Comandante da “Não existe mais quente”, mestre Dudu conversou com o site CARNAVALESCO para a série “Entrevistão”. Confira abaixo o bate-papo completo.

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Foto: Allan Duffes/Site CARNAVALESCO

O que representa para você estar à frente da bateria da Mocidade?

Mestre Dudu: “Sou filho de mestre e a cada momento que eu estou na frente da bateria é como se passasse um filme na minha cabeça. A bateria que foi do Mestre André, do Jorjão, dentre outros, e seguir esse legado é de muita importância. Vivemos um momento diferente e precisamos nos enquadrar nas novidades e normalidades. A bateria da Mocidade é muito peculiar, cheia de referências, no carreteiro, tamborim, a afinação das caixas chocalhos, tudo muito rico. Fico muito feliz e lembro muito do meu pai, com esse peso todo na história da escola, penso quem sou eu… mas me sinto primeiramente muito honrado”.

Após tanto tempo no comando da bateria da Mocidade qual é o balanço que você faz do trabalho?

Mestre Dudu: “Estou indo para o meu 11º ano de bateria. Desde de 2011 para cá estamos fazendo muitas mudanças em afinações, levada de caixa, fizemos um trabalho muito maçante. Depois desse trabalho “naipeado” conseguimos entender a dificuldade de cada pessoa e naipes. Conseguimos afinar toda a bateria. O Carnaval de 2017 até hoje o trabalho da bateria só trouxe comentários positivos. O trabalho é árduo, mas eu acho que a Mocidade tinha essa troca de mestre constante e isso para mim danifica a bateria, não é assim que se faz. Finalmente, a bateria está sendo constante com uma pitada de mestre André e Jorjão”.

Em termos de ritmo, qual seu melhor desfile? E por qual motivo?

Mestre Dudu: “Confesso que em 2001 quando a bateria teve que raspar a cabeça, pois não era nada fácil para conquistar tal coisa. É muito marcante para mim. E em 2018 que mudou o comando e me marcou pois só mostra os ganhos e colheitas do que estamos fazendo desde esse “trabalho de formiguinha” que temos feito”.

Quem é sua referência na bateria, tirando o seu pai? E por qual motivo?

Mestre Dudu: “Sem sombra de dúvida o Odilon, que é muito meu amigo e era muito amigo do meu pai, ele que teve uma passagem brilhante pela Grande Rio. Eu sou um tipo de mestre que sou adpeto a cadência, e hoje eu fico feliz de ver todas as baterias fazendo um andamento para trás. A Mocidade fazia isso, e antigamente era considerado feio, e ver que hoje as baterias têm andamento para trás graças ao Odiilon, não tem como não citá-lo aqui. Outra referência também é Sombra, de São Paulo, da Mocidade Alegre, que também faz parte da minha família e por onde passo o menciono”.

E qual foi o desfile que você não gostou da bateria?

Mestre Dudu: “É difícil escolher, pois a bateria da Mocidade é sempre reinventada. Nos ensaios técnicos podem ter diversos problemas, mas durante o desfile em si a bateria realmente fala por si só. Não há um desfile que eu lembre que tenha tido um erro muito grave, somente o único em 2004 devido a chuva criamos uma bossa para um samba que era em cima dos surdos, e como havia chovido muito não dava mais como reconhecer as afinações”.

O que foi mais difícil quando você assumiu e teve que enfrentar o Grupo Especial do Rio de Janeiro?

Mestre Dudu: “Não encontrei dificuldade, assumo. Eu fui mestre na Unidos de Padre Miguel quando meu pai veio a falecer, e eu já tinha experiência na época. Quando eu cheguei na Mocidade de 2011 para 2012 foi mais tranquilo, só não tinha o suporte do meu pai. Até pensei em parar com o carnaval, mas continuei forte, preciso cumprir o legado dele. Fluiu bastante, ajustei muitas coisas do meu jeito, os ritmistas e outras áreas já conhecia bastante gente, diferente do acesso, onde fiquei pouco tempo, mas mesmo assim me adaptei bastante”.

E coreografias gosta que a bateria faça?

Mestre Dudu: “Acho uma característica única da Mocidade e é muito legal. Já botei o papel picado, de tudo e esse ano a bateria vai fazer dois lances diferentes na coreografia, o que eu acho muito bacana, mexe muito com o público. Na minha opinião, o desfile não é somente para os jurados como para com o público e os torcedores”.

O que você ainda sonha em fazer com a bateria, mas que ainda não conseguiu realizar?

Mestre Dudu: “Já me sinto uma pessoa realizada, porque de fato a bateria me mudou muito. Eu praticamente só comando a bateria somente com o olhar, se tornou muito fácil. Ainda sonho em fazer as coreografias bem elaboradas como a Mocidade Alegre faz com o mestre Sombra, como já citei que sou muito fã. Requer muito trabalho e tempo de ensaio, e como sabemos o tempo é curtíssimo. Parabéns para o Sombra e espero um dia chegar no nível dele, fazendo os caracóis, banda marcial, um dia quem sabe”.

Sobre fantasia, como foi até hoje a conversa com os carnavalescos que passaram pela escola e como está sendo agora com o carnavalesco para o desfile de 2023?

Mestre Dudu: “Nunca tive nenhum tipo de estresse com nenhum carnavalesco, eles sempre me deram muitas opções de escolha, os acordos são sempre bons. Atualmente, o Marcos Ferreira é bem flexível, sempre há conversa. Ele também já passou por uma escola grande como a Viradouro e já sabe como funciona. Fico muito contente que não houve estresse”.

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Após tantos anos com o Wander Pires, como está o trabalho da bateria com o intérprete Nino do Milênio?

Mestre Dudu: “Wander dispensa comentários. Nino hoje em dia encaixou muito bem, no início ele era mais contido, mas hoje ele já se soltou muito mais. Sabemos que ele assumiu o microfone que era do Wander Pires, e imagino a responsabilidade que seja. Ele sofreu muito com as redes sociais, e a Mocidade é uma escola que tem torcedores que realmente se envolvem muito, que brigam e reclamam demais e ele precisa aprender isso. Eu mesmo já apanhei muito em rede social, mas hoje em dia demos a volta por cima com o nosso trabalho e é o que ele vem fazendo, desde o mini desfile ele já está se soltando. É notório que já está muito envolvido e domingo poderemos ver o resultado disso tudo”.

O que esperar tecnicamente da bateria da Mocidade em 2023? Mudou algo de 2022 para 2023?

Mestre Dudu: “Esperar pelo grande show, com uma bateria muito esperada, o tema Nordeste fica mais fácil de trabalhar, do baião, xote, frevo, forró. A bateria dará seu nome e tem dado há um tempo. A cada ensaio que passa as bossas vêm encaixando mais, se tornando mais precisas, está tudo bem confortável e esperamos que a escola. Pelo menos eu sei que a bateria será muito comentada nesse carnaval.