A Estação Primeira de Mangueira foi a segunda escola a pisar no solo sagrado do carnaval no primeiro dia de desfile do Grupo Especial. Com uma belíssima homenagem para Cartola, Jamelão e Delegado, a Verde e Rosa trouxe uma plástica maravilhosa assinado pelo brilhante Leandro Vieira. Em entrevista para o site CARNAVALESCO, o responsável pela obra de arte declarou que o mais importante é a Mangueira estar feliz.
“Não trabalho com avaliação, minha parte é só fazer, avaliar é com o público, com o júri. Fiquei alegre e isso é o importante. A gente que desfila não vê muito, eu quando venho pra cá, venho pra curtir porque já trabalhei pra caramba. Então, quando a gente chega aqui só quer brincar. Estou feliz pra caramba. Nunca entrei nessa onda da apuração, do resultado, eu gosto da festa. A Mangueira está feliz e a Mangueira feliz já é uma grande vitória”.
A escola teve vários pontos altos durante o desfile, um deles foi a comissão de frente, intitulada “Tempos Idos”, nome de uma canção de Cartola, de responsabilidade de Priscilla Mota e Rodrigo Negri. Com 15 bailarinos e três crianças representando Cartola, Jamelão e Delegado na infância, a apresentação emocionou e levantou o público. O ápice ocorreu em cima do tripé, com uma caracterização incrível, os homenageados surgiram ao lado das crianças que os representavam, posteriormente, através de uma troca de roupa impressionante, os sambistas passavam das roupas simples, para o manto verde e rosa.
“Alívio. Foram dois anos sem carnaval, adiamento, um processo muito longo e a gene queria homenagear a Mangueira, homenagear esses baluartes e mostrar que você não precisa ter dinheiro para ser rico de arte. No morro da Mangueira brotam grandes artistas como Angenor, José e Laurindo. Pessoas humildes e que viram reis do carnaval em dias de folia. A gente queria trazer algo tradicional, reverenciar esses grandes baluartes, mas ao mesmo tempo, eu e Rodrigo temos essa assinatura da inovação, a gente sabe que as pessoas esperam isso e a gente gosta de fazer fazer isso, a gente gosta de correr risco, de adrenalina. Trouxe tradição, emoção, respeito a Mangueira e seus baluartes, artistas e seu povo, mas com uma pitadinha de surpresas”, declarou Priscilla Mota.
“Muito satisfeito depois de seis meses incansáveis de trabalho. A maior resposta que a gente tem é o público e estamos muito feliz. Acredito na nota máxima porque a gente trabalha para isso, mas com a resposta do público, acho que essa nota vem com certeza”, comentou Rodrigo Negri.
O casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira é um show a parte. Leandro Vieira optou por trazê-los na frente da bateria e acertou em cheio. Squel e Matheus bailaram, coreografaram e passaram impecáveis. A dupla veio no setor que homenageou Jamelão, com uma fantasia nomeada “Dinastia Verde e Rosa”, o casal personificava a própria Mangueira, as cores da escola estavam presentes e o primor da fantasia chamou atenção, uma das mais bonitas que já vestiram na escola.
“A Mangueira sendo ela, cantando os seus, falando de si, exaltando a si e a sua negritude e seu povo. É a Nação Verde e Rosa. É a escola mais amada do planeta podendo voltar a fazer o que de direito dela, de direito nosso, do povo, do preto, do pobre. Estar aqui é ocupar esse lugar de cultura e resistência. Viva a Mangueira. Viva o carnaval. Viva a nossa cultura”, declarou Squel, que estava muito emocionada.
“É muita honra estar vivo no desfile de homenagem para o Mestre Delegado. Salve Cartola. Salve Jamelão. A Mangueira exerce seu poder cultural de resistência homenageando seus ídolos. Salve a Estação Primeira de Mangueira, maior escola de samba do planeta”, disse Matheus Olivério.
Por falar em bateria e gingado, Evelyn Bastos deu o nome. A rainha de bateria com fantasiada de “Cria do morro” e foi um espetáculo de samba no pé. Em 2020, encarnou o personagem do enredo e veio de forma mais contida, mas neste ano, se acabou no samba.
“Foi mágico, muito melhor do que imaginava. Foi muito difícil conter a emoção de pisar no solo sagrado depois de dois anos , mas foi além das minhas expectativas. Em 2020 foi uma experiência incrível e que tenho certeza que me fez muito mais forte, me fez compreender de forma concreta a minha missão e o legado que quero deixar à frente da bateria para as meninas da comunidade. Para além de samba, uma bandeira e também ter samba no pé, ter tudo isso em uma rainha de bateria. Poder mudar de fases e estar dentro dos enredos todos os anos é meu desafio, minha missão”.
Um dos mais emocionados era Renato Kort, diretor de harmonia da Estação Primeira de Mangueira, que não segurou as lágrimas ao final do desfile. Para ele, o choro era de alegria e sensação de dever cumprido. Já o presidente Elias Riche, acredita que terça-feira será muito sofrimento, mas acredita no título.
“A escola passou linda. Foi muito trabalho, muita dedicação. A escola passou bem, linda plasticamente. Esse choro é de alegria, alívio do dever cumprido, alívio de tudo que a gente colocou em prática, dá gente vir com o casal na frente da bateria, da gente vir compacta, da escola ter o propósito de relembrar um carnaval antigo da década de 80, voltar às origens e fazer uma homenagem para as joias que nós temos, que não são só nossas, são do carnaval. A Mangueira vem para brigar e buscar esse título”, declarou Renato Kort.
“Não vi a escola toda porque é impossível, mas o que vi, foi perfeito. Mais de cinco meses de muito trabalho. Terça-feira é sofrimento, vamos ver o resultado”, disse Elias Riche.