Por Juan Tavares
O grupo mostrou com louvor como o orixá Oxaguiã é guerreiro e guardião de quem acredita e tem fé na sua proteção. A apresentação foi linda, dentro do tempo esperado. A escola levou exatos 39 minutos e 20 segundos para concluir seu desfile na Intendente.
Se existe algo mais bonito do que começar algo realizando a preparação do local, eu não sei. Apenas posso afirmar que o fato de abrirem “alas” e fazerem uma defumação para limpar a energia do lugar foi um diferencial que merece ser retratado.
A agremiação ousou ao utilizar ervas reais no ritual. Quer queira, quer não, foi lindo ver que a fé – representada no enredo – foi maior do que possíveis críticas à crença.
Comissão de frente
Diferentemente das outras agremiações, o diferencial desta comissão foi a defumação, que foi feita assim que o enredo começou a tocar. Os componentes, “fantasiados” de Oxaguiã, demonstraram perfeitamente como a energia do orixá é forte e, ao mesmo tempo, apaziguadora. O modo como reproduziram a divindade foi emocionante a cada passo dado.
Mestre-sala e porta-bandeira
O “primeiro casal”, formado por Mary Paiva e Luiz Felipe, deixou claro, como a água de um rio, os símbolos e armas do orixá enquanto performava. Eles demonstraram destreza e serenidade ao dançar; era como se, de fato, a entidade – para quem acredita, é claro – estivesse presente com eles na apresentação. O carisma também foi um ponto forte a ser comentado, sobretudo pelo modo como Luiz conduzia Mary na avenida.
Harmonia
A harmonia esteve presente na agremiação. O intérprete, Thiago Santos, e a bateria foram primordiais para que se mantivesse o equilíbrio entre todos os setores da escola. As cores escolhidas também influenciaram muito no modo como a apresentação aconteceu, sem falar nos diretores, que agitavam o tempo todo para que cada ala pudesse funcionar.
Evolução
Nesse quesito, não há grandes erros, apenas coisas pontuais, como um adereço e uma fita da ala 10 que caíram da fantasia, algo que realmente não impediu a continuidade nem a qualidade do espetáculo, apresentado pontualmente durante os 39 minutos de duração.
Samba
O enredo “Mãe Edelzuita de Oxaguiã, a guardiã da fé, início, meio e continuidade”, embora tenha signos e significados extraordinários, pareceu bem confuso. Acredito que a razão seja o fato de utilizar muita linguagem iorubá e nomes de orixás desconhecidos, até então, por boa parte das pessoas que não cultuam religiões de matriz africana.
Outros destaques
A ala das baianas merece destaque, já que estavam vestidas representando as yalorixás de todo o Brasil. A fantasia foi feita com riqueza de detalhes. Ademais, o giro das saias também foi sinérgico. Cada integrante do grupo mostrou empolgação na função que exercia naquele momento.
A ala 8 também merece ser reconhecida. As fantasias de Lubaje, além de estupendas, simbolizaram a cura através do maior ebó coletivo feito na história por conta da pandemia da Covid-19, um marco, pois essa doença ceifou milhares de vidas mundo afora.