Por Gustavo Lima e fotos de Fábio Martins

É claro que é sempre decepcionante cair de divisão. Para o Morro de Casa Verde é pior ainda, pois caíram para a terceira prateleira do carnaval paulistano após ter conseguido se manter em 2022, que era o seu objetivo. Entretanto, o que foi visto no ensaio, mostra que não é motivo para abaixar a cabeça. A comunidade pisou no Anhembi e deu o recado. Cantou forte o samba, que é um dos melhores do carnaval e teve a presença do intérprete Wantuir. Sem dúvidas a harmonia foi o quesito destaque da escola neste ensaio. Com a força da negritude, a verde e rosa da Zona Norte quer alçar voos maiores.

Este foi o único ensaio da escola na temporada, e com o enredo “O canto de Omnirá: Negra é a raiz da liberdade!”, a agremiação será a décima a desfilar pelos desfiles do Acesso II, no próximo dia 03 de fevereiro. O tema é assinado pelo carnavalesco Ulisses Bara.

Comissão de frente

A ala, que tem o comando de Ana Carolina Vilela, foi um dos destaques do ensaio. Era fácil de entender. Mostra uma grande mensagem da força de negritude, sobretudo das mulheres, visto que a personagem principal é uma moça, cujo sua vestimenta era diferente das demais, pois estava com um turbante. Essa integrante era exaltada em determinada parte da apresentação.

MorroCasaVerde et ComissaoFrente

Os bailarinos dançavam pela pista, saudavam o público e faziam danças afro. Homens estavam vestidos de saiotes marrons com pinturas brancas pelo corpo e mulheres de saias brancas.

Mestre-sala e Porta-bandeira

O casal Gabriel e Juliana fez um ensaio satisfatório. A porta-bandeira, principalmente, lutou contra as rajadas de vento que por vezes assombravam a pista. Isso é um grande temor para quem carrega o pavilhão, pois corre o risco de enrolar o pavilhão, mas a dançarina se comportou muito bem diante da questão.

MorroCasaVerde et PrimeiroCasal

O ponto chave da dança foi o diferencial da porta-bandeira na finalização da dança. O mais comum é o mestre-sala estender o pavilhão para o jurado, mas observando a cabine ao lado do recuo de bateria, notou-se uma movimentação onde apenas Juliana deu um passo a frente para apresentar o pavilhão e finalizar a dança.

Harmonia

Cantar o samba-enredo é um diferencial para o sucesso de uma escola. Ter um dos melhores sambas do ano de São Paulo e ainda interpretado pelo renomado cantor Wantuir, é um grande privilégio para a comunidade da verde e rosa da Zona Norte. Por isso, o canto dos componentes ecoou forte no Anhembi. Nitidamente todos os desfilantes sabem a enorme obra que tem em mãos e estão fazendo valer a pena cada verso.

Evolução

O andamento da escola fluiu normalmente, sem qualquer preocupação. As fileiras estavam compactas e os componentes se movimentavam bem entre si. O que é uma dúvida é a questão do espaçamento entre a comissão de frente e o que vem atrás. Isso engloba todas as escolas. No caso do Morro, vinha uma ala coreografada. Às vezes, abria um espaço, não chegava a ser um buraco, mas se não tivesse atenção, poderia acontecer. Como citado, tal situação foi vista em outros ensaios de outras agremiações. Pode ser um espaçamento limite no quesito.

Samba-enredo

Realmente um dos melhores sambas do ano. Por isso é tão cantado, somado a comunidade e outros fatores mencionados acima. É uma melodia de ‘guerra’ e possibilita uma dança maior entre os componentes. Embalado pelo intérprete Wantuir, estreando no Anhembi com o Morro, ficou ainda melhor. Os refrões são os mais cantados, porém o samba todo é forte.

MorroCasaVerde et InterpreteWantuir 2

Outros destaques

Vale sempre ressaltar a presença de Dona Guga, lendária baluarte paulistana e ativa na agremiação. Sempre respeitada e querida por onde passa.

A “Bateria do Morro”, do mestre Fábio Américo, teve uma performance satisfatória, principalmente quando soltava o apagão. Foram três ou quatro. Isso é muito válido, pois foi de suma importância para sentir a harmonia da escola.

MorroCasaVerde et 18

A ala das baianas também entrou na onda do samba. Estavam vestidas com a camisa da escola e com turbantes e saias brancas. O Morro de Casa Verde levou um pequeno tripé que soltava serpentinas com o passar do tempo. É sempre importante brincar com o público. A corte de bateria teve presença da rainha Bruna Costa e a musa Hariane Diaz.