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Unidos de Padre Miguel traz fantasias distintas dentro da mesma ala

A Unidos de Padre Miguel, sexta escola a entrar na avenida, trouxe o enredo “Ginga”. Que apresentou a trajetória histórica da Capoeira, uma expressão cultural de matriz africana e patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO. Na ala 4, nomeada de cenas pitorescas, o objetivo era relembrar as atividades de ganho e a praticada capoeira entre os negros andarilhos e vendedores do século XIX. As fantasias foram inspiradas nas telas dos pintores Rugendas e Debret.

Apesar da predominância das cores vermelho e branco, a ala 4 tinha vários tipos de fantasia, uma fila de componentes usava calças e outra saia, alguns usavam chapéus na cabeça, e outros plantas, vasos, cestas de couve, etc.

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Segundo Nana Costa, Diretora de ateliê, que tem 27 anos de Unidos de Padre Miguel, mais de 6 tipos de tecido foram usados nas fantasias da ala 4 como oxford, elastano, microfibra, sublimação. “Eu ajudei na escolha dos tecidos, e a fantasia está super leve e confortável”, garantiu.

Ricardo Ongaratto, que desfila pela primeira vez na escola mas coleciona desfiles em outras agremiações, contou que de todas as vezes que desfilou, essa foi a fantasia mais confortável que ele já usou.

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“Ela está bem feita, bem elaborada e muita bonita. O fato do tecido não ser de plástico e sim calça de verdade é ótimo. Porque não estamos sentindo nem frio nem calor, achei fantástico”, contou o estreante.

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Imperatriz apresenta ala de clubes cariocas em homenagem aos hinos compostos por Lamartine Babo

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O desfile da Imperatriz foi uma grande homenagem ao compositor Lamartine Babo. A a escola retratou sua vida e obra, ressaltando a importância das manifestações intrinsecamente populares na arte dele, entre elas, o futebol. Compositor apaixonado por esse esporte, Lalá, como foi apelidado, compôs em 1949 os hinos alternativos, na época não-oficiais, dos onze participantes do Campeonato Carioca de Futebol daquele ano. E, esse feito foi retratado no tripé ‘Lalá no Futebol’.

A homenagem aos hinos compostos para Botafogo, Vasco da Gama, América, Fluminense e Flamengo viraram alas. A maioria dos costeiros era belíssimos e marcantes, principalmente os da ala “Botafogo” que formavam um círculo dividido nas cores branco e preto com estrelas nas pontas.

A ala “Flamengo” possuía o vermelho e preto separados na fantasia, vermelho este listrado em tons diferentes que harmonizavam e cintilam com beleza, as mangas das camisas também era bem detalhadas. Os sapatos eram uma delicadeza ímpar, em uma linha retrô e que representam chuteiras. As alas do Botafogo e do Flamengo passaram pelo Sambódromo com os rostos de seus ídolos Garrincha e Zico. A ala alvinegra possuía mais riqueza de detalhes. Os chapéus dos componentes estavam grandes, o que icomodou algumas pessoas, entre elas Linda Cardoso, 50 anos, que desfilou na ala “Fluminense”.

“Amei essa fantasia, principalmente por eu ser fluminense e cair logo nessa ala. Achei a roupa muito bonita, com uma qualidade grande, bom ver nossa Imperatriz assim. Somente a cartola que está um pouco pesada mas pela Imperatriz a gente topa tudo e na Avenida nem sente, é muito amor. Por essa escola eu faço tudo, juntando com o fluminense, melhor ainda”, afirmou.

Luciana de Souza, 52 anos, é uma das componentes da ala “Vasco” e destaca o acabamento de qualidade da fantasia o ponto que mais lhe chamou atenção.

“Gostei muito da fantasia, muito confortável, poder representar o nosso time na nossa escola de coração é tudo de bom, muita emoção. Gostei de cada detalhe, é uma fantasia muito bem feita, elaborada e com uma ótima confecção. Nós estamos muito felizes, muito bem vestidos e com empolgação de sobra ” contou.

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Unidos de Padre Miguel recria a chegada dos negros no Cais do Valongo em abre-alas de impacto

A trajetória da capoeira foi o tema do enredo da Unidos de Padre Miguel em 2020. A agremiação, quinta a entrar na Avenida na segunda noite de desfiles das escolas da Série A, mostrou toda a força histórica do esporte de raízes africanas que é praticado por todo o Brasil e reconhecido por todo o mundo. Seu abre-alas representou a chegada dos escravos no país, em uma alegoria impactante e de muitos significados.

Dois carros acoplados retrataram uma mescla entre um navio negreiro e os arredores do Cais do Valongo, local onde os negros desembarcavam depois da viagem realizada em condições desumanas. Na frente do Abre-Alas estava a proa da embarcação, em tons dourados e com detalhes em vermelho. Nas laterais, alusões aos muros de pedra pertencentes ao cais, com componentes vestidos como comerciantes locais.

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“Nós estamos representando as doceiras e os vendedores. Adorei a alegoria e a minha fantasia, toda a coordenação da escola é maravilhosa”, afirmou a componente Maria da Glória, de 50 anos.

No meio do carro uma coroa, símbolo do império conivente com a escravidão, transformou-se em uma prisão de sangue, com componentes pintados dos pés a cabeça de vermelho para retratar o martírio dos negros que foram forçados a deixar suas raízes para serem vendidos como mercadoria. Rodrigo Balbino, de 28 anos, foi um dos participantes dessa representação.

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“Nosso ato significa a dor e o sofrimento passado pelos escravos nesses barcos. O carro está esplêndido, assim como todo o enredo!”, afirmou.

A parte final da alegoria foi toda elaborada em tons de marrom, com detalhes de imagens de tribais africanos em vermelho, preto e branco. Nas laterais, peças douradas que retratavam a popa da embarcação, que combinava com a proa do início do carro.

Colorido e autêntico, trem da alegria da Imperatriz propõe viagem ao universo musical de Lamartine

Com o propósito de convidar o público a embarcar rumo ao universo musical do homenageado Lamartine Babo, a Imperatriz optou por um verdadeiro trem da alegria, como diz o samba-enredo. A alegoria acoplada que abria o desfile da escola de Ramos era provavelmente a maior, mais alta e mais impactante da Série A esse ano. Ao centro, o carro trazia a figura de Lamartine. Carnavalizado, conduzindo a maria-fumaça.

As composições do carro representavam antigos foliões. E um deles era Tiago Serpa, de 33 anos, e Emily Caroline, 20.

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Tiago contou sobre a emoção de desfilar num carro tão grande e numa das maiores escolas de samba da folia carioca.

“A emoção de abrir esse desfile é muito grande. Esse carro é para entrar pra história da Imperatriz”, confessou.

Emily reforçou a responsabilidade da apresentação na verde e branca.

“É muito emocionante, eu torço muito para escola e sei o quanto é importante entrarmos na avenida com uma alegria tão imponente quanto essa”, afirmou.

Do outro lado da alegoria, os demais componentes também estavam empolgados em puxar o carnaval da escola de Ramos. Valesca Magalhães, de apenas 16 anos, era uma delas. Em seu segundo ano pela escola a adolescente desabafou sobre a diferença de 2019 para 2020.

“Tudo está diferente. As fantasias nesse ano estão linda e os carros iluminados. Atingimos nossa expectativa que era de emocionar a plateia”, finalizou Valesca.

Professora da rede pública do Rio de Janeiro é destaque em alegoria do Império da Tijuca

As “Quimeras de um eterno aprendiz” do Império da Tijuca chamaram a atenção de diversos novos componentes para a escola. Um deles foi a professora Cláudia Nunes, de 49 anos. Ao saber do tema escolhido para o carnaval 2020, ela fez questão de desfilar na escola. Para a estreia ser em grande estilo, Claudia optou pelo terceiro carro da verde e branca “Utopias de um Império do saber”.

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A alegoria exaltava a contribuição do Império para o ensino, educação e a cultura no Brasil.

“Eu desfilei como colombina da sabedoria. Sou professora da prefeitura do Rio e me senti convidade para participar desse desfile. A luta pela educação é parte da minha história. Eu não poderia ficar de fora”, contou a professora.

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Também no mesmo carro, a destaque Renata Sales, 25 anos, se sentiu tocada pela mensagem da escola no quesito educação. “Nossa educação precisa ser prioridade no país. O conhecimento é o que a gente traz de mais importante na nossa vida e transmite para as novas gerações”, explicou.

Ambas estavam acompanhadas no carro por uma figura especial: um anjo do saber. A escultura trazia uma mensagem de inclusão, respeito e esperança. Em suas mãos, um livro com mensagens escritas por crianças da própria comunidade do Morro da Formiga.

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Samba rouba a cena em desfile problemático da Unidos de Bangu

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Por Diogo Sampaio. Fotos: Allan Duffes e Nelson Malfacini

Em uma noite de grande desempenho do intérprete Igor Vianna, o samba-enredo foi o principal destaque da apresentação da Unidos de Bangu, que enfrentou problemas em quase todos os quesitos. A vermelha e branca foi a terceira escola a desfilar e apresentou o enredo “Memórias de um Griô: a diáspora africana numa idade nada moderna e muito menos contemporânea” em 52 minutos.

Comissão de Frente

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Intitulada de “Meu sangue é a retinta majestade e em meus braços não pesam mais correntes”, a comissão de frente assinada pelo coreógrafo Vinicius Rodrigues trazia um griô como personagem principal e retratava o processo de colonização europeia no continente africano. Bastante teatralizada, a apresentação tinha seu momento principal quando o colonizador branco europeu, representando pela figura de um capaz, “sugava a alma” do negro escravizado, que voltava a vida através do griô, amparado pela força de três orixás. No entanto, apesar do ápice, a reação do público variou entre tímida a nenhuma. Além da falta de impacto junto ao público, a comissão de frente deve perder alguns décimos na segunda e terceira cabine de jurados.

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Durante a apresentação no módulo dois, o chapéu de um dos integrantes caiu logo no início, permanecendo no chão até o fim. Ainda na mesma cabine, antes de encerrar, outro componente também perdeu a cabeça da fantasia. Já na terceira cabine de julgamento, como forma de contornar o problema, todos os integrantes da comissão se apresentaram sem o chapéu.

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Mestre-Sala e Porta-Bandeira

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Em seu segundo ano no posto de primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da Unidos de Bangu, a dupla Anderson Abreu e Elisa Xavier veio simbolizando a exuberância da savana, com uma indumentária de materiais simples e baratos, como a palha. Durante a apresentação para o módulo dois, a parte de cima da fantasia de Elisa começou a soltar da saia, o que evidenciou os problemas de acabamento da roupa.

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Com uma dança de passos lentos e bastante coreografada, o casal também teve problemas de sincronia. Na primeira cabine de jurados, em um dado momento da apresentação, Elisa estendeu a mão para Anderson que só respondeu segundos depois.

Harmonia

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Apesar dos diversos problemas de evolução, a harmonia da Unidos de Bangu foi uma constante positiva durante a passagem da escola. Mesmo correndo, os componentes não deixaram de cantar o samba e demonstrar empolgação com a obra.

Enredo

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Com a proposta de narrar a história do continente africano, sob o ponto de vista de seu primeiro habitante, um griô, a escola quis retratar com seu enredo as consequências da colonização do branco europeu, que originou males que perduram até os dias de hoje, como a desigualdade e o preconceito. Entretanto, o conjunto visual da agremiação não conseguiu passar com clareza a mensagem. No caso do terceiro setor da agremiação, nem mesmo com o roteiro de desfiles em mãos era possível ter uma completa leitura do que estava sendo representado pelo desfile.

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Além disso, o tripé “Realeza Conga”, que constava no roteiro de desfiles, não passou pela Avenida e deve acarretar no desconto de alguns décimos no quesito.

Evolução

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O quesito foi um dos mais problemáticos da vermelha e branca. Com um ritmo muito lento no início, a comissão de frente só chegou ao terceiro módulo de jurados aos 30 minutos de desfile. Em seguida, com receio de ultrapassar o limite máximo de 55 minutos, a escola acelerou o passo do meio para o fim da apresentação. Devido a correria, diversos clarões surgiram entre uma ala e outra, além de grandes espaçamentos dentro delas.

Samba-Enredo

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A obra assinada por Dudu Senna, Diego Nicolau, Richard Valença e companhia teve bom desempenho na Avenida, graças a excelente performance de Igor Vianna em sua estreia no microfone principal da agremiação. O cantor foi o grande ponto alto do desfile, mantendo o rendimento do samba durante toda a apresentação.

Fantasias

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Em sua estreia na Marquês de Sapucaí, o carnavalesco Bruno Rocha trouxe um conjunto de fantasias criativo, com o uso de muitos materiais alternativos. Um dos principais destaques fica para ala 01, intitulada “Reino do Congo”, que apostou em um costeiro feito de macarrão de piscina, uma solução barata que funcionou visualmente e deu volumetria ao figurino.

Alegorias e Adereços

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As alegorias da Unidos de Bangu, diferentemente das fantasias, foi um dos destaques negativos da apresentação. Os carros, de materiais pobres e de difícil leitura, tiveram diversos problemas de acabamento nas esculturas.

Outros Destaques

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A passagem de Darlin Ferrattry, mãe da cantora Lexa, despertou a atenção do público e roubou a cena na passagem da agremiação. Em sua estreia como rainha de bateria, Darlin demonstrou simpatia, além de entrosamento com os ritmistas.

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