O pensador e líder Yanomami, Davi Kopenawa, esteve presente na grande final da disputa de samba do Acadêmicos do Salgueiro e falou um pouco sobre a expectativa para ver a história do seu povo retratada no Carnaval carioca. Para o xamã, o desfile da vermelha e branca da Tijuca será uma oportunidade para as pessoas conhecerem, de fato, um pouco mais sobre eles e compreender a importância de se preservar os territórios indígenas.

Foto: Nelson Malfacini/CARNAVALESCO

“É muito bom que vocês me perguntem sobre os Yanomamis. Agradeço muito a vocês por ouvir a nossa fala, a dos indígenas. Demorou muito, mas chegou a hora. É muito forte para mim, estou emocionado. Aqui no Rio de Janeiro, um lugar de muita gente, tem muitas pessoas ruins, mas vocês são corajosos por estarem nessa luta importante. Vocês continuam usando a força dos meus pais, antepassados, então, estou junto com vocês e muito contente. Vocês não conhecem o meu povo, mas agora estão conhecendo. Sou a liderança Yanomami que representa 30 mil do território de Roraima e do Amazonas”, enfatizou Kopenawa.

O xamã ainda comentou como está sendo a relação dos Yanomamis com a direção e os demais segmentos do Salgueiro. De acordo com Davi Kopenawa, a escola soube compreender a cultura deles e está empenhada em ajudar a luta dos nativos.

“A nossa cultura é diferente. A cultura do Salgueiro também é diferente. Mas é muito bonito que juntando asf duas representa uma luta só. Na cultura Yanomami não existe o Carnaval, mas existe uma festa em que a gente junta 500 até 2000 indígenas para fazer o que estão fazendo aqui, mas diferente. Aqui é tipo jogo, quem vai ganhar, quem vai perder, quem vai ficar triste. O nosso não tem jogo, a nossa é sobre alegria, muita alegria. Lembrando que a nossa cultura Yanomami nasceu no Brasil, não veio viajando. Temos que agradecer ao criador, que chama Omama , pois nós somos filhos dele, então fazemos o nosso agradecimento a riqueza da terra, a nossa língua, pois a gente fala a nossa própria língua Yanomami”, destacou o líder indígena.