Fantasias do Império Serrano para o desfile de 2022 estão na exposição Estação Farol Carioca, que acontece na estação Carioca, do Metrô. A Mangueira abriu a temporada em outubro do ano passado.
“Tá em exposição na estação carioca do Metrô Rio o figurino concebido para dar “pinta de rei” aos ritmistas do @gresimperio em 2022. Reis pretos, herdeiros das mesmas lutas, dos mesmos, das mirongas e das mandingas do capoerista que nos serve de enredo. Se liga na beca completa que vai cobrir a turma comandada pelo Mestre Vitinho! Por fim: #Besouro , saravá Serrinha”, publicou o carnavalesco Leandro Vieira.
Thiago Monteiro vai para o seu terceiro desfile como diretor de carnaval da Grande Rio em 2022, o quinto na função, e, neste curto período, já coleciona dois vice-campeonatos no Grupo Especial, e um título no Grupo de Acesso. Na curta carreira gerindo o carnaval ou participando da equipe gestora, já tem no currículo carnavais emblemáticos, como “Meu Deus, Meus Deus, Está extinta a escravidão?” (Tuiuti 2018), “Negra, Pérola Mulher” (Império da Tijuca 2013) e “Tatalondirá: O Canto do Caboclo No Quilombo de Caxias” (Grande Rio 2020). Como diretor de harmonia, trabalhou na Tijuca e na própria Grande Rio. Em conversa com o site CARNAVALESCO, Thiago Monteiro fala sobre a nova geração de diretores de carnaval, explica uma virada de chave no modo de trabalho e na gestão de profissionais da Grande Rio a partir do carnaval 2019 e, claro, relembra seus trabalhos de maior sucesso.
Fotos: Lucas Santos/site CARNAVALESCO
Para você, qual é o papel de um diretor de carnaval? E qual é o papel de um diretor de harmonia?
Thiago Monteiro: “Eu acho que cada escola tem essa função do diretor de carnaval de uma maneira diferente, até porque cada escola tem um corpo diferente, tem uma linguagem e tem uma característica diferente. Então, eu vou falar pela experiência que eu vivo hoje na Grande Rio. Hoje, aqui, eu sou um cara que faz essa gestão entre os segmentos, entre presidência, entre fornecedores, entre mão de obra. É um grande gerente que faz essa gestão de todos esses elementos com a presidência e corpo da escola. Eu já vivi experiência em direção de carnaval que eu fui mais focado em quadra, um pouco menos em barracão. Aqui na Grande Rio, eu sinto que a gente acaba mexendo um pouco nessa gestão como um todo. Você ajuda o presidente nessa gestão dos recursos materiais e financeiros e pessoais, humanos. O diretor de harmonia, hoje em dia no carnaval, ele é o cara que junto com o diretor de carnaval bota a escola na Avenida. Antigamente, quando você tinha o fenômeno de atravessamento do samba, os diretores de harmonia eram essencialmente músicos. Hoje, eu vejo o diretor de harmonia muito mais como um diretor de evolução, além de um grande produtor de um grande espetáculo.
Concorda que nos últimos anos a safra de diretores de carnaval caiu ou perdeu espaço? Não revelamos como no início dos anos 2010. Qual o motivo?
Thiago Monteiro: ”Não concordo não. Acho que tem pessoas muito bem preparadas, muito bem gabaritadas. Tem colegas surgindo, surgindo no Grupo de Acesso. Você vê mesmo os diretores de carnaval, vamos botar os 12 do Grupo Especial, se você fosse pegar 10 anos atrás, poucos são os que figuravam há 10 anos atrás. Então, isso é um sinal de que eles foram sendo formados, é um sinal de que eles surgiram. Eu mesmo, como diretor de carnaval, eu vou para o meu quarto ano, sem contar Império da Tijuca 2013, passei um tempo como diretor de harmonia na Grande Rio, mas na prática vai para o meu quarto desfile no Especial como diretor de carnaval apenas. Foi Tuiuti e depois na Grande Rio”.
O desfile está cada vez mais técnico, ou seja, com poucos erros. Por outro lado, a gente quase não vê nenhum componente sambando no pé. Como resgatar isso?
Thiago Monteiro: ”Eu adoro desfile antigo, porque eu vejo as alas soltas, eu vejo muito mais coisas livres do que de hoje, mas isso é fato. Mas, eu também concordo que o carnaval de 2020, por exemplo, é muito mais solto que, por exemplo, o carnaval de 2010, que é o carnaval de uma década para trás. Eu vejo uma evolução nisso. Ou, um voltar para aquele pensamento de carnaval solto, carnaval livre. O carnaval vem sendo julgado através dos resultados. Quando você teve no final dos anos 90, início dos anos 2000, um tecnicismo, vamos colocar assim, imperando no desfile, todo mundo seguiu essa tendência. E, hoje, eu vejo um protagonismo maior dos enredos e do samba no desfile. E, quando você tem novamente o protagonismo do samba, isso permite com que as escolas fiquem mais livres. Aí você vai passar também com maior preocupação com volume de fantasia, melhor preocupação com o desenrolar da sua escola na Avenida. Eu tenho visto sim, um arrefecimento desse tecnicismo, desse militarismo na Avenida, em prol da espontaneidade, e isso a gente tem que aplaudir, tem que louvar, e isso passa também um pouco por essa safra de diretores de carnavais novos. Eu também sou um cara que está dentro dessa realidade. Trazendo aspectos livres, soltos, mas sem deixar de se preocupar pelos aspectos de julgamento, de pontos, porque estamos em uma competição, e esse é o grande desafio”.
Como diretor de carnaval, o que você sente quando lê justificativas de evolução e harmonia? Dentro do conceito de cada quesito, como aprimorar o julgamento?
Thiago Monteiro: ”Quando eu leio uma justificativa, primeiro, eu tento abstrair o meu coração de qualquer preconceito. Primeiro, eu tenho que tentar identificar se aquilo é pertinente ou não, e aqui, eu coloco um parêntese, eu acredito muito nos julgadores que a Liesa escuta. São currículos invejáveis, currículos excelentes. Ninguém que está ali, chegou de paraquedas. Todo mundo tem uma história por trás, e julga com a sua competência. Tenho que ver se o julgamento tem pertinência, e muitas vezes tem. O julgamento da Grande Rio de evolução de 2020, ele é muito pertinente. Nós erramos mesmo em evolução, em algumas situações. E tem que tentar melhorar. E o julgamento de harmonia, eu acho que hoje, é o julgamento mais fácil para você tirar pontos de uma escola de samba. Isso aí é a matemática. Harmonia hoje é um dos pouquíssimos quesitos que a escola é julgada durante a cabine todo tempo. Mestre-sala e porta-bandeira você julga naquele momento, bateria, pelo manual do julgador, a bateria seria julgada quando passa em frente da cabine. Os carros, eles só são julgados naquele um minuto que passa em frente da cabine, cada carro. Agora, a harmonia, ela está sendo julgada durante os seus 40 minutos, dependendo do tempo que a escola passa na frente de uma cabine. Acho que hoje a harmonia está sendo muito julgada no seu carro de som, porque é muito difícil para o julgador com chapéu, com adereço de mão, e o som da avenida se sobrepondo aos componentes, é muito difícil para o julgador ver quem de uma ala está cantando. Hoje, você vê muito mais carro de som e postura do componente”.
Acredita ser necessário padronizar os descontos, ou seja, abriu um buraco perde 0,1 ou deixa subjetivo?
Thiago Monteiro: ”Acho que julgamento de escola de samba, ele é necessariamente subjetivo, e tem que ser. Tem outras praças que o julgamento é muito mais cartesiano, vamos colocar assim, e eu não acho tão emocionante como aqui, você não tem tanto espaço para improvisações e espontaneidade. Coisa que a raiz do carnaval pede”.
Você como diretor de carnaval ou harmonia qual foi seu desfile inesquecível? E qual foi o desfile que você não gosta de lembrar?
Thiago Monteiro: ”Desfile que eu não goste de lembrar, eu não tenho não. Como diretor de carnaval, eu tenho quatro, cinco com o Império da Tijuca em 2013. Eu tenho que falar três. Império da Tijuca 2013, ‘Nega Pérola Mulher’, que nós fomos campeões, tem o Tuiuti 2018, ‘Meu Deus, Meu Deus’, e tem o Grande Rio 2020, o ‘Tatalondirá’, que apesar dos problemas de pista que aconteceram, pontuais, a escola se comportou maravilhosamente na Avenida, perdemos o título no sorteio da ordem de quesitos. Outro desfile que eu não desgosto dele, que é o “Quem nunca” (Grande Rio 2019), porque é o momento de renascimento de uma escola que estava desacreditada por vários fatores, que passou por tudo aqui que todo mundo sabe, ficou no grupo, e esperava-se tudo daquele desfile da Grande Rio. A própria comunidade na época não sabia como seria aguardada na Sapucaí. E a escola foi, deu seu recado, desfilou dignamente, fez um desfile correto de evolução, de harmonia, lançando várias pessoas novas nos segmentos”.
O caminho da Cidade do Samba para o Sambódromo já foi mais complicado, inclusive, com árvores não podadas. Concorda que melhorou ou ainda é preciso ter mais cuidados?
Thiago Monteiro: ”Melhorou muito. Inclusive, a parceria da Liesa com a prefeitura, isso antes do governo que nós tivemos aí, já estava bem alinhado. Agora com a volta do prefeito Eduardo Paes nos ajuda muito mais. Agora, você tem uma cidade muito mais preparada para receber carro alegórico do que você tinha nos anos 2000, 2010. A Cidade do Samba para Sapucaí tem um percurso que não foi preparado, e, não era para ser mesmo, para receber carro alegórico. A cidade é preparada para receber carros. Então, se adapta. E depois de tanto se fazer isso, você já tem um trabalho meio que automático de afastar árvores, de virar sinal, de você mitigar obstáculos urbanos”.
Na área de concentração, o que você melhoraria lá na Presidente Vargas? Qual é o maior drama desde o momento que o carro chega até a hora do desfile?
Thiago Monteiro: “Aí passa muito mais por uma questão de gestão pública do que da própria escola de samba. A gente precisa, talvez, de mais uma infraestrutura em segurança para aquelas pessoas que ficam ali na concentração do ‘Balança, Mas não Cai’. Aquilo é muito problemático. Você tem histórico de assaltos. E, eu sei que é um desafio para qualquer governante do Rio de Janeiro. Você tem a própria dispersão ali na Frei Caneca que também é difícil, além de ser estreito, mas hoje você tem uma iluminação muito melhor, mas você tem uma preocupação com segurança muito grande. A estrutura onde o sambódromo está, e eu acho que ele não deve sair dali nunca pois é a raiz do samba, é uma estrutura que não foi projetada e preparada para receber um carro que chegasse a 15 metros de altura, que chegasse a 12 de largura. Há de haver adaptações dos dois lados, tanto das escolas como da própria cidade. Acho que essa relação hoje é muito boa”.
Você é do grupo que diz que o viaduto e a antiga torre de TV eram tradições do carnaval ou acha que precisariam sair mesmo?
Thiago Monteiro: “Acho que a gente já aprendeu com profissionais extremamente gabaritados e competentes para passar seus carnavais ali no viaduto. Muito pouco você vê hoje agarrar em viaduto, aí passa também pela pergunta sobre diretores de carnavais novos e antigos. Os antigos pavimentaram para gente hoje. A gente tem que reverenciá-los muito. Hoje é muito mais fácil fazer carnaval que no tempo deles, isso eu te garanto. Em contrapartida você tem carros muito maiores. O viaduto está ali desde 1984 e as escolas já sabem lidar com isso. Pode tirar o viaduto, mas acho que sinceramente não vai nos afetar. A torre de TV foi mudada, acho que quando ela era fixa, mais para dentro do desfile, ficava um pouco mais complicado. Agora ela está um pouco menor, hoje você pode passar com o carro acima de 12 metros, que aquela torre, tanto pela direita, quanto pelo meio, que não vai bater ali”.
Qual desfile que você gostaria de ter participado na história do carnaval e por qual motivo?
Thiago Monteiro: “Um desfile que eu gostaria de estar é “Ratos e urubus” (Beija-Flor 1989). Para mim é uma mudança no jeito de fazer carnaval, no jeito de ver carnaval. É o povo da rua tomando conta da Avenida. “Ratos e Urubus” e “Kizomba” (Vila 1988), eu gostaria de estar. Eu estava no “Peguei um Ita no Norte” (Salgueiro 1993) como componente. Eu tinha uns 5 anos. Então eu não posso dizer que eu queria participar porque eu participei”.
Falando de julgamento, o carro de som deve ser oficializado como um subquesito dentro de Harmonia, como acontece com letra e melodia dentro do quesito Samba-Enredo?
Thiago Monteiro: ”Quando eu era diretor de carnaval da Lierj, eu que criei isso na Série A. Propus isso na época, e nós dividimos o quesito harmonia em canto da comunidade e carro de som. Eu sou totalmente favorável. Porque eu acho que você está sendo penalizado em harmonia em situações que são inerentes ao carro de som. Eu só tinha esse cuidado na Lierj, e tenho certeza que a Liesa terá esse cuidado também, de chegar ao limite do problema de carro de som, ou problema de quem está cantando e tocando no carro de som. Até que ponto o som da Avenida, daquele carro de som, vai influenciar nessa nota. Você tem hoje os melhores profissionais de escola de samba que estão aqui no Rio de Janeiro. São pessoas extremamente valorizadas. Esses caras merecem também serem julgados pelo seu profissionalismo. Essa divisão não está diminuindo, está valorizando o seu cantor. O cantor que toma 10 todo ano vai ser valorizado no mercado”.
Vamos entrar mais nos desfiles. O que representa o desfile do Império da Tijuca em 2013 para você?
Thiago Monteiro: “Em 2013, foi a primeira experiência que eu tive como diretor de carnaval com condições. O presidente Tê (Império da Tijuca) me fez aquele convite e eu fiquei muito feliz, eu não imaginava que a gente ia chegar onde a gente chegou com organização, com um grande samba. Não fui eu que escolhi o samba, mas com certeza, foi uma das pessoas que chegavam para o presidente e dizia ‘é esse aí’. Aliás, todos os presidentes que eu tive até hoje sempre me ouviam, e se não escolhiam por minha causa, eu não vou ter essa arrogância, porque é sempre democrático, mas acho que a minha opinião sempre contou um pouco nessas decisões. Agora 2013, meu primeiro ano como diretor de carnaval, a escola passa com aquela organização, estratégias montadas por nós, por mim, que o Tê aceitou, tanto como botar a bateria, como fazer a escola andar um pouco mais rápido no início, para depois segurar. Foi o primeiro ano da Lierj que eram 55 minutos e um dia antes a Estácio havia estourado o tempo. Quando passa de sexta para sábado, eu faço uma reunião com o presidente, com a direção de harmonia e sugiro mudar a estratégia para o desfile. Eles aceitaram e a escola passou muito bem”.
O que representa o Tuiuti em 2018 na sua vida?
Thiago Monteiro: “Em 2018, eu já tinha passado três anos na Grande Rio como diretor geral de harmonia, fui para a Lierj, passei um ano como diretor de carnaval da Lierj, que me ajudou muito nessa parte estrutural. O Tuiuti estava análogo à Grande Rio 2019. Havia acabado de passar por um rebaixamento que não tinha caído com a Tropicália. Aí quando eu cheguei na escola em 2017 para o carnaval de 2018, a primeira coisa era fazer o povo acreditar que era possível. Como é que você vai para uma escola que ficou a 22 décimos de uma outra que teve problema análogo ao teu que era a Tijuca? E como vai fazer a comunidade acreditar que ela não vai cair de novo? É muito difícil. Gente, nós vamos fazer o maior desfile da nossa vida, a gente tinha que sair da Avenida com a sensação de ‘o que esses caras fizeram aqui na Avenida’, ‘maior desfile deles’. Sentamos com o Jack (Vasconcellos), samba encomendado com o Cláudio Russo, Patrick na comissão de frente, vem aquela catarse do “Meu Deus, Meu Deus”. Você tinha samba, você tinha enredo, você tinha discurso. E hoje o carnaval está muito pautado em samba, enredo e discurso. Você tendo isso, e ninguém esperando nada da Tuiuti, deu no que deu. Para mim, esse foi um divisor de águas na minha carreira”.
A Grande Rio ficou marcada pela virada de mesa e em 2020 conquistou os sambistas. O que passou, passou? E como fidelizar ainda mais os sambistas?
Thiago Monteiro: “Eu acho que o desfile de 2020 é o resultado de um trabalho, nada acontece no desfile. Tudo que acontece na Avenida é resultado de um processo muito longo e muito detalhado. ‘Tatalondirá 2020’ é o resultado de um planejamento da Grande Rio. Um planejamento que começou no final de 2018 para o carnaval 2019. Em que você tem pessoas sendo contratadas para a escola, pessoas que até o mundo do carnaval nem esperassem que assumissem a Grande Rio. Bota aí a Taciana (porta-bandeira), o Fafá (mestre), o Evandro (Malandro), bota eu. O Hélio e a Beth (Bejani) já eram consagrados. Mas, esse corpo todo praticamente da Grande Rio de segmentos foi formado em 2019. E para 2020, esse processo se aperfeiçoou com a vinda dos carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo Bora. E é dar a liberdade para todas as pessoas fazerem o carnaval. Na história da Grande Rio ela sempre contratava nomes consagrados, e a partir de 2019 ela começa a olhar para gente de casa e contratar pessoas de dentro da casa. Em 2019, a escola quis olhar para dentro de si. Quem nunca errou, nós erramos também, todo mundo tem telhado de vidro nessa brincadeira. E, naquele momento, a escola sabia até que poderia tomar porrada de fora, mas a escola quis olhar para dentro, quis olhar para o nosso componente. E, aí tratamos da parte interna da escola, para que em 2020 fosse, sim, o olhar para a fora”.
Você estava aí quando a Grande Rio decidiu apostar no Bora e Haddad. Como isso aconteceu?
Thiago Monteiro: “Quando a presidência optou pela troca de carnavalescos por motivo dela, pensou-se também, não vamos trazer medalhão. Como já havia dado certo esse processo um ano antes, eu posso dizer que eu fui uma das pessoas que mais contribuiu para isso. Lógico que não foi só eu. Leonardo e Gabriel quase subiram com a Cubango. Quando se pensou em nomes novos, eu fui uma das primeiras pessoas que falou deles. Vamos apostar neles. Acho que dá certo. Estamos nesse movimento, sem medalhões, mas todo mundo competente, ninguém está aqui por benevolência, favor de ninguém, e sim por competência. Eu fui uma das pessoas que fez contato com eles, estava nas reuniões. Não foi fácil, demorou umas três, quatro reuniões, porque eles também tinham a preocupação por essa identidade que a Grande Rio adotou durante alguns anos injustamente. Eles tinham medo de que caísse um enredo louco nas mãos deles. Isso a presidência passou para eles já de cara. O Jayder, o Helinho, o Perácio. Vocês vão ficar livres, a escola pode até propor enredo para vocês mas se vocês não aceitarem vocês não vão fazer esse enredo, e houve um certo cuidado dos carnavalescos, o que eu acho muito bom, porque são pessoas que já chegaram aprendendo a dizer não. E, como o primeiro enredo foi ‘Tatalondirá’, que a gente propôs, a gente estava mexendo nesse enredo já antes de eles chegarem, eles aceitaram de cara o Joãozinho da Gomeia, só mudaram o nome, e a pesquisa foi inteira deles. O que aconteceu na avenida foi 100% deles”.
Agora, a era global ou ela segue, mas também com protagonismo cultural dos enredos? Aliás, a proposta é sempre trazer enredos culturais nos próximos anos?
Thiago Monteiro: “Eu acho que é um caminho sem volta. O enredo cultural. A escola voltou a olhar para ela, deu resultado, não só para fora, deu resultado para dentro. A escola acredita, cada componente acredita piamente que pode ser campeão. Se vai ser campeão ou não, também é uma consequência. Também tem onze escolas aí fazendo o seu melhor. Os enredos, como o samba, como essa linguagem que a Grande Rio adotou vindo das contratações de 2019, com os carnavalescos para 2020, isso é um casamento que tem dado muito certo. E, isso não sou eu que estou falando, são pessoas do carnaval e o resultado aí de 2020. Não só da Grande Rio não, você pode ver que no carnaval de 2022, você tem 100% enredos discursos, todos eles têm alguma coisa a falar. Você não tem mais um passeio turístico, uma homenagem pura e simples. Quem está sendo homenageado, está sendo homenageado por um motivo relevante. As escolas estão entendendo o contexto em que estão inseridas”.
E com a Taciana, muita gente não acreditava, e vocês conseguiram que ela de terceira porta-bandeira fosse para primeira e sendo muito elogiada, principalmente, em 2020 e agora. Qual foi o segredo?
Thiago Monteiro: “A Taciana vem no mesmo processo de renovação que eu cheguei na Grande Rio. Fafá, Taciana, eu, o Hélio e a Beth Bejani. Nós chegamos todos para o carnaval de 2019. Isso partiu de a Grande Rio olhar para dentro. A Grande Rio decidiu apostar em promessas. Apostar na sua terceira porta-bandeira, no seu diretor de bateria e no seu segundo cantor. E, acho que foi uma grande coragem da Grande Rio. Ela poderia ter pego nomes tão bons como a gente, mas que consagrados. E, acho que o nosso diferencial desse grupo, é um grupo que ama a escola. A maioria deles foi criado aqui dentro, e quem não foi criado passou muito tempo aqui em outros cargos antes de chegar nos cargos que tem hoje. Então, todo mundo tem um laço muito, muito forte com a escola. Eu acho que esse é um dos grandes segredos. Essas pessoas, se precisar, vão para debaixo do carro. Todo mundo está aqui doido para dar o primeiro título para a escola”.
Esse negócio do Fafá e da bateria não correrem é muito elogiado, mas gera também reclamações de quem fala que cada bateria tem sua identidade. Qual é sua opinião?
Thiago Monteiro: ”A escola está muito feliz com a nossa bateria. O Fafá é discípulo de Odilon. Ele mesmo fala isso. O Odilon foi um dos caras que mais deu nota 10 para a Grande Rio nos anos 90 quando a escola ainda estava se formando como escola de samba. E, dentro do movimento de você voltar às origens da escola, de enredo, de sambas, é óbvio que a bateria tinha que estar dentro. É óbvio que isso em um primeiro momento pode até causar uma estranheza em alguns ouvidos. No início, eu mesmo, sendo muito honesto, conversava muito com o Fafá sobre isso. Eu trabalhei em algumas escolas em que a bateria não era tão cadenciada, a própria Grande Rio quando eu trabalhei na primeira passagem não era nem um pouco cadenciada. Só que a proposta da escola era voltar às origens. E o Fafá entendeu isso. O Odilon, pelo o que ele fala, foi muito participativo nessa construção. E, no início, eu conversava muito com o Fafá, principalmente no primeiro ano, no do “Quem nunca”. Samba encomendado, todo mundo querendo que desse certo. Ele pediu para confiar. De minha parte havia sim uma certa insegurança, mas depois que a escola tomou corpo nos ensaios de rua e foi para a Avenida, zerou 100%. Porque eu também tive a humildade de entender que aquilo era a volta às origens da Grande Rio”.
A falta de ensaio de rua pode impactar todas escolas de samba nos desfiles em abril?
Thiago Monteiro: “Eu acredito que em 15 dias, um mês, eu sou muito otimista, isso já vai ter sido mitigado. Essa situação dos ensaios de rua. Teve o adiamento do carnaval. Isso, um mês e 25 dias que as escolas ganham, permite esticar também o ensaio de rua. Também não vai prejudicar muito, as escolas vão ensaiar. Porque quem joga, tem que treinar. E a rua, a nossa Brigadeiro (Avenida Brigadeiro Lima e Silva), é a nossa Sapucaí, até pela extensão. Então, eu acho que se voltar em março o ensaio de rua, as escolas vão ter aí seis semanas para fazer seus ensaios de rua, e, eu acho que é um tempo muito bom, contando que as escolas já fizeram ensaios, a Grande Rio por sua vez já fez seis ensaios de rua. A gente não perde isso. Com mais seis, são doze. A gente em média por temporada faz nove. Vamos ter mais ensaios do que em uma temporada regular. Tudo a gente bota na matemática. Não prejudica muito”.
O sambista está pronto para entrar na Avenida, coração aos saltos. Setecentos metros o separam da consagração na Praça da Apoteose – aos gritos de “é campeã” –, ou da tristeza por ver sua agremiação fazer um desfile ruim. É preciso injetar uma dose extra de vibração naquelas quatro mil pessoas que se preparam para pisar no asfalto-sempre-quente da Marquês de Sapucaí. Neste momento, todos os puxadores usam a mesma (e certeira) tática: cantar um samba- exaltação. É ele que faz o componente bater no peito, que arranca a lágrima furtiva, que eleva a temperatura da concentração. Não há nada mais emocionante do que ouvir o hino informal de sua escola minutos antes de ela entrar na Passarela. Depois de décadas vivendo de perto esta emoção, Dudu Nobre resolveu compartilhar com seu público este sentimento, gravando as obras mais emblemáticas das maiores escolas de samba do Rio. “Sambas de Exaltação RJ” é álbum pra curtir com a perna bamba, ouvindo a sirene tocar, vendo o portão abrir, levantando os braços pra festejar com as arquibancadas. (CLIQUE AQUI PARA PRÉ SALVAR AQUI E NÃO PERDER O LANÇAMENTO)
A memória afetiva de Dudu voou longe ao produzir este CD, porque a batucada faz parte de sua rotina desde a infância mais remota. A mãe, Anita, e a o pai, João, estavam diretamente envolvidos na explosão do pagode carioca nos anos 80, já que organizavam inúmeras rodas pela cidade, do Centro a Vista Alegre, passando por Vila Isabel. Com uma rotina regada a sopa de siri e dobradinha com arroz – iguarias que Anita servia entre uma música e outra para rebater a ressaca da rapaziada –, foi difícil para Dudu Nobre não seguir o caminho do samba. No Sambódromo, o garoto também batia ponto todo ano, desde a escola mirim, onde era conhecido como Dudu do Cavaco.
De lá pra cá, estreitou ainda mais sua relação com as escolas de samba, compondo para agremiações como Mocidade, Tijuca, Vila e Viradouro, comentando os desfiles pela TV e lançando um DVD com os maiores sambas-enredo que já passaram pela Avenida. Mas estas obras, como “Aquarela brasileira”, “Bumbum paticumbum prugurundum” e “Sonhar não custa nada”, já estão na ponta da língua do grande público. Agora chegou a vez de dar visibilidade a canções quase nunca gravadas, mas fundamentais na relação de amor entre os torcedores e suas agremiações: os sambas-exaltação.
Dudu aprendeu cedo as diferenças entre os vários tipos de samba, mas vale a pena ressaltar estas peculiaridades para os não-iniciados. O samba-enredo é aquele que vai ser a trilha sonora do desfile da escola na Avenida, traduzindo em versos a história que o carnavalesco vai contar em alegorias e fantasias. Já o samba de terreiro (ou samba de quadra) é aquele criado pelos compositores das agremiações durante o ano, versando sobre temas aleatórios, em geral motivos românticos ou crônicas do dia a dia daquela comunidade. Já o samba-exaltação é o que fala do orgulho que os sambistas sentem por pertencer àquela escola. Ele relembra os fundadores, cita os feitos históricos, exalta o amor pelas cores do pavilhão. Podemos dizer, portanto, que Dudu Nobre está lançando um álbum de amor – aquela paixão arrebatadora que une os componentes em torno da mesma bandeira.
A tarefa de selecionar as 15 faixas não foi fácil, afinal a maioria das agremiações tem vários lindos sambas falando de si próprias. O critério da escolha foi o da emoção: aquele que vai tocar mais forte o coração do sambista. E de imediato algumas pérolas se impuseram, como “Torrão amado” (Buguinho/Iraci Mendes), do Salgueiro; “Pavilhão do amor” (Jair Guedes/Toninho Gentil/Soneca/Jorge Magalhães/Marcelo Luiz), da Estácio de Sá; e “Deusa da Passarela” (Neguinho da Beija-Flor), da Beija-Flor.
Os torcedores de Portela e Mangueira ouvirão dois grandes clássicos da música brasileira na voz de Dudu Nobre: “Portela na Avenida” (Paulo César Pinheiro/Mauro Duarte) foi eternizada por Clara Nunes e faz um emocionante paralelo entre a entrada da Águia na Avenida e a procissão de Nossa Senhora Aparecida. Já “Exaltação à Mangueira” (Aloísio Augusto da Costa/Enéas Brittes da Silva) nos ensinou que o cenário da verde e rosa é uma beleza que a natureza criou – e a voz de Jamelão ainda ecoa anunciando que a Mangueira chegou.
Outra característica do repertório é ter grandes compositores assinando as músicas. O craque Toninho Geraes, autor de sucessos como “Mulheres” e “Seu balancê”, assina “Rainha de Ramos” (Guga/Preto Jóia/Toninho Geraes), da Imperatriz. Já Rodolpho, que fez o inesquecível “Kizomba”, também compôs “Sou da Vila e não tem jeito” (Jorginho Saberás/Rodolpho/Vilani Silva), da Vila Isabel. Duas vozes marcantes do carnaval carioca assinam sambas para escolas onde fizeram história: Dominguinhos do Estácio fez o “Samba exaltação” (Gilberto Gomes/Rubinho/Nando/Dominguinhos do Estácio/Gustavo Clarão), da Viradouro; e Aroldo Melodia compôs o “Azul, vermelho e branco” (Aroldo Melodia/Leôncio da Silva), da União da Ilha. O samba da Grande Rio também é assinado por um grande puxador, Wander Pires: “Ao passar” (Wander Pires/Mingau/Marquinho FM).
Duas faixas foram especialmente emocionantes para Dudu Nobre no estúdio, por se tratarem de escolas com que estabeleceu forte relação ao longo de sua trajetória como sambista. “Cartão de identidade” (Jorge Carioca e Djalma Crill) foi usada como alusivo nas gravações da Mocidade Independente por muitos anos, e até hoje é uma marca da verde e branco de Padre Miguel. Já “O dia vai chegar” (Júlio Alves) é a canção que costuma sacudir a quadra da Unidos da Tijuca, a escola mais vencedora da última década. O curioso é que estes dois sambas quase não têm gravações, o que dificulta que o público tenha acesso a eles. Dudu Nobre preenche essa lacuna em registros eletrizantes.
Outros dois sambas são inéditos e reforçam a importância deste álbum “Sambas de Exaltação RJ” ao registrar obras amplamente cantadas nas quadras da cidade, mas que não tinham gravação definitiva: “A São Clemente vem aí” (Wilson Magnata), da São Clemente; e “Exaltação ao padroeiro São Sebastião” (Daniel Silva), da Paraíso do Tuiuti.
Por fim, há um samba sui generis na lista: “Estrela de Madureira” (Acyr Pimentel/Cardoso) foi composto para o Império Serrano como um samba-enredo, na disputa do carnaval de 1975, para o enredo em homenagem à vedete Zaquia Jorge. A obra foi derrotada na quadra e acabou não indo para a Avenida, mas sua qualidade era tão grande que se instalou no imaginário do componente imperiano e ganhou sobrevida. Já foi gravada por nomes como Roberto Ribeiro, Leci Brandão e Jorge Aragão, até hoje é cantada nos ensaios e, embora não tenha nascido com esse propósito, virou uma espécie de samba-exaltação da verde e branco da Serrinha.
Ao criar a concepção da sonoridade do disco, Dudu Nobre teve uma preocupação: registrar as canções da forma como elas são ouvidas na Marquês de Sapucaí, preservando as características de cada escola e reforçando a identificação com os torcedores. Por isso, estão lá o agogô do Império Serrano, a afinação invertida das marcações da Mocidade, o surdo um da Mangueira, entre outras peculiaridades. Para ajudá-lo na tarefa de vestir da melhor forma as músicas, Dudu convocou os arranjadores Rafael Prates, Kayo Calado e Victor Alves.
Na batucada, estão nomes habituados a botar a Avenida abaixo, como os diretores de bateria da Vila Isabel, Macaco Branco, e da Mangueira, Wesley e Alyson Oliveira. Percorrer as 15 faixas de “Sambas de Exaltação RJ” é como atravessar a Avenida Marquês de Sapucaí e chegar à dispersão com a sensação de dever cumprido. Dudu Nobre presenteia a cultura popular com um documento histórico da produção musical dos quilombos modernos que são as escolas de samba. Muitas das tradições que perpetuam as características dessa manifestação cultural são passadas para as próximas gerações de forma oral. Registrá-las é garantir sua sobrevida. Dudu aprendeu isso nas últimas décadas pelos ensinamentos da Velha Guarda – e, hoje, compreende a importância de se preservar esta memória para as Alas de Crianças que vêm por aí. Olha para o passado com a vibração do presente para garantir o futuro. Ele sabe que essa é a missão de todo sambista. E cumpre seu papel da melhor forma possível: fazendo música de qualidade.
A TV Globo informou nesta segunda-feira que vai relembrar os melhores momentos do programa ‘Seleção do Samba’, que acompanhou a escolha do samba-enredo pelas escolas. Nos dias 26 e 27 de fevereiro, serão exibidas as músicas que embalarão os desfiles das agremiações do Rio de Janeiro. E nos dias 28 de fevereiro e 1º de março, o programa mostrará os hinos eleitos pelas escolas de São Paulo.
Foto: Leandro Ribeiro/TV Globo
Emissora confirma transmissão do Rio e São Paulo
Com a definição das novas datas de desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro e de São Paulo, a TV Globo decidiu também sua programação para os dias de folia e como serão as transmissões dos desfiles das escolas de samba. Nos dias 20 e 21 de abril, a TV Globo exibe os desfiles do Grupo de Acesso do Rio de Janeiro localmente, apenas para o Rio. Nos dias 22 e 23 de abril, entram na avenida as escolas do grupo especial. A TV Globo exibe os desfiles das escolas de samba de São Paulo apenas para o estado de SP, e o restante do Brasil irá acompanhar o Grupo Especial do Rio de Janeiro. A apuração, na terça-feira, seguirá o mesmo modelo: a definição da escola campeã do Rio será transmitida em rede, enquanto São Paulo acompanha a votação da eleita do carnaval paulistano.
Esse Carnaval fora de época, com as escolas finalmente podendo levar seus espetáculos para a avenida, vai ser uma celebração conjunta da força e da resiliência do povo brasileiro. A maior expressão da cultura popular do país vai se refletir no brilho e na beleza do carnaval. A transmissão da TV Globo vai ser do tamanho dessa saudade, no compasso da magia de uma festa capaz de emocionar, fazer refletir, divertir, extravasar todos os nossos sentimentos.
“Embora o número de pessoas envolvidas seja grande, conhecemos nossos profissionais, artistas, componentes e espectadores por nome. Os Desfiles das Escolas de Samba de São Paulo são feitos por sambistas que dedicam seu tempo, de muitas formas, para tornar este espetáculo gigante. Em abril, vamos nos emocionar e celebrar o Carnaval da Vida, com a festa da qual tanto gostamos”, afirma Sidnei Carriuolo, Presidente da Liga das escolas de samba de São Paulo.
“As escolas estão prontas para apresentar o maior desfile de todos os tempos. Temos certeza que a Sapucaí será tomada por uma emoção indescritível, ao vermos a força e capacidade de superação da comunidade do samba desabrochar em um espetáculo gigante. Depois de dois anos sem a folia, o público está ansioso para viver a magia que os desfiles proporcionam. Estamos nos preparando para este grande momento ser memorável”, conta Jorge Perlingeiro, Presidente da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro.
Ele é considerado sinônimo do carnaval e traduz a alegria carioca. Comentarista, cenógrafo, carnavalesco e, acima de tudo, um apaixonado pela folia de Momo, Milton Cunha foi convidado pela Liesa para ser o apresentador da abertura do Rio Carnaval 2022. Os ingressos, que já estão no segundo lote, custam a partir de R$ 35 para um dia e R$ 50 para os dois dias (COMPRE AQUI O SEU). Os camarotes estarão disponíveis para compra diretamente na Central LIESA de Vendas, pelo telefone (21) 99577-4171.
Foto: Divulgação
“O Milton Cunha é a personificação do Carnaval na Sapucaí. Muito respeitado e grande conhecedor da festa. Temos uma enorme alegria de ter ele conosco neste primeiro evento do Rio Carnaval, que vai marcar a partir deste ano a abertura do Carnaval na cidade. Tenho certeza que será um evento lindo com grande destaque para o samba e para a comunidade que faz tudo acontecer. A procura está sendo grande, já estamos no segundo lote de vendas. Isso representa o desejo do público de viver a magia do Carnaval”, conta Gabriel David, diretor de Marketing da Liesa.
A escolha por Milton Cunha não foi por acaso. Animado e irreverente, o comentarista do carnaval estará a frente da tão aguardada abertura da festa que acontece nos dias 26 e 27 de fevereiro. Na ocasião, as 12 escolas do Grupo Especial apresentarão seus sambas-enredos e Milton Cunha acompanhará cada agremiação, interagindo com o público na Cidade do Samba, além de contar as curiosidades sobre os desfiles que vão acontecer em abril.
A abertura do Rio Carnaval será uma prévia do que acontecerá na Marquês de Sapucaí e poderá ser acompanhada pelo público. O evento, organizado pela Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), será na Cidade do Samba e começará a partir das 19h, com a abertura dos portões. A fim de reiterar o compromisso da saúde do público, a LIESA seguirá protocolo sanitário, conforme as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e determinações da Prefeitura do Rio. Para o evento de lançamento do Rio Carnaval será necessário apresentar o comprovante de vacinação para acesso e permanência no local.
O presidente do Salgueiro, André Vaz, foi homenageado por torcedores da vermelho e branco, no último domingo, na Toca da Tijuca, novo reduto dos salgueirenses, que fica localizada no coração da Praça Saens Peña. Ao site CARNAVALESCO, o dirigente agradeceu o corinho dos componentes e apaixonados pela Academia do Samba.
Fotos: Danilo Freitas/Site CARNAVALESCO
“É um honra muito grande ser homenageado. O Dudu Botelho vem fazendo esse processo mês a mês e quando ele me convidou fiquei muito feliz. Aqui estamos no coração do Salgueiro, perto da Rua Desembargador Isidro, o morro aqui perto. Esse evento é o resgate do samba e do Rio de Janeiro. É na Tijuca, maioria de vermelho e branco, é muita emoção estar aqui”.
André Vaz citou que desde que assumiu o comando do Salgueiro enfrentou diversos desafios, mas conseguiu solucionar os problemas, principalmente, financeiros e deixou a promessa de fazer um grande desfile em 2022.
“O desafio foi e está sendo grande. Muitas diívidas, veio a pandemia, que ficou ruim para todo mundo, mas conseguimos fazer acordos, colocamos a escola em dia e vamos fazer um desfile emocionante em abril. O planejamento sempre foi terminar o barracão para o dia 27 de fevereiro. O nosso barracão está quase 95% pronto. Vamos terminar entre 23 e 25 com calma. Tudo está andando perfeitamente”.
Perguntado qual legado pretende deixar na administração, o presidente do Salgueiro falou na transparência. “O maior legado é a transparência. O salgueirense hoje está quanto o Salgueiro arrecada e gasta. O sócio sabe de tudo o que acontece na escola. O tratamento com todos é outro legado da minha gestão”.
Responsável pelo Toca da Tijuca, o compositor Dudu Botelho falou sobre o evento. “Ele está ganhando mais força de um mês pra cá. Virou mais um espaço de resistência ao golpe midiático que o carnaval sofreu. Estamos há quatro meses homenageando pesssos ligadas ao carnaval para mostrar que nós não morreremos jamais, estamos mais vivos do que nunca. Estamos no coração da Praça Saens Peña. Tem sido muito prazeroso fazer essa festa de carioquice. Estamos retomando o Rio de Janeiro para nossa guarda”.
Ele também falou sobre a homenagem para o presidente André Vez. “Pelo simples fato dele ser presidente do Salgueiro já merecia a homenagem. Sendo o presidente como tem sido, a homenagem fica mais importante ainda. Descemos o morro do Salgueiro e inauguramos lá um muro lindo em respeito aos baluartes da escola. Ele é o presidente da fase mais complexa que as escolas de samba estão passando e tem muito apoio e credilidade”.
Leonardo da Silva, 38 anos, motorista de aplicativo, aprovou a homenagem para o presidente salgueirense. “É justo. Ele está fazendo de tudo. Conseguindo levantar a escola cada vez mais. Botar o Salgueiro no lugar dele. O samba merece. Sendo aqui na Tijuca, que também é um berço do samba, é muito importante. É uma homenagem para o trabalho realizado”.
Veja abaixo o vídeo da apresentação do intérprete Zé Paulo Sierra, na noite de domingo, no bar Baródromo, cantando o samba-enredo de 2022 da Viradouro. Vídeo feito por Wagner Rodrigues.
Ansioso para a estreia no Império Serrano, Igor Vianna, vencedor do Estrela do Carnaval de melhor intérprete em 2020 pela Unidos de Bangu, conta as horas para ao lado de Nêgo, entoar o samba da Serrinha no próximo carnaval. Neste período, Igor, teve até que superar problemas de saúde relativos à hipertensão que o fizeram buscar uma rotina mais saudável após passar mal em outubro do ano passado.
Pronto para a maratona da Sapucaí, um dos microfones oficiais do carro de som da Tradicional Verde e Branca de Madureira, Igor Vianna, em entrevista realizada ao site CARNAVALESCO durante as gravações do CD da Série Ouro, elogiou bastante o samba escolhido pela escola, originalmente para o desfile que seria em 2021.
“O samba foi escolhido em 2020, um samba muito bom, muito forte, que nos dá várias entradas, várias nuances para fazer um bom trabalho junto ao Nego e a Sinfônica. Já é um samba muito forte, com uma aceitação muito grande e com certeza o povo vai chegar com fogo na roupa cantando ‘juntinho’ ao Império Serrano”, explicou Igor.
Foto: Nelson Malfacini/Site CARNAVALESCO
Outro que não vê a hora de estrear pela Serrinha, é o mestre Vitinho. Anunciado em maio de 2020, com raízes bem profundas na escola, Vitinho é neto de Alcides Gregório, um dos fundadores do Império Serrano, e filho do lendário mestre Faísca. Ex-mestre da Unidos da Ponte, já vem há quase dois anos preparando a Sinfônica do Samba para o desfile que vai homenagear o capoeirista Manoel Henrique Pereira, conhecido como Besouro Mangangá. Em entrevista ao CARNAVALESCO durante as gravações dos sambas do principal Grupo de Acesso, Vitinho falou da ansiedade e da expectativa para o desfile do Império Serrano.
“O samba é esperado, né? Na verdade, a gente escolheu o samba para o carnaval de 2021, mas pelo momento difícil que a gente viveu na pandemia foi adiado, a gente já estava com os arranjos prontos. E, o samba facilitou muito para a criação dos arranjos, eu e a equipe, toda a bateria trouxe alguma ideia e a gente acabou montado um belo trabalho. A minha expectativa para o Carnaval de 2022, se Deus quiser, é o Império campeão e ver o público todo cantando muito o samba sobre o Mangangá”, revela o comandante da Sinfônica do Samba.
Mestre Vitinho também contou um pouco do trabalho mais direto realizado com os ritmistas para melhorar o desempenho na Sapucaí.
“A gente fez um trabalho específico com naipe de caixa que era uma deficiência que a gente tinha na nossa bateria, fazendo um trabalho com o naipe de tamborim também, enfim, na verdade um trabalho com toda a bateria, agregando, trazendo a galera para dentro do trabalho, limpando as batidas, limpando os arranjos que a gente está fazendo para o samba, acredito que vai ser um carnaval que vai marcar a história do Império Serrano. A gente está trabalhando para ficar marcado na história da nossa escola e da nossa vida”, conta Vitinho.
Apresentado na escola em outubro de 2020, durante as gravações da faixa da escola no CD oficial, Wilsinho Alves, diretor de carnaval da Serrinha, falou de como foi recebido pela escola, da relação com a diretoria, além das áreas que gosta de atuar no carnaval.
“A chegada na escola, o pessoal me recebeu muito bem, toda a escola. O Império é uma escola de família. A diretoria, segmentos, todo mundo me mandando mensagem. Isso dá uma certeza de que eu fiz a escolha certa de vir para o Império. Daqui ao carnaval é muito trabalho. O Zé (José Luiz Escafura) é meu parceiro, a gente é amigo há bastante tempo, do carnaval, é um cara que está militando há muito tempo também, não tem problema nenhum, o Império tem uma grande equipe. Não é só o Zé, tem uma equipe muito boa. Cada um faz a sua parte. A minha parte que eu gosto de fazer é de barracão, de ensaio junto à comunidade, junto aos segmentos, vai dar tudo certo”, revelou Wilsinho.
Com o enredo “Mangangá” , o Império Serrano vai encerrar a noite da quinta-feira, dia 21 de abril, segundo dia de desfiles da Série Ouro.
A Cidade do Samba será palco nos dias 26 e 27 de fevereiro da abertura do Rio Carnaval 2022. O evento contará com apresentações das 12 escolas de samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro. Você já pode garantir seu ingresso (CLIQUE AQUI).
Para o evento de domingo, dia 27 de fevereiro, a venda já foi para o segundo lote. A meia está R$ 40 e a inteira R$ 80. Vão se apresentar: Paraíso do Tuiuti, Unidos da Tijuca, Estação Primeira de Mangueira, Mocidade Independente de Padre Miguel, Acadêmicos do Grande Rio e Unidos do Viradouro.
O de sábado, dia 26 de fevereiro, o valor ainda é do lote 1, ou seja, meia está R$ 35 e a inteira R$ 70. As escolas do dia são: Imperatriz Leopoldinense, São Clemente, Unidos de Vila Isabel, Portela, Acadêmicos do Salgueiro e Beija-Flor de Nilópolis.
Quem optar pelo combo, os dois dias de eventos, o valor sai por R$ 55 meia e R$ 100 inteira.
Como será a festa
O evento está marcado para os dias 26 e 27 de fevereiro de 2022. A abertura do portão será às 19h e a previsão é que o início das apresentações seja às 20h. No entorno da área do evento haverá food trucks.
Cada apresentação terá ritmistas próprios das escolas, além do intérprete, casal de mestre-sala e porta-bandeira, passistas, musas, velha-guarda, baianas e demais componentes. Todos reunidos no palco e no espaço em frente.
Pela programação da Liesa, na frente do palco haverá uma área separada para os componentes de cada escola. Nas laterais da tenda, vão estar os integrantes convidados das agremiações. O corredor central ficará para o público e que poderá interagir na frente do palco também. Haverá também camarotes.
Em comunhão com o enredo, que busca valorizar a contribuição do negro na história da humanidade, a Beija-Flor de Nilópolis decidiu presentear personalidades e profissionais negros do carnaval com um kit contendo boné com a palavra ‘empretecer’, camisa oficial do enredo 2022, além de uma carta assinada pelo presidente Almir Reis falando sobre as contribuições do negro para a humanidade e para o carnaval em especial.
Fotos: Lucas Santos/Site CARNAVALESCO
A aposta da Beija-Flor para 2022, foi apresentar um enredo que tem não só a sua cara, mas que fala muito da sua gente e da sua comunidade. “Empretecer o Pensamento É Ouvir a Voz da Beija-Flor”, segundo a própria sinopse, através do empretecimento do pensamento, quer dar a toda a humanidade, uma visão diferente e original, como novos caminhos para o futuro, estabelecendo outras rotas possíveis.
Dessa vez, o homenageado foi Julinho Fonseca, integrante da comissão de carnaval da Imperatriz Leopoldinense. O diretor de carnaval da Beija-Flor, Dudu Azevedo, foi o responsável por entregar a homenagem, representando o presidente Almir Reis e toda a diretoria da Soberana. Através de Julinho, os kits vão chegar outros profissionais negros da Verde e Branca de Ramos, como por exemplo, o mestre Lolo, comandante da Swing da Leopoldina.
O diretor de carnaval Dudu Azevedo explicou um pouco mais sobre a iniciativa e sobre o conteúdo dos kits. “Em todas as escolas, a gente vai entregar para todos os profissionais negros que trabalham nessa cultura popular brasileira. E, a gente quer valorizar os negros que fazem parte do carnaval carioca, para colocar eles no patamar de protagonismo dessa festa, que são a grande maioria. E, isso, muitas vezes não é valorizado. A Beija-Flor, através do presidente Almir Reis, além de empretecer o pensamento, faz um movimento de empretecimento, de valorizar o negro trabalhador, o negro que coloca sua arte em prol da nossa cultura e encanta todos nós do carnaval carioca. Tem um boné, uma camisa, e uma carta assinada pelo presidente Almir Reis falando da história do negro no carnaval, e como é valoroso essas mãos negras nas escolas de samba do Rio de Janeiro”, explicou o diretor de carnaval da Soberana.
Julinho Fonseca, representando todo o corpo de trabalho e de artistas negros da primeira escola homenageada pela iniciativa original da Beija-Flor, agradeceu em nome da diretoria da Imperatriz Leopoldinense e fez questão de valorizar a integração cada vez maior entre todas as escolas de samba do Rio de Janeiro.
“Para mim, eu estou ,até, um pouco emocionado com esse gesto. Mais uma vez, essa iniciativa do Dudu, queria agradecer em nome da família Imperatriz, da Dona Cátia (Drumond), Vinícius (Drumond). Um abraço para o presidente Almir, independentemente de qualquer coisa, somos parceiros, e essa iniciativa, é ótima, maravilhosa. E, enaltecendo a nossa raça, isso é o carnaval, essa é a nossa cultura, e temos que mostrar para todos essa união entre a gente aqui”, entende Julinho.
A iniciativa foi mais uma das ações da Beija-Flor em prol da divulgação do enredo e da causa que será defendida e apresentada no desfile que fechará a primeira noite do Grupo Especial em abril. Além dos kits, a Beija-Flor apresentou o enredo ‘empretecer’ para ativistas dos direitos raciais nesta semana. E, em janeiro, alterou a fachada do barracão para incluir alerta sobre cotas, ensino da cultura negra e intolerância religiosa, entre outros projetos de divulgação.