A Dragões da Real levou ao Sambódromo do Anhembi a história de vida de Adoniran Barbosa contada através de suas consagradas obras musicais. Com o sol já fazendo presente em função do grande e inesperado atraso no início de seu desfile, a escola precisou superar o forte calor e teve grande desempenho em praticamente todos os quesitos.
Um deles, porém, foi gravemente comprometido: A primeira porta-bandeira, Evelyn Silva, passou mal ainda no primeiro setor, precisou ser socorrida e abandonou a apresentação. Encarregado de assumir de maneira repentina a responsabilidade de defender o pavilhão principal, ao lado de sua parceira Gabriela, o mestre-sala Lucas Gomes Ribeiro falou sobre a experiência. “Em um primeiro momento é o susto. Fomos pegos de surpresa, mas procuramos dar o nosso melhor na avenida depois de todo esse susto. Dar o nosso melhor e desempenhar um bom papel com o pavilhão da Dragões. A gente procura sempre fazer uma preparação muito próxima ao primeiro casal. Nos preparamos juntos, os ensaios foram juntos, e procuramos estar prontos para qualquer adversidade”.
Perguntado sobre o desempenho da escola na avenida, o diretor de carnaval da Dragões, Márcio Santana, não escondeu o lamento pelo ocorrido com a guardiã do pavilhão da escola, mas acredita que o conjunto conseguiu se ajustar e fez uma análise geral. “Eu gostaria de ter saído mais feliz. Infelizmente tivemos um incidente com a nossa primeira porta-bandeira, o que acaba implicando no nosso primeiro casal. Foi bem no início do nosso desfile, e isso acaba desestabilizando emocionalmente um pouco a escola. Isso acaba influenciando em andamento, harmonia e evolução. Mas vamos fazer uma expectativa boa disso tudo. A partir do segundo setor, a escola voltou a ter ânimo e fôlego, e seguiu o desfile da forma como tinha que ser”, disse.
Márcio acredita que o grande atraso para o início da apresentação, que precisou ser iniciada após o amanhecer e com calor intenso, pode ter contribuído para o mal-estar de Evelyn Silva. “Acredito que ela tenha tido uma queda de pressão, até por conta do início da manhã, Sol, muito tempo de pé com roupa pesada. Sabemos que a roupa de uma porta-bandeira tem um peso relativamente grande. São aquelas coisas que a gente não consegue ponderar. Planejamos, mas com o tanto de dificuldades que tivemos essa noite, acabou afetando diretamente nossa porta-bandeira. Mas todo nosso quadro de casais é preparado para essa missão. Confiamos demais neles, e todos tem plenas condições de conduzir o pavilhão. Tenho certeza de que Papai do Céu ainda vai reservar muitas coisas boas para a gente”, concluiu.
Como o incidente ocorreu tão logo a escola entrou na avenida, muitos componentes só ficaram sabendo do ocorrido já na dispersão. O atraso para o início do desfile foi visto pelo intérprete Renê Sobral como um desafio a ser superado, mas que a Dragões da Real conseguiu encarar positivamente na hora de cantar o samba. “Estou bem emocionado e bem contente nesse sentido. A escola impressionou com o canto. Eu chamei a escola e fiz o trocadilho de pergunta e resposta, e houve a resposta. Fiquei muito feliz, e isso me deu um gás a mais para soltar para o povo cantar, deixar a comunidade conduzir a escola, e eu fiquei ali só na contenção. Foi um desfile maravilhoso, apesar do atraso e do cansaço. Mas isso não impediu a Dragões de mostrar sua felicidade e alegria aqui no Sambódromo”.
Mestre Tornado, líder maior da bateria Ritmo que Incendeia, valorizou os esforços ao longo da apresentação e acredita que o homenageado foi bem representado na avenida. “Acho que a proposta da escola em geral foi muito boa. Foi ensaiado para isso. Trouxemos Adoniram para pista e acho que isso ajudou. A bateria teve uma performance maravilhosa, acho que não teve nenhum problema. Só espero que o jurado entenda a prosta da bateria. Era isso dentro do regulamento, e fomos com ele debaixo do braço. É assim que é o carnaval”.