O prefeito Eduardo Paes e o secretário de Cultura, Marcus Faustini, entregaram medalhas da Ordem do Mérito Cultural Carioca a 18 artistas e agentes do setor. Foram cerca de 2.800 votos e mais de 600 nomes, instituições ou coletivos indicados pela população para receber a Medalha São Sebastião do Rio de Janeiro da Ordem do Mérito Cultural Carioca.

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“Não tenho dúvida alguma de que a força dessa cidade nasce principalmente da força da sua produção cultural tão espalhada pela cidade, em cada canto, cada esquina do Rio”, enfatizou o prefeito.

Na edição de 2020, a comissão formada por membros da Secretaria Municipal de Cultura e do Conselho Municipal de Cultura escolheu homenagear aqueles que, mesmo em um ano tão difícil, colocaram sua capacidade criativa e de mobilização para que a arte e a cultura fossem aliadas dos cariocas. Os premiados promoveram desde ações humanitárias, que contribuíram com os mais vulneráveis, até criações artísticas online que se tornaram companheiras de todos que fizeram isolamento.

“Tenho a certeza de que estamos iniciando um caminho vitorioso de recuperação do papel e da centralidade da cultura no Rio, porque temos um prefeito comprometido com a cultura na cidade e uma gestão que já está na rua, dentro do gabinete, pensando em como recuperar a dignidade da cultura. Vamos trabalhar muito porque esse é o caminho”, frisou o secretário municipal de Cultura, Marcus Faustini.

Um dos homenageados, o cantor e compositor Moacyr Luz falou da sua relação com a cidade que tanto o inspira.

“Quem me conhece sabe a emoção que estou sentindo. Minha vida é o Rio de Janeiro e meus sambas principais são da Guanabara. É uma emoção muito grande. Receber essa medalha é um grande impulso, uma motivação a mais”.

A cantora e compositora Teresa Cristina destacou que ficou “muito contente” com a premiação, porque o “Rio de Janeiro precisa sair do lugar que entrou”.

“Acho importante uma mulher sambista receber essa medalha, fiquei muito feliz e emocionada ao saber que fui escolhida”, afirmou Teresa.

Conheça os homenageados

Associação dos Produtores de Teatro (APTR): Fundada em 2003, a Associação dos Produtores de Teatro (APTR) reúne profissionais atuantes na cena carioca e nacional, promovendo a união de produtores de espetáculos de artes cênicas, além de ser um meio de incentivo e divulgação. Em 2020, a pandemia afetou profundamente os artistas, técnicos e produtores da cena teatral. A APTR criou várias campanhas de doações que se transformaram em ajuda financeira para milhares de profissionais do teatro carioca.

Teresa Cristina: Em 1998, a cantora e compositora Teresa Cristina começou a cantar no Bar Semente, na Lapa, tornando-se uma das responsáveis pela revitalização musical do bairro. O bar acabou batizando a banda que passou a acompanhá-la desde então. Teresa Cristina foi escolhida pela revista Forbes, em 2021, como uma das 20 mulheres de maior sucesso do Brasil. Por meio de suas lives, Teresa transformou sua voz e suas apresentações em uma companheira que trouxe conforto, alegria e emoção para quem vivia o isolamento, como forma de proteção e cuidado coletivo. Sua criação se tornou símbolo de resistência cultural, democracia e acolhimento.

Circo Crescer e Viver: Criado em 2001, o projeto Circo Crescer e Viver se consolidou como uma organização sócio cultural com atuação em todas as áreas da cadeia produtiva circense. Na pandemia, se tornou um trabalho de referência em ações humanitárias para os moradores de regiões vulneráveis dos bairros Cidade Nova e Estácio, por intermédio da campanha “Nosso Território Protegido do Covid-19″.

Rene Silva: Aos 26 anos, Rene Silva é um dos principais nomes do jornalismo independente no Brasil. Nascido no Morro do Adeus, criou o jornal “Voz das Comunidades” ao lado de seu professor quando tinha apenas 11 anos. Ele recebeu a Ordem do Mérito Cultural Carioca por seu engajamento nas causas sociais, que durante a pandemia se traduziram em ações humanitárias intensas para amenizar os impactos do isolamento e da paralisação das atividades entre os mais vulneráveis. Rene também levou informação aos moradores de favelas cariocas por meio do “Painel Coronavírus nas Favelas”, levantando os números de infectados, óbitos e recuperados de algumas comunidades cariocas.

Polifônica Cia.: O núcleo multidisciplinar de pesquisa e criação artística Polifônica CIA. foi fundado em 2014, com sede no Rio de Janeiro, pelo autor, diretor e jornalista Luiz Felipe Reis e pela atriz Júlia Lund. Em 2020, suas peças transmitidas online suavizaram os impactos da pandemia nos lares cariocas, levando arte para o público durante o isolamento social e mantendo a criação artística em alta frequência.

Moacyr Luz: Idealizador do Samba do Trabalhador, no Renascença, tradicional clube no Andaraí, o músico e compositor carioca tem nove CDs gravados, trazendo em cada trabalho importantes referências à música brasileira. Ele recebe a Ordem do Mérito Cultural por suas contribuições musicais durante a pandemia, que fomentaram o setor e se tornaram companheiras da população que realizava o isolamento social. Moacyr se aproximou e dividiu com os cariocas, por meio das lives, suas emoções vividas no período de isolamento social, em um ano tão delicado para a cultura.

Humbono Rogério de Olissá: Presidente do Instituto Onikoja, Humbono Rogério de Olissá esteve à frente das ações sociais e culturais promovidas pela casa religiosa de matriz africana, localizada em Sepetiba. Na pandemia, suas ações humanitárias ampararam mais de 300 famílias, que resultaram em uma “web série” contando a história de superação, ressignificação e transformação dos beneficiados por suas ações na região de Sepetiba.

Wanderson Geremias (WG): É o representante, desenvolvedor e professor do “Cultura na Cesta C3”, projeto criado em 2005, que une o esporte à educação e cultura a fim de transformar vidas e promover a juventude do Cesarão. Durante o isolamento social, levou ações culturais, esportivas e educacionais à população de várias comunidades em Santa Cruz e contribuiu com os mais vulneráveis pelas suas ações humanitárias.

Pretinhas Leitoras: As irmãs gêmeas Eduarda e Helena Ferreira, ao lado da mãe Elen Ferreira, também pesquisadora e professora da educação básica, criaram, em 2015, o projeto “Pretinhas Leitoras”, como forma de construir narrativas pautadas na importância da educação e do incentivo à leitura. Na pandemia, elas promoveram discussões sobre obras literárias nas redes sociais levando conteúdo para crianças e jovens que, por conta do isolamento social, ficaram a maior parte do ano de 2020 longe das escolas.

Slam das Minas: Organizado em 2017 por Débora Ambrósia, Gênesis, Tom Grito, Lian Tai, Andrea Bak, Moto Tai, Rainha do Verso e DJ Bieta, o Slam das Minas é um coletivo poético que busca, por meio da arte, um espaço seguro e livre de opressões para desenvolvimento da potência artística de mulheres, sejam heteras, bissexuais. pansexuais, lésbicas, transexuais, etc… Na pandemia promoveram uma quarentena poética para os cariocas, que ganharam as poesias do coletivo como companheiras durante o isolamento social, reforçando ainda mais o lugar do Slam das Minas na história da cultura carioca.

Gastromotiva: O chef e empreendedor social David Hertz encontrou, por meio da gastronomia, uma ferramenta de transformação social e combate ao desperdício. Em 2020, redesenharam o modelo de atuação e ampliaram a quantidade de refeições servidas. Também aumentaram a presença nas comunidades afetadas, distribuindo 1300 refeições na região central do Rio.

Núcleo de Apoio à Produção Cultural da UFRJ (Naprocult): O Núcleo de Apoio à Produção Cultural (Naprocult) é um projeto da Universidade Federal do Rio de Janeiro que presta consultoria gratuita sobre as demandas necessárias na elaboração de projetos e ações culturais. Na pandemia, colaborou para a continuidade de projetos e ações culturais com suas consultorias gratuitas online em um momento de elevada dificuldade do setor cultural.

Companhia de Dança Passinho Carioca: O projeto Passinho Carioca, criado em 2015, proporciona o contato dos jovens da favela com a arte por meio da dança, do teatro e do canto, com foco especial no movimento do passinho. Em 2020, realizou imersões e aulas online que mantiveram a chama acesa do passinho e da cultura. E, de forma comprometida, criou um financiamento coletivo que viabilizou a manutenção dos cachês de parte da Companhia.

Fred Gelli: Co-fundador e CEO da Tátil Design, e professor de ecodesign e biométrica na PUC-Rio, Fred Gelli, em sua trajetória de 30 anos, recebeu mais de 100 prêmios nacionais e internacionais, e participou de diversos congressos relacionados à área. Em 2020, lançou o Asterisco, uma plataforma de conteúdo e curadoria que acompanha o desenvolvimento de iniciativas que fazem a diferença.

Lanchonete Lanchonete: Criado em 2015, o Lanchonete Lanchonete é um coletivo mobilizado pela artista Thelma Vilas Boas que desenvolve a cozinha comunitária com e para a comunidade da Pequena África, no Rio de Janeiro. Na pandemia, realizou os programas “Formação em Panificação”, “Letramento Literário” e “Saúde Mental”, que atenderam crianças, adolescentes e mulheres pelas doações de voluntários. Uma ação cultural focada na delicadeza mesmo em tempos tão difíceis.

Espaço Cultural Viaduto de Realengo: Idealizado por Oberdan Mendonça, em 2013, o Espaço Cultural Viaduto de Realengo transformou o local, para além de um espaço público, em um antro cultural, abrindo portas para novos talentos através do grafitti, da música, da dança, entre outras manifestações. É uma iniciativa que a cada ano torna-se ainda mais importante para a região e, durante a pandemia, criou uma loja virtual para mobilizar recursos financeiros.

Palcos do Rio: A rede cultural Palcos do Rio é uma associação focada em fortalecer a união entre casas de show, artistas e sociedade, contribuindo na divulgação da produção artística carioca. Em 2020, realizaram o Festival Palcos do Rio, que reuniu artistas para apresentações com transmissão ao vivo para estimular a música no período de quarentena, além de colaborar para a promoção de novos artistas em um momento de paralisação das produções.

Filma Rio: Criado em junho de 2019, o coletivo FilmaRio surgiu a partir de encontros de profissionais do audiovisual carioca e com o intuito de fomentar diálogos no setor. Em 2020, mobilizou a classe artística para uma campanha de conscientização sobre a importância dos trabalhadores do audiovisual, e por ela fez uma ação solidária emergencial para os trabalhadores do setor que estavam parados em função da pandemia.

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