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Componentes da Mocidade enaltecem a representatividade de Elza Soares

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Penúltima escola a desfilar na Sapucaí, na segunda noite de apresentações do Grupo Especial, a Mocidade Independente de Padre Miguel homenageou a voz marcante de Elza Soares, eleita a cantora brasileira do milênio pela Radio BBC, em 1999. Emocionada com a homenagem, Elza passou pela Avenida em um carro que exaltava sua superação em todas as adversidades que passou na vida.

Elza começou a ser reconhecida na carreira pública quando se apresentou no show de calouros do cantor e compositor Ary Barroso, nos anos 50. Na ocasião, quando perguntaram de que planeta ela teria vindo, Elza respondeu sem titubear. ‘Vim do planeta Fome.’

Com o nome de “Você tem fome de quê? Que filhos do planeta fome não percam a esperança em seu cantar”, o quinto e último carro da agremiação remetia a esse famoso episódio da trajetória da cantora. Muitas cores compunham a alegoria que trazia a grande homenageada da noite. A alegoria tinha bocas famintas, com mãos abertas saindo de dentro delas.

Em cima das mãos, havia pratos servindo de suporte para os destaques, que também vestiam fantasias bem coloridas. No centro do carro, uma enorme boca aberta, como se uma caixa de som saísse da sua garganta, lembrando toda a potência do grito de resistência e de luta de Elza Soares.

Daniele Barcelos, de 36 anos, que fez sua estreia na Avenida como destaque da quinta alegoria da Mocidade, e conversou com o site CARNAVALESCO sobre a experiência.

“No final é o banquete de tudo que Elza fez, tudo que ela vivenciou. E hoje ela tá aqui provando, tá se alimentando… É o banquete total. Fico lisonjeada pelo que a escola está fazendo, pela vida e história de Elza. Uma mulher guerreira, que foi até pra guerra.”

No alto do carro, cachos de banana davam um tom de brasilidade. Na parte traseira, a palavra “sucumbir” veio escrita em meio a dois punhos negros cerrados, representando a força e o poder da homenageada. Joyce Barcelos, de 28 anos, também saiu pela primeira vez como destaque e contou sobre sua admiração pela história da cantora: “A Elza é uma superação”, disse Joyce que emendou.

“Sei o quanto ela foi uma guerreira, o quanto ela sofreu. O quanto ela deu a volta por cima. O enredo fala muito disso, do que ela passou na vida dela, da fome. E que ela deu a volta por cima, que ela conseguiu ser um exemplo pra todos nós”, conclui.

Componentes da Tijuca comemoram a volta ‘pra casa’ de Paulo Barros

paulo barrosA Unidos da Tijuca, quarta escola a entrar na Avenida, na noite da última segunda-feira, trouxe para a Sapucaí o enredo “Onde Moram os Sonhos”, desenvolvido pela comissão de carnaval composta por Hélcio Paim, Marcus Paulo e Paulo Barros, que está de volta à escola após cinco anos. O anúncio oficial do retorno foi feito pela escola em junho, e deixou os Tijucanos muito felizes.

Maria Gomes, que desfila na velha guarda há seis anos diz que adora o casamento entre Paulo Barros e a Tijuca. “Uma dupla que deveria ser inseparável, ele é Tijuca, não é? Ele é a cara da Tijuca! Deve ser Tijuca até no sangue!”, brinca.

Maria do Amaral, que desfila na Tijuca há três anos, esse ano estava na ala 9, Arquitetura Colonial. Para ela, Paulo Barros é um dos melhores carnavalescos da atualidade. “Vamos dar a César o que é de César, Paulo Barros é um talento! Nós adoramos o fato dele estar aqui. Eu acho ele muito criativo em qualquer escola que ele está, mas eu acredito que a Tijuca seja a menina dos olhos dele”, conta.

Deuzenir de Abreu, uma das componentes da ala 22, Vou de Bicicleta, se considera suspeita pra falar sobre a parceria entre o carnavalesco e a Tijuca.

“Adoro ele, acho que a ausência dele deixa o nosso coração um pouco balançado, eu acho que ele tem um DNA tijucano, o que eu sinto é que mesmo que ele saia, a tijuca não sai dele, onde ele estiver a gente vai torcer pra ele, mas a vinda dele pra cá foi uma festa”, narra a componente, que desfila na Tijuca há seis anos.

Ala das baianas da Mocidade relembrou 1976, último ano de Elza como intérprete

As baianas da Mocidade Independente lembraram na avenida um dos encontros mais emocionantes entre a homenageada Elza Soares e sua escola de coração, a verde e branca de Padre Miguel. As tradicionais senhoras representaram o carnaval de 1976, quando a cantora defendeu pela última vez um samba da escola, no histórico desfile em homenagem à Iyálorixá baiana Mãe Menininha do Gantois. O samba daquele ano, cantado por Elza com o saudoso intérprete Ney Vianna, apostava que a passarela iria se transformar num cenário de magia lembrando a velha Bahia. No carnaval da década de setenta, o desfile criado pelo talentoso carnavalesco Arlindo Rodrigues deu à verde e branca o terceiro lugar. Agora, o independente acredita no campeonato da escola.

Em sua estreia como baiana da verde e branca, Flávia Rodrigues, de 42 anos, afirmou ser difícil carregar o peso de reverenciar uma mulher que canta as dores do Brasil.

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“Prestar essa homenagem à Elza e poder ver a emoção dela no nosso desfile é muito especial. Fiquei um pouco nervosa com esse momento. Vejo como uma retribuição, ela merece muito”, desabafou.

A mais experiente baiana da escola, Luzia Moreira, com 85 anos, recordou com emoção os momentos de Elza ao longo da história da mocidade. E garantiu que desfilaria com a mesma garra dos seus primeiros carnavais, em respeito à deusa da Vila Vintém.

“A linda roupa que vestimos nessa noite é branca e prateada para abrilhantar ainda mais o desfile. Elza merece que a Mocidade tenha feito sua melhor apresentação porque ela é mais que uma mulher da nossa comunidade, ela é a própria voz da nossa escola”, contou.

A roupa desenhada pelo carnavalesco Jack Vasconcelos reservou uma emoção particular para Dona Luzia, por ser parecida com que a baiana desfilou pela primeira vez na escola de Padre Miguel no histórico “A festa do divino”. Carnaval de Arlindo Rodrigues em 1974.

Tijuca encerra seu desfile com o Rio de Janeiro perfeito para seus moradores

A Unidos da Tijuca, quinta escola a entrar na Marquês de Sapucaí na última noite de desfile, levou para avenida o enredo “Onde Moram os sonhos”. Com o objetivo de discutir a relação do homem com o espaço-natureza. O carnavalesco Paulo Barros nomeou o quarto setor de “A cidade pode ser maravilhosa” e o carro que encerrava o desfile foi o grande destaque. Nomeado de “A minha felicidade mora nesse lugar”, início do refrão do samba-enredo, a última alegoria da escola tinha como objetivo falar sobre o Rio de vários ângulos: Praia de Copacabana, Vista da China, Zona Portuária, Morro do Borel e o Cristo Redentor. O carro era acoplado possuía muito verde, guarda sol com estampa do calçadão e uma roda gigante. Recriando o novo ponto turístico da cidade.

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Alcione Lopes era uma das componentes do carro e falou sobre a temática escolhida.

“Acho que o Paulo Barros tem uma visão muito inteligente de colocar as coisas no mais fácil entendimento possível para que ninguém veja o desfile e fique com dúvidas. Acho muito importante falarmos sobre a cidade”, contou.

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Sobre a concepção da ideia do carro, a estreante Tatiana Martins afirmou que Paulo Barros está aprovado.

“É o nosso mundo, o que estamos vivendo hoje. Por isso acho que esse carro vai ter bastante repercussão. Acho importante falarmos da cidade na avenida, e a representação dele vai chocar a Sapucaí”, finalizou.

Alex de Souza brilha e Salgueiro diverte, mas peca em evolução

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Por Guilherme Ayupp. Fotos de Allan Duffes e Magaiver Fernandes

O carnavalesco Alex de Souza deixou a avenida depois do desfile do Salgueiro com o seu melhor trabalho desde 2014, quando levou a União da Ilha ao quarto lugar. Na madrugada desta segunda-feira de carnaval a Academia do Samba encantou o público presente no Sambódromo, tamanho o bom gosto de Alex em alegorias e fantasias.

Entretanto, as chances de título podem ficar reduzidas devido aos erros no quesito evolução. Pelo menos dois buracos na altura dos módulos de julgamento. E um andamento de desfile irregular ao final da pista. Fatores que podem custar décimos valiosos ao Salgueiro na briga pelo campeonato.

Comissão de Frente

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Uma das comissões de melhor leitura que passou pela avenida. Tão simples de entender que sequer precisou do auxílio do roteiro de desfile para compreender do que se tratava. A apresentação tinha quatro partes. Elas representavam a chegado do circo a Pará de Minas, onde nasceu o homenageado da escola, Benjamin de Oliveira. Depois a finalização com o seu nome como um dos grandes na arte brasileira. No segundo módulo de julgamento ao coroar o personagem que representava Benjamin, a coroa caiu na frente da comissão julgadora.

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Mestre-Sala e Porta-Bandeira

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Sidclei e Marcella desfilaram representando a roupa mais formal do universo circense: a casaca. Na saia da porta-bandeira, referências ao Salgueiro e à lona que fica sobre o picadeiro. A dupla passou com correção pelas cinco cabines de julgamento, demonstrando toda a categoria e entrosamento que se acostumaram a exibir.

Enredo

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O Salgueiro se propôs a contar a história de Benjamin Oliveira através da chegada do circo na cidade natal do homenageado, Pará de Minas. A partir dos setores apresentados, Alex de Souza conseguiu passar sua proposta com clareza. Destaque para a abertura e o encerramento do desfile. Na última alegoria da agremiação um personagem com o mesmo figurino e maquiagem daquele visto na comissão de frente representado Benjamin, como se ele voltara. Narrativa de construção muito coerente e bem conduzida. Muita leitura nas alegorias e fantasias, sem perder a beleza estética.

Fantasias

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Alex de Souza possui muitos trabalhos a serem observados devido ao seu bom gosto nos figurinos. No desfile do Salgueiro de 2020 o artista mostrou toda a sua versatilidade ao oferecer um conjunto maravilhoso de fantasias. Materiais muito bem combinados que foram transformados em figurinos completos, volumosos e muito bonitos. Podemos destacar as alas “solte suas feras”, “Peri – o Guarany”, “A viúva alegre – opereta”, “clown” e “Ride palhaço’ como as que mais se destacaram no conjunto.

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Alegorias

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O trabalho alegórico do artista merece destaque também. Primeiro por construir carros alegóricos belíssimos que permitiam a fácil leitura do enredo. O abre-alas, que mostrava um cortejo circense, tinha muitas esculturas e recursos visuais. Entretanto o acabamento de um dos elefantes estava mal feito. O jurado do quesito localizado na quinta cabine de julgamento fez anotações e fotografias da alegoria. A sequência de carros tinha bom acabamento. Destaque para o último, que emocionou a todos com figuras negras na alegoria.

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Evolução

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O quesito mais problemático da apresentação salgueirense. Primeiro por dois buracos abertos em dois pontos da pista, que pode representar a perda de décimos em pelo menos três cabines. Outro fator que vale registro foi a irregular evolução na cabine dupla de julgamento localizada no setor 10. A escola passou extremamente acelerada pelo local até a bateria entrar no recuo. Após isso houve um excesso de lentidão que só foi melhorar quando a apresentação chegou aos 40 minutos.

Harmonia

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A comunidade salgueirense novamente deu um show na avenida. Não é possível apontar uma única ala em que os componentes não tenham cantando a plenos pulmões. Se dependesse dos desfilantes salgueirenses a escola estaria com a taça de campeã do carnaval na quarta-feira de cinzas.

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Samba-Enredo

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O samba-enredo do Salgueiro, que recebeu algumas críticas no período pré-carnavalesco, atendeu aos parâmetros básicos exigidos pelo manual de julgador. Contou o enredo com correção, com uma bela letra e sua melodia possibilitou uma boa evolução e harmonia. Os problemas ocorridos foram no aspecto de técnica de desfile e não de rendimento da obra.

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Outros Destaques

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O carro de som veio todo fantasiado de animais circenses. A ala de baianas esteve com a cara do Salgueiro, com uma fantasia belíssima. Ailton Graça arrancou aplausos do público por onde passava. O mesmo fenômeno observado com a rainha de bateria Viviane Araújo. O desfecho do desfile do Salgueiro mexeu bastante com o público nos últimos setores.

Maculelê de Carlinhos do Salgueiro trouxe leões para iniciar desfile com valentia

A famosa ala do maculelê, coreografada por Carlinhos do Salgueiro, intitulada no desfile como “Solte suas feras” veio na frente do abre-alas com a apresentação de leões e leoas usando trajes que remetem aos gladiadores romanos. Durante o desfile os bailarinos alternavam movimentos circenses com expressões de garra e valentia próprios do leão. No fim da ala alguns componentes traziam aros na mão fazendo alusão aos truques que os animais fazem nos espetáculos do picadeiro atendendo aos pedidos dos domadores para saltar.

Um dos componentes da ala era Winderson, estreante na escola. Em conversa com o site CARNAVALESCO o dançarino explicou o sentido da apresentação dos bailarinos.

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“No circo tinham os leões que passavam por dentro de arcos. A parte que os animais participavam abrilhantava ainda mais o show. Foi uma coreografia muito diferente, no padrão Carlinhos do Salgueiro”, contou.

Outra estreante foi Vitória Helena. Após a apresentação, a componente afirmou que a coreografia tinha o intuito de entreter o público e que serviu de injeção de ânimo para a cabeça da escola.

“É uma parte que mistura circo, teatro, afro, com a força do leão, valentia e garra. É tudo muito animal e artístico. É uma força pro início da escola. Entramos trazendo axé e energia. É feito um circo, pois lá você começa cada show com uma novidade. Foi isso que Salgueiro mostrou, iniciamos o desfile de maneira bem forte”, finalizou.

Fotos: Desfile do Salgueiro no Carnaval 2020

‘Baianas videntes’ do Salgueiro preveem título para vermelha e branca

Em uma homenagem a Benjamim de Oliveira, o Salgueiro teve o circo como pano de fundo no seu desfile. A escola levou fantasias irreverentes, com componentes caracterizados como artistas circenses. As baianas da vermelha e branca foram incumbidas de representar as cartomantes. Mulheres que fazem adivinhação por intermédio de baralhos.

Localizadas no segundo setor da escola, as matriarcas vieram com uma fantasia mesclando as cores branco, preto, vermelho e dourado. Os símbolos dos naipes do baralho foram colocados na indumentária e no chapéu. Nas mãos, as baianas carregaram um leque, objeto característico das ciganas que realizavam tal trabalho de vidência nos circos. As componentes se mostraram satisfeitas com a roupa, que estava bastante leve, segundo Cíntia Correa.

Cintia

“Sou baiana do Salgueiro há 3 anos. Nós representamos cartomantes com uma fantasia muito leve. Quando vi o conjunto, com todas arrumadas, fiquei encantada”, afirmou.

Fazendo jus ao papel que foram delegadas pelo artista Alex de Souza, as integrantes da ala previram o possível futuro da agremiação ao passar pela dispersão.

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“Vejo minha que escola será campeã. Está escrito que levaremos o troféu para casa mais uma vez”, brincou Valéria Cunha, de 60 anos.

Fotos: Desfile da Vila Isabel no Carnaval 2020

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Caminho livre para o título! Vila Isabel apresenta canto e evolução impecáveis com deslumbre plástico

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Por Diogo Sampaio. Fotos: Allan Duffes e Magaiver Fernandes

Por meio de uma profecia, vinda através de um sonho, o curumim chamado Brasil descobriu que ganharia uma irmã, cujo nome seria Brasília. Nela, estaria sintetizada toda força e esperança de um povo. Foi a partir dessa premissa que a Vila Isabel desenvolveu seu carnaval de 2020. Na ode aos que construíram a capital federal, a azul e branca do bairro de Noel demonstrou toda garra de seu chão, ao apresentar sua melhor harmonia desde o campeonato de 2013, que junto à repetição do deslumbre plástico do ano passado, fazem que o “povo do samba” possa sonhar com o quarto título da escola.

Comissão de Frente

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A comissão de frente assinada pelo coreógrafo Patrick Carvalho veio representando “O Clamor de Uaikôen”. A apresentação consistia no “Menino Brasil” sendo desfiado pelos índios mais velhos de sua tribo a encarar um desafio para se tornar um grande guerreiro. Na sequência, ele enfrentava os mistérios da floresta, representado em um tripé que acompanhava a comissão, e lutava contra um grudo de onças pintadas. Após vencer os obstáculos, ele era coroado por um ancestral, mantendo vivo assim um legado de gerações. Com uma excelente caracterização, tanto em figurino, quanto em maquiagem, a comissão de frente não cometeu erros em nenhuma das cabines.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

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Com uma fantasia que simbolizava o “Equinócio Ameríndio”, o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Raphael e Denadir, representou o encontro de Guaraci e Jaci no resplandecer da passagem da noite para o dia. O figurino trazia um dégradé de cores que ia do amarelo ao lilás. O deslumbre da roupa era acompanhado por uma dança elegante, de movimentos graciosos, com muitos giros por parte de Denadir e muito riscado por parte de Raphael, O casal passou sem erros pelos três módulos de julgamento.

Harmonia

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Desde o desfile campeão de 2013, quando levou para Sapucaí um samba-enredo composto por nomes como Martinho da Vila, André Diniz, Arlindo Cruz e companhia, que a Vila Isabel não tinha um canto tão forte e aguerrido de sua comunidade. Ao longo da escola, era difícil ver um componente que não cantasse a obra. Isso ficava ainda mais nítido quando bateria e carro de som paravam, evidenciando o pulsar feroz do samba.

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Até mesmo seguimentos que tradicionalmente não cantam ou catam pouco, como comissão de frente e os guardiões do primeiro casal, entoaram com afinco o samba-enredo. Entre as alas, se destacou a de número 09, intitulada “A Gente Irmã Suada do Litoral”, que desfilou gritando o hino da escola praticamente.

Enredo

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De maneira lúdica, a Vila Isabel homenageou os 60 anos da cidade de Brasília através do enredo “Gigante pela Própria Natureza: Jaçanã e um indígena chamado Brasil”. A partir de um conto indígena, a azul e branca do bairro de Noel fez uma viagem pela cultura, pelo folclore e pelos costumes de cada uma das regiões que formaram o país e juntas construíram a capital federal. A proposta, apesar de poder parecer complexa, foi desenvolvida de maneira clara, graças ao apurado trabalho plástico da escola, que conseguiu dar leitura nítida para as fantasias e alegorias.

Evolução

Depois de ter enfrentado problemas nesse quesito no carnaval de 2019, que impediram que pudesse disputar mais acirradamente pelo título, a Vila Isabel arrumou a casa e fez um desfile marcado por uma evolução impecável. A escola se apresentou com ritmo cadenciado, componentes soltos e vibrantes, sem ter aberto buracos ou clarões em qualquer momento de sua passagem pela Avenida.

Samba-Enredo

Tinga demonstrou, mais uma vez, o porquê de ser considerado um dos melhores intérpretes do carnaval carioca. A obra composta por Cláudio Russo, Chico Alves e Júlio Alves, alvo de críticas no pré-carnaval, teve um desempenho espetacular durante a passagem da escola pela Marquês de Sapucaí.

O samba foi cantado a plenos pulmões por todas as alas e até mesmo as arquibancadas se renderam. A bateria de mestre Macaco Branco se encaixou perfeitamente com o samba, sendo outras das peças primordiais para explicar o sucesso dela na Avenida.

Fantasias

O bom uso de cores e estamparias foi o principal destaque do conjunto de fantasias. Os figurinos apresentavam boa leitura e acabamento. Os costeiros e cabeças grandes de algumas alas ajudavam a dar ainda mais volumetria para o desfile da escola. Entre as de maior criatividade estava a da ala das baianas, nomeada de “Caldeirão de brasilidade”, que tinha sua saia formada por bananas.

Alegorias e Adereços

O carnavalesco Edson Pereira brindou o público com mais um belo conjunto alegórico, que aliou requinte e grandiosidade. De fácil leitura e muito bom gosto, destacaram-se nele o abre-alas, formado por três chassis diferentes, e que representava o “Arrebatamento de Brasil em sua viagem onírica”; além do último carro, intitulado “Brasília, joia rara prometida”, que trazia uma releitura da Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida, símbolo da capital federal, transformando sua estrutura arquitetônica no manto da padroeira do Brasil.

Outros Destaques

Sabrina Sato deixou o posto de rainha de bateria, mas não abandonou a Vila Isabel. Agora como majestade da escola, a japa venho a frente da comissão de frente, sendo ovacionada durante sua passagem pela Sapucaí. Na companhia de Martinho da Vila, ela sambou, brincou e interagiu com o público.