Savana africana é representada em abre-alas da Unidos de Bangu
A Unidos de Bangu foi a terceira escola a cruzar a Avenida na noite de sábado e levou um enredo que contava a origem do continente africano através de um sábio contador de história da velha África. O abre-alas representava o filho preto da mãe África e fazia uma saudação ao maior de todos os seres da ancestralidade. Na parte frontal da alegoria, uma grande escultura representava o Griô e pequenos erros no acabamento puderam ser vistos.
Já no fundo do carro, esculturas com cabeças de animais faziam reverência aos animais da savana. Assim como nas laterais que possuíam pinturas de girafas e elefantes num tom sol-laranja.
Desfilando pela primeira vez na vermelho e branco da Zona Oeste, Vanessa Energia, 36, mostrou-se contente e satisfeita com a proposta apresentada pela escola.
“É a primeira vez que desfilo na Bangu. A escola fez muito em trazer a africanidade para avenida mais uma vez. É a nossa cultura, nossa raça e nossa cor sendo representadas”, declarou ela que veio da Itália para desfilar na agremiação.
Inocentes leva carro interativo com jogo de futebol feminino para a Avenida
Com o propósito de representar fielmente a paixão do brasileiro e o brilho da profissão de Marta, a Inocentes de Belford Roxo trouxe realmente um campo de futebol para a Avenida. A segunda alegoria da escola “Marta ganha os campos do mundo” representava a paixão e dedicação da futebolista com a profissão. Foram seis ‘bolas de ouro’ de melhor jogadora do mundo, prêmio concedido pela Fifa (Federação Internacional de Futebol). A terceira escola a desfilar na noite deste último sábado, a Inocentes de Belford Roxo trouxe o enredo “Marta do Brasil – Chorar no começo para sorrir no fim” assinado pelo carnavalesco Jorge Caribé.
A trajetória de Marta no futebol se confunde com as brincadeiras de infância ainda em Dois Riachos cidade de Alagoas, onde nasceu. De uma diversão nasceu o sonho da menina, que mesmo em um esporte predominantemente masculino se destacou. Despontou no futebol juvenil do Centro Esportivo Alagoano (CSA) em 1999, mas sua carreira profissional começou com a chance de vir ao Rio de Janeiro pelo clube Vasco da Gama em 2000, com apenas 14 anos. A partir daí começou a decolar, após ser emprestada para outros times nacionais. Após este início, foi vendida para defender o Umeå IK, da Suécia. Foi através dele que seu talento, já reconhecido e nato, veio a holofote do mundo, até ser considerada a melhor jogadora do planeta. Título que carrega em sua história, nada menos do que seis vezes ganhadora do troféu de melhor jogadora do mundo da Fifa.
O interessante deste carro era a interação. A alegoria era composta somente por mulheres, umas representavam jogadoras de futebol em plena partida no campo montado no centro da alegoria, outras representam a torcida, que vibravam ou se decepcionavam com o resultado do jogo. Repassaram para a Avenida um pouco das múltiplas emoções que a uma partida de futebol pode proporcionar.
A alegoria era envolta por diversas bolas de futebol, com bandeiras do Brasil e dos Estados Unidos, este último para representar os times em que a jogadora já atuou.
Célia Regina, 43 anos, uma das integrantes da alegoria, fez sua estreia na escola. Ela adorou a proposta do carro de fazer uma interação das jogadoras e torcedoras com o público. Feliz com o primeiro desfile na Inocentes, ela contou ainda a emoção de poder participar de uma homenagem à Marta, que de certa forma, representa todas as mulheres brasileiras.
“Nós todos gostamos muito do enredo. É muito bacana poder fazer uma homenagem para uma pessoa tão importante como a Marta. A respeito do carro, eu não vou dizer que é complicado mas na verdade é divertido viver isso. Eu faço parte da torcida, tem as meninas aqui no centro jogando e representando a Marta como jogadora e está sendo muito legal”, contou a estreante.
Elizabete Landim, 59 anos de idade e 40 de Sapucaí, também fez sua estreia na Caçulinha da Baixada. Assim como os companheiros de alegoria, estava super empolgada com a interatividade do carro.
“Estou adorando que vou desfilar nesse carro e poder homenagear a Marta, nossa grande jogadora que representa o Brasil muito bem. E, sem contar que mostra a força da mulher brasileira. Ficou muito show essas bolas no carro, ao final vamos poder distribuir a maioria delas após o último jurado” adiantou a desfilante antes de passar pela Avenida.
Fantasias são boa surpresa em desfile que deve consolidar Colorado no Especial
A Colorado do Brás foi a segunda agremiação a cruzar a pista do Sambódromo do Anhembi na segunda noite de apresentações do Grupo Especial. A escola se apresentou com o enredo ‘Que rei sou eu?’ buscando melhorar a 11ª colocação obtida em 2019, quando retornava para a elite do carnaval de São Paulo 17 anos depois. A escola encerrou sua apresentação com 64 minutos.
A apresentação serviu para a agremiação buscar sua consolidação na elite do carnaval paulistano. Embora a harmonia e evolução tenham deixado a desejar, o conjunto de fantasias surpreendeu por seu alto nível. As alegorias não seguiram o mesmo padrão, mas em relação a concorrentes diretas esteve superior. A Colorado muito provavelmente desfilará no Especial pela terceira vez seguida em 2021.
* Veja a galeria de fotos do desfile
Comissão de Frente
A comissão no desfile da Colorado do Brás apostou em um proposta mais abstrata. Eram dois personagens principais, que brincavam com o tempo e o espaço na história ao longo da atuação dos dançarinos na avenida. O touro encantado representou a forma com que o Rei Dom Sebastião se encantou, “desaparecendo” nas areias dos lençóis maranhenses. Os demais integrantes do grupo representaram as jóias da coroa do rei.
O touro encantado vagava pela pista transitando pelas joias, que o
seguiam e o cercavam, formando um círculo que representava o formato da coroa. O touro, sempre que possível, tentava se libertar, saindo do círculo e buscando novos caminhos para trilhar. Nas sequências coreográficas, filas, círculos e “montinhos desorganizados” se repetiam. Jóias soltas em alguns momentos se desgarraram do grupo realizando a sua dança. Como se uma pedra se soltasse da coroa.
Fugindo a uma tendência da maioria das comissões o grupo se apresentou sem tripé. Com uma belíssima indumentária eles iniciaram muito bem o desfile da escola. A mistura de cores vivas deu um lindo efeito. A dança demonstrou sincronia, embora não tenha causado impacto no público.
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
O primeiro casal desfilou representando o grande evento realizado para comemorar o nascimento do herdeiro da coroa portuguesa, onde todos esperavam com todo fervor a chegada do novo rei. A porta-bandeira vestia um figurino voltado para o enredo, destacando pela modelagem de alta-costura e padrões de costura diferenciados. O mestre-sala usou roupa em corte de alfaiataria, para representar a vestimenta da época usada por grandes homens da corte portuguesa, onde a elegância e a sofisticação tomavam conta dos salões nobres de Portugal.
A dupla se apresentou com uma indumentária sem os tradicionais e caros faisões. Mas engana-se que isso deixou o figurino com menos brilho. Com um tom de cores em roxo deu um belo contraste cromático com as alas iniciais da escola. A dupla fez uma dança correta, sem erros na segunda torre de julgamento. O entrosamento entre eles também merece destaque.
Como defende o manual do julgador, a tonalidade do canto não é um parâmetro de julgamento. Se a escola passar cantando o samba há de se aplicar a nota máxima. Algumas alas cantaram burocraticamente, outras nem isso. Por isso o desempenho na avenida foi insatisfatório. Houve um desencontro entre caixas de som da faixa inicial e final da pista aos 12 minutos de apresentação. Mas como a escola ainda iniciava seu desfile, isso não foi problema. O canto apresentou uma pequena melhora após os 38 minutos de desfile.
Quesito onde a escola esteve longe da perfeição. Alas poderiam ter evoluído mais, com espontaneidade. Passou muito burocrática pela avenida. Com um samba que possibilitava alas mais soltas, a agremiação pecou nesse sentido.
Samba-Enredo
A obra teve bom desempenho durante o desfile. Muito mérito mais uma vez para Chitão Martins. O intérprete novamente foi um dos destaques da Colorado, provando que já deixou de ser uma revelação. O refrão contagiava a escola, pois era muito forte. Serviu muito bem à apresentação da escola.
Bateria
A bateria foi buscar suas notas 10 com bastante ousadia e bossas criativas. O regulamento deste ano exige que para tirar 10 uma bateria teria de obrigatoriamente executar bossas. Em alguns momentos do samba os ritmistas executaram convenções. Somados a isso um ritmo com muito swing, destacando muito as marcações com um andamento que possibilitou um grande entrosamento com o carro de som.
Enredo
A Colorado iniciou o seu desfile trazendo na comissão, casal e abre-alas aspectos espirituais e abstratos que envolvem o homenageado, Dom Sebastião. O carro abre-alas fechava o setor com as encantarias e os mistérios que cercam a figura de Dom Sebastião. A partir da chegada do segundo setor a escola trouxe a famosa batalha de Alcácer-Quibir, explicitando o caráter ambicioso do homenageado. No terceiro setor a Colorado decidiu mostrar a parte religiosa, com alas representando judeus e cristão e a terceira alegoria, que apresentava um templo de fé. O quarto setor começou com um al de mosteiros e terminou com uma alegoria representando um baile de máscaras. No quinto setor do desfile, traços da cultura do norte e nordeste, como as alas que relembraram a Guerra de Canudos e o festival do Boi Bumbá. O desfile se encerra com Dom Sebastião como um Rei Encantado.
Fantasias
A ala de baianas desfilou logo no primeiro setor do desfile, com o figurino chamado ‘Arautos da fé’. Segundo a defesa da roupa as baianas representaram o sentimento de devoção. A roupa mostrava a fé no seu ato mais belo, a devoção. Nas primeiras alas e setores a Colorado do Brás buscou objetivar a leitura simples de seu enredo, porém o conjunto esteve bastante simplório com o uso de materiais muito simples, o que não interferiu na beleza do conjunto. Esse é um ponto que merece destaque. A escola passou muito bem vestida. Uma das alas que pode ser citada positivamente é a 08, ‘A loucura est´nos olhos de quem vê’. Divertida e com fácil leitura, empregou um bom uso de materiais. A partir do setor que aborda a religiosidade do enredo as indumentárias ganharam materiais mais rebuscados, melhorando a qualidade dos figurinos apresentados, com plumas e penas. Os passistas vieram representando o ‘Segredo do Pavão’, suposto refúgio de Dom Sebastião, a Índia.
Alegorias
O abre-alas trouxe uma grande carruagem levando o sonho e a esperança de uma nação. O desejado, o rei Dom Sebastião começava a narrar sua história num grande mar de rosas e flores, em uma atmosfera de encanto e magia. A primeira alegoria, entretanto, poderia ter um trabalho escultórico mais bem feito.
O segundo carro, se propôs a mostrar a grande fortaleza e os templos marroquinos e toda a riqueza deste país africano que revela segredos e muitos mistérios, e estes segredos levam à cobiça do rei de Portugal a querer invadir e dominar o país. A alegoria apresentou falhas de acabamento nas colunas traseiras na parte superior da alegoria.
Em seu terceiro carro, a Colorado buscou a representação do templo da fé, onde a força da igreja estava presente em todas as classes sociais e dominava a cultura. Novamente faltou um melhor apuro estético na parte superior da alegoria.
O desfile partiu para sua reta final com o quarto carro, ‘Baile de máscara e refúgio em Veneza’, representando grandes bailes onde se tinham beleza e muito mistério.
Para fechar o seu desfile a quinta alegoria representou a beleza das praias e lençóis, e um grande rei Dom Sebastião estilizado com estilo brasileiro, brincando sobre as ondas, dando assim uma atmosfera de brincadeira e liberdade poética. Nesse carro havia recursos estéticos de gosto duvidoso.
Ala das Baianas da Santa Cruz leva festa de Santo Antônio para a Sapucaí
A quarta escola a passar pela Sapucaí neste sábado apresentou o enredo ‘Santa Cruz de Barbalha, um conto popular no cariri cearense’, em que contava as estórias e a cultura da cidade de Barbalha e, coube as baianas representarem a procissão para a festa de Santo Antônio.
As tradições do Brasil Sertanejo, essa era a proposta da Acadêmicos de Santa Cruz para a ala das baianas. Mesmo com uma fantasia simples, a escola conseguiu retratar a festa de rua, enaltecendo as baianas. O tecido imitava uma renda transparente com bordados brilhantes na cor dourada. Na saia a presença de bandeirinhas verdes, típicas de festa junina, deram um toque especial à indumentária.
O pulso possuía pequenos braceletes cobertos por purpurina verde, combinavam com o conjunto da indumentária. A cabeça era coberta por uma renda branca. Na parte superior – nos ombros – destacava-se um babado com mais algumas bandeirinhas um pouco maiores também na coloração verde e na altura do peito, a Igreja de Santo Antônio localizado em Barbalha, o enredo que a escola escolheu para o carnaval de 2020.
A festa de Santo Antônio de Barbalha, também conhecida como Festa do Pau da Bandeira, é uma celebração popular que acontece desde 1928 tem seu início no começo de junho e se estende até o dia 13 do mesmo mês, onde ocorre a homenagem à Santo Antônio de Lisboa. Atualmente, a festa atrai diversos artistas e é considerada a maior festividade de Barbalha com a presença de 500 a 600 mil pessoas presentes durante as festividades.
Na opinião de uma das componentes da ala, Antonia de Souza, a escola estava linda e contou com a garra de cada componente para cruzar a Marquês de Sapucaí
“Sou costureira da ala das baianas e às vezes a gente nem tem tempo de saber o que a fantasia representa. Sou filha de uma das fundadoras e saio na escola desde meus nove anos. Comecei como passista e depois que minha mãe faleceu, senti que era a hora de desfilar como baiana e não larguei mais. A fantasia é ótima, leve e super tranquila para fazer o giro. Se Deus quiser, esse ano estaremos lá nas cabeças para subir ao especial!”, almeja a baiana.
Diferente do que aconteceu com outras escolas que passaram pela Avenida, na última sexta feira, as fantasias das baianas chegaram na concentração cedo, com isso três horas antes do desfile todas já estavam arrumadas só aguardando o momento do desfile.
Seis vezes melhor do mundo! Recorde da homenageada emociona componentes da Inocentes
A caçulinha da Baixada foi a segunda escola a pisar na avenida na segunda noite de desfiles da Série A, com o enredo “Marta do Brasil – Chorar no começo e sorrir no fim”. Marta Vieira da Silva, mulher guerreira e com um começo de vida difícil, foi eleita seis vezes a melhor jogadora do mundo pela FIFA, um recorde entre os atletas nas categorias feminino e masculino. Tal feito foi retratado na décima segunda ala da Inocentes de Belford Roxo, intitulada como “Seis Vezes a Melhor do Mundo”.
“Para mim é uma honra representar essa conquista de Marta. Ela é o retrato da mulher brasileira, um exemplo. Quando descobri que o enredo da escola seria uma homenagem, vi que eu precisava participar desse momento. Ela acabou de passar por aqui, do meu lado, e o meu coração bateu forte só de vê-la”, disse Danielle Bonel, de 44 anos. A componente, juntamente com os outros componentes da la, vestiu as cores do Brasil em uma fantasia que lembrava muito a roupa de um Pierrot.
O triângulo da bandeira verde e amarela pendia da parte da frente do traje, com detalhes dourados que também foram usados em outras peças da fantasia. Na cabeça, uma coroa acoplada a uma bola, e no esplendor seis estrelas que representavam a quantidade de vezes que a jogadora recebeu o título de campeã das campeãs, ficando reconhecida mundialmente por seu talento.
A integrante Beatriz Bandun, de 42 anos, levou dez franceses para a ala. Ela afirmou que eles ficaram muito felizes quando souberam que o tema da agremiação era a atleta, pois são apaixonados por futebol.
“Estou super feliz e muito emocionada. Os franceses estão radiantes com a oportunidade. Depois da Copa do Mundo, ela ficou muito famosa na França”, disse a componente, mostrando que o recorde alcançado por Marta é um fato histórico e admirado por todo o mundo.