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Comissão de frente da Estrela do Terceiro Milênio conquista o Anhembi e inaugura belo desfile da Coruja

Componentes resgataram magia de histórica comissão de frente da Unidos da Tijuca e encantaram; chuva prejudicou a agremiação

Com cerca de 25 minutos de atraso por conta de um problema com destaques de carros alegóricos, a Estrela do Terceiro Milênio inaugurou os desfiles do Grupo Especial do carnaval de São Paulo neste sábado. Cantando o enredo “Me dê sua tristeza que eu transformo em alegria! Um tributo à arte de fazer rir”, a escola do Grajaú teve atuação bastante segura, mesmo com a insistente chuva que perdurou durante toda a apresentação. Se alguns quesitos tiveram dificuldades por conta das condições climáticas, além da comissão de frente, a Harmonia e as alegorias agradaram a todos. * VEJA AQUI FOTOS DO DESFILE

Enredo

O momento histórico no qual está inserida a Estrela do Terceiro Milênio e, também, o contexto mundial são utilizados como explicações para a escolha do enredo. Completando 25 anos de existência, a agremiação, pela primeira vez, desfilará no Grupo Especial de São Paulo. O planeta, ainda se recuperando dos efeitos de uma pandemia que vitimou milhões de pessoas, precisa de um desafogo. E a escolha de muitos ao redor da Terra para ter algo de bom em um período tão triste foi, justamente, o humor – e o riso como consequência.

Com tal justificativa, a Coruja abordou justamente a arte do riso em uma cronologia histórico para o Anhembi. Primeiro, nas antigas civilizações, indo à Idade Média, ao Renascimento e aos tempos contemporâneos. E é claro que personagens e nomes específicos tiveram mais destaque – como Charles Chaplin e o semanário O Pasquim.

Samba-Enredo

Tal qual o enredo, o samba traça uma história do humor, começando com os homens pré-cambrianos passando pela Grécia Antiga, Idade Média, Renascimento, Revolução Francesa e a chegada ao Brasil. Depois, com novos meios de comunicação, a história da vida na Terra também passou por elas: filmes de comédia, ditadura militar, televisão e musicais.

Na avenida, a canção tinha uma difícil missão: abrir a segunda noite de desfiles do Grupo Especial de São Paulo. Pior: sob uma insistente chuva – que, se não era tão forte quanto a da noite anterior, era regular e de pressão considerável. Mesmo assim, a canção empolgou todos os componentes e boa parte da arquibancada – nos três primeiros setores do Anhembi, por sinal, o público cantava e pulava bastante com a música.

Cada vez mais inserida no cotidiano da escola, Grazzi Brasil, mais uma vez, teve grande atuação – ao lado de Bruno Ribas, experiente intérprete com quem já dividiu o comando do carro de som em algumas oportunidades. Se não aplicou bossas com tanta frequência como nos ensaios técnicos, a Pegada da Coruja sustentou muito bem tudo que foi visto (e ouvido, no caso) por todos.

Harmonia

Inaugurar uma noite de desfiles é sempre um desafio, sobretudo para uma escola que nunca disputou o Grupo Especial. Com uma comunidade bastante volumosa (o Grajaú é o distrito mais populoso de toda a cidade de São Paulo, de acordo com o Censo 2010), o canto forte para representar todo o Extremo Sul de São Paulo foi constante. Não apenas na passarela, por sinal: até o Setor C, absolutamente todas as arquibancadas interagiram muito bem com a canção, cantando forte a obra.

No corredor do Anhembi, os staffs estavam bem tranquilos – o que indicava bom volume de canto dos componentes. Mais do que isso: poucas vezes foi necessário chamar atenção de alas para que elas se realinhassem. Mais que tranquila, a Harmonia da Estrela do Terceiro Milênio foi forte e tocante no primeiro ano em que a agremiação desfilou entre a elite.

Vale destacar que até mesmo os merendeiros estavam cantando e interagindo com o samba – algo que, por vezes, não é tão comum.

Evolução

As fantasias, embora tenham iniciado o desfile com boa dose de luxo, eram facilmente movimentadas – o que ajudava os componentes a dançar, brincar e pular ao longo do desfile. Os primeiros setores tiveram ainda mais mérito no quesito por conta da famigerada chuva, que muitas vezes desmobiliza componentes.

Um ponto importante para o desfile da escola em mais de um quesito foi a Ala 11, intitulada “O Humor Nas Revistas Na MAD Verde e Amarela”. A partir dela, no quesito Evolução, os desfilantes passaram a se movimentar menos – claramente sentindo a intensidade da chuva e, também, o posicionamento dos componentes no desfile, mais para trás, com mais tendência a se cansarem.

A Pegada da Coruja entrou no recuo da já com o carro abre-alas quase que inteiro no Setor C, garantindo um raio bastante grande para o movimento. Ao invés de entrar inteira e deixar um espaço para ser preenchido, primeiro eles se viraram e, após um giro de noventa graus, entraram no espaço. Enquanto a corte da bateria sambava para ocupar o espaço, o segundo casal de mestre-sala e porta-bandeira, de movimentação livre, não hesitou em assumir o posto que era dos ritmistas. Toda a movimentação durou cerca de 110 segundos, tempo abaixo da média das coirmãs.

Fantasias

Como dito anteriormente, a Ala 11 foi um ponto importante para a exibição da Estrela do Terceiro Milênio. No caso das vestimentas, o que mais impactou foi o tipo de tecido que começou a ser utilizado. Se, antes, os materiais eram luxuosos, a partir do referido momento foram utilizados tecidos mais em conta, com bastante capricho nos adornos de cada componente. A própria fantasia, por sinal, teve um costeiro que começou a ficar com acabamento irregular em diversos componentes: enquanto a de alguns sustentava-se tranquilamente, em outros o material utilizado começava a desprender-se das tiras de sustentação.

Antes disso, porém, foi notada a queda de um pompom amarelo das fantasias dos Destaques de Chão que vieram imediatamente antes do abre-alas. Embora pouco perceptíveis após o ato, caso o jurado da segunda cabine, que estava próxima, tenha percebida a ação, a escola pode ser penalizada.

Alegorias

Seguindo a ordem cronológica do enredo, o abre-alas da Estrela do Terceiro Milênio foi intitulado “A Corte Medieval” representou uma corte medieval – com os “bobos da corte”, responsáveis pela arte do riso da época. Também aparecem grandes nomes do humor brasileiro (como Costinha e Tião Macalé) em um conjunto com 38 metros de extensão. A segunda alegoria trouxe o riso em formatos de comunicação brasileiro no século XX – como o próprio nome deixa claro: “O Humor No Teatro de Revista, No Rádio e Na TV”. Como ao menos duas das plataformas utilizadas são universais, artistas estrangeiros, como Cantinflas e Eddie Murphy, marcarão presença.

Chega o terceiro carro, também com título que o explica: “O Humor Na TV”. Com destaque para personagens e cenários que remetem a Chico Anysio, também há espaço para outros nomes como Jô Soares e Os Trapalhões. Por fim, uma justa homenagem às novas mídias: chamado de “O Mundo Na Palma da Mão”, a referência é clara aos aplicativos que transformaram, novamente, a forma de fazer rir em todo o planeta por meio de vídeos virais e aplicativos diversos.

Em todas elas, não foi notada deslizes em acabamentos. Chamou atenção, também, a altura dos carros, todos bastante elevados. Por fim, é importante pontuar um detalhe que foi aplaudido e emocionou muitos: na parte de trás do último carro, uma escultura do Cristo Redentor com o ator Paulo Gustavo, vítima do coronavírus em 2021. Na representação, a escultura ainda tinha um balão de fala com os dizeres “Filho… você é mesmo uma peça!”.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Vindo logo na “cabeça” (começo, no jargão carnavalesco) da escola, Daniel de Vitro e Edilaine Campos passaram no Anhembi representando a histórica Comédia Dell’Arte, vertente do teatro renascentista que também teve bastante espaço na França nos séculos seguintes.

O clima desfavorável fez com que o casal tivesse uma atuação irregular nos primeiros setores. Na primeira cabine de jurados, ambos tiveram atuação buscando a segurança, sem grandes brilhantismos técnicos – e, no geral, conseguiram executar os balizamentos obrigatórios. Na frente da Arquibancada Monumental, além da chuva, as rajadas de vento tornaram-se ainda mais fortes, prejudicando a exibição. O momento de reação, entretanto, veio na segunda cabine de jurados, quando ambos se mostraram mais soltos e executaram mais giros. Ao longo de toda a noite, por sinal, os giros foram mais cadenciados, para impedir problemas com escorregões e quedas. Nada, entretanto, tirou o sorriso e a graça da dupla.

Comissão de Frente

Destaque nos ensaios técnicos da agremiação, a comissão de frente revelou alguns segredos que acompanhavam os que observaram a agremiação do Grajaú. Os protagonistas são uma família afrodescendente, que sai de um elemento alegórico com cara triste e é animada por bailarinos fantasiados de palhaço. Em dado momento, um policial tenta atazaná-los e é brecado por tais palhaços, por sinal.

Com coreografia pouco maior em relação ao que foi visto no ensaio técnico, algumas novidades empolgantes foram apresentadas. Uma delas foi o ato em que, de maneira bastante graciosa, o policial perde a cabeça – um palhaço a arranca e faz com que a família se divirta.

Depois, a família perde as roupas de coloração escura variando entre preto e branco e ganha trajes coloridos – em um movimento muito rápido, similar ao que marcou época no desfile “É Segredo!”, da Unidos da Tijuca, campeão do carnaval carioca em 2010. O grande destaque é o filho, que troca de roupa duas vezes em poucos segundos e, depois, vai sambar em um destaque centralizado. Sem integrantes caírem e com samba no pé em alta, o segmento teve grande destaque ao longo da noite.

Outros destaques

O desfile da escola, previsto para começar às 22h30, teve atraso de cerca de 25 minutos. Com o aval da Liga-SP, a agremiação teve direito a um esquenta de quinze minutos – e aproveitou muito bem o tempo, cantando sambas alusivos e o samba campeão do Grupo de Acesso I em 2022. Também vale destacar o agradecimento do presidente da instituição, Silvão Leite, à organização que comanda os principais desfiles paulistanos – mostrando que tudo foi resolvido em concordância.

Das grandes celebridades do carnaval paulistano em 2023, Carla Diaz esteve bastante à vontade no papel de madrinha de bateria, chamando os torcedores para vibrar com a Pegada da Coruja – as arquibancadas, por sinal, corresponderam aos acenos da atriz. Quem não deixou muitos à vontade durante a exibição da escola foram alguns apoios que vieram já no final do desfile da agremiação. Em número bastante elevado, pessoas com a camisa amarela lotaram o corredor e dificultaram o deslocamento de jornalistas e até mesmo de Harmonias e chefes de ala da instituição.

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