainda que tenha dado uma pequena acelerada já usual em relação à gravação do CD, mantém a leveza e alegria pelas quais foi concebido, mas também se firmando para colaborar com uma boa evolução da escola.

    O intérprete Leozinho Nunes destacou o reconhecimento da obra em diversos locais em que a tem apresentado, destacando o trabalho do humorista Marcelo Adnet, um dos compositores do samba, de divulgar a canção da São Clemente.

    “Hoje foi uma festa para o povo. Toda terça feira que a gente tem o nosso ensaio ele (o samba) rende. Ontem, eu estava cantando em um bloco em Bangu e Marechal Hermes e eu nunca vi um samba tão cantado da São Clemente como está sendo cantado esse ano. O Marcelo Adnet está cantando o samba da São Clemente onde passa e isso não é bom só para a São Clemente, isso é bom para o Carnaval porque hoje em dia a gente já não tem mais aquele meio de ir no programa em rede nacional e divulgar. E o Marcelo Adnet está com a gente divulgando a São Clemente e o samba. E o samba está rendendo muito”.

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    Bateria

    Foram testados alguns movimentos que devem ser feitos já no recuo para a reorganização da bateria, além da própria entrada e saída dos ritmistas. Algumas bossas foram testadas como uma em que havia um desenho bastante interessante e marcante das cuícas. Mestre Caliquinho revelou que o samba está sendo trabalhado em 146 BPM (batidas por minuto), um pouco mais cadenciado que o ano passado e ressaltou a importância de ensaiar o deslocamento dos ritmistas da Fiel Bateria.

    “O que agrega aqui é que traz a comunidade do Santa Marta e a comunidade de Botafogo toda pra cá e faz um bom ensaio na rua porque a gente não tem condições de andar lá na quadra. Já tivemos como testar as bossas andando e está tudo maravilhoso. Tivemos dificuldade com a chuva outro dia na Sapucaí e hoje então podemos testar tudo ‘direitinho’. Fizemos algumas bossas com a subida da cuíca ali junto com os tamborins. Tem uma bossa ali que é chocalho. Todos os naipes agora estão aparecendo na bateria. Tem umas surpresas ali na Avenida. Estamos trabalhando de 144 para 146. Esse samba não é muito corrido, ele é melodioso. Hoje trouxemos a bateria da São Clemente um pouco mais para trás para apresentar um samba-enredo”.

    Harmonia

    Na Praça Corumbá o que se pode destacar foi um grande número de espectadores que estavam ali apenas para acompanhar o ensaio da escola. Do meio para o fim, a comunidade se soltou e cantou com mais alegria e descontração que são a cara do enredo. Sem Grazi Brasil e Bruno Ribas, Leozinho mostrou o motivo de vir se destacando e guiou de forma destacada o samba da escola.

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    Evolução

    Como já citado, o espaço da Praça Corumbá não permite um grande teste para a evolução pelo fato de não seguir uma linha reta e por ter desníveis, subidas e descidas, além de alguns espaços mais curtos. A escola, então, treinou mais neste sentido, os momentos de saída e entrada da bateria no recuo, deslocamento dos passistas e algumas alas coreografadas, como a que virá logo no início que se destacava no momento em que o samba dizia “a maré vai virar…” onde os componentes giravam.

    Outros destaques

    Em um momento de bastante descontração, mestre Caliquinho mostrou muito samba no pé ao dançar com a rainha Raphaela Gomes, cria da escola. As passistas da São Clemente também deram um show de samba no pé e elegância, arrumadas em um bonito vestido prateado com detalhes em dourado.

    Por fim, Leozinho Nunes antes e após o ensaio, mostrando sua liderança e integração com a comunidade, a todo o momento lembrava aos componentes informações como horário de concentração no dia do desfile, além de coisas que os foliões podem e não podem levar, devem e não devem fazer.

    Com erros de MUG e Novo Império, Boa Vista deve ser consagrada bicampeã na próxima quarta-feira

    Por Vinicius Vasconcelos

    Abrindo o carnaval do Brasil, Vitória recebeu nas últimas três noites o desfile das escolas de samba. Na quinta, passaram na passarela as escolas do grupo de avaliação. Na sexta o grupo de acesso e no sábado o especial. Pelo quarto ano consecutivo a equipe do site CARNAVALESCO esteve presente no sábado e avaliou as escolas que presentearam o público com um belíssimo espetáculo visual. Mostrando que o carnaval capixaba se profissionaliza a cada dia.

    Piedade

    Piedade desfile2020 2

    Pontualmente às 22h a escola de samba mais antiga de Vitória deu seus primeiros passos na passarela. Homenageando os “Franciscos”, a Unidos da Piedade aproveitou de seu esquenta para emocionar os presentes. O intérprete Danilo César e seus companheiros de carro de som declamaram a oração de São Francisco de Assis. Foi esse, talvez, o ápice do desfile da agremiação. Por ser a primeira a desfilar, era necessário um algo a mais para que o público embarcasse no enredo. Mas isso não aconteceu. Se viu uma escola de samba arrastada, partindo da comissão de frente, que deixou o desfile lento e massante. Os bons momentos ficaram por conta dos quesitos musicais e da parte plástica que estava bem acabada com trabalho artesanal em quase todas alegorias. Apesar de encarar um Sambão do Povo ainda frio devido sua posição de desfile a bateria Ritmo Forte ousou nas bossas e convenções. Na paradinha que antecedia o refrão principal, os ritmistas deixavam o trecho “Oh Piedade, seja porta-voz desse momento” para comunidade cantar e eram correspondidos. Um problema com a primeira porta-bandeira Layli Rosado deve tirar décimos da escola. Tendo em vista que ela passou mal e o casal precisou ser substituído pelo segundo.

    Unidos de Jucutuquara

    Jucutuquara desfile2020 2

    Na tentativa de reencontrar seus dias de glória, a Jucutuquara levou para avenida o enredo “Griot”, desenvolvido pelos carnavalescos Jorge Mayko e Vanderson Cesar, estreantes no grupo especial. O tema conseguiu estabelecer certa conexão com público por meio de fantasias e alegorias de fácil leitura. Desde a concentração o carro alegórico que mais se destacava era o da favela grafitada. Não se viu uma escola esbanjando luxo, como foi no ano de seu último título (2009), mas se percebeu uma escola satisfeita com o que estava apresentando e ciente de todas dificuldades que a atual gestão enfrenta para colocar carnaval da avenida. A fantasia do primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Vinicius Costa e Julia Mariano foi uma das mais bonitas da noite. Com penas nas cores da agremiação e placas douradas, o bailado da dupla ficou ainda mais luxuoso. Também estreante na escola, o intérprete Celso Júnior mostrou sua potência vocal e conseguiu deixar ainda mais bonito o bom samba-enredo da agremiação. A Unidos de Jucutuquara não deve reencontrar o caminho da Vitória, mas mostrou que está muito próximo disso.

    Mocidade Unida da Glória

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    Carros imponentes, fantasias impecáveis, samba funcional, belas apresentações do casal de mestre-sala e porta-bandeira. Nos quesitos, foi um desfile quase perfeito da MUG, porém, o estouro no tempo regulamentar deve tirar a escola da briga pela primeira colocação. Com o enredo “Oby: O imaculado santuário das lendas”, a vermelho e branco mostrou logo em seu primeiro setor bastante imponência. A comissão de frente trouxe no tripé a figura de um enorme índio que se abaixava e levantava atingindo quase a altura máxima permitida. Na coreografia, um colonizador holandês com índios adeptos a antropofagia. O primeiro casal Juliander Agrizzi e Gessya Santos não estava com uma fantasia muito luxuosa, mas compensou a falta de luxo com bailado belíssimo de se ver. Além da perda de décimos por ultrapassar o tempo máximo de desfile, a escola também deve ser prejudicada por dois de seus carros terem passado apagados pela avenida.

    Boa Vista

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    Se ainda na concentração a Boa Vista já impressionava com o bom acabamento em fantasias e alegorias, na dispersão a escola se consagrou. Com o enredo “O voo da Águia anuncia: A festa é Boa pode chegar. Ao som de uma linda sinfonia a música capixaba celebrar”, que apesar do enorme título nada mais é que uma justa homenagem a música do Espírito Santo, a escola de Cariacica fez um desfile sem erros. O casal Bruno e Vanessa se encaminha para a posição de melhor dupla do carnaval capixaba. Enquanto o rapaz traz a elegância em seu bailado, a moça corresponde nos seus rodopios certeiros. Um sincronismo magistral. Emerson Xumbrega – que acumula as funções de presidente, intérprete e compositor – parece ter descoberto o segredo de compor sambas que se encaixem perfeitamente com o gosto de seu componente. A obra era cantada a plenos pulmões pela comunidade e pelas personalidades da música capixaba que estavam espalhadas pelo desfile. O trecho “nem tudo que é bom vem de fora” se destacava ainda mais. A agremiação tem se destacado nos últimos anos por fazer desfiles com “enredo debaixo do braço” e isso tem dado certo. Sem erros de obrigatoriedades a Boa Vista se encaminha para mais um título tendo em vista que suas principais concorrentes perderão décimos preciosos.

    Novo Império

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    Provavelmente ainda não será em 2020 a quebra de jejuns de título da escola do Caratoíra. O enredo “O bê-a-bá dos Guris – Uma lição pra todos” passou de forma leve pelo Sambão do Povo apesar de possuir cunho social. Os quesitos plásticos estavam prejudicados e mesmo com fácil leitura, as fantasias não estavam muito luxuosas. Algumas apresentavam falta de acabamento, assim como as alegorias. O início do desfile foi imponente e logo na comissão de frente um enorme tripé pedia passagem para apresentar o enredo. Mais atrás desfilou o maior abre-alas da noite. Enorme em comprimento, o carro levava em seu ponto mais alto o brasão da agremiação, desenvolvido pelo carnavalesco Petterson Alves exclusivamente para o desfile desse ano. A partir do terceiro setor as alegorias foram perdendo o requinte visto na cabeça do desfile e a escola deve perder décimos. Três quesitos passaram muito bem: o casal de mestre-sala e porta-bandeira, Kleyson Faria e Amanda Ribeiro, a comissão de frente do estreante Patrick Alochio e a bateria do mestre Glê. Isso poderia fazer a diferença na hora da apuração e ainda manter a escola na disputa pelo título, porém, a agremiação ultrapassou o limite máximo de tempo e deve perder décimos pro não obedecer a obrigatoriedade.

    Enquanto as cinco primeiras escolas da noite apresentaram grandes desfiles que deixará a disputa acirrada pelas primeiras colocações, as duas últimas se apresentaram de forma bem aquém das demais. As comunidades da Imperatriz do Forte e São Torquato podem se preparar para o pior tendo em vista o baixo desempenho de ambas dentro da passarela.

    Imperatriz do Forte

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    A sexta escola a entrar na avenida pelo grupo especial foi a verde e rosa do Forte São João. O enredo “Das Terras de Vila Rica à Vila Nova do Espírito Santo: Imperatriz Engalanada Apresenta a Rota Imperial de São Pedro D’Alcântara”, desenvolvido pelo carnavalesco Elídio Netto, propunha contar a história da chegada da família real portuguesa no Estado. Ciente de todos os problemas nos quesitos plásticos a comunidade da agremiação decidiu apoiar da única maneira possível durante o desfile. Cantando forte o samba-enredo, conduzido por Vinícius Moraes. A comissão de frente da escola até tentou uma conexão a mais com as arquibancadas, promovendo uma mudança de roupa na apresentação, mas não obteve sucesso.

    São Torquato

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    Encerrando os desfiles de 2020 a recém chegada ao grupo especial, Independentes de São Torquato, cantou o enredo “O portal das ilusões”. Ao que parece, a agremiação sentiu o peso de desfilar na elite e não conseguiu acompanhar mesmo que minimamente o padrão estético das demais. Alegorias e fantasias inacabadas, problemas em evolução e inversão da posição do abre-alas podem culminar com o retorno da escola para o grupo de acesso. Ponto positivo do desfile ficou por conta do intérprete Ricardinho, figura já conhecida no carnaval capixaba por sua potente voz. O cantor conduziu muito bem o samba-enredo.

    Campeã será conhecida na quarta-feira, às 15h

    O julgamento do carnaval capixaba acontece da seguinte forma: 27 julgadores, divididos em três cabines, são responsáveis por julgar os quesitos bateria, samba-enredo, harmonia, evolução, enredo, alegorias e adereços, fantasias, comissão de frente e mestre-sala e porta-bandeira. Cada um deles deve atribuir notas de 9 a 10, sendo permitido o fracionamento de notas. Todas as notas obrigatoriamente devem ser justificadas.

    Galeria de fotos: Imagens do desfile da Jucutuquara no Carnaval 2020

    Trens da SuperVia vão operar 24 horas por dia durante o carnaval

      De sexta-feira até o último trem de terça-feira, a SuperVia vai operar 24 horas por dia com a oferta de viagens extras ao longo da operação e nas madrugadas para os ramais Japeri e Santa Cruz (atenderão também as estações do ramal Deodoro) e Saracuruna.

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      A estação Central do Brasil ficará aberta do início da operação desta sexta-feira até o último trem de terça-feira de Carnaval. O acesso deverá ser feito pelo portão A. Na operação das madrugadas, todas as outras estações do sistema ferroviário funcionarão somente para desembarque de passageiros.

      A SuperVia orienta que os passageiros consultem a programação geral para o período que está disponível no site (www.supervia.com.br/vemprafolia); o “Planeje sua viagem” (no site e no aplicativo); ou o SuperVia Fone, no número 0800 726 9494, para programarem suas viagens e tirarem dúvidas sobre os serviços. O planejamento especial está sendo divulgado nos canais digitais da empresa e em cartazes nas estações.

      Sábado de Carnaval e Cordão da Bola Preta

      No sábado de Carnaval, os trens vão operar de acordo com a grade horária de sábados, com a disponibilização de trens extras na madrugada, nos ramais Japeri e Santa Cruz.

      Para a ida ao desfile do Cordão da Bola Preta, serão oferecidas viagens extras com origem nas estações terminais de Santa Cruz e Japeri em direção à Central do Brasil. As viagens extras de volta para casa serão realizadas de acordo com a movimentação de passageiros, monitorada pelo Centro de Controle Operacional da concessionária.

      Domingo, Segunda-feira e Terça-feira de Carnaval + bloco Fervo da Lud

      No domingo, na segunda-feira e terça-feira, a operação seguirá a grade de domingos e feriados, com acréscimo de viagens ao longo dos dias e nas madrugadas.

      Para a ida ao bloco “Fervo da Lud”, na terça-feira, haverá viagens extras para dos ramais Japeri, Santa Cruz e Saracuruna para a Central. As viagens extras de volta para casa serão realizadas de acordo com a movimentação de passageiros, monitorada pelo Centro de Controle Operacional da concessionária.

      Quarta-feira de Cinzas

      Na Quarta-feira de Cinzas, a grade de referência será a de sábado e haverá partidas extras da Central do Brasil para todos os ramais no pico vespertino. No final do dia também haverá partidas extras da Central e dos terminais, para igualar o término da operação comercial a um dia útil.

      Quinta-feira e sexta-feira após o Carnaval

      Nos dias 27/02 e 28/02, os trens vão circular de acordo com a grade horária de dias úteis, com possíveis ajustes conforme a demanda de passageiros.

      Transporte gratuito de integrantes de escolas de samba para desfiles no Sambódromo

      A SuperVia vai oferecer trens extras e sem cobrança de tarifa para o transporte de ida e volta de integrantes de nove escolas de samba para os desfiles na Marquês de Sapucaí, no Centro. Ao todo, serão 18 viagens especiais para atender as agremiações Acadêmicos de Vigário Geral, Unidos da Ponte, Inocentes de Belford Roxo, Unidos de Bangu, Acadêmicos de Santa Cruz, Unidos de Padre Miguel, Grande Rio, Mocidade e Beija-Flor. A iniciativa reforça os laços históricos do trem do Rio com o samba, dando continuidade à parceria com as escolas que margeiam a linha férrea e ajudam na preservação da nossa cultura.

      De olho nos quesitos: o que os jurados mais puniram em samba-enredo nos últimos cinco anos

        Para muitos ele é o mais importante quesito de um desfile de escola de samba. Embora possua a mesma pontuação que os demais oito, o samba-enredo é a trilha sonora da ópera popular a céu aberto, considerada o maior espetáculo da terra. Bons desfiles plásticos já ficaram sem o título no samba-enredo e outros com o visual modesto levaram o campeonato na força deste quesito que o site CARNAVALESCO traz na série ‘De olho nos quesitos’.

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        O samba-enredo é julgado através de dois sub-quesitos, onde cada um vale de 4,5 a 5,0 pontos no julgamento. Na letra o jurado observa sua riqueza poética e sua adequação ao enredo apresentado. Na melodia há de considerar se a mesma possibilitou um bom canto e se ela está dentro dos parâmetros que constituem uma obra musical em samba-enredo. Engana-se quem sugere que o samba já chega na avenida julgado.

        No levantamento realizado pelo CARNAVALESCO a melodia é aquele sub-quesito que só pode ser avaliado na hora do desfile, pois depende de outros fatores musicais. Em 2015, por exemplo, o jurado Eri Galvão abordou um dos tópicos mais usados por jurados no aspecto melódico: a tonalidade. Segundo sua justificativa, um samba-enredo não pode ter grande variação na tonalidade, como a obra da Unidos da Tijuca naquele carnaval.

        “A melodia da 1ª estrofe nas linhas 5, 6 e 7 cai um pouco, igualmente na 7ª linha da 2ª estrofe devido à tonalidade dificultando assim o canto. Algumas alas passaram à nossa frente sem cantar as referidas linhas”, explicou.

        Como citado anteriormente, a letra precisa possuir adequação com o enredo para levar a nota 5,0 neste subquesito. Nesse sentido a falha nesse aspecto é uma das justificativas mais usadas pelos jurados. Um exemplo foi o desfile da União da Ilha em 2016, conforme justifica o julgador Mauro Costa Júnior.

        “Frases soltas sem conexão com o enredo. ‘Os jogos vão começar. Já somos todos irmãos. Os deuses querem ficar. E todo mundo cai no samba'”, destacou em seu texto para tirar três décimos da tricolor insulana.

        Há outro momento em que o dois sub quesitos em julgamento se completam, também sendo um dos parâmetros que mais fazem as escolas perderem décimos em samba-enredo. É preciso que letra e melodia se completem. Se elas não conversarem na avenida e dessa forma houve um desencontro, a escola é punida. Como exemplo a justificativa de Clayton Oliveira para o samba do Salgueiro no Carnaval 2017.

        “A melodia da primeira estrofe, a partir de ‘sou poeta delirante’ até ‘saciar o meu desejo’ e da segunda estrofe, de ‘toca batuqueiro’ até ‘é feita pra sambar’ são muito confusas. A ideia de simetria de e síncope do gênero, citadas no caderno abre-alas, gerou um ziguezague de frases melódicas que se atropelam”, avaliou.

        Outro aspecto que causa desconforto na comissão julgadora em samba-enredo é o andamento acelerado de execução de algumas obras. Parâmetro também observado no quesito harmonia. Mestres de bateria e a direção de carnaval das agremiações precisam estar atentas a isto, conforme alerta Alfredo Del-Penho em sua justificativa para punir a obra do Império Serrano no Carnaval 2019.

        “Nem toda música mantém sua qualidade se tiver seu andamento acelerado. O samba-enredo tem como características fundamentais a ciclicidade, ou seja, cada parte alimentar outra em repetição para ser cantada não por apenas cinco, mas 75 minutos, e a função de servir ao desfile e ao canto dos componentes. Ao acelerar o samba de Gonzaguinha, algumas partes ficaram dificílimas de cantar, fazendo com que claramente muitos componentes interrompessem o canto”, detalha Del-Penho.

        Aspectos mais citados por julgadores nas justificativas de samba-enredo desde 2015:

        – Falta de riqueza poética da letra
        – Letra em desadequação ao enredo
        – Desencontro entre letra e melodia
        – Subida ou queda acentuada de tonalidade melódica
        – Refrões sem empolgação
        – Letra e melodia sem criatividade

        Iza reverencia Imperatriz e cai no samba com a bateria de mestre Lolo

        A canta Iza participou do último ensaio de quadra da Imperatriz Leopoldinense, na noite deste domingo, em Ramos. A rainha de bateria era muito aguardada pela comunidade.

        Dentro da quadra, a cantora distribuiu simpatia. Sambou muito com a bateria de mestre Lolo, reverenciou o pavilhão Leopoldinense e interagiu com os componentes.

        Veja abaixo a galeria de fotos:

        Com bateria e samba como trunfos, Mangueira fez ensaio com emoção, canto forte, mas peca na evolução

        Por Guilherme Ayupp, Victor Amancio, Bernardo Cordeiro, Diogo Sampaio, Caroline Gonçalves, Gustavo Maia, Eduardo Fróis. Fotos: Allan Duffes e Magaiver Fernandes

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        Após a forte chuva que caiu durante a tradicional lavagem da Marquês de Sapucaí, o céu se abriu para que a Mangueira realizasse o teste de luz e som. Campeã do Grupo Especial em 2019, ela foi a única escola que teve a oportunidade de fazer um ensaio técnico na Avenida. O samba que retrata Jesus Cristo foi um dos grandes trunfos da escola para ganhar a Sapucaí. Destaque do ensaio vai para a bateria de mestre Wesley. O ensaio também ficou marcado por problemas na evolução da escola. Esperava-se que uma multidão lotasse as arquibancadas e frisas, mas o temporal que atingiu a cidade acabou afastando grande parte dos foliões.

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        “Nosso enredo é Jesus Cristo. Ele dizia que onde tivesse duas pessoas falando seu nome ele estaria presente. Hoje aqui eram 2 mil cantando o seu nome. A chuva parou na hora de nosso ensaio, correu tudo bem graças a Deus. Vamos em busca de um grande desfile para levar esse bicampeonato para o Palácio do Samba”, afirmou o presidente Elias Riche.

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        Comissão de frente

        Mesmo ainda não sendo a coreografia oficial do desfile, a comissão de frente foi um dos destaques da noite. Comandada pelo casal de coreógrafos Priscilla Mota e Rodrigo Negri, a comissão de frente da Verde e Rosa apresentou uma coreografia com passos bem marcados, misturando estilos de dança distintos como o funk, o hip hop e o próprio samba. O ponto alto da apresentação acontecia quando os componentes pulavam juntos e realizavam uma “sarrada no ar”, arrancando gritos e aplausos do público presente. A expressividade dos bailarinos, além do casamento entre os movimentos da comissão e a letra do samba, principalmente no refrão principal, foram outros pontos de destaque.

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        “Para o ensaio a gente prepara uma coreografia especial para o público, não é a coreografia oficial do desfile. É importante pra gente ver a marcação do tempo e é mais importante ainda pra gente quebrar essa expectativa imensa que os próprios componentes tem de desfilar na Mangueira, já dá uma energizada, é um combustível, é uma energia boa que chega e ao mesmo tempo dá uma neutralizada neles, essa hora a ansiedade já bate, dá pra eles terem um gostinho do que vai ser e dá uma quebrada nessa ansiedade”, contou a coreógrafa.

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        Quando questionados sobre o segredo para manter a nota máxima em 2020, Priscilla revelou que é tudo fruto de muito trabalho. “A gente trabalha muito. Se a gente tem uma característica, as pessoas acham que é de inovação, de trazer surpresas e tal. Pra gente que trabalha meses e meses pra fazer um grande desfile, é o comprometimento e o trabalho mesmo. A gente hoje, por exemplo, depois daqui a gente tem ensaio. Então, faça chuva ou faça sol, a gente trabalha”.

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        Sobre as fantasias, somente puderam adiantar que é uma fantasia muito especial. “É uma fantasia extremamente inusitada, feita por várias mãos… Feita pela gente, pelo Leandro. É uma fantasia que é muito especial pra gente, acho que todo mundo participou dessa confecção”.

        Mestre-Sala e Porta-Bandeira

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        Com um bailado tradicional e muito bem executado, Matheus Olivério e Squel Jorgea esbanjaram técnica e coreografia em conjunto com a bateria, evidenciando a interação entre letra, melodia e percepção rítmica. Matheus vive um grande momento como mestre-sala e se destacou na apresentação do casal, ele fez passos de funk e dançou com muita garra e elegância. Squel, literalmente com os pés no chão, dançou com leveza e com o sorriso que é sua marca. No primeiro módulo de jurados, o casal apresentou uma diferença de ritmos que afetou a sincronia dos dois: enquanto Matheus se arriscou mais diante da pista molhada, ao realizar passos acelerados e arrojados; Squel preferiu se preservar, fazendo passos mais cadenciados e poucos giros.

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        “É um privilégio ensaiar neste palco uma semana antes do carnaval. Todos os ensaios são importantes, no ensaio de rua a gente está em contato mais direto com a Mangueira, a comunidade. Já na Sapucaí a gente sente essa energia e o termômetro de como está a escola. Ver a arquibancada lotada e a torcida já vale muito para a gente,” afirmou o mestre-sala.

        Já a porta bandeira Squel evidenciou que os ensaios técnicos são uma forma de resistir e mostrar a importância das escolas e das comunidades.

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        “Os ensaios são importantes para mostrar a resistência, o protesto. Realizar os ensaios é uma forma de trazer alegria para a cidade, para a população porque eles merecem ter esse carinho e ter o contado direto com a escola. É bom também para matarmos a saudade e para a escola, de maneira geral, é essencial por conta da parte técnica e de todo o conjunto”, enfatizou Squel.

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        Por fim, o casal fez segredo sobre as fantasias. Tanto Squel e Matheus não falaram quais serão suas fantasias para a grande noite.

        Harmonia

        O canto da escola se manteve forte do início ao fim do treino. Os mangueirenses cantaram o samba-enredo com muita intensidade. Alguns versos como “Eu sou a Estação Primeira de Nazaré” e “Do céu dá pra ouvir” jogam para o alto a voz da comunidade, mas ainda há margem para melhorar em outras passagens. Durante o ensaio, o som na Sapucaí falhou algumas vezes, mas foi retomado com rapidez, sem comprometer a fluência do treino. O carro de som, com a voz principal de Marquinhos Art’Samba está em pleno entrosamento com a bateria. O intérprete chamou pelo componente durante todo teste e obteve resposta com um canto forte. O intérprete dá ao samba o protagonismo que a obra merece, sem interrompê-la com cacos desnecessários.

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        “O entrosamento com a bateria é o melhor possível, estamos quase 100% para o grande dia mas essa semana a gente fecha isso e vai dar tudo certo, se Deus quiser. Eu acho que esse ensaio foi uma grande resposta e esse samba pode render ainda mais que o samba do ano passado. Já fizemos nosso primeiro ato e vamos em frente para o segundo, que é no próximo domingo”, comentou Marquinhos.

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        Evolução

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        Se harmonia foi um dos pontos mais positivos do ensaio, o mesmo não pode ser dito da evolução. O quesito evolução pode ser o calcanhar de Aquiles da Mangueira, apesar de ter feito um bom ensaio, a escola não evoluiu bem e ficou faltando a espontaneidade habitual. A Verde e Rosa apresentou um andamento bastante irregular, alternando momentos de lentidão com outros em que ensaiava uma corrida. O que pode ser notado foram componentes andando, apenas cantando o samba, sem expressividade. Houve também desorganização mistura entre as alas ou a abertura de pequenos claros.

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        “A escola passou com canto muito forte, no andamento 146 BPM (batidas por minuto). Respeitando nossas coirmãs que sabemos querem o título, mas nós queremos mais. Vamos realizar um bonito espetáculo na avenida para conquistar esse título”, disse o diretor de harmonia, Renato Kort.

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        Samba-Enredo

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        Um dos sambas mais elogiados no pré-carnaval, a obra composta por Luiz Carlos Máximo e Manu da Cuíca funcionou de forma perfeita na Sapucaí. A obra foi entoada não só pelas alas, mas também pelo público presente, durante toda a passagem da agremiação pela Avenida. O carro de som e a bateria juntos fazem a obra crescer. O refrão e os trechos “Favela, pega a visão” e “Do céu deu para ouvir” são os momentos que o componente canta mais forte. Com a opção de uma melodia em tom baixo, a escola parece ter optado por um samba mais lento do que o que já era habituado nos ensaios.

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        Bateria

        Comandada por mestre Wesley, a bateria Tem Que Respeitar Meu Tamborim deu um show na pista. Foram diversas bossas executadas ao longo do ensaio, mas sem dúvidas a paradinha funk foi a que mais agitou o público.

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        “Acho que não tem nada de diferente de tudo que a gente ensaiou o ano inteiro, só que eu não imaginava a reação do público na hora do ‘Favela, pega a visão’ que a gente faz um funk. A reação do público foi muito positiva para a bateria. É uma conexão, se você olhar o desfile do início ao fim, todas as bossas que a bateria faz, ela ajuda o casal e a comissão de frente. Isso foi ensaiado. A gente veio do início do desfile até o final com o mesmo andamento. As bossas feitas em frente às cabines de jurado, tudo perfeito”, disse o mestre, que ainda acrescentou: “A gente vem para avenida com quatro bossas, e uma surpresa que eu não mostrei, que vai ser mostrado no dia do desfile oficial”. Sobre a fantasia, ele disse: “É um segredo de estado. As pessoas vão se assustar… Mas a fantasia leve e tranquila”.

        A rainha da bateria da Mangueira mostrou, mais uma vez, porque é uma das mulheres mais admiradas no mundo do samba e referência para sua comunidade. Depois de deslumbrar a avenida com mordaça e correntes em sua denúncia ao assédio contra a mulher no ensaio para o carnaval de 2019, Evelyn vestiu-se agora de Maria das Dores, uma referência cantada no samba às mães que tiveram seus filhos assassinados. No manto branco de sua fantasia, a rainha trouxe os nomes de muitas das vítimas da violência nas favelas cariocas, enfatizando dessa vez o genocídio de vulneráveis e a impunidade.

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        “Ao falar da fé de cada um, acabamos mexendo no íntimo das pessoas e, em consequência, sofremos muitos ataques motivados pela intolerância. As pessoas precisam passar por uma reforma íntima para entender que a fé é, verdadeiramente, sinônimo de amor. Acredito que o enredo da Mangueira vá tocar o coração de muita gente. Vamos falar do Jesus humano, do Jesus de carne e osso, que sofreu, que foi injustiçado. Assim como ele, quantos injustiçados encontramos dentro das nossas favelas, nos nossos subúrbios e guetos? Quantos ainda precisam morrer inocentes pra virar estatística?”, questionou.

        Evelyn também falou da dificuldade que os sambistas enfrentaram no carnaval de 2020, com os cortes de investimento da Prefeitura do Rio de Janeiro na festa e, especialmente, a suspensão dos ensaios técnicos no Sambódromo:

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        “É lamentável que a prefeitura não ajude a propagar a maior festa cultural do mundo. O carnaval é a cara do Brasil, é uma pena que por motivos religiosos ou de crenças o governo não valorize a nossa ancestralidade, a nossa própria história. Infelizmente o espaço do sambista não foi respeitado, e só a campeã pode fazer o teste no sambódromo. Na minha opinião, a avenida, a nossa casa, foi fechada por intolerância. O carnaval precisa retomar sua posição de protesto e falar dessas nossas dificuldades”, concluiu Evelyn.