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Jack sobre enredo do Tuiuti para o Carnaval 2025: ‘a gente trabalha com várias Chicas na Cidade do Samba, por que não homenageá-las?’

Carnavalesco da escola falou sobre o enredo "Quem tem medo de Xica Manicongo" na festa de aniversário da agremiação

O Paraíso do Tuiuti anunciou na última sexta-feira, data do aniversário da agremiação, o enredo para o Carnaval de 2025: “Quem tem medo de Xica Manicongo?”, sobre a primeira travesti não-indígena do Brasil. O carnavalesco Jack Vasconcelos, em conversa com o CARNAVALESCO, contou um pouco mais sobre o enredo. Ele ressaltou a importancia do tema chamar atenção da sociedade, através da repercussão que o enredo teve nas redes.

“Eu estou muito feliz, não é só pela repercussão, eu estou feliz porque a gente está conseguindo chamar atenção para o que a gente quer de verdade que é a questão da cidadania trans, do respeito. A gente tem uma agenda que quer muito contribuir. Chamar atenção para isso é o que vale mais. É claro que a gente fica feliz, porque é o nosso enredo, está furando as bolhas como se diz, mas eu acho que o mais importante é o que a discussão leva com ela”.

Jack também contou sobre como o enredo chegou até ele, através da pesquisa para outro enredo, dando como exemplo o enredo sobre a Rainha Njinga no Império da Tijica em 2008: “Eu tive acesso a essa história da Xica dentro de uma pesquisa que eu estava fazendo para outro enredo. Isso já tinha acontecido comigo outras vezes, isso aconteceu quando eu fiz a Rainha Njinga para o Império da Tijuca. Às vezes um personagem ou alguma passagem histórica elas se apresentam para a gente no meio de uma pesquisa que não tem necessariamente a ver com ela. Eu guardei para mim e falei: ‘vou prestar atenção e vou correr atrás’. Passei alguns anos recolhendo o material de pesquisa, vendo que muitas pessoas já estavam escrevendo sobre elas, fazendo teses. O texto que eu tive acesso primeiro foi do professor Luiz Mott que pesquisa muito profundamente a questão da perseguição a pessoas LGBTs no período da santa inquisição no Brasil. Eu dei de cara com esse texto dele falando do Francisco Manicongo que consta na Torre do Tombo em Portugal e eu achei essa história fantástica e falei: ‘isso pode virar um bom enredo, uma boa coisa para carnaval’. Fui vendo que isso dá gancho para um monte de outras coisas, um enredo de escola de samba eu acho que ele é o anzol, mas ele traz um peixão muito grande junto com ele”.

Foto: Matheus Morais/CARNAVALESCO

O artista contou sobre o privilégio de poder, através de Xica Manicongo, homenagear muitas pessoas trans que fazem e que fizeram parte da história do carnaval e do país, destacando as questões sociais do tema:

“Primeiro eu me sinto um privilegiado de poder homenagear as pessoas que ajudaram a erguer a história do desfile das escolas de samba. Nós temos pessoas trans que trabalham em carnaval, que fizeram carnaval desde os primórdios e a gente trabalha com várias Chicas durante o ano, a gente vê elas aqui na Cidade do Samba, por que não homenageá-las? Por que elas não são merecedoras de foco, de luz, de homenagem mesmo? Somos gratos ao trabalho, a dedicação e ao amor que elas tem ao carnaval, ao samba. Para mim é uma oportunidade muito grande de homenagear essas pessoas que a gente deve tanto. Fora que o Brasil já está pelo décimo terceiro ano encabeçando a lista de países que mais matam pessoas trans no mundo, a gente tem que fazer alguma coisa. É uma coisa que a gente não deve se orgulhar, a gente tem que sair desse ranking imediatamente”.

O Tuiuti tem como costume a encomenda do samba-enredo, e com isso Jack falou sobre o qie pediria aos compositores para colocar na obra, salientandobque quer uma visão sobre o amor: “Eu não sei se é uma coisa especifica, eu quero principalmente que eles olhem com amor. É o que a gente precisa, eu acho que o mundo precisa disso. É super piegas eu falar isso aqui, estou me sentindo uma miss, mas é isso, a gente está precisando de amor, porque com ele vem um monte de coisa, vem a compreensão, vem o cuidado, vem a escuta. E vem o desarme, as pessoas precisam se desarmar em relação as outras, isso ajudaria muito”.

Por fim, em nossa conversa, comentamos sobre a deputada Erika Hilton, que foi uma das primeiras vozes a comentar sobre o enredo nas redes socais, e se ela poderia desfilar na escola, no que Jack Vasconcelos encerrou aos risos: “Isso eu já não posso falar. Vai vir muita gente legal, vocês podem apostar”.

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