“A escola é onde aprendemos a amar o samba, todos os anos ela deveria ser campeã”, Assim, diz Evelyn Glória, torcedora apaixonada pela escola Unidos de Padre Miguel, ao ser questionada sobre o motivo de estar no último sábado acompanhando o ensaio da escola na Marquês de Sapucaí. Ela pulava e exalava a energia vibrante de estar ali, ansiosa, para ver sua escola desfilar no ensaio técnico. Ao ser questionada de onde viria esse amor pela escola, Evelyn abre um sorriso e diz: “Vêm daqui ó” apontando para o seu peito e completa fazendo uma referência ao samba-enredo: “Respeita o povo da Vila Vintém”.
Neste ano, disputando com foco na vaga para o Grupo Especial, a UPM (Unidos de Padre Miguel), traz em seu samba-enredo o tema “Baião de Mouros”. A escola pretende levar a influência da cultura Árabe na região do nordeste brasileiro, que está presente, por exemplo, nos símbolos como os leques, guarda-sóis, maquiagens, tapetes, azulejos e janelas da região.
De acordo com seus torcedores, nos últimos anos a escola sempre ‘batia na trave’, ou seja, quase alcançando o tão sonhado momento de vencer o Grupo de Acesso. Porém, em 2022, a escola não ficou em 5º lugar. Em 2020 a escola acabou ficando em 2º lugar, mas não atingiu o tão sonhado ‘gol’.
“Na nossa escola aprendemos o samba e lá, é samba raiz, nunca vai parar. Padre Miguel é a capital pois temos a Mocidade”, explica Jeferson Dias, torcedor da UPM que estava pertinho da avenida para ver sua escola passar.
A Unidos de Padre Miguel participou do ensaio técnico e trouxe a maior parte do público que estava presente na Sapucaí para assistir seu ensaio. Eram vários ônibus que estavam posicionados para esperar até o fim do desfile, que terminou por volta de 1h30 da manhã. Uma faixa posicionada na arquibancada do setor 3 tinha os dizeres “Nação Unida de Padre Miguel” lotada com os torcedores da Vermelha e Branca.
“A escola tem muita união. A comunidade tem muita uniã. A gente ama a Unidos”, comenta Beatriz Lopes, que estava acompanhada com a sua mãe e sua avó. Vestidas de vermelho e branco e com os bonés UPM, elas explicam que o segredo da escola ter tanto público é a união da comunidade e que a escola abraça a comunidade em sua volta. Sua avó, Tânia Lopes, explica que a escola realmente leva a sério o termo ‘unidos’ em seu nome.
A torcida tem um consenso sobre o motivo de não conseguir subir para o Grupo Especial: os jurados. Os torcedores não conseguem identificar nenhum erro dentro da escola e quando citam algo, se referem aos “juízes do carnaval” como injustos. “Eu acho que tem que acabar com a injustiça porque a escola vem lindíssima, batendo no placar há anos e precisa muito ser vencedora”, afirma Maria Eduarda, passista apaixonada pela escola.
Para o público, o carnaval de 2017 foi o melhor desfile da escola. Naquele ano, o tema do enredo da UPM foi “Ossain, o poder da cura”. “O ano de 2017 era o ano pra ela ganhar, tinha tudo pra ela ganhar e esse ano vai ganhar. Estou confiante do meu trabalho, do trabalho da escola e está incrível demais”, explica Maria Eduarda.
A escola vai desfilar no sábado de carnaval, dia 18 de fevereiro, e o seu desfile é um dos mais esperados no Grupo de Acesso e com muitas expectativas por parte dos fãs da Boi Vermelho. “Os julgadores precisam ver que somos uma escola que é pra subir. É uma escola que veio para ganhar carnaval”, garante Alexandre Campos.