InícioSérie OuroIntolerância contra religiões afros são denunciadas em desfile da Unidos da Ponte

Intolerância contra religiões afros são denunciadas em desfile da Unidos da Ponte

Com o nome “Invasões, prisões e confiscos”, o segundo carro da Unidos da Ponte abordou a histórica intolerância religiosa contra as religiões afro-brasileiras que ocorre até hoje. A alegoria falou sobre as apreensões das religiosidades de matriz africana feitas pela polícia, em casas de santo, no começo do Brasil republicano, contando com acervos de objetos da época. Mesmo falando de uma época muito antiga, a alegoria levou a reflexão aos dias atuais, marcados por ataques a terreiros e pela discriminação religiosa.

Em entrevista ao CARNAVALESCO, o destaque do carro, Rodrigo Reinald, que representou Xangô, falou sobre a importância de levar este enredo para a Passarela do Samba. Além dele, os demais componentes também comentaram sobre a fantasia e a importância do combate à intolerância religiosa.

Lorena Alves, estudante de 18 anos que desfilou em cima do segundo carro, representou Pomba Gira. Ela explicou a mensagem que a alegoria e a roupa planejaram passar na Marquês de Sapucaí.

“A minha fantasia representa Pomba Gira, que é um Exu mulher. Ela serve para desmistificar a maneira como somos conhecidos. Muita gente vê Exu como algo ruim, sendo que não é. Exu é luz, caminho e as pessoas precisam se conscientizar disso. Esse é o papel deste carro”, explicou Lorena.

Invasões e depredações em terreiros vem sendo noticiado cotidianamente. Lorena falou sobre a importância de falar sobre a intolerância religiosa na tentativa de combater pensamentos ultrapassados e preconceituosos e também lembrou que o país é laico.

“Esses ataques são até complicados de se explicar porque são pensamentos antigos. Nós sempre evoluímos e isso é preciso. O que precisamos é de respeito – sempre em primeiro lugar. Esse enredo reflete muito os ataques. Recentemente teve um que ocorreu em uma comunidade daqui do Rio, onde um centro espírita foi depredado. Precisamos abordar isso para conscientizar a todos que o terreiro não é algo maligno. Inclusive, quem quiser conhecer algum terreiro, vá com a mente limpa, com o pensamento de conhecer e não de jogar pedras. Toda religião deve ser muito bem vinda, porque o Brasil é um país laico. Isso precisa ser relembrado e está na hora de parar com isso (intolerância religiosa)”, enfatizou a componente do segundo carro.

Lorena também lembrou o papel que o carnaval, como a maior festa popular do mundo, tem para quebrar paradigmas e desmentir preconceitos.

“O carnaval é uma festa popular – todo mundo conhece e assiste. Ele tem esse papel de conscientizar as pessoas e desmentir qualquer tipo de fantasia ou teoria que as pessoas criam sobre a nossa religião. Hoje este carnaval tem o papel de mostrar o que é, verdadeiramente, o candomblé”, disse.

Destaque do carro, Rodrigo Reinald, de 44 anos, representou Xangô. Para ele, que está em seu terceiro ano na Unidos da Ponte e há vinte anos desfilando na Sapucaí, falar sobre o respeito à religião é muito grande.

“É uma importância muito grande. Eu venho representando Xangô neste segundo carro. Na Avenida, esse carro irá representar tudo de bom. As pessoas precisam ter mais respeito com a nossa religião. Eu sou umbandista e gosto muito. Esse enredo é maravilhoso e muito importante para ajudar as pessoas a se relacionar e entender a umbanda”, comentou o destaque do segundo carro.

Paula Luna, agente de turismo de 35 anos, desfilou na Unidos da Ponte pela primeira vez. Católica, Paula entende bem a importância e a mensagem do enredo para a sociedade no combate à intolerância religiosa.

“Acho que é muito importante a gente aproveitar o carnaval, que é uma das maiores festas do mundo, para abordar esse tema tão importante que é falar sobre a intolerância religiosa que ocorre, principalmente, com as religiões de matriz africana. Eu sou católica, mas tenho consciência que é muito importante essa luta. A gente tem que respeitar todas as religiões. Qualquer religião que chegue a Deus, é valida. Temos que enfatizar muito o tema da intolerância religiosa e também punir quem comete”, declarou a componente.

Paula chegou a ver parte do carro alegórico antes do desfile. Ela lembrou o papel que ele teve no enredo de representar as apreensões feitas na época.

“Eu cheguei a ver uma parte do carro no barracão, quando o carnavalesco me mostrou. É um carro muito importante, porque representa tudo que foi confiscado na época, um dos pontos principais do enredo da escola”, falou.

Com o enredo “Liberte nosso sagrado”, a agremiação de São João de Meriti foi a segunda escola a entrar na Avenida neste sábado de carnaval.

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