Caminhando para o seu segundo desfile na defesa do pavilhão do Paraíso do Tuiuti, o casal de mestre-sala e porta-bandeira da agremiação de São Cristóvão, Raphael Rodrigues e Dandara Ventapane atendeu a reportagem do site CARNAVALESCO para a série ‘Entrevistão’. O experiente Raphael agradeceu à jovem parceira, que segundo ele o fez se reinventar na dança. Já a dançarina, neta de Martinho da Vila, vai completar 10 anos de Marquês de Sapucaí.
Qual o balanço de vocês sobre a carreira?
Dandara: “Neste carnaval vou fazer 10 anos desfilando como porta-bandeira. Eu estou muito feliz. Acho que foi uma trajetória de muito trabalho, muito empenho, muita vontade de progredir e melhorar. Encontrei o Raphael e estamos há 2 anos dançando juntos. Isso evoluiu e contribuiu muito pra minha dança, estamos felizes pelo trabalho e que vamos continuar realizando por uns bons anos”.
Raphael: “Eu sou pouquinha coisa mais velho do que ela, vou completar 30 anos (de carnaval), no Grupo Especial, como mestre-sala, estou há 20 anos. A cada ano, é uma renovação e uma evolução e neste ano, completando 2 anos com a Dandara, está sendo especial e uma coisa nova”.
Raphael, quem é a sua referência como mestre-sala?
“Não é difícil responder. O mestre Delegado. Eu vivi com ele quando eu fui mestre-sala da Mangueira durante 7 anos, sendo 4 anos, vivendo intensamente com ele. Eu aprendi muito, foi uma escola pra mim e não tem como ser outra pessoa a não ser ele.”
Dandara, qual sua referência como porta-bandeira?
“A gente busca muitas referências dentro do que a gente gosta e faz. Eu acho que minha grande referência é a Rita Freitas pois caminhou comigo nos primeiros anos, me ajudou a compreender a importância do pavilhão e de representar uma escola de samba como porta-bandeira. Ela é minha grande referência”.
Raphael, o mestre-sala vem muito cobrado em cortejar mais a porta bandeira do que dançar sozinho. Acha que falta mais esse olhar do mestre-sala pra porta-bandeira?
“Essa é a função dele. Eu costumo dizer que o mestre sala é coadjuvante, porque quem brilha é a estrela (porta-bandeira). Ele tem que proteger, cortejar e cuidar para que nada de mal aconteça. Isso resume tudo, ele precisa sempre estar de olho nela pra que nada aconteça.”
Vocês acham que o julgamento do quesito vai voltar a ser mais focado na dança ou a coreografia chegou pra ficar e ganhar mais protagonismo?
Dandara: “Isso é uma coisa que vem sendo muito falada,[…] eles (jurados) tem focado cada vez mais na dança. Isso já vem se apresentando nos últimos e a gente veio de uma temporada de muita coreografia. Tem também o estilo de cada casal, casais que gostam mais de coreografia e casais com a dança mais tradicional. Enfim, tem que respeitar o estilo de cada casal e julgar dentro disso”.
Raphael: “Hoje tudo está muito misturado. A evolução. A dança Evolui a cada dia e ta tudo muito misturado. A gente (Raphael, Dandara e a coreógrafa) entrou em um laboratório pra saber o que era melhor e o que os jurados queriam”.
Raphael, o que não pode faltar em um mestre-sala perfeito?
“Não pode faltar cortejo, elegância e o riscado”.
Dandara, o que não pode faltar em uma porta-bandeira perfeita?
“Sorriso no rosto, o giro, amor à dança, ao pavilhão, ao carnaval e um bailado que queira transmitir toda essa força que nosso carnaval carrega”.
Qual é a declaração que o Raphael fala olhando pra Dandara e qual a declaração que a Dandara fala para o Raphael?
Raphael: “Obrigado por ser você. Existe uma história, na nossa história, onde ela chegou em um momento que eu mais precisava. Eu precisava dela e ela precisava de mim. A gente chegou na vida do outro em um momento em que um precisava do outro. Foi engraçado porque a nossa junção era uma coisa improvável. […] Quem fez esse casal Raphael e Dandara foi Dudu Azevedo (diretor de carnaval da Beija-Flor de Nilópolis), que juntou esse casal na União da Ilha. Vou agradecer eternamente por ele ter me dado a Dandara”.
Dandara: “Ele resumiu tudo que a gente tem vivido nesses dois anos. A gente se reinventou, e juntos, queremos mais e crescer. O Raphael tem uma carreira linda e eu to construindo a minha. […] Ter ele ao meu lado nesse momento tem sido muito importante e primordial para o que hoje eu considero a possibilidade de continuar sendo porta-bandeira durante muitos anos. Eu desejo que nossa parceria seja longa e duradoura e eu acredito muito no trabalho que a gente vem construindo. Eu acredito na amizade que a gente vem construindo e nessa lealdade que a gente vem construindo pra continuar juntos”.
Raphael: “Até porque a amizade não é só parceria. Numa dupla tem que existir lealdade, é o princípio de tudo. A gente tem que ser leal um com o outro pro trabalho dar certo. […] É o que a gente encontrou um no outro, é por isso que ta dando certo. Ela me reinventou e eu queria parar. Eu tenho um tempo já de carreira e tava desanimado, querendo parar e ela fez com que eu quisesse continuar. Ela fez isso”.