Em entrevista ao site CARNAVALESCO a porta-bandeira da Portela, Squel, aumentou ainda mais a expectativa do portelense ao falar sobre a fantasia do casal para o desfile no Carnaval 20274. “Podem abordar a fantasia do casal como algo maravilhoso”, revelou Squel Jorgea,com brilho nos olhos e um sorriso.
“Já vestimos duas vezes, vamos para a terceira e sairemos com a fantasia finalizada. É linda, está muito linda”, garantiu o mestre-sala Marlon Lamar.
O casal da azul e branca de Madureira entende a relevância do desfile neste ano. A centenária da Sapucaí representará as mulheres negras no desfile de 2024, com o enredo “Um Defeito de Cor”, baseado na obra da escritora Ana Maria Gonçalves.
Para Squel, o enredo significa “gratidão, renascimento, dar a volta por cima, força, coragem e resiliência”. Como mulher negra, ela se sente representada, a artista define emocionada:
“É não desistir nunca. É pelo meu filho, o Henrico, é para minha mãe, é para os meus que me acolhem, que não me deixam, que estão ali me protegendo, me acolhendo sempre, sempre, sempre, sempre. É gratidão eterna”.
A história do enredo se desenrolará na avenida através de uma carta imaginada pelos carnavalescos Antônio Gonzaga e André Rodrigues. No texto, o baiano Luís Gama, um abolicionista, advogado e escritor, que foi separado de sua mãe Luísa Mahin, também conhecida como Kehinde, quando criança, se dirige a ela. Luís Gama, nascido de uma mãe negra ex-escrava livre e pai branco, foi vendido como escravo aos dez anos. Gama enaltece o legado deixado por sua mãe, conforme descrito em um livro.
À frente da Águia, o casal falou sobre o tradicional e o moderno e também fez uma autoavaliação do trabalho deles. Marlon se define como do “time clássico” e defende as tradições. “Acho que a tradição deve ser mantida. Para a manutenção do carnaval, o samba como um grande espetáculo evolui. Mas a dança do mestre-sala e porta-bandeira, acredito que o olho no olho, o horário anti-horário, o afeto e o carinho, isso deve ser intocável”.
Squel concorda em parte com o companheiro, defende a tradição e se define como a porta-bandeira que seguia a tradição à risca, em um momento em que o moderno era “a moda”. No entanto, ela comenta sobre ter sido “penalizada demais” em 2005, quando estava à frente da Grande Rio por ser “tradicional demais”.
“Já fui penalizada por ser considerada tradicional demais, isso em 2005, em 2015 os jurados deram um alerta: ‘Alô, vocês estão se perdendo, voltem para a essência’. E quando me olhei, eu não me perdi. Eu continuei acreditando em mim, e é o que continuo acreditando, é essa dança que me abastece, que alimenta minha alma, meu corpo e me faz acreditar em continuar”, avaliou.
O casal da agremiação compartilharam seus pensamentos sobre a importância do ensaiador e diretor artístico em seu desempenho, eles defenderam a importância deste “terceiro olhar”, mas também afirmam produzir a coreografia.
“Nossa ensaiadora não montou a coreografia. Nós montamos a coreografia. Ela nos ajuda a lapidar, ela nos ajuda a limpar. É sempre muito bem-vinda, ela é uma pessoa maravilhosa. Para nós, acho extremamente importante”, disse Marlon.
Squel, complementou as palavras de Marlon, destacando a relevância desse terceiro olhar. “Ter esse olhar, nos observando, compreendendo nossos limites e identificando o que podemos alcançar, é fundamental. Isso é muito significativo e traz gratificação ao casal. Visto que nosso trabalho pode ser bastante solitário, ter outra pessoa conosco para compartilhar nossas preocupações é crucial”.
E, no meio de tudo isso, a admiração mútua e a paixão que ambos têm por trabalhar juntos é evidente. Marlon descreve Squel como a personificação da resiliência, uma verdadeira guerreira e uma “amazona em forma de pessoa”. Enquanto isso, Squel enaltece Marlon como um exemplo de acolhimento, carinho e afeto.
“Squel? Ela é a resiliência, com certeza. É uma mulher guerreira, é uma amazona. Isso aqui é uma amazona em forma de pessoa”, disse Marlon. Squel acrescentou com um sorriso no rosto: “Você é muito acolhedor, é carinho, é afeto”.