Não há como negar que a Imperatriz Leopoldinense é uma das apresentações mais aguardadas para o próximo carnaval. A escola promete realizar a maior e mais imponente abertura que o Grupo Especial já recebeu e, se depender da força impressa pela sua comunidade no último ensaio de rua, a briga será nas primeiras colocações da tabela. O CARNAVALESCO esteve presente e exalta também a potência da bateria de mestre Lolo, a perfeita harmonia do carro de som e o bailado de Thiaguinho Mendonça e Rafaela Theodoro.
No início do mês, em entrevista publicada pelo site, a presidente Cátia Drummond afirmou que apesar de tradicional, a Imperatriz está aberta para o novo. Uma das gestões mais bem avaliadas do carnaval, Cátia e João Drummond, diretor executivo da escola, iniciaram um trabalho de resgate e envolvimento da comunidade para além do carnaval. Na manhã de sábado, 16 de abril, a escola presenteou as crianças da comunidade com lembranças para celebrar a Páscoa. Competentes, trouxeram o seu componente para próximo e reacenderam a chama nos corações de cada um pela “rainha de ramos”.
O trabalho plástico observado no barracão, desenvolvido por Rosa Magalhães e Bruno de Oliveira, seu auxiliar, é belíssimo. Carros imponentes, de muito bom gosto e acabamento ímpar. Ao encerrar a temporada de ensaios, Drummond acredita que a Imperatriz fará história na avenida.
“O balanço é o melhor possível, acredito que conseguimos atingir o nível esperado para o rendimento do samba. A comunidade atingiu um patamar que nunca vimos na Imperatriz. Os quesitos são fortes e agora é alinhar o nosso chão com a plástica e o enredo para que as coisas aconteçam na avenida. O grande trunfo da escola é uma equipe muito forte e um equilíbrio muito grande entre todos os nove quesitos. Não adianta ter um samba muito bom e pecar nos demais. Ter uma unidade é essencial. Por fim, destaco a força da comunidade em querer buscar resultados muito positivos com sangue nos olhos e muita garra”, disse João Drumond.
Harmonia e samba enredo
Nos anos 90, auge da história da Imperatriz, a agremiação era taxada como “a mais certinha”. E isso se mantém, porém, agregado à uma leveza muito grande entre os componentes. O canto é alto e a evolução é solta. Sem enroscos, as alas fluem de forma muito natural e em ritmo constante. A homenagem para as coirmãs Salgueiro e Mocidade são entoadas a plenos pulmões e se estende para o verso “eterna seja, amada imperatriz”, explosão total. Além do refrão, toda a obra é cantada do início ao fim. Obra que é assinada por Gabriel Mello e só cresceu durante a temporada de ensaios. Arthur Franco e Bruno Ribas dão o tom necessário para o samba em um casamento perfeito, dando espaço para que todos os segmentos executem as suas funções dentro da melodia. É de encher os olhos.
“Estamos com a sensação de dever cumprido. Depois de muito tempo a imperatriz voltou a ganhar as ruas, ficamos muito tempo enclausurados. Ficamos dentro de uma redoma e acredito que foi um dos fatores que a escola teve resultados ruins, mas isso mudou desde 2020. Saímos de Ramos e chegamos em Bonsucesso. Vale destacar que a escola tem 11 estrelas em seu pavilhão e esse bairro é uma delas. Seguindo dentro da nossa região e trazendo cada vez mais a comunidade que se reencontrou com a Imperatriz. Depois de muito tempo o componente vai entrar na avenida sabendo que brigará pelo título, mesmo sendo a primeira a desfilar. Falar de Arlindo é falar da nossa história e o grande barato é quando as pessoas se reconhecem na escola. Já tivemos enredo que falou de bacalhau. Cantavam o samba, mas não se reconheciam. As pessoas batem no peito, evoluem de forma leve sem que a gente precise direcionar algum comando. Por tudo isso, acredito que a escola tem vários trunfos para esse carnaval”, comentou André Bonatte, integrante da comissão de carnaval.
Mestre-sala e Porta-bandeira
Quinto ano de uma parceria que deu muito certo, Thiaguinho e Rafaela esbanjaram simpatia ao longo da apresentação na Cardoso de Morais. Meia década de parceria são responsáveis pelo entrosamento perfeito e o bailado vigoroso com traços de delicadeza. A técnica misturou-se com a graça e a dupla riscou o chão nesse treino final.
“Na minha visão, por ter sido um pré-carnaval mais longo, foi exigido muito de todos nós, mental e fisicamente. A concentração e o foco nos nossos objetivos foram fundamentais, afinal, tivemos uma rotina muito pesada. Eu assisti o nosso último ensaio que foi com a fantasia e estou super feliz com o resultado e acredito que vai ser muito bom. A Imperatriz está falando sobre ela, tem a cara da escola. Temos novamente a Rosa que é uma figura marcante na nossa história fazendo o que ele sabe fazer de melhor e isso empolgou a escola toda desde a divulgação do enredo”, disse o mestre-sala.
“Foi uma temporada mais duradoura. Ao mesmo tempo que cansativa, foi muito gostosa essa preparação e deu tempo para ajustar aqueles detalhes que muitas vezes não dá tempo. Por mais que a gente trabalhe o ano inteiro, sempre tem algo para melhorar porque nunca temos a perfeição. Sendo assim, mais longo o período, maior o tempo de ensaio para buscar o excelente. Ficou claro nos últimos anos que ter um bom enredo e samba muitas vezes levam ao campeonato. O público responde e para quem desfila eleva a autoestima”, completou a prota-bandeira.
Bateria
Sob o comando de mestre Lolo, a Swing da Leopoldina deu show e apresentou um ritmo consistente e que se manteve ao longo de toda a apresentação. A potência da bateria, intercalada com algumas bossas planejadas, completam a obra escrita por Mello e elevam para outro patamar. O ritmo aplicado facilita a evolução dos brincantes e o samba no pé de musas e passistas da agremiação. Destaque para a bossa no verso “seu samba nascendo do morro, ecoa no povo e ressoa no céu”, cadência impecável. Quem também esteve presente no treino final foi a rainha da bateria, Iza. Com muita simpatia e samba no pé, a beldade fez bonito e foi ovacionada pelo público que acompanhou a apresentação da verde e branca.
“Felizmente a bateria vem em uma crescente, trabalhamos todos os meses após a escolha do samba de forma incansável. Sinto que está super encaixado. No ensaio técnico nós passamos muito bem e agora é repetir no desfile oficial e arrancar a nota máxima. Não apenas esses quesitos (samba e enredo), mas também a comunidade que abraçou e canta demais. Se Deus quiser, vamos gabaritar em harmonia e evolução também”, afirmou mestre Lolo.
No que depender de Cátia, João e toda a comunidade, a Imperatriz se prepara para um dos maiores carnavais da sua história, mesmo após dar show em 2020 com o campeonato na antiga Série A. Uma coisa é fato: a escola está em um lugar de que não deveria ter saído. Dessa forma, basta combinar a plástica com os quesitos apresentados nos ensaios que a escola está aguerrida para conquistar as posições mais altas do podium em 2022. Eterna seja, Imperatriz!