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Entrevistão com presidente Almir Reis: ‘A Baixada Fluminense está em festa’

Presidente da Beija-Flor recebeu a equipe do Site CARNAVALESCO, disse estar muito feliz com o vice-campeonato da escola, parabenizou a Grande Rio pelo título e projetou um próximo ano de sequência de trabalhos

A relação de Almir Reis com a Beija-Flor é de muito amor, são mais de 25 anos de trabalho dedicados à sua escola de samba do coração. Alçado presidente no ano passado, ele diz que se sente feliz pelo reconhecimento e que o enredo deste ano é um pouco da história dele também. Projetando 2023, o mandatário promete manter o resgate da Deusa da Passarela e se diz feliz com o trabalho de Alexandre Louzada e André Rodrigues.

Almir Reis recebeu a equipe do site CARNAVALESCO e falou um pouco sobre o resultado deste carnaval, para ele, o título da Grande Rio foi incontestável, foi ganho de forma merecida e deixou toda a Baixada Fluminense mais contente, sobre a azul e branca de Nilópolis, ele disse estar feliz com o segundo lugar, pois sentiu que a comunidade se orgulhou e comemorou com muita garra.

O que representa esse vice-campeonato para você e para a Beija-Flor?

“Pra mim representa muita coisa, eu venho trabalhando nos bastidores há muito tempo, hoje sendo presidente de fato e de direito, acho que foi um resultado plausível para o primeiro ano, apesar de que já venho acompanhando alguns títulos da escola desde os anos 2000. Foi bom demais, estou muito satisfeito com o que apresentamos. Todo mundo entra pra ser campeão, mas nós temos autocrítica. Para Beija-Flor, querendo ou não, foi um resultado bom, nós viemos de dois anos consecutivos mais ou menos, um ano de 2019 totalmente conturbado, todo mundo sabe a história, e depois viemos em 2020 em quarto lugar, agora conseguimos o segundo lugar. Foi bom, nós temos noção de onde nós erramos, foram pontuais. Isso só deixa provado que carnaval é na avenida, é o trabalho que você apresenta lá, tudo acontece na avenida, a grande verdade é essa, nós estamos satisfeitos, óbvio que queríamos o título, mas ao mesmo tempo está tudo tranquilo já que ficou pela Baixada Fluminense. A Grande Rio é muito merecedora, fizemos uma grande festa, chegamos em Nilópolis e até eu fiquei surpreso, tinham mais de 20 mil pessoas, todo mundo ovacionando a gente com aquele troféu, pelo o que sei, todos os componentes querem vir desfilar novamente”.

O sentimento do torcedor é de vitória e principalmente de resgate do estilo forte de desfile da Beija-Flor. Essa é a mensagem que vocês queriam deixar para todos: a Deusa da Passarela voltou?

“É sim, mas a primeira mensagem é sobre o nosso enredo, qualquer um que leu o nosso enredo, ouviu o nosso samba, viu que nós estamos passando uma grande mensagem, a ideia é que as pessoas comecem, ou pelo menos tentem rever seus conceitos, com certeza isso foi uma prova de que a Deusa da Passarela voltou e não vai mais deixar de estar lá, eu garanto isso”.

O enredo foi fundamental no sucesso do desfile. Você como preto o que sentiu desde o lançamento do enredo até o dia do desfile?

“Me senti como um dos pretos que tem uma história que é justamente aquilo ali, eu cresci dentro dessa escola carregando piano, é assim o termo que se usava, e hoje eu sou o presidente, eu tive a sorte de ter sido reconhecido por uma escola sempre teve uma dinastia branca, eu fui reconhecido pelo meu valor, pelo meu trabalho, então a história desse enredo é mais ou menos a minha história, me vejo nele, eu fui reconhecido, mas quantos outros não foram, quantos nunca serão? Passamos uma mensagem de que as pessoas reconheçam os valores, vejam que nós pretos temos muitos talentos, temos que mostrar isso para as pessoas”.

Pretende manter essa linha de enredo para 2023? O que o torcedor pode esperar do próximo enredo da Beija-Flor?

“Tenho certeza que faremos um belo carnaval no ano que vem, mantendo a pegada desse ano e buscando sempre algo a mais”.

A Fabíola (esposa do Anísio, presidente de honra) abriu mão de desfilar no abre-alas, como foi ver sua família ocupando essa posição de destaque?

“Foi uma emoção muito grande, ver minha mãe e minha neta lá em cima, eu sou um privilegiado, tenho que agradecer a Deus todos os dias, foi muito bom, ver as duas ali. logo depois ver minha esposa, minha filha, meu filho, que estava no abre-alas também, então é muito bom e muito importante pra mim tudo isso na minha história, volto a dizer, tô me sentindo um cara privilegiado. A Fabíola sem palavras, foi um dos maiores exemplos relacionando ao nosso enredo, é só parar e pensar, é muito difícil você ver uma mulher da posição dela, dentro de uma escola de samba, abrir mão do seu lugar, do abre-alas, para dar voz ao povo preto, ali ela já mostra para todos o quanto as pessoas precisam rever os seus conceitos em relação a isso”.

A Beija-Flor conseguiu unir a experiência do Louzada com a juventude do André Rodrigues. A ideia é manter a dupla para 2023? O que você pode falar dos dois?

“Existe hierarquias, o Alexandre é o carnavalesco, o André é o diretor artístico, muito bom por sinal, o menino tem um futuro promissor, mas nós temos o carnavalesco que é o Alexandre Louzada, essa dupla vai continuar, sendo sabedor que o André cumpre as regras do Alexandre, mas com certeza não vai demorar muito e o Alexandre estará falando pro André tocar a vida dele, já aconteceu várias vezes. O próprio Alexandre já passou por aqui na época da comissão, Cid Carvalho, Vitor, que foi fazer carnaval em São Paulo, quantos passaram por aqui, aprenderam, tiveram seus ensinamentos e foram seguir sua carreira solo. Não pretendo que o André saia daqui não, quero até que ele fique, até porque todo mundo tem seu ciclo, daqui a pouco o Alexandre vai falar que está cansado, que não quer mais, e o André vai tá aí, tocando nosso desfile, ele tem toda capacidade pra isso. Esses dois vão continuar sim”.

Foi difícil superar perdas importantes como o Bakaninha e o Leo Mídia antes do desfile, como a escola conseguiu superar?

“Pra gente foram perdas extremamente irreparáveis, hoje mesmo estávamos aqui e mais uma vez se tocou de quanto o Léo fez falta, arrisco a dizer para você que se ele tivesse aqui, aquilo não teria acontecido com o segundo carro, porque o Léo era um dos caras que mais se preocupava em pôr todos os componentes no carro, era a função dele, com o mapa na mão ele corria a escola toda, colocava as mulheres no lugar, ele se posicionava muito bem, como ele fez falta nesse desfile, mas não tô me lamentando, estava escrito. Volto a dizer que a Grande Rio foi merecedora do título, fez um desfilaço, mas acho que se não fosse esse erro, a disputa seria mais acirrada, se tivéssemos errado menos”.

Você citou o erro do segundo carro, os erros vistos no desfile oficial já foram identificados para o próximo sábado?

“Essas pessoas que não entraram no desfile oficial estão fora, já peguei as fantasias e vou colocar alguém da comunidade para desfilar, o lugar vai estar ocupado por pessoas mais comprometidas com a escola, isso é algo que conta muito pra gente, o nosso povo é muito comprometido. Quando acontece isso, você não sabe o quanto eu fui cobrado, minhas velhinhas todas falando que o povo de fora não deve desfilar, e tenho que concordar, tenho que dar a mão a palmatória. Rolou uma falta de comprometimento também do diretor de carro, mas agora já foi, vamos aprender com o erro”.

O que representa para a Baixada Fluminense o título da Grande Rio e o vice da Beija-Flor?

“A Baixada é um povo muito humilde, muito pobre, não estou dizendo que é um povo esquecido, mas o pessoal do Rio de Janeiro vê a Baixada de uma forma diferente. Quando acontece uma situação como essa é muito bom. Já estava predestinado, nós vamos desfilar no dia do aniversário da Baixada, desfile das campeãs, tudo acontece na hora certa, foi muito importante para o nosso povo, deu uma oxigenada para todo mundo de lá, a Baixada está toda ela em festa”.

Para fechar, o que achou do título da Grande Rio e a volta do Império Serrano?

“O título da Grande Rio é indiscutível, eles fizeram um carnaval para campeão, foram merecedores do que fizeram. O do Império é como se fossem duas vitórias pra mim, da Beija-Flor e do Império, eu nasci lá, sou de Vaz Lobo. Conheci várias personalidades antigas do Império, Mestre Fuleiro, Beto Sem Braço, Jorginho do Império, é praticamente minha casa, meu pai era imperiano doente, a família do meu pai era toda imperiana. Fui criado naquele ambiente, pra mim foi uma felicidade muito grande ver o Império subir, voltar ao lugar que é dele por direito, é uma escola de grande porte, é escola de comunidade, é raiz. Merece estar nesse lugar, vamos torcer que eles consigam permanecer no Grupo Especial”.

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