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Sexta escola a desfilar na noite de abertura do Grupo Especial, a União da Ilha veio falando das favelas e de seus moradores. “Nas encruzilhadas da vida, entre becos, ruas e vielas; a sorte está lançada; salve-se quem puder!” é o título de um enredo que foca nos caminhos enfrentados diariamente pela população das periferias. O foco da abordagem da escola não é apenas nos problemas enfrentados pelos moradores de favela, mas também na superação das dificuldades que essas pessoas são obrigadas a passar para seguirem os seus caminhos. Um dos caminhos que o povo da favela tem em comum é a saga do transporte público.

A angústia do ir-e-vir para o trabalho, numa sociedade violenta e de economia instável é vivida no interior de um ônibus, onde os trabalhadores precisam se espremerem em total desconforto. O segundo carro da Ilha trouxe exatamente essa dificuldade para a Avenida. Era literalmente uma lotação carioca, nas cores cinza e azul, com adesivos da escola.

Clarissa Waldeck, de 34 anos, fez sua estréia na Ilha e falou sobre a sua representação na passarela do samba. “Na verdade esse carro vem com o nosso dia-a-dia. Todo mundo fantasiado da gente mesmo. Tô pegando um ônibus na Presidente Vargas que de repente vira e entra na Sapucaí”.

Para essa alegoria a escola preparou uma encenação especial. Mateus Alves, de 22 anos, era o condutor que recebia os passageiros, liberava a passagem. “É como se o ônibus passasse pela Avenida Presidente Vargas, errasse o caminho e entrasse dentro da Sapucaí”.

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Mateus ressaltou a importância que o samba tem em dar voz ao povo da favela. “O samba historicamente tem essa coisa de representar as minorias, os negros, os direitos. Esse samba também vem trazendo essa força. A favela descendo pro asfalto. A voz do povo que trabalha todo dia, pega ônibus lotado, passa por várias coisas e ainda assim tem que ser feliz”.

Em relação ao transporte público da vida real, o motorista da condução insulana faz suas críticas. “O transporte público da cidade não evolui tanto quanto poderia. O preço aumenta a cada ano que passa, mas a qualidade mesmo a gente percebe que é um pouco precária. Poderia ser melhor”.

Clarissa, que interpretava uma passageira do ônibus também reclamou da qualidade do transporte oferecido à população. “Acho que falta estrutura, conforto, segurança. Acho que falta bastante coisa”. Luna Garcia, de 21 anos, foi outra passageira da lotação tricolor que deu opinião sobre o assunto. “Às vezes o transporte da cidade deixa a desejar, aparecem umas baratas no ônibus… No verão tá muito quente, nem sempre tem ar condicionado”.

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