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Em disputa equilibrada, parcerias de Totonho e Medrado ganham destaque em eliminatória da Unidos da Tijuca

Obra de Sereno cresce na competição e de Júlio Alves segue firme no páreo

Seis parcerias estiveram presentes nesta quinta-feira na quadra da Unidos da Tijuca na mais recente etapa do concurso que irá escolher o samba-enredo para o carnaval 2024. E mais uma vez a competição foi pautada pelo equilíbrio com diversas obras ainda com chances de se tornarem o hino oficial da escola para o próximo carnaval. O site CARNAVALESCO acompanhou mais essa fase, como parte da série “Eliminatórias”. Cada obra, teve 25 minutos para se apresentar e o resultado será divulgado ao longo dos próximos dias nas redes sociais da Azul e Amarela do Borel. A sequência da disputa acontece no próximo dia 28. A análise da apresentação de cada samba você confere ao longo do texto.

Foto: Mauro Samagaio/Divulgação Unidos da Tijuca

No próximo carnaval, a Unidos da Tijuca levará para a Sapucaí o enredo “O Conto de Fados”, assinado pelo carnavalesco Alexandre Louzada, com a intenção de fazer uma viagem a Portugal para mostrar diversos aspectos da história do país como fábulas, mistérios e lendas populares. A Unidos da Tijuca será a quinta agremiação a passar pela Avenida na primeira noite de desfiles do Grupo Especial.

Parceria de Leandro Gaúcho: O samba composto por Leandro Gaúcho, Gustavinho Oliveira, Marcus Lopes, Josemar Manfredini, Aldir Senna e Alexandre Cabeça foi o responsável por abrir a noite de eliminatória na Tijuca. A parceria apostou em um time de peso para conduzir a obra tendo as vozes de Emerson Dias, do Salgueiro, Bruno Ribas, da Unidos de Padre Miguel, apoiados por Tinguinha, da Em Cima Da Hora, e Tuninho Junior da Independentes de Olaria. O desempenho dos cantores foi muito satisfatório, não deixaram a animação no palco cair nenhum minuto e combinaram bem as vozes, no timbre mais grave de Tuninho contrastando com o restante, produzindo um efeito interessante. A composição carrega em sua melodia o tom dramatizante e épico presente na letra que a todo momento faz referência às histórias de superação às grandes viagens marítimas que o enredo traz ao falar dos mitos e da própria narrativa sobre Portugal. Isso fica claro no trecho da cabeça do samba nos versos “Do mar, que desnudo, tem tanto a dizer/unindo o herói e a serpente/amor ardente “desatina sem doer”. No refrão do meio, o tom épico se converte em uma característica mais leve da melodia ao falar de cultura e das celebrações com o vinho a partir do verso “A magia dos druidas nos seus bosques e caminhos”. A entrada da segunda com os versos” o vento baila no mar guiando os filhos seus” é também um ponto de destaque na melodia. Em relação a letra, é interessante observar a utilização no refrão da expressão “o pá”, um termo muito marcante e popular dentro do português falado na “terrinha”. A torcida da parceria trouxe balões nas cores da escola e bandeiras do Brasil e de Portugal. A torcida fez também algumas coreografias. A animação vista no palco não contagiou muito a quadra, mas alguns integrantes da velha-guarda cantavam o samba o tempo todo. O público que acompanhava a eliminatória, sem se tratar de membros de torcida, pouco se envolveu com a obra. Um número reduzido ainda se esforçava para cantar utilizando a letra distribuída.

Parceria de Sereno: A obra de autoria de Sereno, Dinny da Vila, JB Oliveira, Camila Lúcio, Deiny e Mano Kleber, com as participações especiais de Wagner Zanco e Almeida Sambista, foi a segunda a se apresentar. Wander Pires, da Viradouro, foi quem comandou o time de vozes da parceria. O samba tem uma melodia bastante peculiar, lembrando alguns sambas mais antigos da escola, destaque para os dois refrãos neste quesito. A melodia é um destaque, muito rica e com diversos pontos altos. E o samba na voz de Wander ganhou ainda mais ênfase fazendo com que a sua vocação melódica se destacasse. A composição tem um caráter mais singelo, mais melodioso. Apesar de uma tendência por uma característica mais melodiosa, do que explosiva, a obra teve um bom andamento e se sustentou bem, mantendo a animação da quadra. Destaque na melodia para o trecho que “chama” o refrão principal “Tijuca, orfeão que ecoa perfume das flores/Fé que emana das cores”, que também se caracterizava como um dos trechos mais cantados. Apesar de não terem uma vocação tão explosiva, os refrãos também se destacaram no canto. Outro ponto alto da apresentação foi a torcida que compareceu em peso e mesmo antes da parceria iniciar os trabalhos no palco, já entrava na quadra cantando a obra. Todos com a bandeira da Tijuca, cantando o samba e pulando muito, mostrando que a obra pode render bastante no canto se for a escolhida pela escola. Em relação ao restante do público da quadra e segmentos, houve uma adesão um pouco mais tímida. Mas ainda assim, é claro perceber que a obra está crescendo no concurso. Importante estar atento às próximas apresentações.

Parceria de Gilmar L Silva: O terceiro samba a se apresentar na eliminatória tijucana foi o composto por Gilmar L Silva, Mauro Gaguinho de Araruama, Marquinho Bombeiro, Sergio Pires, Fernando Gogó de Ouro e Pires de Praia Seca. A obra foi conduzida por Serginho do Porto, da Águia de Ouro, e Lissandra Oliveira, da Em Cima Da Hora. A dupla mostrou entrosamento e se colocou de forma bastante solidária, com cada um aparecendo no momento certo. A composição de Gilmar L Silva e Cia tem um andamento um pouco mais para frente, que até se aproxima de alguns sambas que a Tijuca colocou em carnavais passados. A melodia em geral é um pouco diferente do que em geral a escola tem trazido nos últimos anos. Tem pontos de destaque como o pré-refrão “Abençoe mãe senhora meu destino minha escola” e também o verso na primeira do samba “o fado serpenteia nessa terra”. O refrão principal “Tijuca pede com fé” tem um caráter mais valente, enquanto o refrão do meio”meu olhar marejou..” é mais melodioso. E o refrão principal tem uma relação bem intrínseca ao pré refrão “Abençoe mãe senhora”, que não se repete. O samba tem uma melodia que tem como mérito descomplicar, bem intuitiva de aprender. A parceria trouxe uma torcida animada, com bandeiras nas cores azul e branca, fazendo referência talvez ao efeito do mar e a espuma. As navegações lusitanas é uma das temáticas do enredo. O canto, porém, na torcida, já não foi tão satisfatório como em outras parcerias. Apesar da boa participação do time de vozes no palco, o samba pouco atingiu o público da quadra e os segmentos.

Parceria de Totonho: O quarto samba da noite de eliminatória tijucana foi o assinado por Totonho, Marcelo Adnet, Fadico, Dudu, Gabriel Machado e Rodrigo Alves. A obra foi conduzida pelos intérpretes Igor Sorriso, da Mocidade Alegre, e Igor Vianna, da Unidos de Bangu. A dupla de intérpretes têm mostrado um entrosamento muito grande por onde tem cantado juntos. E não foi diferente nesta eliminatória na Tijuca. Vianna, mais concentrado em cantar o samba com força e correção, enquanto Sorriso chamava a torcida e o público a fazer parte da apresentação. A composição de Totonho e seus parceiros têm um andamento bastante para frente. Apesar das virtudes mais energéticas, o samba também possui pontos altos na melodia. Na cabeça do samba destaque para os versos “Pois da sedução a foz do Tejo desaguou/E no velho mundo de mistérios desvendou”, trecho que permitiu a inserção de “terças” no canto. Destaque também para o pré-refrão que começa com os versos “Oh Santa! Oh Santa!”. Ainda sobre a melodia, um ponto a se destacar, que não chega a ser um problema, é a semelhança da melodia entre os dois refrãos da obra, o do meio e o principal. Importante salientar também que a melodia dos dois trechos também é singela e marcante. Ambos tiveram grande rendimento na apresentação, em alguns momentos sobressaindo um pouco às estrofes, o que deve ser olhado com cuidado para não gerar ou parecer uma queda de rendimento entre trechos. O momento em que a parceria se apresentou foi o que contou com maior adesão da quadra, muita gente veio mais próximo do palco para acompanhar. Alguns passistas da escola também se juntaram e dançaram em frente a torcida que trouxe bandeiras grandes com as cores da escola e fez coreografia em alguns momentos do samba. Alguns trechos se destacaram como os dois refrãos, mas também o trecho na segunda do samba “Portugal! Te canto em meus versos terrinha” até desaguar no refrão principal. O andamento também se entrosou muito bem com a bateria de mestre Casagrande. Manteve o nível alto da apresentação passada.

Parceria de Eduardo Medrado: Dando sequência nas apresentações, a quinta obra na eliminatória tijucana foi a composta por Eduardo Medrado, Kleber Rodrigues, Adolpho Konder, Sandro Nery, André Braga e Luiz Pavarotti, com as participações especiais de André Diniz e Evandro Bocão. O time de vozes da parceria foi comandado pelo intérprete Tem Tem Júnior, do Império Serrano apoiado, entre outros, por Chitão Martins. O rendimento dos cantores foi bastante alto, mostraram entrosamento, ensaio, tudo bem coordenado, a utilização de terças, de vocalizações, cacos respeitando melodia e métrica, enfim, fizeram tudo que o samba pede. A obra tem uma melodia rica, com alguns pontos de destaque e o andamento da “Pura Cadência” se adequou de forma muito eficiente, com muito balanço e a adesão a bossas. O refrão principal “Ó virgem, santa por favor…”, até pela temática religiosa, tem um caráter mais melodioso e foi um ponto alto, muito cantado. O refrão do meio “Para celebrar os deuses, cultivar as flores…” também se direciona um pouco mais para o lado mais melódico e foi destaque. Também nessa linha melódica, o trecho na segunda do samba, iniciado pelo verso “Foi quando o mar se abriu pras caravelas”, até “Cantando em oração assim” é destaque e prepara bem para entrar no refrão principal. A torcida veio em bom número, uniformizada, com bandeiras grandes e o que chamou mais atenção, bonitos estandartes com o rosto de Nossa Senhora de Fátima, padroeira de Portugal, santa que também se fez presente na camisa dos cantores. Os “adeptos” da parceria fizeram uma espontânea festa mesclada com algumas coreografias. O trecho mais cantado foi o refrão ” Oh virgem santa…”. No geral uma apresentação destacada pela qualidade, ainda que já em um momento em que a quadra já estava mais vazia, tendo uma adesão satisfatória do público com alguns segmentos envolvidos com a música, principalmente, passistas e muita gente acompanhando mais de perto.

Parceria de Júlio Alves: O samba de autoria de Júlio Alves, Cláudio Russo, Jorge Arthur, Silas Augusto, Chico Alves e D’Sousa encerrou mais uma noite de eliminatória da Unidos da Tijuca. O intérprete Tinga, da Vila Isabel, foi o responsável por conduzir o samba reforçado por integrantes do carro de som que acompanham o cantor, além do intérprete Charles Silva da Estácio de Sá. O time de vozes iniciou a apresentação com bastante energia. A obra tem um ar bastante leve na letra, característica que esteve presente em um período muito vitorioso do Pavão. Essa leveza se nota principalmente nos dois refrãos, tanto no “Gira Baiana”, quanto no “Pôe no balaio”, que ao mesmo tempo não devem nada em caráter de energia, explosão, com um andamento bastante para frente. Outro trecho que se destaca em termos de melodia está na segunda do samba e começa no trecho “Que brilha sob o céu de Vera Cruz” e vai até “Macumbado de amém e axé”. A torcida trouxe bandeiras nas cores da escola e contou com o reforço das baianas que dançavam principalmente no “Gira Baiana”. O desempenho da obra foi um pouco inferior às eliminatórias passadas, principalmente da metade para o fim da apresentação. Apesar da animação da torcida, poucos cantaram o samba e houve pouca adesão da quadra em relação ao público que acompanhava a eliminatória, que já era mais diminuto pelo avançar da hora. Alguns passistas e as baianas como citado anteriormente estavam próximos da torcida e se divertiam com a obra. É um samba que pode voltar a render mais nas próximas eliminatórias e seguir forte na disputa.

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