A Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa) divulgou seu posicionamento sobre os ataques que as escolas de samba vem sofrendo e defendeu a realização dos desfiles, garantindo ter “total capacidade de seguir os protocolos de segurança que forem estabelecidos”. Veja abaixo na íntegra.
“A Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa) repudia veementemente as notícias e discursos que relacionam os desfiles das Escolas de Samba aos casos da Covid-19 no Brasil. Cabe relembrar que o marco zero das infecções é oficialmente um caso registrado em São Paulo em 26 de fevereiro de 2020, de um paciente que havia viajado para a Itália durante o feriado carnavalesco. Nunca houve a informação, por parte dos órgãos oficiais brasileiros, nacionais, paulistas ou fluminenses, de que o homem em questão tenha contraído a doença no Carnaval ou contribuído com a disseminação dela em eventos do tipo. Em respeito à trajetória de todos os profissionais que têm na festa a sua única fonte de renda, e que estão empenhados em ajudar os brasileiros na superação da pandemia, reforçamos aqui o nosso pedido neste momento-chave que antecede a realização dos desfiles de 2022.
A Liesa pede respeito às instituições do Samba, que reúnem milhares de artistas e componentes, representantes de comunidades e profissionais de diversas categorias que durante todo o ano trabalham nos barracões e quadras dessas Agremiações para realizar a grande festa na Marquês de Sapucaí. A economia criativa do Carnaval merece respeito. O maior espetáculo cultural a céu aberto do país, internacionalmente reconhecido como um dos nossos principais cartões-postais, é fonte de emprego e renda para muitas famílias, que desde o início da pandemia têm sofrido perdas em seus orçamentos. E é essa força da comunidade que compõe a economia criativa do Samba e faz a magia acontecer, gerando um impacto econômico gigantesco. Em 2019, por exemplo, o Carnaval injetou R$ 3,8 bilhões na economia do Rio de Janeiro, segundo dados da Riotur. Foram mais de um milhão e meio de turistas na cidade e a ocupação da rede hoteleira chegou a mais de 90% durante o período carnavalesco.
Cabe destacar que, desde o início da pandemia, as escolas de samba estão seguindo — atuantes — na defesa dos protocolos determinados pelos municípios onde estão sediadas. Em nenhum momento, as agremiações adotaram medidas que fossem contra os decretos e protocolos determinados pelas autoridades. A preservação da vida é uma prioridade para todos nós. Vale lembrar que, logo depois do cancelamento do Carnaval de 2021, a Liesa realizou uma força-tarefa em prol dos profissionais de saúde – que estavam sem material para trabalhar – destacados para o atendimento da população que apresentava os sintomas da Covid 19. A Liga comprou tecidos próprios para a confecção de material hospitalar, acrílico e aviamentos necessários para a confecção de máscaras e aventais. As escolas de samba organizaram um mutirão de costureiras e boa parte do material destinado a médicos, enfermeiros e atendentes passou a ser produzido nos barracões Cidade do Samba. Simultaneamente, milhares de máscaras eram confeccionadas para as comunidades dessas Agremiações. Além disso, desde então, as escolas deixaram de ter o Carnaval como meta principal, e cada uma delas mergulhou em projetos sociais, distribuindo cestas básicas, mantimentos para crianças e tentando preencher lacunas deixadas pelo poder público.
Destacamos que as exigências e as regras restritivas para a realização do Carnaval na Sapucaí devem valer para todos os eventos realizados até o final de fevereiro. Pois se não cabe somente a cobrança de passaporte vacinal para a entrada ao Sambódromo, também não funciona para o acesso a estádios de futebol, shows e demais eventos. A Liesa está atenta e em contato diário com especialistas, autoridades e órgãos competentes para orientar nas melhores decisões em respeito à vida e à dignidade das pessoas, seja na questão de saúde e/ou financeira.
Por acontecer em um ambiente de acesso controlado, a Liessa tem total capacidade de seguir os protocolos de segurança que forem estabelecidos. E reforça que garantir um ambiente seguro para todos os componentes, público e profissionais é uma das suas prioridades. Não há qualquer possibilidade de realizar o evento sem que a segurança de todos os envolvidos não esteja considerada, seja ela qual for. Assim que for aprovado pelas autoridades sanitárias, as quais estamos trabalhando em conjunto desde 2021, divulgaremos todo o protocolo de segurança e sanitário para a realização dos desfiles”.