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União de Jacarepaguá leva fé e emoção à Intendente, mas enfrenta desafios na evolução

Por Ana Júlia Agra

A União de Jacarepaguá levou à Intendente Magalhães, no último domingo, pela Série Prata, um desfile que buscava mostrar a força invisível que a fé representa na vida de quem crê, nos sonhos e momentos mais escuros da vida humana. Fábio Júnior e Natália Monteiro, o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, mostrou sincronia e entrosamento para os jurados. Já na evolução, a escola acabou enfrentando problemas no abre-alas, que acabou afetando o andamento do desfile.

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Fotos: S1 Comunicação/CARNAVALESCO

Comissão de frente

Comandada pelo coreógrafo Arthur Rozas, a comissão de frente da União de Jacarepaguá, envolveu o público com uma coreografia que apresentava confiança e o poder que a fé têm sobre os sonhos, enquanto a obscuridade pode estar presente como um monstro na turbulência e descrença. Enquanto dançavam, os componentes entoaram com força e autoconfiança os versos do samba-enredo, celebrando a força intangível da fé.

Mestre-sala e porta-bandeira

Fábio Júnior e Natália Monteiro apresentaram uma dança cadenciada, com movimentos impactantes e envolventes. O casal mostrou conexão com o enredo e entre si. A coreografia foi bem executada e representou com fidelidade o enredo da escola, que busca espelhar a forma como o homem tenta compreender seu lugar no universo, com a fé sendo representada mais uma vez através da fantasia da porta-bandeira. Sua saia era composta por diversas “Espadas de São Jorge”, uma planta atrelada a crenças e simpatias culturalmente. No entanto, durante o desfile, partes da saia da porta-bandeira acabaram caindo pelo caminho, deixando algumas falhas visíveis em sua fantasia.

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Harmonia e Samba

Os componentes não apresentaram canto forte durante sua passagem pela Intendente. O intérprete José Paulo Miranda conduziu de forma satisfatória o samba, mas contou com alguns problemas técnicos do som, assim como os demais intérpretes neste domingo na Série Prata. A bateria comandada pelo mestre Marquinhos passou pela Passarela Popular do Samba empolgando os foliões que assistiam da arquibancada, com um ritmo contagiante.

Evolução

Após problemas para a entrada do abre-alas na Passarela; algumas alas apresentaram certa desorganização, e de passistas teve um buraco perceptível. Entretanto, não foi o único visto na escola, na frente dos carros alegóricos ocorreram espaçamentos consideráveis. Ainda assim, a escola conseguiu fechar o desfile dentro do tempo regulamentar, sem penalidades.

Unidos de Lucas mostra na Intendente uma versão teatral e envolvente de ‘O Auto da Compadecida’

Por Ana Júlia Agra

A Unidos de Lucas trouxe para a Avenida, no último domingo, uma versão carnavalesca da obra de Ariano Suassuna, mesclando a literatura de cordel, a adaptação da obra para o cinema, religiosidade e cultura. A apresentação do casal de mestre-sala e porta-bandeira, Ewerton Anchieta e Alana Couto, emocionou com a homenagem através da fantasia de Alana, que representava a padroeira do Brasil.

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Fotos: S1 Comunicação/CARNAVALESCO

Comissão de frente

A dupla formada por Daniel Ferrão e Léo Torres usou um elemento móvel, maquiagem artística, máscaras e referências a adaptação cinematográfica da obra de Ariano Suassuna, encantando e cativando jurados e público presentes. A teatralização da coreografia desenvolvida para a comissão de frente foi uma grata surpresa, que introduziu fielmente o que viria a seguir para ser apresentado pela escola.

Mestre-sala e Porta-bandeira

O casal de mestre-sala e porta-bandeira, Ewerton Anchieta e Alana Couto, apresentou uma dança tradicional e cadenciada, com movimentos suaves e elegantes. A coreografia leve e delicada buscava trazer a doçura de Nossa Senhora Aparecida, representada através da fantasia da porta-bandeira.

A conexão da dança do casal, o entrosamento e o uso da representação de uma figura tão marcante para o contexto do enredo na fantasia de Alana trouxe a fácil identificação para o público do que a escola se propôs a retratar em seu desfile.

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Harmonia e Samba

A harmonia da escola se destacou pelo canto da comunidade, ora mais tímidos, ora mais intensos, mas presentes por todo desfile. Um samba que fluiu bem e contagiou componentes e a arquibancada.

O intérprete Vinny Machado conduziu a escola de forma satisfatória, conseguindo um bom entrosamento com a bateria comandada por mestre Celsinho; que trouxe agogôs ritmados, buscando representar o tom típico das músicas características do regionalismo nordestino.

Evolução

A Unidos de Lucas não apresentou problemas evidentes de evolução, tampouco buracos visíveis ou correria. Conseguiu evoluir pela Passarela Popular sem problemas ou polêmicas. O samba funcionou, a escola evoluiu bem e encerrou seu desfile dentro do tempo regulamentar.

Chatuba de Mesquita leva o funk para a avenida e faz o Intendente tremer

Por Juan Tavares

A Chatuba de Mesquita desfilou na Intendente Magalhães na noite deste domingo. Contudo, apesar de ser uma das últimas escolas a desfilar na Série Prata, isso não foi motivo para cansaço e desânimo. Muito pelo contrário, foi uma das razões para tanto destaque, principalmente na sua comissão de frente, que chegou mandando um “beijinho” no ombro para os concorrentes, em alusão à música da funkeira Valeska Popozuda.

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Fotos: S1 Comunicação/CARNAVALESCO

O desfile começou e terminou pontualmente aos 40 minutos. O enredo Funk-se Quem Quiser, dos autores Alexandre Costa, Lino Sales e Marcus do Val, foi representado na voz de Edinho Gomes. A agremiação foi a nona na ordem dos desfiles, porém esteve disposta a mostrar todo o seu potencial na noite da Avenida Intendente Magalhães. A ala das crianças fantasiadas de hip-hop foi um show à parte. Esse momento foi muito emocionante, pois mostra que o som que antes era recriminado passa para as próximas gerações de maneira ressignificada.

Comissão de Frente

A comissão chamada ‘O Baile de Funk e seu Paredão’ representou muito bem os passinhos que jovens costumam dar nos bailes. Os integrantes usaram um figurino bastante fidedigno, com direito a cropped e short curto, com cores que variavam entre prata, verde fluorescente e rosa pink. Nas mãos e pés de alguns componentes, foram colocadas caixas representando o paredão de som.

Mestre-sala e porta-bandeira

O casal Cristiano Foguinho e Ana Beatriz Arruda fez sucesso na performance com muita animação e sincronia. O rapaz estava vestido com a fantasia dourada, em homenagem ao saudoso James Brown, famoso e um dos responsáveis pela evolução do ritmo gospel no mundo. Além disso, ele também influenciou outros gêneros musicais, como rock, jazz, reggae, disco e hip-hop.

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Já Ana estava com uma fantasia maravilhosa, vibrando e girando como se fosse sua primeira vez em uma apresentação dessa magnitude. A componente manteve-se impecável, celebrando cada momento e levando foliões à loucura com seu carisma e sua fantasia com adereços na cor verde e dourada, as mesmas das cores da bandeira da escola. Ali, quem estava presente certamente era Betty Davis, que fez história no cenário do funk nos anos 70.

Harmonia

De modo geral, a escola teve uma harmonia bem animada durante os 40 minutos na avenida. A ala das baianas, que representava o gênero musical ‘black music’ – música feita pelos negros escravizados nos Estados Unidos – esteve bem entrosada. As saias rodadas coloridas, com uma espécie de escudo prateado e a imagem de uma mulher com black Power e uma coroa dourada, mostraram o empoderamento não só do estilo, como também da mulher preta.

As musas Michele e Aline foram um show à parte. Ambas mostraram que samba no pé é com elas mesmas, ainda que não estejam no padrão de corpo que a indústria da moda prega.
A segunda ala, chamada ‘sons metálicos’, nas cores branca e prata, contribuiu ainda mais com a beleza da escola, principalmente pelos contrastes que diversos instrumentos podem criar entre si quando estão juntos. As vozes dos demais componentes pareciam um uníssono quando a bateria caprichou junto com os puxadores, no trecho: “Glamurosa, rainha do funk. É som de preto e favelado. Beijinho no ombro, respeite a nossa luta. Atenção, chegou Chatuba.”

Evolução

Um pequeno buraco se formou na ala 8, chamada Tamborzão, e no tripé ‘Tambores de Ogã’, que, por sinal, estava lindo. O muso Diego Edson deu o melhor de si durante sua apresentação. Foi uma pena que sua presença ilustre, seu desempenho e sua simpatia não tenham sido o suficiente para minimizar ou sanar este pequeno problema que permeava os dois “setores”.

Samba

A escolha do samba mostrou-se ainda mais necessária nos tempos difíceis nos quais vivemos. Apesar de o tema ser recorrente nos debates sociais, não se pode esquecer o quão o ritmo – funk, embora celebrado hoje – já foi marginalizado por ser oriundo das periferias e do povo negro escravizado.

Os principais pontos positivos são, de fato, a letra somada à voz dos cantores e dos componentes, que celebram a libertação de criar uma arte que movimenta a economia, não somente na favela, como também transforma inúmeras vidas, gera empregos e dá uma outra perspectiva sobre a vida de uma pessoa de origem simples.

Os negativos, por outro lado, podem ser a falta de referência a outros cantores de funk, que não fazem uma crítica social, mas sim apologia a determinadas situações, como crime, abuso e relações sexuais explícitas. Esses discursos muitas vezes descredibilizam o gênero como arte e o colocam novamente num patamar de inferioridade pelo seu conteúdo.

Outros Destaques

Vale salientar que, além da bateria da escola ter sido excelente, sua identidade visual representativa também deve ser comentada aqui. Todos os componentes estavam trajados de polícia militar, fazendo referência à repressão truculenta que muitas vezes o Estado impõe contra as minorias menos favorecidas.

O segundo casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira também deu o seu melhor, com muito sorriso, passos, giros e energia. Eles estavam muito “solares” na noite de ontem, com a fantasia de frutas tropicais, que também remete à época das mulheres-frutas.

A ala 12 também não pode passar despercebida, com seus integrantes usando a fantasia com o nome ‘Silva’, um dos mais comuns, porém muito famoso por conta da música “Rap do Silva”, que diz: “É só mais um Silva que a estrela não brilha. Ele era funkeiro, mas era pai de família.” Esse trecho se refere a como os funkeiros eram marginalizados e excluídos, muitas vezes tratados como “marginais” tanto pela sociedade quanto pelo poder coercitivo exercido pelas autoridades da área de segurança pública, que deveria protegê-los e não os prender.

 

Problemas com os atrasos dos casais comprometem o desfile do Arrastão

Por Márcio Guilherme

A sétima escola da noite, a Arrastão de Cascadura, levou para a avenida o enredo “Teatro Experimental do Negro – Arte, Cultura e Resistência”, desenvolvido pelo carnavalesco Sandro Gomes, que contava o movimento cultural criado por Abdias Nascimento, o que cria vários paradigmas sobre a ausência dos negros e de temas de representações no teatro.

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Fotos: S1 Comunicação/CARNAVALESCO

Como os casais estavam atrasados a direção de Harmonia segurou a escola para que os mesmos pudessem ocupar os seus devidos postos. Tal inciativa comprometeu a evolução, ao qual levou a agremiação ao estouro do seu tempo de desfile em 42 minutos e 17 segundos, o que pode acarretar em perdas de preciosos décimos. Mesmo diante desse incidente, os demais segmentos da escola passaram bem pela pista de desfile.

Comissão de frente

Se apresentou com toda a performance do Teatro Experimental, de maneira muito coesa e sincronizada como exigido para o tema. Passando a leitura correta com referência a toda cultura negra com a interpretação e representação artística em referência a personagem central do enredo, o Abdias Nascimento.

Mestre-sala e Porta-bandeira

Apesar de toda a tensão envolvida no início, evoluíram bem. Foram conceituais e precisos. Com muita elegância e sincronismo, apresentaram uma performance satisfatória.

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Harmonia e Evolução

Faltou um pouco de sincronia do canto da escola com o carro de som. Os componentes se apresentaram com oscilações de canto entre as alas, faltou a explosão do samba acontecer. A escola passou morna. Com todo o episódio envolvendo os atrasos dos casais, a agremiação teve o seu desfile muito comprometido. No seu último setor os componentes correram o que o ocasionou diversos espaçamentos entre as alas, perdendo o controle o que levou ao estouro do tempo.

Samba 

A obra dos compositores Jayme Cesar, Richard Valença, Julio Pinel, Serginho Rocco, Rodrigo Gomes, Nilson Lemos, Orlando Ambrosio, Evandro Irajá, Cosminho, Berval e Anderson Alemão, realizou uma leitura pontual. Em conjunto com a bateria se tornou um samba forte, atendendo bem a proposta e exigência do enredo.

Outros Destaques

Sob a regência do mestre Carlos Alexandre, mantiveram o ritmo constante, preciso e correto, não deixaram o sarrafo cair e a cadência foi muito coesa. Passou muito bem. Sem erros ou sustos.

Com erros de evolução, Santa Marta estoura o tempo de desfile

Por Márcio Guilherme

A oitava escola da noite, a Mocidade Unida do Santa Marta, levou para a Intendente Magalhães o enredo “Ajeum: Alimento de corpo e alma”, desenvolvido pelo carnavalesco Arthur Paschoa, que contou sobre a culinária sagrada afro-brasileira desde os tempos da ancestralidade. A agremiação se apresentou de forma lenta na avenida, fazendo com que, ao final do seu desfile, corresse para não estourar o tempo, abrindo vários espaçamentos entre as alas e alegorias, assim terminando o seu desfile no tempo de 41 minutos e 27 segundos.

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Fotos: S1 Comunicação/CARNAVALESCO

Comissão de Frente

Comandada pelo coreógrafo Plínio Costa, encenaram os orixás em uma grande gira. Com muito sincronismo e performance, passaram uma leitura clara do enredo, atendendo bem à proposta e exigência do tema. Uma excelente apresentação, digna de nota máxima.

Mestre-sala e Porta-bandeira

O casal Marcelo Tchetchelo e Érica Duarte se apresentou com muito sincronismo e muita elegância. Uma performance muito boa. Vieram para buscar a nota máxima no quesito.

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Harmonia e Evolução

A escola, em alguns momentos, se apresentou de forma vibrante, com os componentes cantando o samba, em sintonia com o carro de som e a cadência da bateria. A agremiação se apresentou de forma lenta no seu desfile. Teve problemas que podem custar a perda de alguns décimos por conta da correria no trecho final, na tentativa de não estourar o tempo; de nada adiantou.

Samba

A obra dos compositores Bruno Gomes, Ana Beatriz Florindo, Sergio Henrique da Conceição, Carlos Henrique dos Santos, Ari Jorge (in memoriam), Tales Fernando, Sylvio Ricardo e Luis Fernando da Silva realizou a leitura perfeita do enredo. Com a letra forte e melodia que casou corretamente, bem interpretado pelo Raí Trovick e seu carro de som, contagiou os componentes e a galera presente.

Bateria

Os ritmistas, comandados pelo Mestre Caliquinho, se apresentaram com uma cadência forte e pra cima. Foi o complemento necessário para fazer o samba acontecer na avenida.

Outros destaques

Vai para a Comissão de Frente, que realizou uma excelente apresentação diante dos jurados. A interpretação do Raí Trovick e o carro de som fizeram o samba acontecer, casando-o perfeitamente com a cadência e as bossas do Mestre Caliquinho.

‘É o maior carnaval da Vila Isabel em termos de inovação’, diz presidente Luiz Guimarães

Com um desfile que promete unir tecnologia, criatividade e tradição, a Vila Isabel chega à Sapucaí em 2025 com a ambição de reconquistar o título do carnaval carioca. Em entrevista ao CARNAVALESCO, o presidente Luiz Guimarães revela detalhes sobre o enredo “assombrosamente divertido”, os investimentos em efeitos visuais, a força da comunidade e a estratégia para superar rivais. Confira os bastidores de um carnaval que aposta em inovação, maquiagem impactante e surpresas na avenida para emocionar jurados e torcedores.

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Foto: Site CARNAVALESCO

Passado o pré-Carnaval, chegou o momento. Qual é o tamanho da sua expectativa para esse desfile da Vila?

“A expectativa é a maior possível. O Carnaval está no ápice. Respeitamos todas as escolas. O que resgatamos na Vila foi o orgulho de pertencimento. Não entramos mais como ‘mais uma escola’, e sim para disputar. Estamos em quarto no ranking da Liga, o que mostra nossa evolução. Estou acreditando muito neste ano, ainda mais analisando os nove quesitos friamente. Nosso carnaval será muito diferente dos demais. O conjunto pode impactar no resultado: as surpresas que vamos trazer, a criatividade e o impacto visual. Sem dúvida, é o maior carnaval da Vila em termos de inovação. Paulo Barros acertou muito, e estamos confiantes”.

Dizem que, para a Vila ganhar este ano, Paulo Barros precisa repetir o “segredo”. É por aí?

“Ele teve grandes carnavais entre 2010 e 2014, cada um com um estilo único, mas dentro da identidade dele. Nosso conjunto alegórico tem carros com significados especiais e surpresas, como o de São Jorge. São seis ou sete carros que vão impactar, cada um com estética e conceito diferentes, mas alinhados ao enredo. A comissão de frente, por exemplo, trará algo inédito na Sapucaí”.

O que você quer dizer com “algo inédito”?

“Usaremos luz, efeitos especiais e investimentos pesados em tecnologia. Será um pontapé inicial que pode “anestesiar” o público. O conjunto alegórico está muito bem resolvido”.

O casal de mestre-sala e porta-bandeira virá no padrão tradicional?

“O primeiro casal mantém o padrão clássico. O segundo virá com uma fantasia mais elaborada. Ficou bem legal”.

Você mencionou efeitos e maquiagem. É um carnaval com investimento nisso?

“Mais de 95% da escola estará maquiada. Gastamos mais de meio milhão só em maquiagem, com 100 profissionais trabalhando. Até a bateria terá próteses dentárias para o efeito de vampiro. É um trabalho minucioso, mas a comunidade abraçou o enredo, que tem um ar tenebroso, mas divertido”.

O novo modelo de julgamento (sem comparação entre escolas) preocupa?

“A Vila votou contra, pois acreditamos que o carnaval é comparativo. Mas o plenário decidiu, e vamos respeitar. Só saberemos os efeitos após o resultado”.

E o samba-enredo? É uma preocupação?

“O samba deste ano é funcional e autoexplicativo, como o Evoé (2023). Ele permite que o público entenda o enredo enquanto canta. Tivemos o Gbalá e perdemos pontos. O quesito é imprevisível, mas estamos confiantes”.

O desfile tem elementos similares ao Carnaval de 2011 da Tijuca (do “Medo”)?

“Tem similaridades no conceito, mas com tecnologia atual. Em 2011, não tínhamos os recursos de iluminação e efeitos de hoje. Este ano será muito mais impactante”.

A segurança na região da Vila preocupa? Como a escola ajuda a comunidade?

“Os ensaios são o maior evento cultural do bairro. A escola é um refúgio de alegria em meio às dificuldades. Estamos construindo uma quadra esportiva e planejamos uma Vila Olímpica para ampliar projetos sociais. Queremos dar oportunidades às novas gerações”.

Há cobrança para dar um título ao seu pai (Capitão Guimarães)?

“Meu foco é a escola, não vaidades pessoais. Se ganharmos, será por todos. O sentimento aqui é de que cada um dê seu melhor pela Vila”.

Qual é a análise sobre os rumos do Carnaval com a Liga?

“Acredito na direção da Liga, mas houve mudanças polêmicas, como o desmembramento dos dias. Os camarotes, por exemplo, sofreram com a terça-feira. Precisamos ajustar isso”.

O Carnaval 2025 é o mais caro da história da Vila?

“Sim. Tecnologia, iluminação e inovações elevam os custos. Estamos entre as três escolas com maior investimento no Grupo Especial. Algumas recebem verba de municípios vizinhos, o que cria desigualdade. Mas a Vila se destaca pela criatividade e gestão.”.

Paulo Barros está satisfeito com o trabalho?

“Ele está mais feliz e participativo do que em anos recentes. Isso nos dá ainda mais confiança”.

Macaco Branco é o maior mestre de bateria da história da Vila?

“Ele é excepcional. Quando o trouxemos, a bateria estava há quase 10 anos sem nota máxima. Macaco é músico, entende de tudo, e hoje é o coração da escola, junto com Tinga”.

Tinga é cobiçado por outras agremiações. Como mantê-lo?

“Ele ficará na Vila enquanto quiser. Torço para que daqui a 40 anos ele complete 50 anos de carreira aqui, como Neguinho da Beija-Flor”.

Qual quesito será o diferencial em 2024?

“A comissão de frente, pela inovação. Mas precisamos estar bem em todos os nove quesitos para vencer”.

A adesão da comunidade ao samba surpreendeu?

“Era esperada. Resgatamos o orgulho de ser Vila Isabel. O samba foi abraçado porque a comunidade acredita no projeto”.

Para encerrar: o título é possível em 2025?

“Claro. Todo ano batemos na trave, mas saímos do Sambódromo com a certeza de que fizemos o melhor. Nossa hora vai chegar”.

Dom Bosco de Itaquera realiza desfile leve com destaque para o conjunto musical

Dom Bosco de Itaquera realiza desfile leve com destaque para o conjunto musical
Detalhes de alegoria e o colorido das fantasias também ficaram em evidência.
Fechando o dia domingo do Grupo de Acesso 1, a Dom Bosco de Itaquera levou para o Anhembi o circo. O público pôde ver um colorido muito forte pela pista e um desfile bastante leve e alegre. O destaque ficou para a bateria “Gloriosa”, comandada pelo mestre Bola, além do carro de som, liderado pelo intérprete Rodrigo Xará. A riqueza de detalhes nas alegorias idealizadas pelo carnavalesco Fábio Gouveia também vale uma citação especial.

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Comissão de frente

A comissão, que é comandada por André Almeida, representou a “Trupe Cigana”. Nela, havia palhaços e bobos da corte, além de ciganas e as personagens denominadas como “Mulher Barbada” e o “Apresentador”. O tempo todos os bailarinos desfilavam em sincronia e em duplas saudando o público. Uma comissão de frente realmente que foi para a pista com o objetivo de cumprir o regulamento. Vale destacar também o tripé, que havia uma figura de um olho no centro, que é a logo do enredo.

DomBosco2025 PrimeiroCasal

Mestre –sala e porta-bandeira

O casal Leonardo Henrique e Mariana Vieira, vestidos de “Circo Místico”, tiveram um desempenho satisfatório no desfile. Bem como a maioria dos casais neste ciclo, a dupla optou por realizar os movimentos obrigatórios com o objetivo de arrancar as notas 10 dos jurados.

Enredo

A proposta da escola foi apresentar a origem do circo. A partir disso a Dom Bosco colocou espetáculos nas alegorias, a escultura dos animais e as lonas tão característica dentro do abre-alas. A agremiação também optou por colocar na pista o ilusionismo, o tradicional palhaço, ciganas e cartomantes. Apesar de três setores, um tema rico e recheado detalhes, combinado com um colorido muito forte.

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Alegorias

O abre-alas, denominado como “O Grande Circo”, de fato era uma réplica perfeita do local da felicidade. São usadas carroças e esculturas de animais que fazem partes dos espetáculos ao redor do mundo, como o elefante, que ficava no topo da alegoria. A lona, característica principal da cultura, esteve presente nas cores vermelha e branca também em cima do carro.

A segunda alegoria, representava “O Circo Místico”, onde haviam cisnes carregando o carro que tinha como elemento principal as cartas de tarô e a cartomante ao centro. Balões e um grupo cênico completavam a alegoria.

O último carro simbolizava “Bravo Bravíssimo”, onde ao centro tinha um nariz e boca do palhaço. O complemento do carro era feito de balões, além de destaques. Vale ressaltar a presença da figura central da agremiação presente na alegoria: o padre Rosalvino.
Fantasias. A escola foi vestida padrão circo mesmo. Uma característica bem colorida com maquiagens criativas, lembrando espetáculos circenses. O acabamento foi satisfatório, sem erros e a Dom prezou pelos componentes. Indumentárias leves que permitiam o componente evoluir com tranquilidade.

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Samba-enredo

O carro de som, conduzido pelo intérprete Rodrigo Xará mostrou um nível de entrosamento altíssimo. O cantor vive ótima fase e empolgou o público, além do fato de o samba cair como uma luva na voz dele. As vozes femininas da ala musical foram o grande destaque da ala, que se tornaram bem perceptíveis ao longo da avenida.

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Evolução

Por ser um samba alegre e descontraído, inevitavelmente a comunidade da Dom Bosco é instruída a evoluir dessa maneira. Uma escola compacta sem deixar rastros de espaçamentos também. Não há coreografia dentro do samba, somente aplausos em determinadas partes da obra.

Outros destaques

A bateria “Gloriosa”, comandada por mestre Bola, deu um desempenho satisfatório para o samba, além de realizar bossas criativas em momentos estratégicos do desfile para atingir os compassos necessários