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‘Bebida e comida para consumo próprio estão permitidos nos ensaios técnicos’, garante Gabriel David

O diretor de marketing da Liesa, Gabriel David, fez algumas publicações neste sábado para esclarecer o que está permitido de comida e bebida que o público possa levar para o Sambódromo, nos ensaios técnicos, que começam com três escolas da Série Ouro. Ele reconheceu que a Liga falhou na comunicação inicial, já que foi bastante reestritiva e causou preocupação nos sambistas.

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“A cervejinha para o consumo próprio pode ser levada. O que está proibido é que os ambulantes circulem dentro do Sambódromo vendendo produtos para outras pessoas. Para consumo próprio, tanto bebida, quanto comida, podem ser levadas pelo público. Pequenas quantidades de comida e bebida podem entrar. A gente tinha vários problemas de liberação dos ensaios técnicos (por parte do poder público) por venda de produtos ilegais que aconteciam ali dentro. Lá dentro, a cerveja será R$ 5 e vai ser muito fácil de comprar do que era no passado. Não vamos criar alvoroço em cima disso. Reconheço que a primeira comunicação foi muito reestritiva por parte da Liga. Foi um erro nosso. Existe uma questão de segurança e jurídica que precisamos atender para os ensaios técnicos serem realizados”.

Gabriel David respondeu também e negou a possibilidade de cobrança de entrada para os ensaios técnicos. “Todos os ensaios técnicos são 100% gratuitos. Assim como, a água que será oferecida pela Águas do Rio para o público em todos os setores do Sambódromo. Arquibancadas e frisas são 100% gratuitas em todos os ensaios. A Liga, inclusive, está indo atrás de pessoas que falsamente estão cobrando valores, de forma indevida, e não podem. Não paguem! Os ensaios técnicos tem que ser do povo e de forma acessível. A ideia é que lá dentro seja o mais barato possível, lógico que nem tudo que a gente imagina, conseguimos realizar no primeiro momento. Estamos mudando todo o sistema de bebida e comida no Sambódromo, inclusive, para os desfiles”.

Por fim, Gabriel David falou sobre a iniciativa da Liesa de transmitir ao vivo todos os ensaios técnicos do Grupo Especial pelo YouTube. “As transmissões vão ser ao vivo todos os domingos. Todas escolas daquele. Ainda não consigo fazer para o Grupo de Acesso neste primeiro momento. Estamos utilizando para transmissão o antigo canal da Liesa, que possui 20 mil inscritos, e agora será o Rio Carnaval. O Milton Cunha vai comandar as transmissões”.

Com enredo sobre ‘empretecer’, Beija-Flor recebe intelectuais e influenciadores negros na quadra e barracão

Símbolo da cultura e resistência do povo preto da Baixada Fluminense, a Beija-Flor de Nilópolis fez festa na quinta-feira, em sua quadra e seu barracão, para receber um grupo de intelectuais e influenciadores digitais negros chamados para o desfile de 2022. O enredo deste ano é “Empretecer o pensamento é ouvir a voz da Beija-Flor”, uma exaltação à inteligência negra brasileira — detalhes do tema foram conhecidos pelo grupo de convidados, que inclui nomes como a cantora Teresa Cristina e o ator e escritor Rodrigo França, entre outros.

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Foto: Eduardo Hollanda/Divulgação

No fim da tarde, a azul e branca abriu sua Fábrica de Sonhos na Cidade do Samba, Zona Portuária do Rio de Janeiro, para que os convidados pudessem conhecer detalhes do desfile desenvolvido pelo carnavalesco Alexandre Louzada a partir de ideias pensadas coletivamente pela comunidade nilopolitana. Louzada conta com o apoio do grupo de artistas negros André Rodrigues, Fabynho Santos e Rodrigo Pacheco no processo de criação.

Do barracão, os intelectuais e influenciadores foram guiados à quadra, em Nilópolis, onde assistiram ao espetáculo embalado pela bateria “Soberana”, dos mestres Plínio e Rodney e da rainha Raissa de Oliveira; pela voz sem igual de Neguinho da Beija-Flor; pelo casal de mestre-sala e porta-bandeira Claudinho e Selminha Sorriso e também pelos demais segmentos da agremiação.

‘Mais que urgente’, diz França

Além de Teresa Cristina e de Rodrigo França, a “comitiva” incluiu a escritora Katiuscia Ribeiro; a acadêmica Winnie Bueno; a escritora e roteirista Eliana Alves Cruz; o advogado Joel Luiz Costa, junto da equipe do Instituto de Defesa da Pessoa Negra e a economista Giselle Florentino, com o time da Iniciativa Direito a Memória e Justiça Racial. Todos receberam camisas do enredo da Beija-Flor para este ano e foram convidados a se apresentar com a escola: ela é a sexta e última a desfilar no dia 22 de abril, sexta-feira, na Sapucaí.

“Fico lisonjeado. Como professor de Filosofia, o enredo da Beija-Flor me parece um mecanismo de democratizar o saber: a escola de samba volta à sua vocação de traduzir o que o povo e a comunidade pensam sobre si e a sociedade em geral. Empretecer é mais do que urgente num país em que 56% da população se declara como negro e negra e também diante do apagamento que a nossa população sofre. É uma honra estar junto com a escola”, disse França.

Katiuscia Ribeiro fez coro a França, elogiando os detalhes apresentados no barracão e na quadra:

“É fundamental empretecer o pensamento e trazer uma outra narrativa que reconheça a verdadeira história dos povos negros. As escolas de samba são espaços de construção de pensamento e saber, e isso irá atravessar a Avenida com uma história potente. Parabéns à Beija-Flor por trazer a verdade: porque verdade é poder. E reconhecer a nossa trajetória enquanto negros permitirá um futuro grandioso para todos nós”, finalizou Katiuscia.

Luto no samba! Morre Severo Luzardo, carnavalesco da União da Ilha

Faleceu neste sábado o carnavalesco da União da Ilha, Severo Luzardo, vítima de um câncer. O artista tinha voltado para escola para fazer o enredo “O vendedor de orações” com o carnavalesco Cahê Rodrigues.

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“É uma questão de sensibilidade. Somos dois artistas. Sei respeitar o melhor momento do Cahê e ele também sabe. Quando existe um respeito, existe um grande carnaval”, disse Severo na época ao site CARNAVALESCO sobre a parceria com Cahê.

A União da Ilha fez uma publicação sobre o falecimento do artista. “A União da Ilha do Governador e seu presidente Ney Filardi lamentam profundamente o falecimento de nosso carnavalesco Severo Luzardo na manhã deste sábado. Severo assinou os enredos “Nzara NDembu” (2017), “Brasil Bom de Boca” (2018), A Peleja Poética Entre Rachel E Alencar No Avarandado Do Céu”(2019) e “O Vendedor de Orações, para o carnaval deste ano. Que Deus possa confortar seus amigos e familiares neste momento tão difícil. Que o manto de Nossa Senhora Aparecida, personagem central do enredo de 2022, possa cobrir esse seu filho com seu Manto. Descanse em paz, Severo Luzaro! A União da Ilha decretou luto e, por isso, o nosso Ensaio Show de hoje está CANCELADO”.

A Liga-RJ que comanda a Série Ouro fez uma publicação sobre o artista. “Com muita tristeza, recebemos a notícia do falecimento do carnavalesco Severo Luzardo, da União da Ilha do Governador. A LIGA RJ se solidariza com a agremiação, sua comunidade e toda diretoria”.

Com uma longa carreira como figurinista de TV, Severo estreou no Grupo Especial através da Ilha. Ele passou pelo Arranco do Engenho de Dentro, Dendê, Boi da Ilha, Cubango e Império da Tijuca. Na televisão, Severo fez figurinos para novelas “Laços de Sangue”, “Flor do Caribe”, “Escrava Mãe, “A Terra Prometida” e filmes como “O Tempo e o Vento”.

Sábado com gosto de saudade no início dos ensaios técnicos da Série Ouro

Após dois anos sem desfiles, o Sambódromo da Marquês de Sapucaí volta a receber ensaios de escolas de samba para o Carnaval 2022, que será realizado a partir de 20 de abril. O primeiro dia de treino na Passarela é com a Série Ouro, a partir das 19h, pisam no solo sagrado dos sambistas as escolas Em Cima da Hora, Império Serrano e Lins Imperial.

A entrada é gratuita. Para participar, será necessário comprovar a vacinação contra Covid-19, de acordo com o calendário da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro. A comprovação poderá ser feita através do certificado de vacinação digital – disponível no aplicativo ConecteSUS –, caderneta de vacinação ou comprovante de vacinação.

A Em Cima da Hora vai abrir os trabalhos às 19h segundo previsão da Liga RJ. A agremiação de Cavalcanti, na Zona Norte do Rio, tem responsabilidade de inaugurar a nova pista, que foi totalmente reformada e pintada, para trazer maior qualidade às apresentações das escolas. A azul e branca tem a volta de Ciganerey ao microfone principal da escola. A escol reeditará neste carnaval o enredo de 1984, ’33-Destino Dom Pedro II’. A Em Cima da Hora será a primeira a desfilar na quarta-feira, 20/04.

Em sequência uma das favoritas ao acesso para o Grupo Especial passará pela Marquês de Sapucaí, o Império Serrano. Muita coisa mudou na escola desde o trágico desfile de 2020, um dos piores da história da escola. A nova gestão inseriu ânimo e recursos na comunidade. O grande destaque da escola é sem dúvida o carnavalesco Leandro Vieira, que em 2020 deu à Imperatriz o título no Acesso. A dupla de intérpretes, Igor Viana e Nêgo, além da bateria Sinfônica do Samba, de mestre Vitinho, devem ser os pontos altos da apresentação imperiana. O glorioso encerrará os desfiles da Série Ouro em 2022 sendo a última da segunda noite de apresentações em 21/04, com o enredo ‘Mangangá’.

Fechando esta primeira noite de ensaios técnicos com as escolas da Série Ouro será a vez da Lins Imperial, agremiação da região do Lins de Vasconcelos, Zona Norte da capital fluminense. A verde e rosa regressa ao Sambódromo depois de 11 anos afastada. A escola se apresentará na segunda noite de desfiles da Série Ouro, abrindo os trabalhos no dia 21/04. A escola trará o enredo ‘Mussum Pra Sempris – Traga o Mé que hoje com a Lins vai ter muito samba no pé!’, uma homenagem ao lendário humorista, morto em 1994.

Serviço
Ensaios Técnicos – Série Ouro
12/03/2219h – Em Cima da Hora
20h – Império Serrano
21h – Lins Imperial
Entrada Franca

Voltei! Porque de fato sempre fui especia! Com clima emotivo, Vai-Vai abre a temporada de ensaios técnicos no Anhembi

Começou na noite da última sexta-feira a temporada de ensaios técnicos das escolas de samba de São Paulo. O Vai-Vai, que é a agremiação com mais títulos no carnaval paulistano, deu o pontapé inicial. O dia foi marcado por um clima de muita emoção por parte de todos os sambistas envolvidos no Anhembi. O enredo da escola, “Sankofa”, combina muito com o que presenciado na pista. Se trata de voltar ao passado para ressignificar o presente e construir o futuro. Uma verdadeira mensagem de que o carnaval voltou!

Analisando o ensaio do Vai-Vai, claramente houve um nervosismo por parte de alguns componentes ao pisar na avenida. Algo normal para um primeiro momento de reencontro, e, também, por tudo que a escola passou nos últimos anos. Mas, tecnicamente, isso pode impactar diretamente na evolução ou harmonia da escola. São ajustes a serem feitos.

Harmonia

O Vai-Vai é famoso pelo grande “chão” que a escola sempre demonstrou. Seus componentes são bem aguerridos e nitidamente colocam o seu amor ao pavilhão dentro do samba-enredo. Mas, como dito anteriormente, houve uma grande insegurança por parte de alguns e isso comprometeu o canto de algumas alas, principalmente, do primeiro setor. Vale ressaltar a linda apresentação das baianas, que entoaram muito bem o hino de 2022. A partir do segundo do segundo setor, já foi possível ver alas mais animadas e cantando bem, honrando a característica da Saracura. Portanto, não houve equilíbrio nesse quesito. Sentimos algumas alas bem entrosadas e outras não. Componentes mais leves e outros menos.

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Fotos: Felipe Araujo/Divulgação Liga-SP

Para Gabriel Melo, diretor de carnaval da escola, de fato alguns erros devem ser corrigidos, mas a atuação foi dentro do esperado. “A gente fez um ensaio para testar algumas situações e conseguimos fazer o que queria. Agora, nós temos que ajustar alguns segmentos que naturalmente são devagar, como algumas coisas de performances, mas no geral, a escola passou tecnicamente dentro do que a gente queria e dentro do nosso tempo. O rendimento do samba pra canto foi muito bom, nós temos alguns pontos para melhor na questão individual dos componentes que pode ser um pouco mais solta. Sentimos que eles estavam com medo de errar, mas o ensaio é pra isso. Casais foram bem, comissão fez o que precisava fazer hoje, que era só a marcação. O andamento foi bom e fechamos com 1h01”, disse.

Segundo o diretor, o ponto alto da escola no ensaio, foi o canto da escola. “O ponto alto acho que foi o canto da escola. É um novo estilo de samba pra escola, que nunca nesse estilo. A gente está sempre observando como vai ser o comportamento dos componentes, especialmente quando se passa do recuo de bateria, onde o samba dá uma ‘sentada’, mas o carro de som foi bem e acho que o ponto mais forte da escola foi esse”.

Mestre-sala e porta-bandeira

O casal Reginaldo Pereira e Paula Penteado, mais conhecidos como Pingo e Paulinha, protagonizou o melhor quesito da escola no ensaio. Um bailado que encanta, uma sincronia que envolve e o entrosamento dentro do samba é nota 10. A forma em que eles estendem o pavilhão com garra, é algo a se destacar. Foi um verdadeiro espetáculo que o casal deu nesta noite. Um desempenho totalmente satisfatório e, se continuar assim, tem tudo para alcançarem o êxito máximo. Destaque para o figurino da porta-bandeira, que estava com uma maquiagem no rosto totalmente dentro do contexto do enredo. O mestre-sala, Pingo, avaliou o ensaio.

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“Nosso rendimento, nossa avaliação é que ocorreu tudo bem, tudo perfeitamente bem. O que nós ensaiamos, conseguimos efetuar aqui na pista. Graças a Deus a energia da nossa comunidade ajudou muito. Os componentes, com muita alegria, cantando o samba, essa energia que faltava para a gente depois de dois anos sem carnaval. Foi ótimo, quero agradecer e felicitar a harmonia da escola”.

A porta-bandeira, Paulinha, falou sobre a performance da escola dentro da avenida. “Como a gente veio na frente da escola, não conseguimos ver muito o final. Os nossos erros, a gente acaba vendo. Por exemplo, internamente, se atrasa no tempo, ou em reuniões. Eu e o Pingo estamos muito na frente da escola. A gente não consegue ver o restante. A gente vê o final, e olha pelo que eu estou vendo, está sendo lindo”.

Sobre o rendimento do casal, a artista foi breve. “A gente até se surpreendeu, pois sempre tem ajustes a serem feitos. E hoje foi impecável. Dia 26 tem mais e agora tem que ser duas vezes melhor”, completou.

Samba-enredo

O hino do Vai-Vai para 2022 é considerado um dos melhores do carnaval paulistano, principalmente, quando é cantado ao vivo. Hoje não foi diferente. Como dito anteriormente, algumas alas se destacaram e outras não. As alas dos setores 2 e 3 tiveram uma performance melhor entoando o hino da escola. Vale destacar o ótimo carro de som da Saracura, comandado pelo intérprete Luiz Felipe. O cantor é cria da escola e vem se destacando cada vez mais. O Vai-Vai é famoso por revelar e trabalhar com personalidades vindas da própria escola, e, com certeza, o intérprete Luiz
Felipe pode trilhar um caminho de sucesso no carro de som da comunidade da Bela Vista.

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O samba é destaque e tem uma grande ala musical para liderar tudo isso. Luiz Felipe disse que a crescente pode vir com os erros corrigidos. “O samba vem em uma crescente em cada ensaio, e hoje provou mais uma vez que o Vai-Vai juntamente com sua comunidade faz o samba acontecer naturalmente. Hoje foi bom, temos muitas coisas a melhorar. São erros nossos internos, que a gente corrige em reuniões na semana em ensaios gerais, na quadra e de rua, mas acredito que até dia 23 de abril estaremos prontos, com os erros corrigidos em busca de um grande resultado”, comentou.

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O intérprete também exaltou a comunidade e a bateria Pegada de Macaco. “O ponto máximo é a nossa carta na manga, nosso povo, nossa comunidade, nossa bateria que já vem em uma pegada pra frente e o nosso povo que eu não tenho nem palavras, sem comparações”, elogiou.

Bateria

Historicamente, a bateria Pegada de Macaco, tem a característica de apenas dar o andamento para o samba e levantar a comunidade e o público presente no Anhembi. Porém, devido ao regulamento mudado em 2020, todas as baterias devem realizar bossas para conquistar a nota máxima e, o Vai-Vai, construiu duas, sendo uma delas dentro do segundo refrão. Mestre Beto, diretor de bateria do Vai-Vai, falou sobre o rendimento.

“Nosso setor bateria vai passar três breques. Agora não tem como ficar somente na tradição, porque hoje existe um critério dentro do regulamento e, se a gente não cumprir, não vamos nos sair bem. Hoje foi bom, mas eu prefiro ajustar para ser ótimo”, disse.

Beto também revelou uma bossa especial que não foi feita neste ensaio. “A bossa especial que nós não fizemos, é a que fala da Dona Olímpia, Seu Livinho, que é uma bossa que tem 23 compassos. Ela está pronta, mas na dúvida, é melhor não executar. Hoje eu fiz uma bossa e duas passagens e, no dia do desfile, vão ser três bossas e três passagens”, completou.

Evolução

No quesito evolução, a análise fica mais ou menos parecida com a harmonia, pois faltou equilíbrio. Algumas alas, realmente tinham os componentes com o samba no pé e, outras, era algo mais “robótico”. No conjunto, a escola contou com algumas alas coreografadas, o que ajudou bastante no quesito. Destaque para a ala do último setor, que é dos negros acorrentados. Nela, os componentes cantam e coreografam com muita garra.

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No balanço geral, o Vai-Vai fez um ensaio bem equilibrado. Os primeiros treinos dentro do Anhembi, servem para corrigir os erros e aperfeiçoar para o grande dia. A comunidade da Bela Vista é forte, cantou bem, mas precisa mostrar isso no desfile inteiro. Componentes e alas que estavam em um ritmo menor, com certeza podem melhorar, pois fazem isso nos ensaios de quadra e de rua.

Veja galeria de fotos do ensaio

Componentes da Imperatriz matam ansiedade pelo retorno da escola à elite do carnaval carioca

“Vem me encantar/Volta pro seu lugar”. Os versos do refrão principal do samba-enredo da Imperatriz Leopoldinense, composto por Gabriel Melo, já dão o tom de resgate que a Verde e Branca de Ramos está vivendo para o próximo carnaval. Depois de amargar em 2019 um rebaixamento, a escola juntou os cacos, trouxe o aclamado Leandro Vieira em 2020, além de ter reforçado o time em outras posições e foi campeã do Grupo de Acesso. Agora para 2022, após dois anos sem carnaval, com Rosa Magalhães de volta, a ansiedade é grande e a expectativa é maior ainda para que a Imperatriz não só retorne ao Grupo Especial, mas se utilizando, porque não, do exemplo da Viradouro em 2019, 2020, venha a disputar e conquistar títulos, retornando a um protagonismo na elite do carnaval carioca.

Um dos diferenciais apontados para o momento que a escola vem demonstrando estar vivendo é um resgate da relação com a comunidade de Ramos, que parece ter percebido a necessidade de abraçar ainda mais a agremiação após o rebaixamento em 2019. Durante a abertura do Rio Carnaval 2022, na primeira noite de apresentações na Cidade do Samba, a reportagem do site CARNAVALESCO conversou com alguns componentes da Verde e Branca de Ramos, que abriu o evento, sobre o sentimento de retorno não só ao Grupo Especial, mas de protagonismo na festa.

A empolgação é grande para a integrante da ala das baianas, dona Teresa Cristina, que desfila na escola há 7 anos e faz parte da comunidade de Ramos. Dona Teresa nem pensa em sentimento de disputa por permanência no grupo ou desfile das campeãs, a baiana já quer que o foco esteja na briga pelo título do carnaval de 2022. “Nós estamos muito felizes que ela voltou para o Grupo dela, que ela era para ficar lá. É uma emoção, muita emoção que a gente está pela Imperatriz. Eu estou muito empolgada para o carnaval e nós vamos brigar pelo título”.

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Para Rita Almeida, que já não desfilava há algum tempo pela escola, a ansiedade pelo dia oficial do retorno da escola ao Especial é grande. Rita também ressaltou que a garra dos componentes tem aparecido claramente nos ensaios e por isso a Imperatriz pode acreditar em voos maiores. “É muito emocionante estar aqui de novo na Cidade do Samba, é maravilhoso. Só de pensar no dia do desfile é uma emoção que dá. A gente está aqui e a expectativa é de ganhar, chegar próximo, brigar pelo primeiro lugar, pensar em campeã, e a gente vai ser campeã. A escola se renovou muito, muito mesmo, nos ensaios, muita garra, o pessoal parece que está, assim, com o sangue fervendo na veia para buscar esse campeonato. A gente merece. Eu acho que o povo está mais unido, acho que a união é a diferença. Todo mundo buscando uma coisa só”.

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Já Raquel Ribeiro, integrante da comissão de frente comandada por Thiago Soares, a emoção de estrear na escola em um ano tão importante já fez com que a componente percebesse o amor que a comunidade de Ramos tem pela Imperatriz. “Só de voltar da pandemia já é uma emoção gigantesca, o carnaval por si só já é uma grande emoção. Mas, poder estar com a Imperatriz e com ela retornando, ainda mais a Imperatriz que é uma escola de Grupo Especial, e é muito emocionante, é uma sensação que não tem explicação o que vai ser estar na Sapucaí, o que já é estar aqui. A Imperatriz é uma escola sensacional, é meu primeiro ano desfilando na Imperatriz, e poder estar à frente da escola na comissão de frente, é um orgulho muito grande, uma satisfação muito grande e eu estou muito feliz por estar fazendo parte disso. É uma comunidade completamente apaixonada pela escola, a gente percebe no canto”.

Para o integrante da velha guarda da Imperatriz Leopoldinense, Celso de Araújo, a própria letra do samba da escola para 2022 já fala do retorno da escola para o seu lugar, que segundo Celso é entre as melhores do carnaval carioca.

“É muito interessante, aí que o povo tem que se unir com a gente que o carnaval é do povo e não só das escolas, mas tem que ser do povo. Eu estou adorando pois ela está voltando ‘pro’ seu lugar. O samba está dizendo tudo isso. Voltar para o seu lugar, que a Imperatriz tem que voltar. Quem não conheceu a Imperatriz, a Imperatriz é uma escola que sempre foi boa, sempre estava nesse lugar, entre as melhores, mas a gente vai voltar se Deus quiser, Deus quer. Ela está forte, vai brigar por título. A gente não vai brigar mais não, a gente vai voltar com todo respeito às coirmãs”.

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Componentes de outras escolas também manifestaram a sua alegria pelo retorno da Imperatriz, uma escola de tradição. Welton Miranda, da comissão de frente do Salgueiro entende que o retorno da Verde e Branca de Ramos traz mais força para os componentes das outras escolas.

“É de muita importância, é para dar essa força para a gente que está aqui há mais tempo. É uma escola tradicional que valoriza as outras quando também está na disputa e o próprio carnaval”.

Lucas Eduardo, passista da Beija-Flor, valoriza a tradição da escola e relembra o tempo em que fez parte do time de componentes da Imperatriz.

“Todas as escolas de samba são importantes. Eu posso falar com particularidade porque eu fui passista da Imperatriz Leopoldinense. Então, a Imperatriz é uma escola de tradição. E, eu acho que tradição é uma coisa que a gente deve se manter. E, por isso, estamos aqui hoje (dia dos desfiles de Abertura do Rio Carnaval), pela resistência, estamos hoje na Cidade do Samba representando o carnaval do Rio de Janeiro que deveria estar acontecendo na Marquês de Sapucaí”.

Com o enredo “Meninos eu vivi… Onde canta o sabiá, onde cantam Dalva e Lamartine”, a Imperatriz vai abrir os desfiles do Grupo Especial em 2022, se apresentando no dia 22 de abril.

Mangueira vê samba crescer em ensaio de rua a partir de entrosamento entre bateria, carro de som e comunidade

O samba de 2022 da Estação Primeira de Mangueira pode não ter emplacado no pré-carnaval entre os sambistas e apaixonados pelo carnaval de fora da escola. Mas, o que se viu no primeiro ensaio de rua após o retorno dos treinos, na noite da última quinta-feira, foi uma obra que está crescendo ancorada em um valoroso trabalho da bateria de mestre Wesley, em conjunto com o carro de som comandado pelo intérprete Marquinho Art’Samba, organizado por Alemão do Cavaco, e claro, a participação da comunidade de Mangueira, que cantou bastante como já havia feito na Abertura do Rio Carnaval na Cidade do Samba. O samba está com cara de Mangueira e a comunidade está comprando essa briga.

Antes do ensaio, Marquinho Art’Samba falou à reportagem do CARNAVALESCO sobre a expectativa pela sequência de ensaios e avaliou que o samba está crescendo cada vez que é apresentado pela escola. “A expectativa é sempre a melhor, a mais positiva possível. Ensaiamos muito na quadra, e agora estamos retornando para a rua de novo, está sendo ‘uma’ primeira vez de novo, porque nós ficamos mais de um mês sem vir para a rua, então nós estamos recomeçando tudo de novo. E a expectativa sempre é a melhor. O samba está crescendo e eu tenho certeza que vai chegar na Sapucaí no ponto ideal, se Deus quiser”, previu Marquinho.

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O diretor-geral de harmonia da Verde e Rosa, Renato Kort, avaliou o ensaio como muito importante para o trabalho e destacou a combinação carro de som, bateria e canto da comunidade. “A Mangueira hoje foi um chão forte, um ensaio forte, com pegada forte. A junção do carro de som, bateria e canto faz a escola passar desse jeito que você viu. A escola vem muito inflamada, e preparada. A escola cantando muito forte, os segmentos, a comunidade da Mangueira é muito forte, ela veste a camisa, a gente tem pontos fortes de subida de samba, o samba tem uma melodia muito forte, um samba muito fácil de se gravar e muito emocionante para o mangueirense, você vê a escola canta com o pulmão e o coração”, destacou Renato.

Harmonia e Samba-Enredo

Se o samba não foi unanimidade fora da escola, na comunidade ele está funcionando, foi um ensaio com muito bom canto dos componentes, de forma constante, forte, e em todas as alas. Ainda há margem para crescer, um pouco na intensidade de algumas alas, mas a escola toda está cantando o tempo todo. No trecho “É verde rosa a inspiração” os componentes levantavam as mãos para cima como saudando os três homenageados do enredo, e, ao mesmo tempo, agradecendo a Deus por serem Mangueira. A emoção de alguns componentes foi bonita de ver, porque o enredo realmente fala de algo que é deles. Marquinho Art’Samba conduziu bem a escola, com a costumeira voz potente, grave, sem fazer muitos cacos, animando os foliões quando necessário.

O diretor musical da Mangueira, Alemão do Cavaco destacou o trabalho realizado com o carro de som em preparação para o carnaval de 2022. “Está bem tranquilo porque nós já estamos trabalhando juntos há muito tempo, já estamos indo para o terceiro ano, quase quarto, por conta da pandemia, e também a gente tem ensaiado demais porque o carnaval estendeu, e é um carnaval que durou quase um ano e meio, então está bem, tudo muito tranquilo, a gente tem ensaiado fora, ensaiado em estúdio, tem um time muito compactado, muito coeso, profissional, comprometido, acredito que a entrega vai ser 100%”.

Alemão também afirmou que a escola estaria pronta se o desfile fosse hoje, e que o trabalho agora é para aperfeiçoar e agregar mais qualidade. “São pequenos ajustes que a gente sempre faz, o detalhe de um solo, um efeito de voz, uma junção, mas se o desfile fosse hoje, nós estaríamos prontos. Mas, eu acredito que com esses ajustes vai dar uma cereja no bolo. A comunidade está cantando bastante, Mangueira é escola do povo, então a escola acaba caindo dentro, e tem um samba linear, um samba fácil, um samba que não tem grandes dificuldades de melodia, então acredito que vai ser um excelente desfile”, acredita o diretor musical.

Comissão de frente e casal de mestre-sala e porta-bandeira

Indo para o terceiro carnaval comandando a Comissão de Frente, os coreógrafos Priscilla Mota e Rodrigo Negri, apresentaram no ensaio de rua desta quinta-feira uma coreografia que valoriza a dança, o que não podia faltar em um enredo que também engloba mestre Delegado, e que é puro samba, a nata do ritmo com Cartola e Jamelão. Com passos muito bonitos plasticamente, os bailarinos apresentavam em alguns momentos um jeito ‘malandreado’ e de dança de gafieira.

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O primeiro casal da escola, Matheus Olivério e Squel Jorgea, já entre os casais mais consagrados do Grupo Especial, buscam voltar a gabaritar o quesito. Eles vieram à frente da bateria, posicionamento diferente dos outros carnavais, e apresentaram um pouco do que vai para a Sapucaí. Em entrevista ao CARNAVALESCO, antes do ensaio, Matheus comentou a emoção de voltar aos ensaios de rua e falou sobre o que a dupla trouxe para o ensaio, e deixou aberto surpresas ainda para o desfile.

“Tecnicamente colabora porque a gente sente a emoção, a gente sente a pulsação, a gente sente a Mangueira em si, mostrando para o que veio e o seu trabalho para ser concluído em abril. É um dos processos do trabalho para a nossa alta performance. A gente está muito feliz com a volta. A gente passa quase 40 minutos trocando ideias, matando a saudade dos mangueirenses. A gente tem um pré-carnaval muito longo, a ansiedade só aumenta, e isso aqui faz parte de diminuir a ansiedade. Todo o ensaio para gente é uma etapa sendo avançada para o grande dia. É mais uma etapa, é mais um tempero, mais um sentido do que a gente vai apresentar. Surpresas são fundamentais para o grande espetáculo, não posso te prometer mais do que isso (risos), mas vai haver um grande trabalho, casal Xangô está se preparando, se tiver que sangrar, a gente vai sangrar”, afirmou o mestre-sala.

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Ao fim do treino, Squel Jorgea comentou a mudança de posição do casal e explicou a importância do ensaio de rua para a preparação do casal e as possíveis correções no trabalho. “A emoção do retorno às ruas é a melhor possível. Enfim, agora eu estou podendo me emocionar, poder trabalhar com dignidade, as escolas de samba ocuparem o lugar delas que é a rua, pra gente celebrar. Para o nosso trabalho, é ótimo, é aqui que a gente sente, é aqui que vai tudo acontecer, é só aqui que a gente consegue consertar as coisas, então estava sendo uma maldade com a gente não poder vir para a rua. E vir à frente da bateria, é trabalho assim como na frente da escola, para mim não interfere. A gente precisa se concentrar, trabalhar para que tudo aconteça da melhor forma possível. E, tendo dedicação e amor, tudo acontece. Isso independente se o casal vem a frente ou não da escola”, explicou a porta-bandeira da Mangueira.

Evolução

A evolução da escola aconteceu de forma satisfatória. Em pouco mais de uma hora de treino, os componentes evoluíram de forma espontânea com algumas poucas alas realizando coreografia. Um exemplo é uma ala que vinha no setor 3 da escola com um bonito bailado lembrando os sambas de gafieira logo à frente do casal e da bateria. Algumas alas traziam balões nas cores da escola, o que deu um brilho para o ensaio. Outro fator importante de se destacar, foi a presença da camisa da escola nos desfilantes, o que ajudava a identificação no ensaio, a não ser algumas alas em que parecia haver o combinado para que se usasse roupa na cor branca. Outra ideia interessante a se destacar da direção de carnaval, foi trazer pequenos tripés com o número dos elementos alegóricos para demarcar bem a posição das alas e a forma que a escola vai desfilar. No geral a escola passou bem em um primeiro ensaio, imaginando-se que ela venha a brincar um pouco mais nos próximos treinos, com mais desenvoltura e com a comunidade mais ambientada com a rua de novo.

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O diretor-geral de Harmonia, Renato Kort, também falou um pouco sobre como o canto da escola que já vinha sendo ensaiado com afinco na quadra nos últimos meses, passou, dessa vez, evoluindo em linha reta. “Tem margem para evoluir sim, o ensaio é para isso, aqui a gente está treinando. A gente ajusta uma bossa aqui, de repente a bossa entrou de um jeito que você tem que fazer um andamento mais devagar, por exemplo, mas aqui é bom para ajustar, a gente está aqui para isso, o ensaio hoje foi muito bom. A gente estava um tempo parado, e agora a gente voltou com força total para a nossa festa”, frisou Renato.

Bateria

Comandante da “Tem Que Respeitar Meu Tamborim” já estreando com título em 2019, mestre Wesley busca voltar a impressionar o mundo do samba como arrebatou naquele histórico desfile em que a bateria valorizou ainda mais a grande obra daquele ano. Agora, com o desafio de ajudar a crescer um samba que não chamou tanta atenção como “Histórias para ninar gente grande”, o que pode ser visto neste retorno dos ensaios de rua da Mangueira, foi a bateria colocando o samba bem a cara da Verde e Rosa, destaque mais uma vez para o naipe de timbal que já vem se destacando desde 2019 e deu uma sonoridade muito agradável não só nas bossas como no momento do verso “na voz do meu terreiro”, em que apenas o timbal sustentava o ritmo, mas também nos trechos em que a bateria tocava reta com o instrumento participando junto com os outros naipes.

Antes do ensaio, Mestre Wesley explicou em que nível está a preparação para o desfile, as estratégias para o andamento do samba na Sapucaí, além de dar sua opinião sobre o uso de metrônomo pelos jurados. “O trabalho está caminhando bem, a gente ainda não está 100%, mas já estamos em uns 90%. E, o andamento é o que a gente gravou o disco, 146 BPM (batidas por minuto), é o que a gente vai para o desfile oficial. Na Cidade do Samba, na empolgação, a gente chegou em 148 BPM, 149 BPM, mas para o desfile oficial e para os ensaios, é 146. Sobre o metrônomo eu acho que atrapalha um pouco porque toda bateria ela começa em um andamento e depois ela vai para outro. Por exemplo, eu no setor 1 vou começar com um 148, porque no decorrer dos 20 minutos que eu estiver dentro do box, ela vai cair para 146, e depois ela não cai mais. Agora, eu acho complicado porque pode atrapalhar, nenhuma bateria consegue manter o mesmo BPM o desfile inteiro”, entende o comandante.

Salgueiro volta à Maxwell e mostra potência da comunidade no ensaio de rua

Após algumas semanas afastado dos ensaios de rua, o Salgueiro voltou com tudo para a Maxwell na noite da última quinta-feira. Embalada pelo canto forte e empolgante da dupla Emerson Dias e Quinho, a Academia do Samba deu show para os espectadores presentes. A bateria Furiosa, de Guilherme e Gustavo, também ditou o ritmo de mais um ensaio de sucesso da escola neste pré-carnaval.

Como de costume, o chão do Salgueiro representou mais uma vez e a comunidade não economizou no grito para exaltar o samba que traz a mensagem de ‘Resistência’. Os versos ‘Torrão Amado, o lugar onde eu nasci’, ‘Sabiá me ensinou, sou diferente’, e o refrão ‘Salgueiro, Salgueiro’, eram as partes mais cantadas pelos componentes. Quinho falou sobre a força do samba e da comunidade.

“A comunidade emana uma energia forte demais desde a fundação, no canto, no ritmo e na dança. O samba do Salgueiro é sempre escolhido para a comunidade e o carro de som se integra a isso. É um refrão de fácil assimilação, de excelente leitura, que a escola abraçou, e agora vamos em busca do título. O ensaio técnico vai ser uma pequena prévia. Vai ser a oportunidade de acertar algumas arestas. Todas as escolas começam com 10 e vão perdendo, e a intenção é minimizar os erros. O nosso carro de som não tem vaidade, é um conjunto de canto que tem que estar alinhado, é o que estamos fazendo”, disse Quinho.

“O samba do Salgueiro, pra surpresa de muitos é o que mais acontece no Carnaval, mesmo muita gente torcendo contra. Onde vamos cantar, o samba é ouvido, pela comunidade nem se fala. Na Sapucaí eu quero primeiro matar a saudade, a expectativa é total. O Salgueiro está muito animado e com muita vontade. A escola está preparada e com sangue nos olhos para mostrar nosso potencial. Nós somos amigos, eu Gustavo, Guilherme e Quinho, e isso facilita muita coisa. Um participa do grupo do outro no WhatsApp. Nos falamos todos os dias, a gente conversa às vezes ‘ah, é melhor o andamento x, o andamento y, essa bossa poderia mexer aqui, ali’. As coisas são construídas dessa forma com a gente, e isso ajuda muito”, comentou Emerson Dias.

carrodesom salgueiro

Organizado, o Salgueiro evoluiu bem pela Maxwell e sem perder o pique na voz até o fim, com destaque para as alas ‘Negões do Salgueiro’ e ‘Loucura Salgueirense’. Quem também brilhou foi a ala Maculelê, comandada por Carlinhos do Salgueiro, que fez grande espetáculo de dança com passos famosos do ‘TikTok’. Diretor de harmonia, Jô Casimiro comemorou mais um ensaio de rua.

“Estávamos morrendo de saudade de ensaiar aqui. Tinha essa emoção contida no peito do salgueirense. É claro que falando tecnicamente, não são as condições que a gente precisa para a Avenida. Mas sabemos usar isso com o canto e com força da nossa comunidade. Estamos aprimorando cada vez mais, mas se o desfile fosse há uma semana, já estaríamos prontos. Agora é mais samba, alegria e carnaval. Temos que trabalhar porque a disputa é árdua, porque tem muita gente com o mesmo objetivo que o nosso, que é campeonato”, analisou Jô.

casal salgueiro

Nota máxima nos últimos cinco carnavais, Marcella Alves e Sidclei vieram como último casal, riscaram o chão da Rua Maxwell e chamaram atenção dos espectadores com uma linda dança e excelente sincronia. Quem fechou o ensaio de forma impecável foi a Furiosa dos irmãos salgueirenses. Com bossas criativas, contagiantes e com algumas coreografias, a bateria brilhou mais uma vez. Guilherme falou sobre o trabalho com os ritmistas e analisou a utilização do metrênomo pelos julgadores.

mestre salgueiro

“O trabalho está sendo feito desde agosto e estamos gostando muito. Lógico, sempre tem alguma coisa para melhorar. Tem dias que são dias, outros que a energia da galera não é a mesma e a nossa também. Mas o trabalho está pronto, agora é só acertar alguns pontos”. Estamos esperando bastante para o ensaio técnico, principalmente por todo mundo tocar junto. O importante de ensaiar lá é pegar as medidas do desfile, com seis fileiras de cada lado. Aqui na Maxwell não é nem metade da Avenida, então não dá pra usar a bateria toda. Aqui tem árvore, gente no meio, a rua afina no recuo, ou seja são vários problemas que lá na Sapucaí não vamos ter. A expectativa é boa”, disse Guilherme, que concluiu:

“Eu já usava metrônomo há algum tempo, desde quando era diretor, para entender o andamento da bateria. Agora, o jurado usar o metrônomo, eu não sei qual motivo disso, mas acho que vai somar. Mas se for um processo comparativo, eu acho errado, porque cada bateria tem seu andamento. Não existe padrão, porque se existisse seriam todas iguais. Vamos ver”, encerrou o mestre do Salgueiro.

Vila Isabel reencontra o povo do samba em ensaio emocionante

Na noite da última quinta-feira, quando o intérprete Tinga, da Vila Isabel, pegou o microfone e falou: ‘Como é bom voltar aos ensaios na 28 de setembro e encontrar o povo do samba’, sem dúvida, passou na memória dos componentes tudo o que viveram nos dois anos sem desfiles. O cantor pediu que a comunidade abraçasse o companheiro que estivesse ao lado e a emoção tomou conta do tradicional Boulevard. O canto afiado da comunidade, aliado com a potente bateria, a performance do casal de mestre-sala e porta-bandeira e o envolvimento coreógrafico da comissão de frente marcaram o treino.

“Ensaio muito bom, com melhoras significativas nos quesitos harmonia e evolução. Modéstia parte, temos um dos melhores sambas do carnaval, samba em que eu particularmente sempre acreditei. Se eu pudesse parar o som da avenida e deixar somente a comunidade cantar, eu pararia. Acredito muito no nosso samba, que com certeza vai contagiar a Sapucaí do começo ao fim, assim como já contagiou no ensaio. O entrosamento ainda está quase perfeito do carro de som com a bateria, mas estamos com tempo para corrigir esse detalhe para o Sambódromo. Vocês vão ver o rolo compressor que será a Vila Isabel. O que nós fizemos aqui, lá será com o triplo de empolgação, canto e emoção”, garantiu Marcelinho Emoção, diretor de harmonia, que comemorou a volta dos ensaios de rua.

“Representa uma nova vida, um novo amanhecer pro povo de Noel. Estávamos ansiosos por esse momento, esperando para vivermos tudo isso de novo e resgatar a essência do povo de Noel, conhecidos por sua garra e vontade de cantar, principalmente com enredo se tratando de Martinho da Vila”.

Comandante da “Swingueira de Noel”, mestre Macaco Branco citou que a volta dos ensaios de rua funciona como uma “terapia geral”. “O desfile das escolas de samba é um refúgio para todos os trabalhadores que pertencem à sua comunidade, que tem o seu stress diário. O povo estava doido para cantar o samba, que estava amarrado no peito”.

baianas vila

Ao site CARNAVALESCO, ele avaliou o desempenho da bateria no ensaio de rua. ““O andamento foi muito bom, a puxada da escola está de parabéns. Nosso diretor de carnaval Moisés Carvalho, nosso diretor de harmonia Marcelinho Emoção. A escola cantou pra caramba. Fiquei arrepiado quando a escola começou, todos respondendo e a bateria tocando com vontade, sangue nos olhos e muito vigor para colocar aquele swing e tempero da Vila Isabel. Graças a Deus deu tudo certo”.

Macaco Branco explicou qual é o segredo para o encaixe perfeito da bateria com o intérprete Tinga. “Amizade, carinho e respeito. A gente se conhece desde muito novo. Por mais que o Tinga seja um pouco mais velho do que eu, a gente vem do Herdeiros da Vila. Ele começou a desfilar em 89 e eu em 94. Somos crias da Vila Isabel, nós bebemos na fonte. Somos apaixonados e amamos o que fazemos. Então, não tem nada melhor do que um grupo de pessoas fazendo a mesma coisa por um único objetivo. Tanto a bateria, quanto o carro de som, somos uma grande família. Às vezes a gente discute, mas sempre em prol do melhor. A gente sabe que a perfeição não existe, mas cada vez mais estamos em busca dela”.

Com uma dança extremamente elegante e movimentos cravados, o casal de mestre-sala e porta-bandeira, Marcinho e Cris Caldas, mostrou muito segurança. Ao site CARNAVALESCO, ele falaram do treino.

casal vila

“A volta do ensaio de rua representa o carnaval estar perto de novo. A gente achou que estava perto, aí teve o adiamento. Agora voltando a gente consegue sentir esse gostinho do pré desfile que é super importante, apesar de estarmos ensaiando há muito tempo, ter esse gostinho de ensaio nesse esquema. Pois a gente ganha mais fôlego, mais condicionamento físico, é ótimo”, disse o mestre-sala.

“Eu estou super emocionada. A gente tava tendo ensaio aqui na quadra, mas gostamos de sentir o calor da galera. Acho que a gente vem numa energia melhor e sentir essa energia da 28 não tem igual”, completou a porta-bandeira, que ainda avaliou o treino. “A gente já está se organizando, se preparando. Não vemos a hora de sentir a energia de lá da avenida, porque é irreal e são dois anos sem sentir isso. A gente já tem ensaiado na Sapucaí, mas com tudo aceso e com o povo todo é diferente. E estamos sentindo muita falta disso”.

bateria vila

Craque da Vila Isabel o intérprete Tinga festejou a volta do ensaio de rua. O artista estava extasiado com o rendimento da azul e branco. “Ah, maravilhoso, aqui é o nosso chão, a nossa casa, 28 de setembro tem essa energia do povo do samba, do povo de Noel. A comunidade está muito feliz com a volta dos ensaios na rua, fizemos um grande ensaio, a comunidade feliz, cantando forte, se Deus quiser vamos partir com esse enredo aí do nosso grande mestre Martinho da Vila, a gente pretende dar esse presente pra eles (comunidade)”.

O cantor respondeu sobre o entrosamento com a bateria e o rendimento do samba-enredo de 2022. “Foi maravilhoso. O samba é lindo, alegre, forte, basta olhar pra comunidade, a escola está cantando forte, cantando bonito, é isso que importa. Um samba que conta a história do Martinho, da simplicidade dele, o importante é a escola estar feliz. A gente trabalha com humildade, sempre buscando se ajudar, conversamos muito (ele e Macaco Branco), toda hora estamos juntos conversando, almoçando, para estar sempre melhorando cada vez mais. A nossa vaidade é pela Vila Isabel, então, a gente trabalha forte em prol da escola”.

Por Alberto João, Ingrid Marins, Isabelly Luz, José Luiz Moreira e Luan Costa