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Milton Cunha: ‘Carta de intenções para a fundação de uma Associação dos Passistas de Samba do Brasil

Milton Cunha: “Esta semana o mundo do samba iniciou o ano com a Fundação do APASB – Associação dos Passistas do Brasil “Ciro do Agogô”. Encomendei aos quatro fundadores queridíssimos Nilce Fran, Dhu Costa, Aldione Senna e Bruno Teté um texto declaração de intenções e propostas.

Os passistas representam um importantíssimo segmento do Episteme Ziriguidum, pois seus corpos vibram o tambor. Vida longa para esta Associação”.

Carta de intenções para a fundação de uma “Associação dos Passistas de Samba do Brasil”

Nilce Fran, Decana do Samba no Pé, legítima representante das tradiçõeS da Portela, e Dhu Costa, jovem Passista Internacional e ex-passista da Beija Flor de Nilópolis, juntos com Aldione Senna, decana premiada com reconhecida carreira entre os Passistas de Vila Isabel (ex coordenadora da Ala de Passistas da Escola) e Bruno Tete, duas vezes presidente da Ala de Passistas do Imperio Serrano, lançam a idéia (várias vezes ventilada, sem nunca conseguir sair das intenções declaradas) de Fundação da Associação dos Passistas de Samba do Brasil.

A união, sem pretender causar disputas de egos, lança luz sobre os laços de afeto que caracterizam as famílias que se juntaram em Grêmios Recreativos Escolas de Samba. O samba é amor, união, resistência (pois reconstrução de saberes e valores),  para as comunidades de gente humilde e talentosa das bordas da cidade do Rio de Janeiro, que espalhou esse modelo democrático de conviver no mundo, pelos quatro cantos do Brasil, e agora do planeta.

Dentre os objetivos deste grupo temos: incentivar a documentação e sistematização do saber simbólico que o samba no pé, é; reverenciar a ancestralidade e contextualizar a experiência diaspórica da negritude, que propiciou o surgimento desta manifestação que é símbolo da Nação; o amparo fraterno aos que se dedicam a este segmento; divulgação desta arte de Samba no Pé, no Brasil e no globo, construindo um processo de valorização destes artistas no mercado de trabalho, e criando espaços de convivência, troca de informações e representatividade junto a esta união, que é sinônimo de força.

Temos já a Liga das Escolas, as Associações de Velhas Guarda, Baianas, e achamos que chegou a hora de colocar esta pedra fundamental na união do povo que risca o chão com o samba no pé.

Nestes tempos de apagamento e invisibilidades, a necessidade de salvaguardar a dança do samba se mostra urgente. Não deixar esquecer o miudinho do malandro, o requebro da cabrocha, e fazer pontes humanistas para que este glorioso passado dialogue com modernas expressões do Samba no Pé, representadas pelos moderníssimos Passistas Vedetes, LGBT+  e outros, num mundo que não para de se reconstruir em democracia e respeito.

Como o Dossiê de reconhecimento do Samba está aprovado pelo Ministério da Cultura do Brasil, a fundação da Associação de Passistas setoriza a contribuição e importância desta categoria dentro e fora das Escolas, que são decisivos para a continuidade e constante exercício de atualização do Manifesto Sambista. Foi esta capacidade de diálogo e adaptação, constante negociação, que trouxe a potência Samba até aqui.

Todos são bem vindos, para somar. A mudança pretendida, real e benéfica, será resultado desta junção de forças dos vários pensares.

A hora é chegada, dos Passistas do Samba honrarem o legado dos fundadores, que correram da polícia, injustamente perseguidos, e nos inspiraram hoje a correr atrás do reconhecimento, valorização e representatividade.

Assinam: Nilce Fran e Dhu Costa, articuladores da Fundação; com participação de Aldione Senna e Bruno Tete, Conselheiros articuladores da causa.

E cada um dos fundadores ressaltou uma opinião particular, escrevendo um paragrafo para esta coluna OBCAR no CARNAVALESCO.

Dhu Costa – “Somos passistas, somos corpos que lutam e resistem

a qualquer intempérie, nossa dança, nossa musica, nosso gingado e rebolado são a personificação da nossa maior arte: a dança do samba no pé. O nosso segmento é diverso e democrático, nele pode chegar quem quiser, ha espaço para todos e todes. Somos milhares de passistas pelo brasil e pelo mundo que honram o legado de quem veio antes, de quem riscou o chão para poder hoje, muitos de nos, usufruir dessa manifestação cultural. O segmento tem dançarinos nascidos e criados na comunidade, os passista com escola, e também existem os passistas sem escola , e ambos defendem com amor e respeito a dança do samba”.

Aldione Senna – “A emoção de fazer parte dessa Associação é realmente grande, pois eu e Nilce testemunhamos nos anos 1990 a vontade que Ciro do Agogô tinha de organizar os passistas. Um sonho que carrego a herança dos que nos antecederam, a tenacidade de Ciro, que deve estar muito feliz. Nossos desafios são muitos, principalmente sensibilizar os dançarinos populares de que a Uniao faz a forca, não adianta lutar individualmente. Viva o samba e salve os passistas que ha décadas vêm trazendo alegria e o riscado do samba no pé”.

Nilce Fran – “Mestre Ciro do Agogô. O passista de duas bandeiras, Vila Isabel e Mangueira; um apaixonado pelo samba, sempre atento, dedicado e sonhando com o melhor para o segmento Passistas. Vivi na 28 de Setembro, em várias quadras de escolas de samba ao lado dele e riscando o chão com ele. É mais que uma homenagem, é a certeza do dever cumprido. Associação dos Passistas do Brasil “Ciro do Agogô”. Nossos respeitos, mestre”.

Bruno Teté – “Faltava uma Associação de Passistas, nos moldes das que ja existem, como as de baianas, de diretores de Harmonia, de Velha-Guarda. O samba é associativismo, porque os iguais vao recriando os laços de afeto e sociabilidade através destes grupamentos. Estamos muito satisfeitos com esta conquista, que é de todos os Passistas. Temos muito trabalho pela frente, mas os passistas, são antes de tudo, guerreiros. Vamos à luta”.

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