A trancista Alessandra dos Santos Silva, passista da Acadêmicos do Grande Rio, virou notícia ao ter parte do braço esquerdo amputado durante uma cirurgia para retirar miomas no útero. O caso gerou comoção pública e desencadeou uma onda de solidariedade, até mesmo com a criação de uma vaquinha para ajudar Alessandra. A tricolor de Duque de Caxias não ficou de fora da corrente de apoio e decidiu doar uma prótese. Em entrevista ao site CARNAVALESCO, a passista falou sobre a doação e o suporte que está recebendo por parte da agremiação.
“Tenho que agradecer muito a direção da Grande Rio pelo gesto, pois todos sabem que uma prótese não é barata. Muito pelo contrário, aliás. Serei eternamente grata a todos os envolvidos, a família Grande Rio, por esse ato de carinho de fazer essa doação. Já fui fazer algumas medidas e foi muito legal ver, experimentar a prótese. É algo que não vai me devolver o membro, mas que irá me ajudar muito em questão de poder fazer as coisas dentro de casa, do dia a dia. Além disso, é muito importante esteticamente. Toda mulher é vaidosa e eu como passista não sou exceção”, afirmou Alessandra.
Após sentir dores e ter sangramentos, a passista realizou uma bateria de exames em agosto de 2002 e descobriu a existência de miomas. Seis meses depois, Alessandra deu entrada no Hospital da Mulher Heloneida Studart, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, para realizar a cirurgia de retirada. No entanto, houve complicações durante o procedimento que acarretaram na remoção completa do útero.
A situação se agravou no pós-operatório e devido a uma necrose no braço foi necessária a amputação. Outros problemas de saúde foram encontrados durante a revisão da cirurgia e Alessandra foi novamente internada. A alta hospitalar só viria um mês depois, em abril. Com o psicológico abalado, a trancista precisou passar por um processo de aceitação e adaptação. Atualmente, ela se diz contente com os resultados que vem obtendo.
“Está sendo maravilhoso esse momento atual, ainda mais tendo em vista toda a situação que vivi no hospital, pensando que a vida acabou, que não teria continuidade, que eu não poderia mais fazer nada. Eu estava sem planos, sem sonhos. De repente, me deparo voltando para quadra para ensaiar, dançando quadrilha… Assim, eu nem consigo acreditar que estou fazendo isso tudo. Não imaginava que fosse conseguir voltar a fazer essas coisas, que são algumas das que mais amo”, relatou Alessandra.
“Só tenho que agradecer mesmo a Deus pela vida. E para as pessoas que estão enfrentando qualquer dificuldade ou estão passando por uma situação parecida com a minha, não desistam dos seus sonhos e não percam as esperanças. Fé e força de vontade ajudam muito nas horas mais críticas. A vida está aí para ser vivida e temos que aproveitá-la ao máximo dentro das nossas possibilidades”, complementou.
Há quase 20 anos, Alessandra integra a Shock do Painho. A quadrilha de salão, originária de Duque de Caxias, foi uma das que se apresentaram na Cidade do Samba durante a festa julina promovida pela Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa). Apesar de não ter obtido o primeiro lugar no concurso, o conjunto faturou um prêmio de R$ 10 mil por ter chegado a final. Na conversa com o site CARNAVALESCO, a passista comentou sobre a experiência de se apresentar com o grupo no arraiá.
“Só tenho o quê parabenizar pela iniciativa de ter um evento como esse na Cidade do Samba, a estrutura que foi montada e a organização em si. A premiação que foi proporcionada para as quadrilhas vai ajudar muito esses conjuntos. Quem faz quadrilha sem patrocínio tem muitos gastos, a minha é um exemplo disso. Fazemos o que podemos e o que não podemos para conseguir ir para rua. Só quem passa por isso sabe o quão difícil é. Então, uma premiação dessas já vai ajudar bastante. E não só no caso da Shock do Painho, mas de todas de uma forma geral”, pontuou.
Devido as questões de saúde, Alessandra ficou de fora do desfile da Grande Rio em 2023, algo que não pretende repetir no ano que vem. Agora que está retomando a sua vida normal, ela não esconde a empolgação, além da ansiedade, por poder voltar a pisar no Sambódromo defendendo a tricolor de Caxias.
“Não desfilei este ano por conta da minha internação, mas 2024 estarei na Marquês de Sapucaí junto da Grande Rio nem que eu tenha que pegar um helicóptero e descer no meio da pista! Vou desfilar e espero ajudar a trazer o campeonato novamente para Caxias, pois quando a nossa comunidade coloca o pé na Avenida é de verdade mesmo, é para poder vir quebrando tudo. Então, vamos continuar com garra, com força, com o canto que é uma das principais armas que temos, para alcançar esse título. Quero voltar sendo campeã novamente!”, assegurou a passista.
Em 2024, a Grande Rio será a quarta escola a se apresentar no domingo de Carnaval, dia 11 de fevereiro. A agremiação irá em busca do segundo título de sua história no Grupo Especial com o enredo “Nosso destino é ser onça”, assinado pelos carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo Bora.