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Arame de Ricardo enfrenta desafios com canto tímido e falhas em alegorias, mas mantém evolução organizada

Por Ana Júlia Agra

A Arame de Ricardo levou à Passarela Popular do Samba, na última sexta-feira, um desfile que buscava mostrar o Maracatu, sua tradição e vibração que contagiam, revisitando a história do mestre Luiz de França. Sua comissão de frente apresentou o Maracatu, uma das manifestações populares mais importantes da cultura nordestina.

Comissão de frente
Alessandra Oliveira, coreógrafa da comissão da azul e branco de Ricardo de Albuquerque, foi a responsável pela apresentação, que trouxe referência ao bailado do Maracatu, com uma coreografia carismática e fantasia repleta de cores e elementos do ritmo retratado. Ela introduziu a homenagem feita ao mestre Luiz de França, que foi um ícone do Maracatu-nação Leão Coroado, dirigindo-o de 1950 até sua morte, em 1997.

Mestre-sala e porta-bandeira
O casal de mestre-sala e porta-bandeira, Cris Santos e Thuan, apresentou uma dança cadenciada, com movimentos sincronizados, mesclados com um bailado diferenciado que conversava com o ritmo homenageado pela escola. Mostraram conexão e intimidade. A fantasia do casal, através de estampas de animais, trazia à tona pontos do folclore brasileiro.

Harmonia e Samba
A harmonia da escola poderia ter desenvolvido melhor o canto tímido de seus componentes, que foram ora tímidos, ora mais presentes. A Arame apresentou problemas em suas alegorias e fantasias. Levou para a Passarela Popular do Samba um carro sem destaque, com parte do nariz de uma das esculturas quebrada, além de fantasias incompletas e divergentes entre seus componentes.

Os intérpretes Ronaldo Junior e Diego Natural souberam conduzir o samba, intitulado “Arame de Ricardo vem mostrar o seu Maracatu, que é tradição, é vibração que contagia”, com maestria, levando animação e uma palinha do Maracatu para o público presente. A bateria dos mestres Juan e Igor encaixou perfeitamente com o samba leve, animado e envolvente, com direito a paradinhas em que se ouvia a comunidade ecoar o samba.

Evolução
A agremiação não apresentou problemas visíveis de evolução, tampouco correria ou buracos durante seu desfile. Encerrou sua passagem pela Intendente com pouco mais de 38 minutos, alas preenchidas, carros passando bem pela dispersão e componentes desfilando calmamente.

Problemas com elemento cenográfico e evolução comprometem o desfile da Bangay

Por Márcio Guilherme

Última escola da noite, a Bangay levou para a avenida o enredo “Nordestino – É sinônimo de luta, cultura e tradição”, desenvolvido pelos carnavalescos Sandra Andrea e Tiago Rosa, com a proposta de expandir a consciência sobre os nove estados que abrangem a Região do Nordeste, trazendo histórias contadas, ancestralidade e toda a sua riqueza cultural. Contudo, a escola teve alguns problemas que serão determinantes na perda de alguns décimos.

Comissão de frente
A comissão, coreografada por Pablo Ventura, defendeu bem a ideia do sincretismo religioso na região. Com uma performance pontual, mas com alguns erros na sua evolução, comprometeu um pouco o sincronismo entre os integrantes diante dos módulos. A utilização do elemento alegórico para a transformação de Nossa Senhora em Iansã foi interessante; porém, o mesmo apresentou problemas em sua locomoção a partir da apresentação ao segundo módulo, quando bateu e derrubou as grades de proteção da avenida, prejudicando a encenação.

Mestre-sala e porta-bandeira
O casal Leandro Gomes e Carol Bittencourt se apresentou diante dos jurados com leveza e sutileza. Contudo, faltou um pouco de sincronismo, o que pode acarretar na perda de alguns décimos, mas nada de agravante ou comprometedor. Defenderam bem o pavilhão da escola.

Harmonia e Evolução
A harmonia, comandada por Patrícia Ferreira, foi determinante na empolgação dos componentes, fazendo-os cantar com leveza e alegria, de forma contagiante. Os problemas na evolução foram determinantes para comprometer todo o trabalho; houve correria, espaçamentos entre as alas e buracos no decorrer delas. Toda a preocupação foi em não estourar o tempo de desfile, o que até conseguiu, mas nada tirou o prejuízo. A escola fechou seu tempo de desfile em 37 minutos e 15 segundos.

Samba
A composição de Richard Valença e Cabeça do Ajax passou a leitura clara do enredo. Atendeu bem à proposta, com uma letra rica, informativa e bem didática, além de nuances melódicas que remetiam bem à musicalidade nordestina.

Bateria
Os ritmistas, comandados pela Mestra Fernanda Martins (Mestra Fefê), passaram bem na avenida, com bossas criativas e elevando o samba em um casamento perfeito com o carro de som, comandado pelo intérprete Maguinho Vem no Batuque, contagiando os componentes.

Com um desfile altamente técnico, a Recreio se credencia como uma forte candidata ao título da Série Prata

Por Márcio Guilherme

Penúltima escola da noite, a Acadêmicos do Recreio levou para a avenida o enredo “Toda ação tem uma reação em nosso ambiente”, desenvolvido pelo carnavalesco Rodrigo Pacheco. Abordou as consequências das ações do homem sobre a natureza, ressaltando que, com o progresso, vêm o desmatamento e a necessidade de preservação para um mundo melhor, em um verdadeiro alerta à humanidade. Com um desfile sem erros e altamente técnico, a agremiação se consolida como uma forte candidata ao título.

Comissão de frente
Coreografada por Alinne Kelly, a comissão apresentou diante de todos os módulos a constante luta do bem contra o mal em nosso ambiente. Em uma encenação com pirotecnia, arrancou aplausos e empolgou o público presente. Sem deixar de destacar o puro sincronismo e muita técnica, transmitiu perfeitamente a linguagem do enredo. Uma performance de nota máxima.

Mestre-sala e porta-bandeira
O casal Emerson Faustino e Joana Falcão levou leveza à sua apresentação diante de todos os módulos. Com muita técnica e precisão no compasso, utilizaram uma linguagem simples para transmitir bem a mensagem do enredo. Com uma dança clássica, atenderam à proposta e arrancaram aplausos com uma performance de nota máxima.

Harmonia e evolução
O trabalho de Dalton Ferreira e seus diretores foi resultado de muita técnica e organização. A escola evoluiu bem, sem espaçamento entre as alas; os componentes cantaram o samba, empolgando o público presente, principalmente na reta final. Foi um trabalho coeso e de excelência, resultando em um belo desfile, sem qualquer tipo de correria, encerrando sua apresentação em 36 minutos e 58 segundos.

Samba
A composição de Jefinho Rodrigues, Marquinho Índio, Arlindinho Cruz e Gilsinho Oliveira trouxe uma leitura muito correta do enredo, com uma linguagem de fácil assimilação do tema. Com versos objetivos e nuances melódicas, foi muito bem interpretada por Leozinho Nunes e todo o carro de som. O cavaco de Celo Guedes e o arranjo de Jotinha enriqueceram ainda mais o samba, fazendo os componentes cantarem. Todo o conjunto foi muito feliz.

Bateria
A cadência dos ritmistas, comandados pelo Mestre Reigner Junior, trouxe muitas bossas, elevando ainda mais o samba durante a passagem da escola. Isso empolgou os componentes e cativou o público presente. Apresentação de nota máxima.

Vicente de Carvalho apresenta problemas sérios na evolução e luta para permanecer na Série Bronze

Por Júlia Fernandes

Na noite do último sábado, a Mocidade de Vicente de Carvalho pisou forte na Intendente Magalhães para disputar a vaga na Série Prata. Com o enredo “Oié Muié Rendeira – Oié Muié Rendá! Tu me ensina a fazer renda, que eu te ensino a sambar”, a escola levou ao público um desfile repleto de brasilidade, mas com problemas sérios na evolução.

Comissão de frente
Com uma coreografia bem ensaiada, os componentes se apresentaram com muita teatralidade e passos fortes. Além das fantasias bonitas e bem-acabadas, eles usaram maquiagens elaboradas, o que realçou ainda mais a caracterização dos personagens. Durante a performance, a comissão utilizou um pequeno carro alegórico, que trouxe um toque especial à apresentação. A coreografia foi bem executada, mas houve momentos em que a sincronia se perdeu.

Casal de mestre-sala e porta-bandeira
O casal de mestre-sala e porta-bandeira da Mocidade deu um verdadeiro show de elegância e sintonia. As fantasias estavam bem elaboradas, trazendo riqueza nos detalhes e harmonia com o enredo. A porta-bandeira, no entanto, girou de maneira mais lenta do que o esperado, o que pode ter impactado a fluidez da apresentação. Já o mestre-sala conduziu a dança com maestria, sempre com um sorriso confiante no rosto.

Harmonia
A comunidade da agremiação mostrou que canta com a alma. O samba-enredo foi interpretado com paixão pelos componentes, e o público, empolgado, acompanhou em coro, tornando o momento ainda mais especial. A sintonia entre as alas fortaleceu o desempenho da escola na disputa.

Evolução
No quesito evolução, a Mocidade enfrentou alguns desafios. A escola deixou muitos buracos ao longo da avenida, o que pode comprometer a pontuação no quesito. Os integrantes seguiram alinhados em alguns momentos, mas houve falhas perceptíveis na ocupação do espaço. Além disso, a escola enfrentou problemas com um dos carros alegóricos.

Outros destaques
A bateria de Mestre Allanzinho, apelidada de *”Furacão Verde”*, trouxe bossas bem encaixadas e um andamento preciso. Os ritmistas mostraram que estavam afiados para a disputa.

As alas apresentaram boas fantasias, trazendo rendas e bordados. Tanto a Rainha de Bateria quanto as musas esbanjaram carisma e muito samba.

Vila Kennedy faz boa apresentação, mas excesso de componentes quase compromete desfile

Por Júlia Fernandes

Com o enredo “Toni Garrido: O Nosso Orfeu Negro”, a Unidos da Vila Kennedy entrou na Intendente Magalhães para contar a história de um dos maiores artistas do país na Série Bronze do carnaval. Sob a direção do carnavalesco Lucas Lopes, a azul e branco da Zona Oeste transformou a avenida em um espetáculo, onde a música, a cultura e a trajetória do icônico artista se tornaram pura poesia visual. Antes mesmo de começar, a escola foi ovacionada pelo público ao ser anunciada.

Comissão de frente
A comissão de frente veio forte, com uma coreografia muito elaborada, precisa e sincronizada. Os componentes contaram a história do artista desde pequeno — uma criança o representou — até a fase adulta. A teatralidade marcou a apresentação, encantando o público. No entanto, alguns itens das fantasias caíram durante a apresentação, o que gerou certa preocupação.

Casal de mestre-sala e porta-bandeira
O casal de mestre-sala e porta-bandeira foi um dos pontos altos da noite. Com leveza e maestria, o mestre-sala rodopiava ao redor de sua dama, que conduzia o pavilhão da escola com imponência e elegância. Eles estavam muito bem entrosados e dançaram com graça e precisão. O figurino do casal era belíssimo.

Harmonia
A harmonia da escola foi contagiante. Do primeiro ao último setor, os componentes entoaram o samba com paixão, enchendo a avenida com uma energia arrebatadora. O refrão chiclete ecoava forte e mostrava a identidade vibrante da agremiação. A sintonia entre a bateria e o carro de som deu o tom perfeito para uma apresentação inesquecível. As alas estavam muito animadas, vibrando do início ao fim.

Evolução
Na evolução, a escola fez bonito. Os componentes dançavam com alegria, embalados pelo ritmo pulsante da bateria, que trouxe bossas marcantes e uma cadência impecável. Por conta do excesso de componentes nas alas, na reta final, a escola precisou correr muito para não estourar o tempo máximo.

Outros destaques
Entre os destaques, a bateria incendiou o público com uma apresentação eletrizante. Eles deram um show de sincronia e organização, demonstrando um trabalho técnico impecável.

As fantasias das alas eram bonitas e bem acabadas. Mas uma das passistas chamou a atenção ao ser a única desfilando descalça.

A Rainha de Bateria e as musas deram um show à parte, esbanjando carisma pela Intendente Magalhães.

Gato de Bonsucesso impressiona com fantasias e maquiagens elaboradas durante desfile da Série Bronze

Por Júlia Fernandes

O Gato de Bonsucesso pintou a Intendente Magalhães na noite deste sábado, quando entrou na Avenida para disputar a Série Bronze do Carnaval Carioca. Com o enredo “Lendas e Curiosidades de Um Felino Amado”, a escola apresentou uma viagem envolvente pelo universo dos gatos, com um desfile vibrante, carregado de emoção e rico em detalhes.

Comissão de frente
Com uma coreografia precisa e bem executada, os componentes retrataram as lendas e mistérios que cercam os felinos ao longo da história. As fantasias estavam bonitas e bem acabadas, demonstrando um alto nível de capricho e atenção aos detalhes. A comissão se apresentou de forma muito sincronizada.

Casal de mestre-sala e porta-bandeira
Luan Mackenzie e Gabriella Figueira dançaram como se estivessem levitando pela avenida. O casal desfilou com uma fantasia impecável e luxuosa, utilizando maquiagem artística que tinha tudo a ver com o enredo e a identidade da escola. Além disso, apresentaram uma coreografia bem executada, transmitindo harmonia e sintonia. Um dos destaques foi o figurino da porta-bandeira, que contava com luzes, tornando sua apresentação ainda mais impactante.

Harmonia
A comunidade cantou a plenos pulmões o samba interpretado por Felipão, que embalou a escola com sua voz potente e carismática. A sintonia entre os componentes e a bateria foi evidente, refletindo o trabalho árduo dos meses de ensaio. O refrão chiclete do samba garantiu que a arquibancada acompanhasse a festa, transformando a Intendente em uma imensa roda de samba. No entanto, as alas apresentaram contrastes notáveis, intercalando momentos de grande animação com outros de evidente desânimo.

Evolução
Durante a apresentação, a agremiação apresentou falhas, com buracos bem evidentes ao longo do desfile. Ainda assim, os destaques positivos ficaram por conta de um carro alegórico que lançava confetes e de uma ala dedicada exclusivamente às crianças e adolescentes, trazendo um toque de doçura e renovação à apresentação.

Outros destaques
Além da rainha de bateria, o brilho ficou por conta das musas Silvana Santos, Luana Telles, Suellen Magia, Vanessa Freitas e Bia Ramos, que esbanjaram simpatia e samba no pé. O muso Jonatan Napier também roubou olhares com sua presença marcante.

A bateria de Orfeu fez uma boa apresentação, sustentando o ritmo da escola e garantindo a cadência necessária ao desfile.

Um dos momentos mais emocionantes ficou por conta do segundo casal de mestre-sala e porta-bandeira, formado por duas crianças que encantaram o público e os jurados com sua graça e dedicação.

As fantasias das alas, embora bonitas, eram simples, mas isso não tirou o brilho e a alegria da escola.

União de Maricá renova com o carnavalesco Leandro Vieira para 2026

A União de Maricá acertou a renovação do carnavalesco Leandro Vieira para o Carnaval 2026. Após desenvolver o elogiado e premiado enredo “O cavalo de Santíssimo e a coroa do Seu 7”, que destacou a trajetória e o legado de Seu Sete da Lira e de Mãe Cacilda de Assis na cultura popular, o artista seguirá na escola visando o desfile da Série Ouro do próximo ano.

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Leandro Vieira Rafael Arantes
Foto: Rafael Arantes/Divulgação

Responsável por levar a União de Maricá a um desfile marcante na Marquês de Sapucaí, Leandro Vieira celebrou a continuidade do trabalho na agremiação. Ele, mais uma vez, fará dupla jornada com a Imperatriz Leopoldinense, que está no Grupo Especial.

“Gosto daquilo que faço e o carnaval é o meu ofício. Para mim, é motivo de imensa alegria ter a possibilidade de seguir pensando uma escola que vai seguir insistindo em fazer carnaval para se inserir com dignidade numa disputa possível com as grandes escolas do grupo”, disse.

Com um olhar atento para os enredos que exaltam a cultura popular, Leandro reforçou seu compromisso com a proposta da União de Maricá:

“Seguirei pensando a Maricá como uma plataforma que pode insistir em enredos que popularizem o Brasil que eu acredito: o Brasil da fé e da festa. Da negritude como bandeira urgente e da escola de samba como veículo potente para popularização de ideias e de nomes que não devem cair no esquecimento. Bora para 2026”, afirmou Leandro, demonstrando bastante animação.

Leandro Vieira é o segundo nome confirmado no time da escola para o ciclo carnavalesco de 2026. Ele detém dois títulos no grupo, sendo um com a Imperatriz Leopoldinense, em 2020, e outro com o Império Serrano, em 2022, além de três conquista na elite. A escola acertou a contratação de Zé Paulo Sierra como intérprete oficial

Unidos de Cosmos conquista com enredo e harmonia, mas erra com evolução lenta e ultrapassa 40 minutos, na Intendente

Por Juan Tavares

Na primeira noite de desfile da Série Bronze, a Unidos de Cosmos mostrou que a Zona Oeste do Rio ainda esconde preciosidades que devem ser mais exploradas e valorizadas tanto pelos componentes quanto pelos torcedores da agremiação, que resiste em um dos bairros mais distantes da cidade.

A escola fez um desfile lindo, tal como as escolas das Séries Ouro e do Grupo Especial, com suas alegorias chamativas e bem-feitas. Apesar de simples, conseguiu fazer uma comissão de frente animada, que se apresentou com louvor no desfile. O casal de mestre-sala e porta-bandeira deu um show sem deixar a peteca cair.

Cosmos pecou no tempo de apresentação. Infelizmente, ultrapassou os 40 minutos definidos pela Superliga. Esse atraso, com certeza, fará com que a agremiação seja penalizada nesse quesito. O último integrante só saiu pela dispersão aos 44 minutos e 59 segundos, uma pena para todos que passaram pela Intendente. Ademais, colocou ao menos quatro homens para desfilar na ala das baianas. Com isso, não se pode entender se a motivação por trás da atitude era a inclusão ou se foi falta de mulheres para integrar o quadro.

Comissão de frente
As nove pessoas que integravam a comissão conseguiram impressionar tanto na coreografia quanto na fantasia e maquiagem, que estavam na medida certa. Só se formou um pequeno buraco – quase imperceptível – quando eles se dividiram, mas nada agravante que desmerecesse o esforço deles.

Mestre-sala e porta-bandeira
Diego e Maitê estavam exuberantes como o ‘primeiro casal’. A dupla conquistou a imprensa, a plateia e os jurados com carisma e simpatia. Além disso, a animação que transmitiram enquanto dançavam reforçou o quanto são bons nesse quesito. Estão de parabéns.

Harmonia
A agremiação se apresentou de forma bastante coesa. Da comissão de frente à última ala, Cosmos conseguiu imprimir sua identidade e fez seu nome na avenida. Todas as cores escolhidas, carros e tripés merecem nota dez pela criatividade. A bateria e o intérprete, junto aos outros puxadores, arrepiaram a cada trecho cantado.

Evolução
A evolução se deu de forma lenta, apesar de a escola não ter colocado tantas alegorias no desfile. Essa decisão acabou refletindo no estouro do tempo de desfile. A escola deveria se organizar mais para, numa próxima oportunidade, conseguir fazer tudo dentro do cronômetro.

Samba
“Eu Quero”, enredo escolhido para representar o tema da agremiação este ano, foi bem simbólico, pois faz alusão a um futuro melhor, mais bonito. A esperança de que o novo traga refrigério às pessoas que passaram por algum desafio e seja possível para as gerações é bastante reflexiva. O trecho: “(Quero, quero, quero sim). Quero que meu amanhã, meu amanhã, seja um hoje bem melhor, bem melhor, uma juventude sã. Com ar puro ao redor.”

Outros destaques
O carro Gênio da Lâmpada estava muito bem iluminado. As cores escolhidas para as fantasias e a peça formaram uma simbiose tão bonita e integrada, principalmente pelas componentes que estavam dançando enquanto a alegoria passava. Foi lindo demais assistir e entender que ele representava o desejo mais profundo do coração da escola, que se assemelha ao enredo.

Imperadores Rubro-Negro prepara terreno com defumador antes de desfile marcante

Por Juan Tavares

O grupo mostrou com louvor como o orixá Oxaguiã é guerreiro e guardião de quem acredita e tem fé na sua proteção. A apresentação foi linda, dentro do tempo esperado. A escola levou exatos 39 minutos e 20 segundos para concluir seu desfile na Intendente.

Se existe algo mais bonito do que começar algo realizando a preparação do local, eu não sei. Apenas posso afirmar que o fato de abrirem “alas” e fazerem uma defumação para limpar a energia do lugar foi um diferencial que merece ser retratado.

A agremiação ousou ao utilizar ervas reais no ritual. Quer queira, quer não, foi lindo ver que a fé – representada no enredo – foi maior do que possíveis críticas à crença.

Comissão de frente
Diferentemente das outras agremiações, o diferencial desta comissão foi a defumação, que foi feita assim que o enredo começou a tocar. Os componentes, “fantasiados” de Oxaguiã, demonstraram perfeitamente como a energia do orixá é forte e, ao mesmo tempo, apaziguadora. O modo como reproduziram a divindade foi emocionante a cada passo dado.

Mestre-sala e porta-bandeira
O “primeiro casal”, formado por Mary Paiva e Luiz Felipe, deixou claro, como a água de um rio, os símbolos e armas do orixá enquanto performava. Eles demonstraram destreza e serenidade ao dançar; era como se, de fato, a entidade – para quem acredita, é claro – estivesse presente com eles na apresentação. O carisma também foi um ponto forte a ser comentado, sobretudo pelo modo como Luiz conduzia Mary na avenida.

Harmonia
A harmonia esteve presente na agremiação. O intérprete, Thiago Santos, e a bateria foram primordiais para que se mantivesse o equilíbrio entre todos os setores da escola. As cores escolhidas também influenciaram muito no modo como a apresentação aconteceu, sem falar nos diretores, que agitavam o tempo todo para que cada ala pudesse funcionar.

Evolução
Nesse quesito, não há grandes erros, apenas coisas pontuais, como um adereço e uma fita da ala 10 que caíram da fantasia, algo que realmente não impediu a continuidade nem a qualidade do espetáculo, apresentado pontualmente durante os 39 minutos de duração.

Samba
O enredo “Mãe Edelzuita de Oxaguiã, a guardiã da fé, início, meio e continuidade”, embora tenha signos e significados extraordinários, pareceu bem confuso. Acredito que a razão seja o fato de utilizar muita linguagem iorubá e nomes de orixás desconhecidos, até então, por boa parte das pessoas que não cultuam religiões de matriz africana.

Outros destaques
A ala das baianas merece destaque, já que estavam vestidas representando as yalorixás de todo o Brasil. A fantasia foi feita com riqueza de detalhes. Ademais, o giro das saias também foi sinérgico. Cada integrante do grupo mostrou empolgação na função que exercia naquele momento.

A ala 8 também merece ser reconhecida. As fantasias de Lubaje, além de estupendas, simbolizaram a cura através do maior ebó coletivo feito na história por conta da pandemia da Covid-19, um marco, pois essa doença ceifou milhares de vidas mundo afora.

Império Ricardense erra no número de componentes, mas se destaca pela qualidade das alas e do samba, com valorização do folclore brasileiro

Por Juan Tavares

A escola da Zona Norte conseguiu tirar leite de pedra no último dia de desfile da Série Bronze. A Império teve dificuldades na evolução devido à pouca quantidade de componentes. Por mais que a escola não leve o título – elevando seu patamar para a Prata –, ela merece respeito por ter feito um Carnaval muito bonito, embora seja possível que a questão financeira tenha impactado o resultado da apresentação. No entanto, as alegorias, bateria, samba, mestre-sala e porta-bandeira foram maravilhosos; foi nítida a boa vontade das pessoas em fazer muito com pouco.

A menção à cultura indígena e ao folclore brasileiros levou mais do que samba para a Intendente, construiu uma ponte para outras formas de cultura – muitas vezes desconhecidas por parte da população – e, ao mesmo tempo, fez política, mesmo que de forma bastante sutil.

Comissão de Frente
A agremiação deu um show neste quesito. Os componentes principais fizeram uma coreografia que fazia alusão à cultura indígena. Além disso, dentro da própria comissão, havia três destaques fazendo uso de fantasias com a temática e tão sincronizados quanto os demais membros, que estavam mais simples, usando indumentária em um tom de azul médio para escuro.

Mestre-sala e porta-bandeira
O casal, também com as vestes que faziam referência à cultura indígena – com lâmpadas de LED acrescidas à peça – deu um show de simpatia, sincronia, dança e habilidade. A porta-bandeira se movimentava tal qual uma força gigante da natureza, enquanto o mestre-sala a conduzia com excelência pela avenida, fazendo um mix entre tempestade e bonança.

Harmonia
A agremiação não foi tão harmônica de modo geral, teve diversos buracos, como na ala das baianas e nas demais. Porém, pode-se afirmar que a escola fez uma apresentação muito boa, apesar de não ter um quórum suficiente de componentes para aprimorar o espetáculo. Foi notável o esforço para fazer muito com pouco.

Evolução
Mais uma vez, dentro das possibilidades e das limitações enfrentadas pela agremiação, a evolução se deu de forma razoável. Poderia ter sido melhor? Sim, com toda a certeza, mas deu para ver a empolgação dos componentes em tentar evoluir da melhor maneira possível, apesar dos percalços no caminho para ser promovida à Série Prata.

Samba
Os compositores Wagner Zanco, Fernando Sapê, Gonzaguinha, Jorginho Anhangá, Téo Dimirit e Gilsinho da Vila merecem parabéns e todo o reconhecimento possível pela maravilhosa composição. A colaboração, com toda a certeza, foi um verdadeiro sucesso; o divino provavelmente deu um empurrãozinho para a canção virar chiclete do início ao fim.
O refrão: “Inhá Jansen vem das trevas. Eita mulher má, sua carruagem solta fogo pelo ar. Olha a mula sem cabeça. Curupira e Pererê. O caldeirão da cuca vai ferver” tem tudo a ver com a harmonia da escola. Ademais, o folclore se mostrou relevante tanto na canção quanto nas fantasias e alegorias.

Outros destaques
As alegorias da Ricardense estavam lindas e congruentes com o enredo da escola. A bateria, junto com a rainha e as musas, estava impecável; se propuseram e cumpriram o objetivo de fazer o melhor possível na noite de sábado. A escolha do enredo “Era Uma Vez… Lendas e Folclores de Uma Terra Chamada Brasil”, que envolve a cultura do folclore brasileiro, foi marcante e muito necessária, não só para a agremiação, mas também para o país.