Pelo segundo ano consecutivo, a Mocidade Independente de Padre Miguel tem uma obra bastante elogiada no pré-carnaval. Em 2022, ainda mais marcante, o samba de composição de Carlinhos Brown, Diego Nicolau e Cia, que homenageia a Não Existe Mais Quente e o padroeiro da escola, é até mesmo indicado por muitos como o melhor da safra. Em entrevista recente ao site CARNAVALESCO, o diretor de carnaval da escola, Marquinho Marino, no cargo desde 2017, profissional que veio do mundo dos compositores, explicou que uma das mudanças para a guinada da escola foi realizar uma escolha de samba que privilegia sempre o melhor e o que respeita as características da Mocidade e sua bateria.

“O compositor precisa ser respeitado para ele poder vir fazer uma grande obra e disputar com afinco, ele tem que saber que ali vai ganhar o melhor. E, para isso, você tem que ter credibilidade. Compositor não é obrigado a me mostrar o samba, mas eu sempre deixei claro que achava ideal que eles sentassem com a direção de carnaval para que nós pudéssemos fazer um filtro tanto melódico como de letra, porque a Mocidade tem uma característica diferente das outras escolas em termos de música, em termos de andamento, e não adianta vir com uma coisa que não fosse encaixar não só com o enredo, mas com a própria escola e bateria. A Mocidade criou muitas opções para escolher samba. E, hoje, o compositor pode até questionar que perdeu com o seu samba sendo tão bom quanto o outro, mas ele nunca vai perder para um samba ruim. Estamos colhendo os frutos agora. É preciso ter ouvido e percepção para escolher um samba. E a escola definitivamente acertou a mão nas escolhas ano após ano”.

Homenageado com o nome citado no samba, mestre Dudu concorda que as obras têm respeitado a característica da escola e isso tem feito com que a direção da Mocidade tenha cada vez mais dificuldade para escolher apenas um com safras de tamanha qualidade.

“Eu fico muito feliz de a escola estar sempre escolhendo os melhores sambas. Estão sendo belas obras apresentadas pelos nossos compositores, a escola está sempre acertando. Estou há dez anos no comando da bateria e estou sempre desfilando com samba bom. Os três últimos sambas escolhidos, dá uma dor no coração de perder uma obra prima, mas infelizmente só pode ganhar uma. Esse ano é diferenciado porque o enredo é a bateria, o samba fala muito da bateria, fala do meu pai (mestre Coé), fala de Miquimba, fala de mestre André e de mim também, fala até do meu nome, para mim é motivo de muito orgulho estar no comando da bateria esses dez anos, e agora ter o nome no samba”.

Foto: Site CARNAVALESCO

A composição vitoriosa foi da parceria encabeçada por Carlinhos Brown e que teve ainda Diego Nicolau, Cabeça do Ajax, Gigi da Estiva, J.J.Santos, Nattan Lopes, Orlando Ambrosio e Richard Valença. Diego Nicolau afirmou que neste momento de mudança no desenvolvimento de obras da escola, o compositor mesmo também acredita ter participado do processo e melhorado como artista.

“Eu sou parte desse processo, eu disputo samba na Mocidade desde a escolha do samba de 2007, e acho que amadureci junto com esse pensamento. Acho que a gente participou com um samba que deu uma guinada nesse processo que foi o de 2014. A escola toda foi uma redenção naquele ano. Aí depois de dois anos de sambas diferentes, e aí em 2017, a Mocidade recebeu dois grandes compositores, Altay Veloso e César Feital que deram uma sacudida total no jeito de fazer samba da Mocidade. Um samba que se preocupava em ser mais bonito, belo, do que só contar enredo. E a escola voltou a vencer o carnaval. E isso mexeu também com a minha forma de fazer samba sim, a gente também se transforma, procura melhorar e absorver”.

Como o diretor de carnaval Marquinho Marino, Diego Nicolau também acredita que a credibilidade de vencer sempre as melhores obras, tem sido fundamental até mesmo para incentivar a participação dos compositores.

“Desde 2017 que a Mocidade vem apostando em sambas que a própria escola gosta, geralmente são boas safras e a escola privilegia os profissionais que são decisivos no desfile e sua torcida. Acredito que isso também seduz o compositor, ele sabe que o que for o melhor vai ganhar, e se não for o melhor não vai ganhar. Isso também influencia até no ânimo do compositor que confia na disputa da escola”.

 

 

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